O Futuro Glorioso da Igreja
Por
Silvio Dutra
Ago/2019
A474
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Alves, Silvio Dutra
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O futuro glorioso da Igreja
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Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro,
2019.
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128p.; 14,8 x21cm
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1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. John
Angell James.
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I.
Título.
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CDD 252
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Nós mesclamos neste livro os
capítulos do profeta Isaías que se referem especificamente ao futuro glorioso
da Igreja, com citações relativas ao estado da Igreja nos dias de John Angell
James, que viveu de 1786 a 1859, conforme registradas pelo próprio.
Em sua autobiografia, Spurgeon escreveu:
"Em uma primeira parte de meu ministério, enquanto era
apenas um menino, fui tomado por um intenso desejo de ouvir o Sr. John Angell
James, e, apesar de minhas finanças serem um pouco escassas, realizei uma
peregrinação a Birmingham apenas com esse objetivo em vista. Eu o ouvi proferir
uma palestra à noite, em sua grande sacristia, sobre aquele precioso texto,
"Estais perfeitos nEle." O aroma daquele sermão muito doce permanece
comigo até hoje, e nunca vou ler a passagem sem associar com ela os enunciados
tranquilos e sinceros daquele eminente
homem de Deus."
John Angell James cumpriu seu ministério no tempo
imediatamente posterior aos grandes avivamentos havidos tanto na Inglaterra,
quanto nos EUA, que inspiraram a criação de várias Sociedades Bíblicas e
Missionárias, tendo o evangelho feito um considerável avanço naquele período,
sendo que ainda haveria de conquistar o Centro-Sul da África, pois o Norte
permanecia como até hoje sob o Islamismo, e avançaria em outras partes da
América Latina, havendo ainda muito a ser feito para que fosse pregado em todas
as nações.
Ele não testemunhou ao que tem chegado a ser a Igreja em
nossos dias, mas o mover do Espírito Santo já lhe indicava uma colheita
promissora de almas em todas as partes da Terra, pois aprouve a Deus enviar a
Igreja para a salvação dos Seus eleitos, aonde quer que eles sejam encontrados
neste mundo.
Com o advento da Internet e das transmissões via satélite não
há recanto na Terra que não possa ser alcançado com a mensagem do evangelho de
Jesus Cristo.
Cremos que está bem próxima a hora do Seu retorno em poder e
grande glória para o estabelecimento do Seu Reino na Terra em sua forma final e
visível.
Maranata! Ora vem Senhor Jesus!
O livro do profeta Isaías é chamado de evangelho segundo
Isaías, porque sua mensagem é dirigida especialmente à Igreja sob a Nova
Aliança com Jesus, o Messias prometido para a salvação do mundo, e não
especificamente e unicamente com a nação de Israel, que permaneceria endurecida
até que se completasse a entrada dos gentios eleitos no reino de Deus. O
endurecimento de Israel será removido somente por ocasião da segunda vinda de
Jesus, para livrá-los de serem destruídos pelo Anticristo.
Milhões de espíritos desencarnados e aperfeiçoados
encontram-se neste momento no céu, aguardando o momento do arrebatamento da
Igreja, para que juntamente com os
salvos que estiverem vivendo sobre a Terra na ocasião, recebam juntamente com
eles o corpo glorificado e sobrenatural prometido por Deus aos que Lhe amam.
O Milênio será iniciado logo em seguida e muito do que há
neste mundo será restaurado à condição inicial de perfeição, porque a maldição
sobre a Terra será removida, e ela já não mais gemerá como tem ocorrido até
agora.
Os animais selvagens pastarão com os domésticos, e as
crianças poderão brincar com as serpentes, porque já não haverá mais entre elas
as que sejam peçonhentas.
O profeta Isaías descreve particularidades desta condição
abençoada pela presença de Jesus em glória com a Sua Igreja na Terra.
Já não haverá mais perseguição e nem o ímpio ou Satanás e os
demônios para perseguir e fazer sofrer os servos do Senhor, A justiça e a paz
serão vistas por todos os recantos e em todos, porque o governo será dado aos
santos.
Antes mesmo que houvesse um Pentecostes em que o Espírito
Santo seria derramado sobre todas as nações para a formação da Igreja, Deus
falou através do profeta Isaías, como aquela que ainda não existia viria a se
expandir por toda a Terra, e o seu fim seria de bênção e glória, sem as mazelas
que são produzidas pelo pecado.
Isaías
– 54
1 Canta
alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exulta com alegre
canto e exclama, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos
da mulher solitária do que os filhos da casada, diz o SENHOR.
2 Alarga o
espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da tua habitação, e não o impeças; alonga
as tuas cordas e firma bem as tuas estacas.
3 Porque
transbordarás para a direita e para a esquerda; a tua posteridade possuirá as nações e fará que se
povoem as cidades assoladas.
4 Não temas,
porque não serás envergonhada; não te envergonhes, porque não sofrerás humilhação; pois te
esquecerás da vergonha da tua mocidade e não mais te lembrarás do opróbrio da
tua viuvez.
5 Porque o
teu Criador é o teu marido; o SENHOR dos Exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel
é o teu Redentor; ele é chamado o Deus de toda a terra.
6 Porque o
SENHOR te chamou como a mulher desamparada e de espírito abatido; como a mulher
da mocidade, que fora repudiada, diz o teu Deus.
7 Por breve
momento te deixei, mas com grandes misericórdias torno a acolher-te;
8 num ímpeto de
indignação, escondi de ti a minha face por um momento; mas com misericórdia eterna
me compadeço de ti, diz o SENHOR, o teu Redentor.
9 Porque
isto é para mim como as águas de Noé; pois jurei que as águas de Noé não mais
inundariam a terra, e assim jurei que não mais me iraria contra ti,
nem te repreenderia.
10 Porque os
montes se retirarão, e os outeiros serão
removidos; mas a minha misericórdia não se
apartará de ti, e a aliança da minha paz não será removida,
diz o SENHOR, que se compadece de ti.
11 Ó tu,
aflita, arrojada com a tormenta e desconsolada! Eis que eu assentarei as tuas pedras
com argamassa colorida e te fundarei sobre safiras.
12 Farei os
teus baluartes de rubis, as tuas portas, de carbúnculos e
toda a tua muralha, de pedras preciosas.
13 Todos os
teus filhos serão ensinados do SENHOR; e será grande a paz de teus filhos.
14 Serás
estabelecida em justiça, longe da opressão, porque
já não temerás, e também do espanto, porque não chegará a ti.
15 Eis que
poderão suscitar contendas, mas não procederá de mim;
quem conspira contra ti cairá diante de ti.
16 Eis que eu
criei o ferreiro, que assopra as brasas no fogo e que produz a arma para o seu
devido fim; também criei o assolador, para destruir.
17 Toda arma
forjada contra ti não prosperará; toda língua que
ousar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos
servos do SENHOR e o seu direito que de mim procede, diz o SENHOR.
Sendo o grande protetor e assegurador da paz e prosperidade
da Sua Igreja, em sua condição final triunfante, o Senhor faria com que todas
as nações honrassem a Cristo juntamente com a
Sua Igreja.
Isaías
– 60
1 Dispõe-te,
resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR nasce sobre
ti.
2 Porque eis
que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti
aparece resplendente o SENHOR, e a sua glória se vê sobre ti.
3 As nações se
encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu.
4 Levanta em
redor os olhos e vê; todos estes se ajuntam e vêm ter
contigo; teus filhos chegam de longe, e tuas filhas são trazidas
nos braços.
5 Então, o verás e serás radiante
de alegria; o teu coração estremecerá e se dilatará de júbilo, porque a
abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas das nações virão a ter
contigo.
6 A multidão de
camelos te cobrirá, os dromedários de Midiã e de Efa;
todos virão de Sabá; trarão ouro e incenso e
publicarão os louvores do SENHOR.
7 Todas as
ovelhas de Quedar se reunirão junto de ti; servir-te-ão os
carneiros de Nebaiote; para o meu agrado subirão ao meu
altar, e eu tornarei mais gloriosa a casa da minha glória.
8 Quem são estes
que vêm voando como nuvens e como pombas, ao seu pombal?
9 Certamente,
as terras do mar me aguardarão; virão primeiro
os navios de Társis para trazerem teus filhos de longe e, com eles, a sua prata e o seu
ouro, para a santificação do nome do SENHOR, teu Deus, e do Santo de
Israel, porque ele te glorificou.
10 Estrangeiros
edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão; porque
no meu furor te castiguei, mas na minha graça tive misericórdia de
ti.
11 As tuas
portas estarão abertas de contínuo; nem de dia nem de noite se fecharão, para
que te sejam trazidas riquezas das nações, e, conduzidos com elas, os seus
reis.
12 Porque a
nação e o reino que não te servirem perecerão; sim,
essas nações serão de todo assoladas.
13 A glória do Líbano virá a ti; o
cipreste, o olmeiro e o buxo, conjuntamente, para adornarem o lugar do meu
santuário; e farei glorioso o lugar dos meus pés.
14 Também virão a ti,
inclinando-se, os filhos dos que te oprimiram; prostrar-se-ão até às plantas
dos teus pés todos os que te desdenharam e chamar-te-ão Cidade
do SENHOR, a Sião do Santo de Israel.
15 De
abandonada e odiada que eras, de modo que ninguém passava
por ti, eu te constituirei glória eterna, regozijo, de geração em geração.
16 Mamarás o leite
das nações e te alimentarás ao peito dos reis; saberás que eu
sou o SENHOR, o teu Salvador, o teu Redentor, o Poderoso de Jacó.
17 Por bronze
trarei ouro, por ferro trarei prata, por madeira, bronze e por pedras, ferro;
farei da paz os teus inspetores e da justiça, os teus exatores.
18 Nunca mais
se ouvirá de violência na tua terra, de desolação ou ruínas, nos teus limites;
mas aos teus muros chamarás Salvação, e às tuas portas, Louvor.
19 Nunca mais
te servirá o sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a lua te alumiará; mas o
SENHOR será a tua luz perpétua, e o teu Deus, a tua glória.
20 Nunca mais
se porá o teu sol, nem a tua lua minguará, porque o SENHOR será a
tua luz perpétua, e os dias do teu luto findarão.
21 Todos os
do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra;
serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja
glorificado.
22 O menor
virá a ser mil, e o mínimo, uma nação forte;
eu, o SENHOR, a seu tempo farei isso prontamente.
Esta condição abençoada seria realizada pelo trabalho de sofrimento e
paixão do Messias, para que pudesse justificar pelo conhecimento pessoal dEle,
a todos os que nEle cressem, de maneira a poderem ter admissão na Igreja
invisível destinada a ser Igreja triunfante.
Isaías
– 61
1 O Espírito do
SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos
quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar
libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados;
2 a apregoar
o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que
choram
3 e a pôr sobre os
que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto,
veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem
carvalhos de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua glória.
4 Edificarão os
lugares antigamente assolados, restaurarão os de antes destruídos e
renovarão as cidades arruinadas, destruídas de geração em geração.
5 Estranhos
se apresentarão e apascentarão os vossos rebanhos; estrangeiros serão os
vossos lavradores e os vossos vinhateiros.
6 Mas vós sereis
chamados sacerdotes do SENHOR, e vos chamarão ministros de nosso Deus; comereis
as riquezas das nações e na sua glória vos gloriareis.
7 Em lugar
da vossa vergonha, tereis dupla honra; em lugar da afronta, exultareis na vossa
herança; por isso, na vossa terra possuireis o dobro e tereis perpétua
alegria.
8 Porque eu,
o SENHOR, amo o juízo e odeio a iniquidade do roubo; dar-lhes-ei fielmente a
sua recompensa e com eles farei aliança eterna.
9 A sua
posteridade será conhecida entre as nações, os
seus descendentes, no meio dos povos; todos quantos os virem os reconhecerão
como família bendita do SENHOR.
10 Regozijar-me-ei
muito no SENHOR, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de vestes
de salvação e me envolveu com o manto de justiça, como noivo que se adorna de
turbante, como noiva que se enfeita com as suas joias.
11 Porque,
como a terra produz os seus renovos, e como o jardim faz brotar o que nele se
semeia, assim o SENHOR Deus fará brotar a justiça e o louvor perante todas as
nações.
O Espírito Santo se move nos crentes através das gerações
sucessivas para que o clímax desta condição abençoada seja atingido, uma vez
reunidos todos os eleitos que foram destinados à salvação.
Desta ação da Igreja pelo Espírito Santo, John Angell James
se expressou, em 1959, o mesmo ano que seria o da conclusão do seu ministério,
pois viria a falecer em decorrência de suas muitas enfermidades:
Eu observaria novamente, a fim de evitar equívocos e
deturpações, que não pretendo essa descrição do estado das igrejas, como
aplicável apenas, ou especialmente, às do corpo congregacional - mas como uma
representação do que é chamado de Mundo cristão em geral.
Felizmente, antes de encerrar, volto novamente à primeira
parte deste panfleto e olho mais uma vez para as excelências das igrejas. E, em
referência a isso, adoto a linguagem bonita e, felizmente, é tão verdadeira
quanto bela, de um escritor da "North British Review".
"Uma nova vida soprou sobre as igrejas - elas sentem sua
grande missão e procuram, na força de Deus, cumpri-la. Atividade, sinceridade,
amor abnegado, em muitos corações, estão tomando o lugar. do velho langor e da
apatia. Os cristãos agora sentem que têm um grande trabalho a fazer e começam a
se endireitar até que seja cumprido. O espírito do bom samaritano se encarnou
em milhares de almas cujo coração sangra pelas misérias de seus irmãos caídos,
e não se atrevem a passar do outro lado. Estamos no caminho certo e avançamos
constantemente. Muito já foi feito, e o trem está preparado para muito mais.
