Por cerca de trezentos anos seguidos, entre os séculos
XVI e XVIII, houve na Terra, um dos maiores testemunhos de vida fiel ao
evangelho, nas pessoas dos puritanos, que tendo se levantado na Inglaterra, se
espalharam pela Escócia, País de Gales, Holanda, EUA e outras nações, sempre
sustentando o caráter não conformista da Igreja às instituições de caráter
meramente humano, especialmente, à Igreja Estatal Inglesa, ou Anglicana,
conforme é conhecida.
Não é o nosso intuito detalhar neste espaço o que
eles sofreram e o que tiveram que enfrentar em perseguições, sobretudo da
Igreja Institucional, mas comentar alguns pontos fundamentais em que eles se
baseavam em sua vida cristã.
Talvez, o maior expoente entre eles, John Owen, que é
conhecido como o Príncipe dos Teólogos, resumiu em sua vida e obra extensa o
caráter do que vem a ser um genuíno puritano.
Ele chegou à conclusão que não havia modo de a
igreja ser fiel às Escrituras, em tudo o que lhe é ordenado pelo Senhor Jesus
Cristo, caso não seja independente, e isto, em razão, principalmente, de que a
unidade dos crentes em cada congregação local, não deve estar fundamentada em
qualquer ordem institucional humana, senão à exclusiva autoridade de Deus e das
Escrituras.
A unidade que deve reger os crentes é fundada no
amor ágape, na fé, na sã doutrina e é de caráter eminentemente espiritual.
Como poder-se-ia ter isto sem liberdade de culto, em
que a direção seja efetivamente do Espírito Santo, na repartição de seus dons a
todos os membros da congregação?
Foi por conta desta liberdade, que os puritanos
puderam produzir a mais extensa biblioteca de tratados sobre a Bíblia e a vida
cristã, a qual permanece imbatível até hoje.
John Owen, por exemplo, em seu extenso tratado sobre
o Espírito Santo, deu ocasião a um renovado interesse na Igreja pela obra e
operações sobrenaturais do Espírito no mundo, e isto abriu uma grande porta
para os posteriores avivamentos espirituais que se seguiram, especialmente com
Whitefield, Wesley, Jonathan Edwards e outros.
Se alguém pretende conhecer qual é o modo pelo qual
Deus deve ser servido fielmente, segundo os seus mandamentos, poderá encontrar
isto sem qualquer risco de erro, nos escritos dos puritanos.
Eles estavam não apenas preocupados com o ensino da sã
doutrina, mas com a sua aplicação à vida. Eles examinavam as doutrinas bíblicas sobre todos os ângulos possíveis, e
depois de apresentá-las em seus sermões, eles dedicavam a última parte de sua
ministração à aplicação prática da doutrina na vida real da igreja.
Este tem sido o melhor antídoto através dos tempos,
especialmente em nossos dias em que há uma clara resistência e rejeição à sã
doutrina, a saber, ir aos puritanos e aprender com eles.
Todos os puritanos estavam dispostos a fazer
qualquer tipo de renúncia, até mesmo à própria vida, para poderem guardar um
testemunho de fidelidade ao Senhor e à Sua Palavra.
Historicamente, eles poderiam ser identificados com
a Igreja fiel de Filadélfia, citada no livro de Apocalipse, e bem fariam os
crentes laodicenses de nossos dias em seguir o exemplo deles, na chamada que
Jesus lhes faz ao arrependimento.
“7 Ao anjo da
igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o
verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que
fecha, e ninguém abrirá:
8 Conheço as tuas
obras – eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode
fechar – que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não
negaste o meu nome.
9 Eis farei
que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses
que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que
os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei.
10 Porque
guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te
guardarei da hora da provação que há de vir
sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra.
11 Venho sem
demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.
12 Ao
vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais
sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da
cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu
Deus, e o meu novo nome.
13 Quem tem
ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse
3.7-13).
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