Esperamos que a mesma energia anglo-saxônica de nossa raça que se mostrou
vitoriosa em todos os outros campos de batalha, assim batizada com fogo sagrado
do alto, possa ainda alcançar um triunfo ainda mais nobre na luta muito mais terrível
e árdua contra os pecados. e tristezas de seu próprio povo, de sua própria
terra ".
A esperança que esse escritor capaz preza pela Escócia, eu
prezo pelo mundo. Um espírito está ativo, desperto e ativo, que se agora
nutrido, repito, pela fé, pela oração e pela santidade das igrejas, nunca
descansará até que devolva um mundo revoltado a Cristo. Mas nunca se esqueça
que a conversão do mundo, mesmo quanto à instrumentalidade a ser empregada, é
tão vasta que a igreja deve realizar-se, não na debilidade - mas na maturidade
de sua força, Sião ainda não está. preparada para esta conquista gloriosa. Ela
não é santa o suficiente para tal ato. Seu sucesso atual é proporcional à sua
aptidão atual para seu trabalho. Comparado com o que ela fez menos de um século
atrás, seus triunfos são maravilhas. Mas, comparados com o que serão quando ela
se esforçar e estiver cheia da glória do Senhor, eles são apenas o dia das
pequenas coisas. O que as igrejas têm agora a fazer não é afrouxar a mão da
liberalidade ou o pé da atividade - mas dar energia renovada a ambas,
aumentando a ação saudável do coração. O que eu quero agora é ver a santidade
evangélica em pleno desenvolvimento como o zelo evangélico. O que peço neste
panfleto é a alteração das falhas e o suprimento das deficiências que mencionei
nele.
Que nossa mente terrena, em todas as suas formas, dê lugar à
espiritualidade e à mente celestial, tão inculcadas constantemente no Novo
Testamento, e assim identificadas com a piedade cristã. Deixe a abnegação
suplantar a autoindulgência. A homenagem ao gênio fique mais subordinada ao
amor à verdade. Que a Bíblia seja considerada como o sol que governa o dia do
nosso conhecimento, e a literatura geral e até sagrada seja apenas a luz
secundária. Que o amor fraterno aconteça da frieza que geralmente também
prevalece em nossas igrejas. Que o conhecimento de tudo o que nos interessa
como cristãos, como não-conformistas e protestantes, ilumine a ignorância em
que muitos são enganados.
Em resumo, em vez de ficarmos muito satisfeitos com a piedade
social que consiste em agir com os outros em obras de zelo, procuremos cada um
mais dessa piedade pessoal, que consiste em acrescentar à nossa fé, virtude,
conhecimento, temperança, paciência , piedade, bondade fraternal e caridade.
Que a chama do nosso zelo seja alimentada pelo óleo da nossa piedade. Que nossa
consciência, espiritualidade, devoção e amor sejam tão notáveis quanto nossa liberalidade e
atividade. Então as igrejas serão preparadas para o trabalho evangélico em casa e para o empreendimento
missionário no exterior;
então eles responderão não apenas em seu caráter - mas em sua influência, ao "sal da terra e à luz
do mundo". E sejam quais forem as vitórias parciais que eles obtiverem
neste conflito com os poderes das trevas, então, e não até então, sua conquista
será final e completa, e esse reino será estabelecido em toda a terra - que é a
justiça, a paz e a alegria. no espírito Santo.
Esta foi a parte conclusiva do panfleto escrito por John
Angell James, no qual discorreu sobre o estado geral da Igreja em seus dias,
apontando especialmente as falhas que deveriam ser corridas para que houvesse
uma maior expansão do evangelho no mundo.
De fato, contrasta com a glória futura da Igreja que em breve
se manifestará, pois a condição principal para a volta de Jesus já está
cumprida, a saber, a pregação do evangelho em todo o mundo, a perda de
vitalidade e espiritualidade da Igreja pós-moderna quando comparada com a
santidade que havia na Igreja Primitiva e na Inglaterra com os Puritanos nos
séculos XVI e XVII, e nos dias de Wesley, Whitefield e Jonathan Edwards, no
século XVIII.
Todavia, isto demonstra que a glória da Igreja não há de
existir em razão da glória que ela tenha em si mesma neste mundo, pois sempre
foi achada em estado de debilidade na maior parte da sua história. Esta glória
será recebida não por sua causa, mas por causa dAquele que é glorioso e que aguardamos
por Sua segunda vinda, porque somente Jesus Cristo é a esperança da glória, Sem
Jesus não haveria qualquer glória para a Igreja. É a plenitude da Sua presença
em nós, que é o fator determinante da glória.
Agora, a nossa condição de fraqueza não justifica a falta de
esforço diligente para fazermos progresso em crescimento na graça e no
conhecimento de Jesus, pois isto nos é ordenado da parte de Deus, que tomará o
nosso pouco por muito na medida em que for sincero o nosso esforço.
Como registrado na profecia de Isaías, a Igreja não deve se
calar, pois deve proclamar as excelências de Cristo até que Ele estabeleça o
Seu reino conosco na Terra.
Isaías
– 62
1 Por amor
de Sião, me não calarei e, por amor de Jerusalém, não me
aquietarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua
salvação, como uma tocha acesa.
2 As nações verão a tua
justiça, e todos os reis, a tua glória; e serás chamada
por um nome novo, que a boca do SENHOR designará.
3 Serás uma
coroa de glória na mão do SENHOR, um diadema real na mão do teu
Deus.
4 Nunca mais
te chamarão Desamparada, nem a tua terra se denominará jamais
Desolada; mas chamar-te-ão Minha-Delícia; e à tua
terra, Desposada; porque o SENHOR se delicia em ti; e a tua terra se desposará.
5 Porque,
como o jovem desposa a donzela, assim teus filhos te desposarão a ti; como o
noivo se alegra da noiva, assim de ti se alegrará o teu Deus.
6 Sobre os
teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo o dia e toda a noite
jamais se calarão; vós, os que fareis lembrado o
SENHOR, não descanseis,
7 nem deis a
ele descanso até que restabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na
terra.
8 Jurou o
SENHOR pela sua mão direita e pelo seu braço poderoso: Nunca mais darei o teu
cereal por sustento aos teus inimigos, nem os estrangeiros beberão o teu vinho,
fruto de tuas fadigas.
9 Mas os que
o ajuntarem o comerão e louvarão ao SENHOR; e os que o
recolherem beberão nos átrios do meu santuário.
10 Passai,
passai pelas portas; preparai o caminho ao povo; aterrai, aterrai a estrada,
limpai-a das pedras; arvorai bandeira aos povos.
11 Eis que o
SENHOR fez ouvir até às extremidades da terra estas palavras: Dizei à filha de
Sião: Eis que vem o teu Salvador; vem com ele a sua recompensa, e diante dele,
o seu galardão.
12 Chamar-vos-ão Povo Santo,
Remidos-Do-SENHOR; e tu, Sião, serás chamada Procurada, Cidade-Não-Deserta.
Então, se é a glória que buscamos, esforcemo-nos para superar
por meio da graça e da fé, todas as nossas fraquezas, deixando que o Senhor
seja a nossa força, pois o Seu poder se aperfeiçoa na nossa fraqueza.
Nisto faremos bem em seguir a instrução que nos é dada por
John Angell James:
Qual é o estado espiritual de nossas igrejas? Essa é uma
pergunta que deve ser feita com a mais profunda seriedade, imparcialidade e
solicitude por todos os seus membros.
As igrejas são, ou deveriam ser, as luzes do mundo; essa é
uma parte de seu projeto e será realizada na proporção exata ao grau de piedade
vital e consistente que eles possuem; sua luz pode ser obscura como o amanhecer
ou resplandecente como o brilho da maré ao meio-dia.
Convido, portanto, a atenção mais solene às páginas que se
seguem, nas quais serão encontradas, talvez, algumas coisas desagradáveis para muitos - mas elas são verdadeiras? Em caso afirmativo,
deixe de lado o que está errado e forneça o que é deficiente.
Proponho, nos trabalhos seguintes, abordar esta questão com
referência ao nosso corpo como congregacionais, e apontar o que me parece ser
nossas excelências, e nossos defeitos. O que digo de nós mesmos se aplicará
também a outros órgãos - e, portanto, o que avançarei pode ser considerado como
minha opinião sobre a condição do mundo cristão em geral - e, como minha
opinião individual, deve, é claro, ser levado apenas para o que vale a pena.
Não é minha intenção insistir no que pode ser chamado de
detalhes históricos de nossa denominação. A confiança do público nas
estatísticas não se fortalece, e não tentarei nada em relação aos números, além
da afirmação do fato de que, como outros órgãos cristãos, estamos tristemente
por trás do aumento da população. É uma consideração deplorável para todos nós,
que o domínio de Satanás esteja se preenchendo muito mais rapidamente do que o
de Cristo. No que diz respeito às características gerais de nossas igrejas, é
evidente que, embora estejam se multiplicando e se fortalecendo nas metrópoles
e nas grandes cidades; elas estão, pelo menos em muitos lugares, ficando
menores e mais pobres nas cidades menores e exigem a consideração séria do
nosso corpo. É igualmente evidente que as igrejas são caracterizadas demais
pela meticulosidade e inconstância, no que diz respeito à escolha e retenção de
seus pastores; enquanto os pastores não são menos caracterizados por
inquietação e mobilidade em relação às igrejas. Estou ciente de que a fixação
pode e deve prevalecer muito fortemente em alguns casos; mas nos dias atuais,
parece que todos os ministros podem ser considerados móveis e como se a
mobilidade fosse uma virtude e um meio de utilidade. Muita maldade resultará
para nós se o vínculo que une o pastor e a igreja for considerado algo tão
ligeiro que seja breve e facilmente rompido.
Nossas faculdades, das quais tanto depende, espero, no que
diz respeito ao ensino teológico, em bom estado de saúde; mas alguns deles têm
apenas metade dos estudantes e, talvez, precisem ser lembrados de que, com toda
a preocupação em treinar homens instruídos, eles devem unir a maior solicitude
e cuidar de enviar pregadores fervorosos e pastores criteriosos. Quão poucos
homens de grande promessa vêm de nenhum deles! Como é isso?
I. Não é, contudo,
sobre esses assuntos, ou quaisquer assuntos cognatos, que pretendo agora me
debruçar - mas sobre a condição interna e espiritual de nossas igrejas. Como o
Senhor Jesus na pesquisa que ele fez das sete igrejas asiáticas, eu
mencionaria, antes de mais nada, as EXCELÊNCIAS de nossas igrejas, manifestadas
por seu zelo, atividade e liberalidade.
E alguns muito distintos se apresentam. Os observadores mais
superficiais não podem deixar de se impressionar com a atividade e a liberalidade
cristãs que prevalecem em toda parte e que as conformam à descrição metafórica
de nosso Senhor, de que são "o sal da terra e a luz do mundo". Essa é
uma alta recomendação - e felizmente verdadeira. Isso ocorreu com avanços tão
graduais, que aqueles que cresceram nos últimos trinta anos não conseguem ter
uma noção do estado diferente das coisas nesta era, como era há meio século.
Aqueles de nós que estavam no palco público no início de 1809, e conseguem
lembrar qual era o aspecto das coisas, mal conseguem acreditar que estamos na
mesma igreja no início de 1859, assim como não podemos perceber o fato de que
somos habitantes do mesmo planeta, quando vemos a noite se transformando em dia
em nossas ruas pela luz do gás, distância aniquilada pelas ferrovias e
informações transmitidas pelo telégrafo. Quando me tornei pastor de minha
igreja, há mais de cinquenta e três anos, o único objeto de benevolência e ação
congregacional era a Escola Dominical, que era então conduzida em uma casa
particular, contratada para esse fim. Não havia mais nada; literalmente, a mais
nada que colocamos nossas mãos. Naquela época, ainda não havíamos formado a
Sociedade Missionária. E nosso estado era apenas um exemplo da inatividade da
grande maioria de nossas igrejas, pelo menos nas províncias, em todo o país.
Podemos muito bem imaginar o que os cristãos daqueles dias poderiam estar
pensando.
Agora, observe o estado das coisas na abertura do ano de
1859. Se eu aludir à minha própria igreja, não é por uma questão de ostentação
ou autorrecomendação; pois não somos nem um pouco melhores que outros. A nossa
é apenas uma amostra e a média do resto. Temos agora uma organização para a
London Missionary Society, que arrecada, como contribuição regular, quase £ 500
por ano, além de doações ocasionais para atender a apelos especiais, que, em
média, podem gerar outros £ 100 por ano. Para a Sociedade Missionária Colonial,
arrecadamos, anualmente, £ 70. Para nossas escolas dominicais e diurnas, que
compreendem quase duas mil crianças, arrecadamos 200 libras. Apoiamos dois
missionários da cidade, a um custo de £ 200. Nossas senhoras conduzem uma
sociedade ativa para as Escolas Missionárias Órfãs nas Índias Orientais, cujos
rendimentos atingem, em média, 50 libras por ano; eles sustentam também uma
Sociedade Dorcas para os pobres de nossa cidade; uma Sociedade Materna, de
muitos ramos, em várias localidades - e uma Sociedade Benevolente Feminina, por
visitar os pobres doentes. Temos uma Sociedade de Tratados Religiosos, que
emprega noventa distribuidores e gasta quase 50 libras por ano na compra de
folhetos. A Sociedade de Pregadores da Aldeia, que emprega doze ou catorze
agentes leigos, não nos custa quase nada. Levantamos £ 40 anualmente para a
Associação do Condado. Temos uma Sociedade Fraternal de Rapazes, para
aperfeiçoamento geral e piedoso, com uma biblioteca de 2000 volumes. Também
temos escolas noturnas para rapazes e moças, a baixo custo, e aulas bíblicas
para outros rapazes e moças. Além de tudo isso, levantamos £ 100 por ano para o
Spring Hill College.
Digo novamente que isso é apenas uma média de esforço e
liberalidade congregacional neste dia de atividade geral. Sim, muitas igrejas
próprias e outras denominações talvez nos superem grandemente. E, afinal,
nenhum de nós chega aos nossos recursos, oportunidades ou obrigações. Todos nós
podemos fazer mais, devemos fazer mais, devemos fazer mais. Ainda assim,
compare isso com o que minha congregação fez com seu único objeto, a escola
dominical, cinquenta e três anos atrás. Desde então, estipulamos 23.000 libras
para melhorar a antiga capela e construir uma nova; na montagem de salas de
aula, na faculdade e em sete pequenas capelas na cidade e no bairro. Também
formamos duas igrejas independentes e separadas e, em conjunto com outra congregação,
formamos uma terceira e praticamente montamos uma quarta, e neste momento
estamos em tratado por duas partes de terra livre, que custarão £ 700, para
construir mais duas capelas nos subúrbios da cidade. Receio que isso seja um
motivo de orgulho e autoglorificação. Só posso dizer que esse não é o seu
objetivo - mas simplesmente exibir as características da era e do espírito de
nossas igrejas, no modo de atividade e liberalidade - e também mostrar o que
uma concentração de poder está contida em uma igreja, e que quantidade de bem
isso pode fazer. Oh, que as igrejas de Cristo consideraram apenas que poder,
tanto por espécie quanto por grau, elas possuem! Qual deve ser a influência
sobre a população do local em que está situada e sobre o mundo em geral, de uma
igreja composta por 500, 700 ou 1000 membros - e qual seria se cada membro
fizesse o que ele ou ela poderia fazer! As igrejas de Cristo ainda precisam
aprender a extensão total de seu poder - e de suas obrigações.
Além disso, em todas as nossas congregações há muitos
subscritores liberais de nossas sociedades públicas, como a Sociedade Bíblica,
a Sociedade para a Conversão dos Judeus e todos os outros objetos de zelo e
benevolência cristãos. O que, pergunto, isso se manifesta e prova? Ora, essa
atividade e liberalidade foram amplamente reconhecidas como não menos
obrigatórias para a consciência individual do que a santidade do sábado, o
dever do culto privado e a observância da Ceia do Senhor. O homem que agora se
afasta dessas coisas, que não ajuda na evangelização de seu país e do mundo, é
encarado com a mesma suspeita que aquele que nunca está na casa de Deus. O
zelo, a atividade, a liberalidade não são mais considerados assuntos de
preferência - mas de dever solene, como elementos essenciais da verdadeira
piedade, evidências de fé genuína e concomitantes da profissão cristã. Não foi
assim, pelo menos de maneira geral e conspícua, quando iniciei meu ministério.
A coisa não foi entendida e sentida como é agora. Os fundadores das sociedades
missionárias tiveram que pregar e imprimir desculpas por tentarem converter os
pagãos. Testemunhe o elaborado sermão do Dr. Bogue na primeira reunião
missionária, intitulada "Objeções contra missões aos pagãos
respondidas". (Esses volumes recentes sobre a vida e o trabalho desses
missionários incomparáveis, Carey, Marshman e Ward, nos dão um relato não
apenas da apatia, mas também da incredulidade da igreja cristã na época quanto
ao trabalho das missões para os pagãos, e provar o maravilhoso progresso da fé
e atividade das igrejas.)
Os cristãos foram à casa de Deus, sentaram-se ainda em seus
bancos, ouviram sermões, assistiam a sacramentos e distribuíam uma guiné
ocasional para um sermão de caridade ou para a construção de uma capela - e aí
a liberalidade terminava. Não é assim agora. As pessoas começaram a perguntar,
com seriedade, "Senhor, o que você quer que eu faça?" e estão
colocando dinheiro, tempo, trabalho, influência sobre o altar de Deus. É
realmente surpreendente e prazeroso ver que sacrifícios, não apenas de lazer,
que eles alegremente devotariam aos agradáveis prazeres de suas próprias e círculos familiares - mas também do tempo que dariam aos seus negócios, muitos homens de mente nobre
estão constantemente
fazendo para promover a causa de Deus e o bem de seus semelhantes.
Agora, o que vemos em tudo isso? O que? Por que o alvorecer
da glória milenar. Não é meramente nas várias organizações do zelo cristão que
eu me comprazo - mas no princípio que as criou e as apoia. Se todos fossem
dissolvidos amanhã, esse princípio, se sobrevivesse, criaria para si outras
instituições mais nobres. A igreja de Deus, sendo despertada para esse
conhecimento de sua missão e esse sentido de seu dever, creio que nunca deixará
a obra de Deus parada. Começou em uma carreira de zelo por Cristo, na qual
nunca parará até que tenha trazido o mundo para Ele. Como base dessa esperança,
pergunto: como foi o ano de 1859, com relação a esse assunto? Vemos algum
sintoma de declínio no zelo, atividade e liberalidade de nossas igrejas? Vemos
um espírito de mornidão rastejando sobre eles? Vemos os homens de riqueza
fechando as mãos, trancando os cofres e dizendo: "Estou cansado de
dar!" Vemos nossos homens de classe média se aposentando dos comitês e
dizendo: "Estou cansado deste trabalho!" Vemos nossos distribuidores
de folhetos e professores da escola dominical em seus ofícios e dizendo:
"Não trabalharemos mais!" Nesse caso, seria um presságio sombrio para
o futuro. Mas o olho mais tímido e desconfiado não pode detectar nada disso.
Nunca houve mais atividade ou liberalidade, ou uma disposição mais forte para
ambos, do que agora. Que qualquer novo objeto seja apresentado ao público
cristão, certamente encontrará apoiadores, mesmo em casos de natureza duvidosa.
O espírito subiu e nenhum sinal de decadência ainda é visível - mas muitos
sinais de crescente vigor.
Aqui, então eu digo, é uma característica gloriosa de nossos
tempos. Nada disso é conhecido na igreja cristã desde os dias dos apóstolos.
Ainda assim, não pretendo afirmar que, como um todo, provenha do puro princípio
cristão, ou tenha chegado ao ponto em que deveria se estender. Vaidade,
respeito à reputação, compulsão por pedidos, liberalidade sem motivação, moda
dos tempos, mero amor à atividade e medo de estar atrás dos outros - têm muito
a fazer para aumentar o fluxo da benevolência pública e me impedir de
considerando-o como uma estimativa verdadeira e exata da quantidade de piedade
espiritual existente. É bom, no que diz respeito ao mundo, que a liberalidade
esteja na moda, mesmo em grande parte apenas na moda. Acredito, no entanto, que
grande parte do que é agora dedicado à causa de Cristo e da humanidade é dada
por motivos de consciência, e como matéria de dever e privilégio.
Também devemos nos precaver contra o erro de supor que a riqueza
agora dedicada à causa de Cristo e da humanidade chegue a toda a medida de
nossa obrigação ou das necessidades do caso. É nossa felicidade, poderíamos
pensar assim, viver em uma época e país em que o cristianismo está começando
(mas apenas começando) para manifestar seus poderes expansivos tanto no coração
de seus professantes quanto no mundo. Em vez de pensar que todas as formas de
divulgá-lo, neste país ou no exterior, ainda são descobertas, podemos estar
perfeitamente certos de que o engenho que abriu tantos canais de influência
espiritual não esgotou sua habilidade inventiva - mas encontrará muito mais.
Estamos prontos para supor que, por nossas organizações, para
converter e instruir judeus e gentios, os pagãos no exterior e os pagãos em
casa, homens e mulheres, adultos e crianças, soldados e marinheiros; para
circular Bíblias e folhetos; por apoiar escolas e faculdades; por levar a
efeito esquemas preventivos e reformatórios do vício e da miséria nas cidades e
aldeias, e para outros objetos de benevolência e filantropia que são numerosos
demais para mencionar, descobrimos todos os cantos escuros do mundo em que a
luz do cristianismo pode ser introduzida, toda parte do domínio de Satanás,
onde almas imortais podem ser resgatadas de seu alcance, e todo método de
difundir o conhecimento de Cristo. Não nos enganemos neste assunto, e
imaginemos que alcançamos todos os objetos aos quais nossa assistência pode ser
prestada; ou que abraçamos todas as oportunidades oferecidas; ou que chegamos
ao extremo da liberalidade.
O círculo da atividade cristã certamente continuará se
ampliando, e as obrigações da liberalidade cristã continuarão aumentando. Ainda
existem muitas outras maneiras de divulgar os princípios de nossa santa
piedade. Seja assim, que algumas das organizações do trabalho sagrado possam
ser, e talvez devam, ser amalgamadas; outros ainda serão necessários. Se,
portanto, for mantida a excelência das igrejas às quais este documento alude,
seus recursos devem ser destacados ainda mais profusamente do que jamais foram.
Se a providência de Deus nos apresentar novos campos de trabalho, novos canais
de influência, como indubitavelmente será, tanto no exterior quanto em casa,
devemos estar preparados para abraçá-los. No momento presente, Deus está se
abrindo para nossas operações de evangelização em todo o mundo oriental, Índia,
China, Japão - e também na África. Suas dispensações neste momento são
maravilhosas. Nada disso ocorreu na história do nosso planeta. Nesse momento,
não adianta nos contentarmos com contribuições comuns, e com essa medida de
liberalidade que tínhamos vinte ou mais, mesmo dez anos atrás. Não é bom
avançarmos em nossos hábitos de vida luxuosos, o que realmente é o caso, e
ainda assim ficarmos satisfeitos com a mesma quantidade de beneficência cristã.
O grito parcimonioso, quando um novo objeto é apresentado a nós, ou uma nova
demanda por um antigo é feita sobre nós: "O que! Algo novo! Realmente, não
há fim. Estou cansado dos apelos para fazer." Um novo objeto! Sim, e outro
e outro ainda - e enquanto um novo puder ser encontrado, e temos os meios para
apoiá-lo, não devemos nos cansar de fazer o que é bom. Precisamos resumir
nossos luxos, se necessário, para aumentar os meios de apoiá-lo. Algum de nós
já fez isso? Sim, devemos reduzir o que estamos acostumados a considerar nossos
confortos e até nossos próprios bens, até que estejamos reduzidos aos dois centavos
da viúva pobre, se não pudermos, por nenhum outro meio, aproveitar as
oportunidades que Deus está nos abrindo para continuarmos Sua causa na terra.
Pela minha parte, parece-me que nossos homens ricos ainda devem dar mais alguns
passos, em direção à beneficência registrada no livro de Atos. Eles ainda deram
a sua abundância; a abundância em si deve ser dada a seguir.
Quanto depende de nós quanto ao que a igreja e o mundo devem
ser nas eras futuras! Nossa existência individual derivou importância adicional
das circunstâncias em que somos colocados. Cada um de nós ajuda a moldar a
idade e é moldado por ela. Nunca poderíamos ter vivido uma era mais importante
e todos nós devemos estar cientes disso. Nunca os homens tiveram tanto trabalho
a fazer. Temos responsabilidades solenes sobre nós, em consequência disso;
tenhamos graça de conhecer nossa posição e o dia de nossa visita
misericordiosa!
II. Tendo dado uma
representação encorajadora e, creio, verdadeira das excelências de nossas
igrejas, manifestada por seu zelo, atividade e liberalidade; Agora passo a dar
uma visão menos favorável do caso e apresento para consideração as FALHAS de
nossas igrejas.
Antes de prosseguirmos com as palavras de John Angell James,
cabe destacar que o espírito expansionista do Cristianismo não é o mesmo do
Islamismo ou de qualquer outro tipo de poder de caráter político ou religioso
que se apresente para a dominação total da humanidade através do uso da força
das armas ou de estratégias enganosas diabólicas e humanas, pois, o esforço de
alcançar almas se destina a reunir os eleitos aonde quer que eles se encontrem,
e isto sempre é feito eficazmente somente quando há a direção do Espírito Santo
no processo, o qual não age por força ou poder subjugadores da vontade humana,
mas em justa operação mútua com ela.
O estado abençoado e glorioso final reservado para o povo de
Deus e para a Terra jamais poderia ser alcançado por outro meio, senão o da
operação do amor e da graça divinos.
Eis o testemunho que encontramos acerca disso no profeta
Isaías:
Isaías
– 63
1 Quem é este que
vem de Edom, de Bozra, com vestes de vivas cores, que é glorioso em sua
vestidura, que marcha na plenitude da sua força? Sou eu que falo em justiça,
poderoso para salvar.
2 Por que
está vermelho o traje, e as tuas vestes, como as daquele que pisa uvas no
lagar?
3 O lagar,
eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum homem se achava comigo; pisei as uvas na
minha ira; no meu furor, as esmaguei, e o seu sangue me salpicou as vestes e me
manchou o traje todo.
4 Porque o
dia da vingança me estava no coração, e o ano dos meus redimidos é chegado.
5 Olhei, e
não havia quem me ajudasse, e admirei-me de não haver quem me sustivesse; pelo
que o meu próprio braço me trouxe a salvação, e o meu furor me susteve.
6 Na minha
ira, pisei os povos, no meu furor, embriaguei-os, derramando por terra o seu
sangue.
7 Celebrarei
as benignidades do SENHOR e os seus atos gloriosos, segundo tudo o que o SENHOR
nos concedeu e segundo a grande bondade para com a casa de Israel, bondade que
usou para com eles, segundo as suas misericórdias e segundo a multidão das suas
benignidades.
8 Porque ele
dizia: Certamente, eles são meu povo, filhos que não mentirão; e se
lhes tornou o seu Salvador.
9 Em toda a
angústia deles, foi ele angustiado, e o Anjo da sua presença os
salvou; pelo seu amor e pela sua compaixão, ele os remiu, os tomou e
os conduziu todos os dias da antiguidade.
10 Mas eles
foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se
lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles.
11 Então, o povo
se lembrou dos dias antigos, de Moisés, e disse: Onde está aquele
que fez subir do mar o pastor do seu rebanho? Onde está o que pôs nele o seu
Espírito Santo?
12 Aquele
cujo braço glorioso ele fez andar à mão direita
de Moisés? Que fendeu as águas diante deles, criando para si um nome
eterno?
13 Aquele que
os guiou pelos abismos, como o cavalo no deserto, de modo que nunca tropeçaram?
14 Como o
animal que desce aos vales, o Espírito do SENHOR lhes deu
descanso. Assim, guiaste o teu povo, para te criares um nome glorioso.
15 Atenta do
céu e olha da tua santa e gloriosa habitação. Onde estão o teu zelo e as
tuas obras poderosas? A ternura do teu coração e as tuas misericórdias se detêm
para comigo!
16 Mas tu és nosso
Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos
reconhece; tu, ó SENHOR, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu
nome desde a antiguidade.
17 Ó SENHOR,
por que nos fazes desviar dos teus caminhos? Por que endureces o nosso coração,
para que te não temamos? Volta, por amor dos teus servos e das tribos da tua
herança.
18 Só por breve
tempo foi o país possuído pelo teu santo povo; nossos adversários pisaram o teu
santuário.
19 Tornamo-nos
como aqueles sobre quem tu nunca dominaste e como os que nunca se chamaram pelo
teu nome.
Isaías
– 64
1 Oh! Se
fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na tua presença,
2 como
quando o fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver as águas, para
fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que as nações tremessem da
tua presença!
3 Quando
fizeste coisas terríveis, que não esperávamos,
desceste, e os montes tremeram à tua presença.
4 Porque
desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem
com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera.
5 Sais ao
encontro daquele que com alegria pratica justiça,
daqueles que se lembram de ti nos teus caminhos; eis que te iraste, porque
pecamos; por muito tempo temos pecado e havemos de ser salvos?
6 Mas todos
nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como
trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas
iniquidades, como um vento, nos arrebatam.
7 Já ninguém há que
invoque o teu nome, que se desperte e te detenha; porque escondes de nós o
rosto e nos consomes por causa das nossas iniquidades.
8 Mas agora,
ó SENHOR, tu és nosso Pai, nós somos o barro, e tu, o nosso oleiro; e
todos nós, obra das tuas mãos.
9 Não te
enfureças tanto, ó SENHOR, nem perpetuamente te lembres da nossa
iniquidade; olha, pois, nós te pedimos: todos nós somos o teu povo.
10 As tuas
santas cidades tornaram-se em deserto, Sião, em ermo; Jerusalém está assolada.
11 O nosso
templo santo e glorioso, em que nossos pais te louvavam, foi queimado; todas as
nossas coisas preciosas se tornaram em ruínas.
12 Conter-te-ias
tu ainda, ó SENHOR, sobre estas calamidades? Ficarias calado e nos afligirias
sobremaneira?
Isaías
– 65
1 Fui
buscado pelos que não perguntavam por mim; fui achado por aqueles
que não me buscavam; a um povo que não se chamava do meu nome,
eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui.
2 Estendi as
mãos todo dia a um povo rebelde, que anda por caminho que não é bom,
seguindo os seus próprios pensamentos;
3 povo que
de contínuo me irrita abertamente, sacrificando em jardins e queimando incenso
sobre altares de tijolos;
4 que mora
entre as sepulturas e passa as noites em lugares misteriosos; come carne de
porco e tem no seu prato ensopado de carne abominável;
5 povo que
diz: Fica onde estás, não te chegues a mim, porque
sou mais santo do que tu. És no meu nariz como fumaça de fogo
que arde o dia todo.
6 Eis que
está escrito diante de mim, e não me calarei; mas eu pagarei, vingar-me-ei,
totalmente,
7 das vossas
iniquidades e, juntamente, das iniquidades de vossos pais, diz o SENHOR, os
quais queimaram incenso nos montes e me afrontaram nos outeiros; pelo que eu
vos medirei totalmente a paga devida às suas obras antigas.
8 Assim diz
o SENHOR: Como quando se acha vinho num cacho de uvas, dizem: Não o
desperdices, pois há bênção nele, assim farei por amor de meus servos e não os
destruirei a todos.
9 Farei sair
de Jacó descendência e de Judá, um herdeiro que possua os meus
montes; e os meus eleitos herdarão a terra e os meus servos habitarão nela.
10 Sarom
servirá de campo de pasto de ovelhas, e o vale de Acor, de lugar de repouso de
gado, para o meu povo que me buscar.
11 Mas a vós outros,
os que vos apartais do SENHOR, os que vos esqueceis do meu santo monte, os que
preparais mesa para a deusa Fortuna e misturais vinho para o deus Destino,
12 também vos
destinarei à espada, e todos vos encurvareis à matança;
porquanto chamei, e não respondestes, falei, e não atendestes; mas
fizestes o que é mau perante mim e escolhestes aquilo em que eu não tinha
prazer.
13 Pelo que
assim diz o SENHOR Deus: Eis que os meus servos comerão, mas vós padecereis
fome; os meus servos beberão, mas vós tereis sede; os meus servos se alegrarão,
mas vós vos envergonhareis;
14 os meus
servos cantarão por terem o coração alegre, mas vós
gritareis pela tristeza do vosso coração e uivareis pela angústia de espírito.
15 Deixareis
o vosso nome aos meus eleitos por maldição, o SENHOR Deus vos matará
e a seus servos chamará por outro nome,
16 de sorte
que aquele que se abençoar na terra, pelo Deus da verdade é que se
abençoará; e aquele que jurar na terra, pelo Deus da verdade é que jurará;
porque já estão esquecidas as angústias passadas e estão escondidas dos meus
olhos.
17 Pois eis
que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das
coisas passadas, jamais haverá memória delas.
18 Mas vós
folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para
Jerusalém alegria e para o seu povo, regozijo.
19 E
exultarei por causa de Jerusalém e me alegrarei no meu povo, e
nunca mais se ouvirá nela nem voz de choro nem de clamor.
20 Não haverá mais nela
criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra
os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem
pecar só aos cem anos será amaldiçoado.
21 Eles
edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto.
22 Não edificarão para que
outros habitem; não plantarão para que outros comam;
porque a longevidade do meu povo será como a da árvore, e
os meus eleitos desfrutarão de todo as obras das suas próprias mãos.
23 Não
trabalharão debalde, nem terão filhos para a calamidade, porque são a
posteridade bendita do SENHOR, e os seus filhos estarão com eles.
24 E será que,
antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei.
25 O lobo e o
cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da
serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o
SENHOR.
Isaías
– 66
1 Assim diz
o SENHOR: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me
edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso?
2 Porque a
minha mão fez todas estas coisas, e todas vieram a existir, diz o SENHOR, mas o
homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da
minha palavra.
3 O que
imola um boi é como o que comete homicídio; o que sacrifica um cordeiro,
como o que quebra o pescoço a um cão; o que oferece uma oblação, como o
que oferece sangue de porco; o que queima incenso, como o que bendiz a um
ídolo. Como estes escolheram os seus próprios caminhos, e a sua alma se deleita
nas suas abominações,
4 assim eu
lhes escolherei o infortúnio e farei vir sobre eles o que eles temem;
porque clamei, e ninguém respondeu, falei, e não escutaram; mas fizeram o que
era mau perante mim e escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.
5 Ouvi a
palavra do SENHOR, vós, os que a temeis: Vossos irmãos, que vos aborrecem e que
para longe vos lançam por causa do vosso amor ao meu nome e que dizem: Mostre o
SENHOR a sua glória, para que vejamos a vossa alegria, esses serão confundidos.
6 Voz de
grande tumulto virá da cidade, voz do templo, voz do SENHOR, que
dá o pago aos seus inimigos.
7 Antes que
estivesse de parto, deu à luz; antes que lhe viessem as dores,
nasceu-lhe um menino.
8 Quem
jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisa semelhante? Pode, acaso, nascer uma
terra num só dia? Ou nasce uma nação de uma só vez? Pois Sião, antes que lhe
viessem as dores, deu à luz seus filhos.
9 Acaso,
farei eu abrir a madre e não farei nascer? – diz o
SENHOR; acaso, eu que faço nascer fecharei a madre? – diz o teu Deus.
10 Regozijai-vos
juntamente com Jerusalém e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais;
exultai com ela, todos os que por ela pranteastes,
11 para que
mameis e vos farteis dos peitos das suas consolações; para
que sugueis e vos deleiteis com a abundância da sua glória.
12 Porque
assim diz o SENHOR: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória
das nações, como uma torrente que transborda; então, mamareis, nos braços vos
trarão e sobre os joelhos vos acalentarão.
13 Como alguém a quem
sua mãe consola, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis
consolados.
14 Vós o
vereis, e o vosso coração se regozijará, e os
vossos ossos revigorarão como a erva tenra; então, o poder
do SENHOR será notório aos seus servos, e ele se indignará contra os seus
inimigos.
15 Porque eis
que o SENHOR virá em fogo, e os seus carros, como um torvelinho, para tornar a
sua ira em furor e a sua repreensão, em chamas de fogo,
16 porque com
fogo e com a sua espada entrará o SENHOR em juízo com toda a
carne; e serão muitos os mortos da parte do SENHOR.
17 Os que se
santificam e se purificam para entrarem nos jardins após a deusa
que está no meio, que comem carne de porco, coisas abomináveis e
rato serão consumidos, diz o SENHOR.
18 Porque
conheço as suas obras e os seus pensamentos e venho para ajuntar todas as
nações e línguas; elas virão e contemplarão a minha glória.
19 Porei
entre elas um sinal e alguns dos que foram salvos enviarei às nações, a Társis, Pul
e Lude, que atiram com o arco, a Tubal e Javã, até às terras
do mar mais remotas, que jamais ouviram falar de mim, nem viram a minha glória;
eles anunciarão entre as nações a minha glória.
20 Trarão todos os
vossos irmãos, dentre todas as nações, por oferta ao SENHOR, sobre
cavalos, em liteiras e sobre mulas e dromedários, ao meu santo monte, a
Jerusalém, diz o SENHOR, como quando os filhos de Israel trazem as suas ofertas
de manjares, em vasos puros à Casa do SENHOR.
21 Também deles
tomarei a alguns para sacerdotes e para levitas, diz o SENHOR.
22 Porque,
como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão
diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso
nome.
23 E será que, de
uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a
outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o SENHOR.
24 Eles
sairão e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o
seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para
toda a carne.
Voltemos às palavras de John Angell James:
É um pouco difícil formar, a qualquer momento, uma estimativa
correta do estado de piedade existente em comparação com alguns períodos
anteriores. E é bom para todos nós, e sempre, lembrar a exortação de Salomão:
"Não diga: Por que os dias anteriores foram melhores do que estes? Pois
não é aconselhável perguntar a respeito disso". As pessoas mais
eminentemente piedosas de todas as épocas têm sido propensas a reclamar das
falhas de seus próprios tempos e a considerá-las maiores do que as de períodos
passados da história da Igreja. Vemos os males de
nossos próprios tempos; só lemos sobre os homens que viveram
antes de nós. Deixando de
lado, então, na maior parte
das vezes, uma comparação de nosso estado atual com os tempos passados, apelarei para o
verdadeiro padrão de toda religião espiritual e me esforçarei por isso para
determinar nosso estado real.
1. Como a primeira, mais proeminente e mais prevalecente
falha de nossas igrejas agora, mencionei o MUNDANISMO, ou, como é frequentemente
designado, mentalidade terrena. O menor conhecimento dos registros cristãos e
do sistema cristão deve nos convencer que alguém poderia pensar, de que estes
pretendem formar um caráter que, em referência a coisas tanto temporais quanto
eternas, deve, em seu espírito e manifestação, ser diferente de, e, ao
contrário, do de um homem não convertido. Nisto, o cristianismo tem uma vasta
vantagem sobre o judaísmo. Este último era, em grande parte, um sistema
mundano; sua revelação de um estado futuro era fraca; suas promessas eram de
coisas terrenas; sua política eclesiástica, embora administrada pelo próprio
Deus, era em parte mundana. Parece haver pouco para promover uma mente
sobrenatural, espiritual e celestial, mesmo nos israelitas mais piedosos. É
totalmente diferente conosco. Estamos sob um pacto "estabelecido mediante
melhores promessas". Tudo no caminho do motivo é espiritual e celestial.
Vida e imortalidade são trazidas à luz pelo Evangelho. A vida eterna no céu é o
grande tema do Novo Testamento. Estações frutíferas, confortos temporais,
riqueza aumentada, prosperidade mundana - não são mais os incentivos à
obediência ou as recompensas prometidas pela boa conduta. Deus, pelo seu quase
total silêncio sobre essas coisas, e sua constante exibição de "todas as
bênçãos espirituais nos lugares celestiais", depreciou um pouco os objetos
da ambição humana e nos ensinou a depreciá-los também, pelo menos em comparação
com as coisas celestiais. Pela própria revelação de nossa fé e esperança das
glórias do mundo celestial, Ele pretende, de fato, não aniquilar nem esconder
inteiramente as coisas terrenas - mas certamente jogá-las de alguma maneira na
sombra, diminuir sua importância e atrair, em certo grau, nossa atenção
deles.
Apenas veja o que é dito sobre essas duas classes de objetos
no Novo Testamento: "Se você ressuscitou com Cristo, procure as coisas que
estão em cima, onde Cristo está à direita de Deus. Coloque sua afeição nas
coisas de cima, não sobre as coisas da terra. Pois você está morto e sua vida
está escondida com Cristo em Deus." "Não olhamos para as coisas que
são vistas - mas para as que não são vistas - pois as coisas que são vistas são
temporais; mas as coisas que não são vistas são eternas". "Que os que
compram sejam como se não os possuíssem, e os que usam o mundo como não o
abusam." "Não ameis o mundo, nem as coisas que existem no mundo. Se
alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo,
o desejo da carne e o desejo dos olhos e o orgulho da vida não são do Pai, mas
são do mundo." "Amados, suplico-vos como estrangeiros e peregrinos,
abster-se de concupiscências carnais, que guerreiam contra a alma."
"Tendo comida e roupas, vamos nos contentar com isso." "Não ajunteis
tesouros na terra, mas ajuntem tesouros no céu."
Agora, na visão dessas passagens, e de muitas outras, com que
força a questão do apóstolo chega até nós: "Vendo todas essas coisas se
dissolverem, que tipo de pessoa vocês devem ser, em toda a vida santa e
piedade!" Que espírito sobrenatural, que impressão da eternidade, que
temperamento do céu deveria haver em nós! Professar acreditar em tudo isso, a
esperar por tudo isso, a amar tudo isso, a nos entregar a tudo isso - não
deveríamos ser um povo realmente, praticamente diferente das pessoas do mundo -
visto ser diferente, conhecido e reconhecido como diferente - diferente em
nosso espírito predominante, em nossos prazeres, em nossos gostos, em nosso
modo de fazer negócios, em nossos sentimentos e conduta em relação à riqueza,
em nosso comportamento sob perdas e nas máximas que nos governam? Deveríamos
não parecer os conquistadores e não os cativos do mundo? Mas é assim? Não é
exatamente o contrário de tudo isso a característica atual de muitos professantes?
Uma inundação de mundanismo não fluiu sobre a igreja? Não vemos um monte de
detritos e acúmulos de lama nas paredes e nas ruas de Sião?
É claro que é admitido que um cristão pode e deve se envolver
em negócios seculares, se não tiver uma fortuna competente para fazê-lo; que
ele possa se tornar um homem de negócios hábil e inteligente; que ele deve ser
diligente e pode, por indústria honesta, adquirir riqueza. Um comerciante
incompetente ou ocioso não honra a piedade. E também é admitido que nunca foi tão
difícil quanto nesta era iniciar negócios e manter a consciência sem ofensa. As
tentações de afastar-se da estrita linha de integridade nunca foram tantas e
tão poderosas como são agora. É um trabalho árduo viver e seguir o que quer que
seja verdadeiro e honesto. Mas então, se somos cristãos, isso deve ser feito.
Agora, então, observe a conduta de muitos professantes de religião. Eles não
estão tão completamente engolidos na ânsia de serem ricos , no círculo cada vez
mais amplo de suas especulações comerciais, em seu modo duro, desgastante e
desgastante de fazer negócios, em adotar os mesmos truques, artifícios, meias
falsidades, meia desonra e meia desonestidade de mundanos que não profetizam?
Leia os anúncios em nossos jornais e revistas e as contas em nossas janelas -
que baforadas e elogios, que afirmações de excelência transcendente e
declarações de superioridade acima de todas as outras, que atrações enganosas,
que artes ridículas, vis e ridículas para chamar a atenção, nos encontramos com
alguns que deveriam saber melhor! Não posso, como se supõe, objetar à
publicidade, pois o comércio não pode ser realizado sem ela - nem condeno a
engenhosidade modesta em atrair a atenção que é consistente com a verdade e com
as coisas de boa reputação - mas quando isso degenera, como frequentemente
sucede, em meias falsidades, é o que nenhum que se professa cristão deve
recorrer.
Não vemos muitos praticamente rejeitando as regras
apostólicas de comércio e desconsiderando tudo o que é verdadeiro, honesto,
justo, puro, amável e de boa reputação - e sorrindo para a simplicidade do
homem que os amarraria a tais regras? Estou ciente da raiva da competição, da
rivalidade do comércio, da necessidade absoluta de habilidade, diligência e até
astúcia - lidar com ciúmes, inveja e truques. Mas ainda assim, eu digo, o
domínio apostólico é válido, e o homem que não pode seguir em frente sem
pisá-lo não deve continuar. Se um cristão não pode ficar rico sem perder sua
piedade, ele deve se contentar em ser pobre. Em um país comercial como este, e
em épocas tão intensamente comerciais como a nossa, a maior armadilha para os
cristãos é agir como homens mundanos em muitas das máximas mais frouxas e
práticas questionáveis da época.
Esse espírito mundano não é manifestado em muitos casos pela
tentação de uma especulação precipitada e imprudente? Certamente deve haver um
significado nas palavras do apóstolo, e um significado aplicável a todas as
idades e estados da sociedade - "Tendo comida e roupas, estejamos com isso
contentes". Não que isso deva ser interpretado de forma rígida e literal.
No entanto, certamente seu espírito deve condenar um desejo excessivo por
riqueza. Isto é claro pelo que se segue - "aqueles que desejam ser ricos
caem na tentação e na armadilha, e em muitas concupiscências tolas e ofensivas,
que afogam os homens na perdição. Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todo mal;
que, embora alguns cobiçaram depois, erraram na fé e penetraram com muitas
dores". O que é senão essa determinação, quase todos os riscos, e quase de
qualquer maneira de ser rico, que faz com que muitos continuem ampliando seu já
amplo círculo comercial, lançando-se além de sua capital, especulando de
maneira ampla e imprudente, seguindo as bolhas que outros sopraram e depois
recorreram, por uma espécie de compulsão, como supõem e sentem, a meios para
atender a uma exigência que a honra comercial, para não falar do princípio
cristão, proíbe? O que é isso, eu digo - senão um espírito mundano que leva a
tudo isso?
Não satisfeitos com o passo lento no caminho mais humilde e
obscuro da indústria paciente e honesta, muitos devem galopar rumo à riqueza no
caminho mais alto da especulação. Eles viram alguns aventureiros afortunados
saltarem para a riqueza e também devem tentar a sorte. Ah! Mas quão poucos são
os grandes prêmios desta loteria, quão numerosos são os pequenos e quão
multiplicados são os falidos! Quantos escândalos ocorrem dessa maneira pela
ruína dos próprios indivíduos e pelo descrédito da piedade! Nem todos nós
conhecemos exemplos desse tipo, de homens que não eram desonestos, que teriam
estremecido com a própria ideia de uma fraude deliberada e intencional, e nunca
cometeram uma; mas quem, em consequência do inesperado fracasso de algumas
especulações imprudentes e injustificadas, recorreu a meios para evitar um
acidente, que, em outras circunstâncias, eles teriam evitado com detestação?
Eles nunca planejaram roubar ninguém - mas tiveram o objetivo de pagar a todos
o que lhes era devido, quando a especulação lhes trouxe a fortuna que esperavam
com confiança. A nuvem, que eles esperavam que derramasse uma chuva de ouro
sobre seu objeto querido, lançou um raio que a partiu em pedaços. Todas as
promessas feitas com outras antecipações falharam; credores feridos e
exasperados provocaram censuras ao autor de sua perda - e as pessoas, que
esperam a paralisação dos professantes, insultando, exclamaram: "Este é
seu homem piedoso!"
Antes de prosseguirmos com as palavras de John Angell James,
é importante destacar que ele como que profetizou em relação a estas coisas
ditas anteriormente sobre o estado futuro da igreja no mundo, especialmente na
Europa, que em nossos dias perdeu muito da sua anterior vitalidade exatamente
por essa busca obstinada por riquezas terrenas. Os meios industriais e
tecnológicos avançados que não pertenceram aos dias de John Angell, têm chegado
a nós em tal amplitude que mais se vê na Europa o ateísmo do que um
Cristianismo vigoroso, e este apego desenfreado aponta para um previsível não
recuo em tal estado de coisas.
Mas voltemos a John Angell James:
Lamento dizer que esses casos não são incomuns. Não que eles
sejam mais frequentes com professantes do que com pessoas que não fazem
profissão. Atrevo-me a afirmar que, para um desses, há dez entre os últimos;
mas então, como uma execução de um criminoso faz mais barulho do que a vida de
dez homens honestos exemplares, um fracasso vergonhoso de um cristão professo
ocasiona uma conversa mais reprovadora do que o fracasso ainda mais vergonhoso
de dez homens do mundo. Alguns fingem malignamente que negociariam mais cedo
com um homem que não professa piedade do que com alguém que o faça. Creio que
isso é uma falsidade, mero ódio calunioso à piedade e inimizade contra Deus.
Ainda assim, que lição e advertência isso mantém para os cristãos professos, para
serem mais cautelosos em todas as suas
transações seculares, e mais resolutos em sua determinação de estarem dispostos
a sofrer a perda de todas as coisas, pela excelência da conhecimento de Cristo
Jesus, o Senhor.
Tenho certeza de que sim, mas expresso os sentimentos de
todos os meus irmãos no ministério, quando digo que estou cansado dos relatos
que estão flutuando pelo mundo, embora não afetando, talvez, nossos próprios
membros, a má conduta de cristãos professantes em referência a assuntos
financeiros. Dos três pecados predominantes aos quais os cristãos de todas as
épocas são expostos e tentados - intemperança, licenciosidade e mundanismo, o
mais prevalecente é o último - e é o mais difícil de levar sob a disciplina da
igreja e levar para casa a igreja. a própria consciência de um homem. Quantas
pessoas sentiriam remorso extraordinário por um ato de intoxicação ou
licenciosidade, que passariam por toda uma série de inconsistências em assuntos
financeiros, e ainda assim sua consciência dificilmente os incomodaria - e
quem, enquanto a igreja tomaria o conhecimento do primeiro seria, no que diz
respeito ao segundo, continuado, incitado e não aprovado.
Absolutamente inconcebível é o mal que é feito para o crédito
à piedade e às almas dos homens, pela falta de princípio honroso e, em alguns
casos, de princípio honesto, entre os professantes de religião. Os infiéis são
confirmados em sua infidelidade, o profano em sua profanação e o mundano em seu
mundanismo, por essas ocorrências. Uma única inconsistência desse tipo na
conduta mesmo de um professante que nunca fez isso antes, e nunca fará isso de
novo, pode produzir, em mais de uma mente, uma impressão inefável e um
preconceito inextinguível contra a piedade. Portanto, vamos observar e ser
cautelosos sempre, em tudo e diante de todos. As palavras de nosso Senhor devem
sempre soar aos nossos ouvidos: "Ai do mundo por causa de escândalos -
deve ser necessário que os escândalos venham - mas ai daquele homem por quem eles
vierem". Imaginemos apenas que impressão seria produzida na parte não
convertida da humanidade, se todos os que professam ser convertidos cumprissem
o regime apostólico do comércio - se, em todos os casos, fosse um fato
estabelecido e conhecido, que todo o professor de piedade era um homem honesto
e honrado; alguém cuja palavra era seu vínculo, que preferia sofrer mais do que
fazê-lo, e não era nem um trapaceiro. Estou ciente de que a vantagem que seria
redundante para pessoas piedosas, para quem a honestidade seria a melhor
política, seria, nesse caso, tão grande que muitos simulariam hipocritamente a
piedade em benefício de seu benefício; pois, como todos seriam levados a lidar
com pessoas em quem pudessem confiar plenamente, seria palpável para todos que
"a piedade é proveitosa para todas as coisas, tendo a promessa da vida que
é agora, bem como daquela que está por vir." Mas mesmo para eles um elogio
não designado seria prestado à piedade, quando era intencionalmente falsificada
em benefício de suas vantagens temporais.
E não é, então, o dever solene de todo cristão que professa
ser conhecido como um homem honesto, generoso e honrado? Sua piedade não
deveria ser levada do santuário, da igreja e do altar da família para a loja,
para a troca, para o mercado? Deveria não presidir a compra e venda e entrar em
pechinchas e acordos? Ora, metade dos escritos proféticos do Antigo Testamento,
e não uma pequena parte dos do Novo, são sobre esses mesmos assuntos.
"Santidade ao Senhor" deve estar escrita em todas as nossas
mercadorias. Não somos ordenados por Cristo a deixar nossa luz brilhar diante
dos homens? Agora, isso sugere não apenas que nossa religião deve ser visível -
mas resplandecente. Uma vela é visível - mas é resplandecente? E, para brilhar
diante dos homens, deve ser visível naqueles assuntos que caem mais
imediatamente sob seu conhecimento. Eles não nos veem em nossos quartos ou nos
próprios altares da família; mas eles nos veem em questões comerciais e em
todas as transações monetárias. É lá que somos uma cidade situada em uma
colina, que não pode ser escondida. Nada pode brilhar que não seja radiante em
comparação com o que está à sua volta - e não podemos brilhar a menos que
sejamos extraordinariamente honestos, honrosos e verdadeiros.
Um cristão não é apenas para ser tão moral quanto um mundano
moral - mas mais ainda, senão ele não pode brilhar diante desse homem. E, no
entanto, não existem alguns homens, que não fazem profissão de piedade e não
possuem nenhuma, que ofuscam muitos que são membros da igreja, na integridade,
na veracidade e na honra de suas transações monetárias? Pouco antes de escrever
essa frase, estava conversando com um dos homens mais ricos e afortunados da
cidade, que me disse que foi iniciado na vida por um homem mais honesto,
generoso e de mente nobre, infiel e esforçou-se para torná-lo um, e quase
conseguiu, pela força de sua bela conduta moral, especialmente em contraste com
as inconsistências grosseiras de muitos que se chamavam cristãos. O que vale
uma profissão de piedade que, nas moralidades do comércio, é ofuscada pela
conduta de um infiel?
Que oportunidade, eles estavam ansiosos para abraçá-la, tendo
cristãos professos a brilhar, nesta era de princípios comerciais corruptos!
Quão infectado, em sua essência, com princípios doentios, é o grande órgão
comercial! Alguns chegaram ao ponto de dizer que todo comércio é uma mentira. E
de fato verdade, justiça, honestidade e honra, parecem se tornar quase
desconhecidas no comércio. Em tais circunstâncias, o cristão da atualidade
continua seus negócios. Tentando, tentando severamente, eu sei que está, e
tenho muita pena dele. Mesmo assim, eu teria pena do crente nos tempos
primitivos, quando, sob o Império Romano, ele era obrigado a queimar incenso
nas estátuas do imperador - ou sofrer o martírio. O que um crente é chamado a fazer
agora, comparado com o que um crente foi chamado a fazer então? Se a religião
não se curvaria aos sentimentos da humanidade quando a própria vida dependesse
de uma circunstância aparentemente tão leve como queimar alguns grãos de
incenso diante de uma estátua, tenha certeza de que não será mais flexível
quando houver apenas propriedade e conforto mundano em risco. O teste de
piedade foi então a tentação da idolatria; agora é a tentação de desonestidade.
O nosso é, de longe, o menos grave dos dois. "Pele por pele, tudo o que um
homem tem, ele dará por sua vida."
Se não podemos agora abster-nos de receber dinheiro por
mentira, desonestidade, desonra, trapaça; como poderíamos nos abster, em tempos
de perseguição, de meios proibidos de salvar vidas? O que, no máximo, é que os
homens temem agora, seguindo as coisas que são verdadeiras, honestas, justas e
sacrificando ganhos obtidos de forma desonrosa? Pobreza absoluta? Não. Há um
pequeno risco disso, pelo menos na maioria dos casos. É apenas um grau um pouco
mais baixo na sociedade. Se eles não obtêm tanto lucro, não podem viver tão
gentilmente, tão luxuosamente. Eles não podem habitar uma casa tão grande, não
podem ter móveis tão elegantes, não podem divertir-se, não podem manter uma
carruagem. É para apoiar essas coisas que as leis da honestidade e honra no
comércio são sacrificadas por muitos. Eles não estão satisfeitos com a mera
vida - mas devem ter abundância.
E até os professantes de religião se deixam levar por essa
disposição ambiciosa e aspirante. E tornou-se uma falha predominante das
igrejas nos dias de hoje. E como deve ser alterado? O apóstolo nos disse:
"Mas, quanto a mim, nunca me gabarei de nada além da cruz de nosso Senhor
Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim e eu para o
mundo". Quão obscuro, quão inútil, tudo o que é terrestre aparece quando
visto à luz do sol da cruz! É perdendo de vista Jesus, vivendo tão longe dele,
esquecendo-o, que deixamos o mundo nos dominar tanto. Você deve meditar mais na
cruz, deve se concentrar mais no Calvário, deve estar mais familiarizado com o
Crucificado.
Então, novamente, em outro lugar, diz-se: "O que é
nascido de Deus vence o mundo - esta é a vitória que vence o mundo, a nossa
fé". O que é necessário é uma crença mais forte da realidade de uma
existência eterna além do túmulo; um aperto mais firme da mão da fé sobre a
glória, honra e imortalidade, prometidas aos que continuam pacientes no bem;
uma consideração mais frequente e séria da falta de tempo e da brevidade e
incerteza da vida. Ó cristãos, o que é o tempo para a eternidade; o que é a
terra para o céu? Pense mais em guardar tesouros no céu e menos em guardar
tesouros na terra. Mesmo supondo que você finalmente esteja seguro para o céu,
apesar de um mundanismo de disposição muito prevalecente e algumas
inconsistências; que diminuição da herança celestial ocorrerá! O cristão que
aumenta sua porção mundana por ser indigno de sua profissão, está perpetuamente
diminuindo sua porção no paraíso. Existem graus de glória no céu - e os maiores
serão alcançados por aqueles que, pela graça divina, obtiverem a maior vitória
sobre o mundo - e tomam como uma verdade mais certa que, mesmo na terra, há
mais real e sublime felicidade a ser obtida de um mundo crucificado do que de
um mundo idolatrado.
Abrindo outro parêntesis nas palavras de John Angell, devemos
afirmar que há dois grandes motivos incentivadores para um viver santo em
contraposição ao mundo: o primeiro é missiológico, ou seja para que outros
possam ser alcançados para a conversão ao evangelho e à edificação de suas
vidas pelo nosso bom testemunho, e o
segundo dá-se em razão de que não se pode comparar toda a riqueza material, ou
fama, ou tudo o mais que se possa obter neste mundo, com a glória que está
prometida à Igreja, quando Jesus se manifestar em Sua segunda vinda. Não é
sábio e nem prudente trocar a primeira pela segunda. Além disso, como será de
santidade absoluta e perfeita a condição futura dos crentes, importa que eles
comecem a adquirir os hábitos desta santidade que será perfeita no porvir,
vivendo portanto, presentemente, de modo digno da vocação deles.
Voltando ao texto de John Angell James:
A seguir, menciono os hábitos domésticos e sociais de alguns
professantes. Parece-me que há um gosto predominante demais por um estilo de
vida caro e vistoso, uma ambição indevida de estar no estilo, uma sensibilidade
excessiva sobre moda, refinamento e aparência. Isso é visto em sua preocupação
febril de morar em casas grandes e possuir móveis elegantes. É igualmente
exibido em trajes alegres, caros e modernos, sobre os quais os apóstolos deram
exortações, advertências e orientações especiais. 1 Timóteo 2: 9; 1 Pedro 3: 3.
O mesmo espírito é visto na educação de seus filhos, especialmente de suas
meninas, que ouvem em casa, de suas mães, em alguns casos, muito mais sobre
moda do que sobre piedade; sobre realizações elegantes do que sobre excelências
femininas, aquisições mentais, autogoverno e virtudes relativas.
Em resumo, as famílias de muitos professantes são “o mundo”
em um pequeno círculo; com apenas a exclusão de algumas de suas formas mais
grosseiras. Isso não tem sido realizado com pouca frequência, onde não havia
garantia para isso com base em meios amplos ou mesmo suficientes. As consequências
disso, com muita frequência, foram falhas vergonhosas - e, como foi a queda de
um professante, a piedade sofreu em seu crédito e caráter. Que ideias de
religião as pessoas do mundo devem afastar das famílias de alguns professantes
em que residem por algum tempo como visitantes? Eles deveriam ser capazes de
dizer: "Naquela casa, respirei a própria atmosfera de piedade. De tudo que
vi e ouvi, estou convencido de que Deus mora lá".
Nunca houve espetáculo, extravagância e luxo desnecessários,
tão pecaminosos em um professante rico como nesta era, quando as demandas por
dinheiro para levar adiante a causa de Deus se multiplicam tão rapidamente a
cada ano. A disposição para custos desnecessários nos hábitos domésticos e
sociais está infectando as classes média e baixa de professantes, e também as
mais altas. A moda é a deusa para cujo santuário muitos deles reparam com uma
devoção tão ardente quanto sincera. É verdade que é uma era de refinamento - e
o gosto e a elegância estão continuamente espalhando suas belezas pela
superfície da sociedade. Isso torna ainda mais necessário que os cristãos
estejam em guarda, para que não fiquem ansiosos demais pela luxúria da carne,
pela luxúria dos olhos e pelo orgulho da vida.
Semelhante a isso, é o mundanismo exibido por alguns professantes
em suas festas e entretenimentos sociais. Estou plenamente consciente da
impossibilidade de estabelecer qualquer linha definida além da qual, nessas
questões, os professantes não possam ir. A tais coisas, os costumes da época em
que vivemos e os círculos em que nos movemos prescrevem leis às quais, de certa
forma, todos nos submetemos. Mas então, a piedade vem aqui para fixar os
limites adequados de nossa obediência. Sendo todos nós membros da sociedade
civil, devemos lembrar que também somos membros de uma igreja cristã. Nós, como
professores de piedade, adotamos o Novo Testamento como nosso livro de
estatutos. Em todo lugar, supõe-se, em todos os lugares, que é, expressado,
insistido em nosso Livro, que realmente haja uma diferença entre cristãos e
outros homens, uma distinção que é mais profunda que um modo de vestir ou
linguagem; que somos de outro espírito. 1 Cor 4: 7; 2 Cor 6:14, 17; Tito 2:14;
1 Pedro 2: 9. A comunidade cristã se ergue no meio de todas as outras, como em
espírito e temperamento diferentes de todas as outras. Nos hábitos pessoais,
domésticos e sociais, devemos ser guiados pelas leis de Cristo, que não devem
ser governadas por outras leis. Se os hábitos da sociedade coincidem com os do
cristianismo, devemos adotá-los; pois não devemos nos opor a eles por uma
questão de singularidade. Como nos assuntos piedosos, nos da vida comum,
devemos nos conformar até onde a Palavra de Deus permitir, e discordar quando
isso nos ordena. O antigo espartano era governado pelas leis de Licurgo e não
permitia que as de Atenas ou Corinto interferissem com seus padrões. Um gosto
pelo que era refinado, elegante, luxuoso, poderia fazer muito bem para o último
- mas não para ele. Assim é com o cristão. Ele precisa perguntar, não o que
servirá aos homens do mundo - mas o que concordará com a letra e o espírito do
Novo Testamento.
Seguindo esse princípio, ele rejeita como fonte de prazer e
diversão o teatro, a ópera, o salão de baile, a mesa de cartas, o percurso de
corrida, a sala de apostas. Estes são tão manifestamente hostis, alguns deles à
moral, e todos à espiritualidade, da piedade evangélica, que os professantes,
pelo menos a maioria deles, abstêm-se dessas coisas. Digo a maioria deles, pois
sei que uma visita furtiva a algumas dessas fontes de prazer mundano é
ocasionalmente paga, para ver, como afirmam, a vaidade e a pecaminosidade do
mundo, para que possam aprender a odiá-lo pela observação, e não apenas por
relatório. Ou seja, eles irão no caminho da tentação para vencê-la. Eles
colherão um fruto corado e tentador da árvore proibida do conhecimento, para
que se tornem sábios pela experiência no conhecimento do mal. Ainda assim,
admite-se que poucos professantes são encontrados nesses locais de estância.
Mas será que alguns de seus próprios entretenimentos e
diversões se harmonizarão com o espírito do Novo Testamento? Para se referir a
seus jantares, não há uma ambição, extravagância e dispendiosidade manifestada
neles - que são inconsistentes com a simplicidade cristã? Repito, é impossível
fixar o limite exato da propriedade. Seria ridículo ao extremo tentar redigir
uma nota de tarifa cristã, ou prescrever a natureza e o número de pratos, ou de
vinhos, que um professante pode pôr sobre sua mesa ou em quais artigos de luxo
sua sobremesa pode consistir. Só posso falar de princípios e tendências gerais.
Em quantas ocasiões festivas não pode ser dito, com singular propriedade,
"Não poderia isso ter sido vendido por tanto e ter sido dado aos
pobres?" Quando tanto dinheiro é necessário, repito, pela causa de Deus,
não se deve gastar um xelim em luxo desnecessário.
E, no que diz respeito a entretenimento , não devo me referir
às grandes e alegres festas noturnas que estão se tornando cada vez mais
comuns, mesmo entre os professantes de religião? Bailes privados, ou de
qualquer forma, para dançar, são, acredito, utilizadas em alguns círculos.
Talvez seja difícil logicamente provar que essas coisas, por si só, são
absolutamente pecaminosas; deve ser o suficiente para provar que são
imprudentes. E, ao mesmo tempo, seria diminuir a própria piedade, estabelecer
qualquer linha de distinção que constituísse a principal diferença entre uma
pessoa convertida e não convertida. Ainda assim, existem algumas coisas,
certamente, não imorais, que são por consenso geral consideradas inconsistentes
para um cristão e devem ser evitadas.
Acho que o mundanismo está se infiltrando em nossa própria
piedade, como se manifesta em algumas daquelas práticas que são utilizadas para
angariar fundos para os vários objetos de zelo piedoso. Quem testemunhou um de nossos
bazares modernos e viu a agitação, a alegria, a banda militar, os jogos desta
Vanity Fair - se atreveria a dizer que tudo isso se harmoniza com a dignidade e
santidade, a espiritualidade e a celestialidade de nossa religião sagrada?
Algumas de nossas reuniões sociais, levantadas com propósitos piedosos, estão,
temo, degenerando em meras diversões mundanas. Não quero ver a piedade se
movendo entre as moradas do homem, uma forma espectral, com a insegurança
estóica, a austeridade de um monge ou o isolamento de um eremita, parecendo
mais um espírito das trevas do que um anjo de luz . O que eu desejo é ver a
aparência de um ser descido do céu e exibindo algo da santidade e felicidade do
mundo de onde ele veio, com a intenção de manter seu verdadeiro caráter nessas
moradas de pecado e Satanás, e em obter de volta com segurança aos céus nativos
e levando o maior número possível ao mundo da vida e da glória. O que desejo
ver nos professantes de piedade é a impressão profunda e visível da cruz de
Cristo em um espírito de crucificação para o mundo, e a manifestação de um
caráter, em certa medida, resplandecente com o esplendor do Paraíso. Em resumo,
o que desejo é o pleno desenvolvimento, no caráter e conduta dos cristãos
professos, dessa expressão do apóstolo: "Sua cidadania está no céu!"
A ideia é que existam duas grandes comunidades no universo, a
do mundo e a do céu, cada uma governada por suas próprias leis, buscando seus
próprios objetos e animada por seu próprio espírito; um governado por leis
mundanas, o outro por leis celestiais. Vocês, cristãos professos, pertencem à
comunidade celestial e devem estar, em espírito e conduta, em conformidade com
ela. Isso não mostra, da maneira mais impressionante, quão santo, espiritual e
celestial você deveria ser? Entre os cristãos verdadeiros e outros, deve haver
mais diferença do que entre os habitantes de dois países diferentes, assim como
há mais diferença entre os países celestes e terrestres do que entre os dois
terrestres.
2. Menciono agora, como uma segunda falha, em alguma medida
relacionada com o exposto acima - um espírito autoindulgente e que ama a
facilidade; uma disposição covarde e fraca que se retrai dos deveres, ocupações
e compromissos que exigem um sacrifício de repouso e conforto corporais. As
palavras de nosso Senhor ainda são a regra permanente do discipulado: "Se
alguém vier após mim, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me". Se
houver significado nas palavras, elas devem implicar que o verdadeiro espírito
cristão é abnegação. Isso não se destinava a se aplicar exclusivamente àquela
época, ou a qualquer época de perseguição, ou a qualquer condição externa
peculiar da Igreja. É a lei perpétua do reino de Cristo para todas as idades,
todos os países, todas as pessoas. Não podemos mais ser cristãos sem um
espírito de abnegação, do que podemos ser sem arrependimento e fé, ou
veracidade, justiça ou castidade. É um estado de espírito e um curso de conduta
essencial à piedade pessoal. Todos nós, de um modo ou de outro, devemos ser
pessoas cruzadas.
Mas em que consiste a abnegação? Não nas austeridades
autoimpostas do catolicismo ou do ermitismo; nem nas penitências autoinfligidas
da superstição - nem na privação do gozo sóbrio e moderado das gratificações
legais de nossa natureza. A graça não está em guerra, assim como a razão, com
os instintos da humanidade; o Criador não os implantou em nossa natureza para
ser violentamente destruído pelo Redentor e pelo Santificador. Tudo o que a
piedade faz com eles é mantê-los em devida sujeição a si mesmos; não para
erradicá-los - mas até agora para colher seu crescimento excessivo, a fim de
impedir que ocultem e resfriem nossas virtudes. Para quem usa pano de saco, o
lavador de roupas suja, o abstinente meio faminto, o recluso da cela, Deus diz:
"Quem exigiu isso de sua mão?" Isso não é abnegação - mas
autodegradação, uma caricatura repugnante da virtude recomendada por nosso
Senhor. É autossatisfação sob uma forma hedionda; agradável a si próprio de uma
forma de autotortura; a adoração do eu em forma de Moloque.
Abnegação significa a sujeição de todos os sussurros do amor
próprio à vontade de Deus. É a rendição de nós mesmos a Deus, fazer a vontade
dele e agradá-lo no caminho de seus mandamentos, e não a nós mesmos. Em outras
palavras, é preferir o dever conhecido e prescrito, à gratificação egoísta.
Esse estado de espírito se desenvolverá de várias maneiras. Se alguém nos
machucou, o dever cristão diz: "Perdoe-o livremente". O eu pecaminoso
diz: "Retalie". A máxima do diabo diz: "A vingança é doce;"
e o eu pecaminoso afirma o mesmo. Vingança é autoindulgência - perdão, com
nossos corações corruptos, é abnegação. Assim também, em um caso diferente, se
ferimos outro, razão, piedade, consciência, todos dizem: "Confesse sua
culpa". O coração maligno diz: "Não, não posso, assim, me
humilhar." A abnegação requer confissão - a autoindulgência resiste.
Então, novamente, todo o negócio da santificação interna, em
nosso atual estado imperfeito, é um curso de abnegação. Devemos
"mortificar nossos membros", "crucificar a carne", "sujeitar
o corpo". Tudo isso implica e requer abnegação - pois é mais uma
resistência do que uma gratificação de nossa natureza pecaminosa. De fato, todo
o curso da vida cristã é um hábito contínuo de abnegação, ou a sujeição de
nosso eu pecaminoso ao nosso eu renovado e santo.
No curso de seus negócios, um homem pode, com um pequeno
sacrifício do princípio cristão, obter ganhos consideráveis. O eu implora por
isso - a piedade o proíbe. Desistir do ganho por causa do princípio cristão é
abnegação. Esse dever muitas vezes exige que, em nossos negócios no mundo e em
nossa conduta na igreja, renunciemos à nossa vontade e caminho à vontade e ao
caminho dos outros. O homem que não paga nenhum respeito a sua opinião,
desejos, e quem disse dentro de si mesmo: "Eu vou ter o meu caminho",
e que não se importa a quantos ele se opõe ou angustia ou espezinha, ou o que
mal ele ocasiona por sua obstinação, não tem uma partícula de abnegação. A
satisfação própria é o seu objetivo e o seu propósito. Ceder graciosa e
silenciosamente em assuntos disputados, onde apenas sentimentos e não
princípios estão envolvidos, é um ato difícil, mas necessário, de abnegação.
Lamento ver quão pouco disso às vezes se manifesta no governo
de nossas igrejas, mais particularmente na escolha de um pastor. Quão pouco
dispostos são nossos membros a desistir de sua gratificação pessoal pelo bem da
igreja! Todo mundo tem o direito de fazer e expressar uma preferência e uma
escolha; mas se o exercício desse direito envolver uma total desconsideração das
opiniões, desejos e sentimentos dos outros; se se estabelecer em uma disposição
resoluta e turbulenta para levar o argumento de um homem a todo risco; se ele
diz ou sente: "Não me importo com o que os outros pensam, estou
determinado a ter sucesso em meu objetivo", que abnegação, pergunto,
existe aqui? É a própria essência do interesse próprio e da satisfação própria.
Abnegação significa abrir mão de nossa vontade e propósito individuais para a
paz e o bem-estar do todo. As minorias devem frequentemente desistir de sua
oposição pelo bem do todo, e as maiorias às vezes devem ceder às minorias,
quando estas são numerosas e poderosas. Direitos nem sempre são deveres. Homens
que se enquadram nos laços de qualquer associação, civil ou sagrada, devem ser
preparados dessa maneira para exercer a abnegação. Nossas igrejas hoje em dia
não estão tão dispostas quanto deveriam, para uma demonstração dessa virtude
cristã. O engano do coração humano muitas vezes lhes impõe, e os leva a supor
que estão agindo para a glória de Deus, quando estão apenas gratificando seu
egoísmo e se esforçando para seguir seu próprio caminho.
Mas a abnegação requer frequentemente o sacrifício de
gratificação pessoal e relativa pelo benefício de outros e pelo bem da causa de
Cristo. Eu admiti que a liberalidade é a excelência da época em que vivemos. E
assim é - e não duvido que, em muitos casos, a abnegação mais generosa e heroica
seja praticada para demonstrá-la. Posso supor que esse seja especialmente o
caso dos pobres, cujo centavo dado ao fundo público é uma abstração de suas
próprias necessidades. Foi abnegação por parte da pobre viúva dar-lhe dois centavos.
Assim também, na classe média, a abnegação é praticada naquilo que eles dão.
Foi uma abnegação por parte dos macedônios, pela abundância de sua profunda
pobreza, abundar na liberalidade; mas não creio que a abnegação ainda tenha
sido praticada pelos ricos. Se eles dão sua abundância, eles ainda têm
abundância - até mesmo seus luxos são absolutos. Seus dons não diminuíram uma
partícula de sua gratificação. Seu copo de prosperidade está cheio até o limite
e suas doações são apenas transbordamentos, que eles não podem beber. O que é
necessário para a conversão do mundo é a real abnegação nos círculos superiores
da sociedade. Precisamos e devemos tê-lo, se China, Japão e Índia forem
convertidos em Cristo. É um espírito de abnegação, abreviando os luxos da
riqueza, que trará o Milênio com a volta de Cristo. Quando eu vejo homens ricos
contraindo suas despesas, em vez de aumentá-las, acreditarei que eles são
fervorosos pela conversão do mundo, e reconheço com esse espírito o crescente
esplendor da aurora dos últimos dias.
Mas ainda existe outra maneira pela qual essa virtude deve
ser exibida, ou seja, nos sacrifícios da facilidade corporal para o desempenho
do dever e a promoção da piedade pessoal. Precisamos de um espírito de
trabalho, bem como de dar e orar. Um espírito para encontrar oposição e
ingratidão, suportar visões e cheiros ofensivos aos sentidos, suportar fadiga,
sofrer calor e frio, sol e tempestade, chuva e neve, para nosso próprio
benefício ou para o bem dos outros. Creio sinceramente que muitos professantes,
reluto em dizer o grosso, estão se tornando autoindulgentes demais para
suportar muitos problemas por desfrutar dos meios da graça. Quantos deles, com uma
manhã fria, ou um pouco de chuva, ou uma noite escura, estarão na casa de Deus!
Não é uma queixa geral nas metrópoles e nas grandes cidades que as congregações
da noite de domingo estão caindo e que os cultos durante a semana estão ficando
cada vez menores? Como é isso? Não são muitos os que se satisfazem com um único
sermão por semana, se aninhando em casa no domingo à noite à beira da lareira e
se desculpando lendo um sermão ou algum outro livro? Onde eles estão nas noites
de reuniões de oração e em outros cultos durante a semana? As mulheres em casa
e os homens, talvez, desnecessariamente atrasados nos negócios. A piedade, com muitos, está se
tornando uma planta tenra, que não pode ser exposta fora de uma estufa. Oh,
onde está a dureza que, em dias de perseguição, levou o discípulo a negar a si
mesmo, tomar sua cruz e seguir a Cristo até a encosta, em meio ao vento e à
chuva, para um sermão; ou tatear seu caminho no meio da escuridão da noite para
algum celeiro ou casebre para uma reunião de oração; ou caminhar dez milhas
pelo campo para um banquete sacramental?
Caímos em tempos e circunstâncias tranquilos e fáceis, e eles
tornaram nossa religião suave e autoindulgente. O que quero ver é uma piedade
robusta e resistente, que mostra sua seriedade na qualidade de "dureza
duradoura", semelhante a um soldado; que, para o desfrute dos meios da
graça, pode resultar em clima pouco propício e independentemente da distância.
Os homens de negócios, geralmente, em um dia da semana, andam duas vezes a
distância que estão dispostos a percorrer no sábado ao santuário. "A manhã
é proibitiva, fique em casa;" ou "A noite está escura e fria, fique
em casa junto ao fogo", defende a autoindulgência. "Dê-me meu grande
casaco e guarda-chuva", diz a abnegação; "meu pastor me chama para o
pasto, e devo ir." Um concerto será realizado ou uma festa será organizada
em tal noite - "Você não terá mais entretenimento lá do que ouvindo um
sermão ou indo a uma reunião de oração?" diz a autoindulgência.
"Talvez", responde a abnegação, "pode haver algo muito mais agradável para a carne em outro lugar - mas
meu dever me leva ao santuário; não posso permitir que meus hábitos piedosos sejam violados por quaisquer
assuntos seculares". Deus poderia ver mais desta abnegação nas igrejas de
nossos próprios tempos!
3. Agora, menciono outra das falhas de nossas igrejas nos
dias atuais, e isso é uma consideração excessiva ao talento, à genialidade e à
eloquência no ministério da palavra . A nossa é uma era de adoração ao homem e
idolatria de gênio. O intelecto humano nunca fez tais avanços como em nossos
dias. As descobertas da ciência e as invenções da arte superam tudo o que já
foi feito na história do mundo - e essas maravilhas são registradas mesmo em
nossos diários, com uma elegância e eloquência iguais, se não superam, os
melhores modelos de composição grega e romana. A adoração a heróis é, portanto,
um pecado assombroso da época. Com a grande massa, o homem é tudo, Deus não é
nada. Até o vício pode ser tolerado por muitos, se associado apenas à genialidade;
e libertinismo pródigo suportado, se for promovido pelas artes. (John Angell
não havia sequer imaginado a que ponto isto poderia chegar em nossos dias no
século XXI, com todo o aparato tecnológico usado no mundo musical, televisivo,
cinematográfico, na Internet, e o número infindável de ídolos em todas as
áreas, inclusive da mídia e esportivas, que sequer existiam em seus dias, e que
de fato tem influenciado diretamente para a perda de vitalidade espiritual da
Igreja em muitas áreas do globo.) A prevalência e o progresso de tal
disposição, pela destruição da moral, comeriam como um verme na raiz de nossa
prosperidade e estabilidade nacionais. É impossível não saber que mesmo os
cristãos correm o risco de serem corrompidos dessa maneira, e não ver que, de
alguma forma, caíram em perigo.
Mesmo nossos revisores evangélicos não são suficientemente
cautelosos em suas críticas a obras de gênio infiel ou de erro herético. Em sua
admiração pelo talento, às vezes são demais, independentes dos interesses da
verdade. Em alguns casos, volumes contendo erros insidiosos e volumes de
sermões também foram elogiados por sua genialidade, quase sem alusão aos seus
erros. Enquanto em outros, o gênio foi exaltado aos céus, e a heresia foi
condenada com apenas uma leve censura. A adoração de talentos, sem vigilância,
e uma consideração mais sagrada ao valor e importância da verdade,
provavelmente, neste dia, prejudicará nossa teologia.
O gênio sem virtude corromperá o mundo; e o gênio sem verdade
corromperá a igreja. Que grito existe em nossas igrejas, hoje em dia, sobre
talento! E admito que esse homem, sendo um ser intelectual, deve apreciá-lo.
Ele é feito para admirá-lo e apreciá-lo. A efervescência de ideias brilhantes;
os brilhantes raios de gênio que iluminam e elevam o entendimento; o som, a
lógica profunda que convence a razão, juntamente com a eloquência simples,
porém poderosa, que desperta a alma de suas profundezas - deve ser agradável
para a compreensão humana, e nada que possa ser dito, ainda que eloquentemente,
para derrubá-la , sempre terá sucesso.
Mas o que deve ser evitado é exaltar o talento na religião, e
especialmente nos sermões, acima da verdade, ou para a negligência da verdade!
Eu digo, como eu já disse em outros lugares e antes, o Evangelho é um tema
acima de todos os temas, que é uma profanação para um pregador tocar na
ignorância, no descuido ou na fraqueza; ou, para um cristão, por outro lado,
ouvir apenas a eloquência com a qual é apresentada. O pregador que não desperta
todos os seus poderes para fazer o evangelho entendido, sentido e crido, está
fora de seu lugar no púlpito. E desde que seu único objetivo seja tornar seu
sermão "o poder de Deus para a salvação de seus ouvintes" ou, em
outras palavras, os meios de converter os pecadores do erro de seus caminhos -
e desde que haja uma adaptação de sua eloquência para alcançar esses fins, ele
não pode ser muito eloquente. Seja seu gênio que obrigue seus ouvintes a
esquecê-lo e pensar apenas em si mesmos, e seus poderes de ilustração fazem com
que pensem apenas mais em seu assunto - ele não pode, repito, ser eloquente
demais. Este é o maior triunfo da genialidade. Esse foi o caso do grande
ateniense, cujas orações deixaram seu público sem poder na época para falar ou
até pensar em Demóstenes - mas os obrigou a gritar: "Abaixo Filipe da
Macedônia".
Agora, deixe-me perguntar: com que opinião os ministros são
frequentemente escolhidos para o pastorado e ouvidos no púlpito? Não, posso dar
um passo atrás e perguntar: com que opinião eles são treinados por seus
professores na faculdade? O “talento” não é consagrado nas escolas dos
profetas, como objeto da idolatria - e o treinamento moderno não tende a nutrir
esse sentimento na mente de nossos alunos? Eu teria então homens de intelecto
débil admitidos e ignorantes deixados destreinados para vegetarem em
indolência? Não! Eu teria os intelectos mais nobres para o ministério, se
pudéssemos obtê-los, e os treinaria com o cultivo mais assíduo. Mas eu os
deixaria imbuídos da ideia de que todo o gênio e aquisições no mundo são apenas
meios para um fim, e esse fim, é a pregação do evangelho para a salvação das
almas. Quando um pastor deve ser escolhido, quão alto e quão geral é o grito,
mesmo em pequenas congregações e por ouvintes rústicos, "Precisamos ter um
homem de talento".
Bem, e deixe-os, se o talento não for considerado a primeira
coisa, e algo maior e melhor do que piedade e sã doutrina. Até a própria
demanda mostra o avanço da era e da igreja em melhoria. Isso evidencia uma
cultura mental, que é em si uma questão de felicitações; sim - mas há outro
lado da questão, que é uma consideração muito grande, no espírito da demanda,
apenas pelo talento; é o homem de talento, e não de graças; de talento, e não
de piedade eminente, ortodoxia sólida e zelo sincero, o que se quer dizer.
"Então, meu povo vem até você em multidão, senta à sua frente e ouve suas
palavras, mas eles não as obedecem. Embora expressem amor com suas bocas, seus
corações buscam ganhos injustos. Sim, para eles você é como um cantor de
canções de amor que tem uma voz bonita e toca habilmente em um instrumento.
Eles ouvem suas palavras, mas não as obedecem." (Ezequiel 33: 31-32)
Nós devemos ter homens de talento; eles sempre foram
necessários e agora são necessários mais do que nunca. Mas precisamos ainda de
mais - homens de piedade sincera e zelo ardente. Precisamos de homens, cujo
talento seja exercido na conversão de almas e na edificação de crentes - não na
intelectualidade fria e na eloquência sem coração. Não desrespeito a demanda
por talento - mas quero ouvir uma demanda mais alta e solene por piedade,
ortodoxia e sinceridade.
E com que propósito, pergunto, os cristãos costumam ouvir
sermões, e quem são os pregadores mais estimados? É o melhor pregador (de
acordo com a estimativa deles) - o homem que pode explicar melhor as Escrituras
e tornar seus ouvintes mais familiarizados com a Palavra de Deus; alguém que é
mais poderoso na conversão de pecadores; alguém que mergulha mais profundamente
nas profundezas de seus corações, traz à luz suas corrupções e promove sua
santificação; alguém que os ajude a resistir à tentação, a ser sincero em
piedade, a avançar na espiritualidade e na mente celestial; alguém que os ajuda
em sua solene provação pela eternidade, e os capacita pela fé a vencer o mundo?
Esse é o tipo de pregação que eles chamam de bom e gostam de ouvir? Ou é o
homem de imaginação brilhante, fantasia vívida, pensamento cintilante e eloquência
elaborada, embora ao mesmo tempo pouco qualificado para promover e pouco buscar
os grandes fins da pregação do evangelho? Como, digo, eles estimam pregadores?
Por utilidade ou por gênio?
Agora, devo admitir, que mentes cultivadas não podem ser
satisfeitas com pensamentos comuns e escassos e piedosas repetições centenas de
vezes. O cristão mais devoto deve sentir falta lá. Mas não é com o pensamento
sólido, substancial e vigoroso que muitos estão satisfeitos, pensando que podem
edificar os intelectos mais profundos - mas o que eles querem é sentimentalismo
poético, ou belas imagens, ou as bonitas concepções de retórica, especulações
curiosas ou peculiaridades equivocadas. pela originalidade - tudo o que as
pessoas de grande entendimento podem dispensar.
Eu poderia perguntar aqui, com que motivos, normalmente, até
a grande maioria dos professantes vai ouvir sermões. É ter a verdade abençoada
de Deus aberta a eles para sua santificação e consolo? É necessário promover o
grande negócio de desenvolver sua salvação com medo e tremor? Será que eles
podem crescer na graça e no conhecimento de Jesus, seu Salvador? É para
conhecer mais claramente e fazer mais perfeitamente a vontade de Deus? Ou será
que o gosto deles é gratificado e a compreensão rendida? Não são sermões, com
muitos, meros entretenimentos literários , coisas mais para serem ouvidas do
que praticadas - e por mais sérios que sejam, e calculados para fazer bem a
eles, ainda que não tenham "boa retórica", nenhuma "explosão de
eloquência" nenhuma "demonstração de gênio", eles não se
decepcionam?
Ouça a conversa deles ao voltar da casa de Deus. "Que
sermão esplêndido!" "Que tratamento intelectual!" Ou: "Não
tivemos nada muito novo hoje". "Nosso ministro não teve voos elevados
em seu sermão." "O sermão foi bom, mas não muito eloquente." Oh,
é assim que devemos ouvir as mensagens de Deus? Mas o que tudo isso diz – senão
que nossos ouvintes são corrompidos pelo espírito da época e, em muitos casos,
são mais ansiosos por talento do que por verdade. E, no entanto, a alma deve
ser alimentada e nutrida mais pela verdade do que pelo talento. Podemos
aprender sobre esse assunto algo de nossos amigos quacres, que, ao voltar da
adoração, nunca criticam os sermões que ouviram - mas consideram que o que
ouviram lhes foi dado pelo Espírito de Deus para praticar, e não admirar ou
condenar. Nossos ouvintes precisam ser lembrados de que os sermões não são
meros ensaios a serem ouvidos, meros entretenimentos mentais ou, se pudermos
fazê-los, meras festas literárias - mas exercícios que serão um "sabor da
vida para a vida ou da morte para a morte."
III Passo agora a uma consideração dos defeitos no CARÁTER e
na CONDUTA dos professantes modernos da religião.
As mesmas falhas, sem dúvida, até certo ponto, prevaleceram
em todos os períodos da história da Igreja - mas nem todas no mesmo grau.
1. Primeiro mencionei a espiritualidade e a mente celestial;
em outras palavras, um hábito meditativo contemplativo e devoto da alma. O
apóstolo nos diz que "ter uma mente espiritual" ou "a mente do
Espírito (isto é, as coisas do Espírito) são vida e paz". As coisas do
Espírito são as coisas que o Espírito revela na palavra; a influência que ele
exerce, os frutos e graças que ele produz e os impulsos que ele comunica. Ao
prestar atenção a essas coisas, devemos entender que nossos pensamentos e
afetos são movidos espontaneamente por eles. Há pessoas que nunca tiveram um
pensamento piedoso envolvido ou um sentimento de devoção emocionado. A religião
que eles têm é mera forma e cerimônia. Existem outros cujos pensamentos e
afetos são facilmente excitados, sob alguns meios externos, como um sermão
poderoso, um livro impressionante ou um coração afetando as orações ou tocando
a salmodia. A verdade divina e as realidades espirituais as movem, em certo
grau, e suas afeições ficam comprometidas por uma época. Às vezes, sentem-se um
pouco no domingo, na casa de Deus e sob os meios da graça.
Mas quando esses apelos externos à consciência cessam, toda a
emoção piedosa desaparece e, na segunda-feira, recaem no mundanismo absoluto;
as realidades eternas são perdidas de vista por eles e, com exceção, talvez, de
uma oração curta e formal, noite e manhã, elas não têm afeto mais piedoso do
que o maior mundano. Eles não têm reflexos espirituais espontâneos surgindo em
suas mentes, nenhum senso da presença Divina, sem aspirações da alma por Deus,
sem oração espontânea, sem reflexões sobre um texto das Escrituras, sem anseios
do coração por uma comunhão mais estreita com Cristo, sem disposição ou gosto
por conversas piedosas, sem reflexões espirituais sugeridas por eventos
passantes, sem vigilância sobre seus pensamentos e sentimentos, palavras e
ações - para não cometer "falhas secretas", sem propensão para ler as
Escrituras, sem anseio pelo santuário, sem deleitáveis ascensões da alma da
terra para o céu, nenhuma antecipação da presença total e final da glória a ser
revelada - todas incluídas na espiritualidade da mente.
Não! Essas coisas são todas estranhas para eles. Eles são
professantes; que vão à igreja ou capela duas vezes, talvez, no domingo; que observam
a ceia do Senhor, abstêm-se do teatro e algumas outras diversões proibidas;
mantendo um credo ortodoxo; participam de um ministério evangélico; subscrevem
instituições piedosas - e são de conduta moral, respeitáveis no mundo e não são suspeitados pela igreja. Tudo isso é bom e necessário; mas, com tudo isso, onde estão sua mente espiritual, sua disposição sobrenatural, sua disposição celestial? Onde está a impressão da Bíblia, da Cruz de
Cristo, do céu, da eternidade? (Poucos consideram que são exatamente estas
realidades espirituais apontadas por John Angell James que estarão presentes
nos crentes no futuro estado glorioso da Igreja quando Cristo se manifestar, e
não será pompa terrena que refletirá a glória do reino de Deus).
Espiritualidade significa um estado de espírito, coração,
consciência e conduta, correspondendo às verdades divinas e eternas que temos
no livro de Deus e que professamos ter em nossas mentes. Significa aquela
espontânea, habitual, irrestrita e afetuosa virada da alma para Deus, Cristo,
salvação, céu e eternidade. Isso é espiritualidade, a alma anseia habitualmente
por Deus e Cristo, por uma espécie de santo instinto; olhando para o céu e para
a eternidade por um impulso de amor santo.
Não deveria ser esse o caso de todos que professam ser um
verdadeiro cristão? Esta não é a nossa profissão? Não é isso que se entende
pela palavra "vida" - quando empregada como descritiva da verdadeira
piedade? As doutrinas do evangelho não são calculadas por sua natureza e
pretendidas por seu desígnio, para produzir esse estado de espírito celestial e
espiritual? Ah! mas quanta ortodoxia monótona, adormecida e morta existe na
maioria dos professantes modernos! Que discordância entre seu credo e sua
prática! Ora, parece haver mais vida mesmo entre muitos que se afastaram, em
certa medida, do padrão da ortodoxia, do que em multidões daqueles que, em
teoria, mantêm firme a forma de palavras sonoras. A senhora Schimmelpennick, em
sua bela autobiografia, emprega a seguinte ilustração: "Alguns têm
defeitos em seus credos, mas parecem ter vitalidade em sua prática. Eles se
assemelham a uma pessoa que perdeu um membro - mas que ainda está viva. São
verdadeiramente ortodoxos em suas opiniões - mas não espirituais em seus corações,
são como múmias egípcias, mantendo todos os seus membros e formas simétricas
externas - mas sem vida".
Ah, o que são algumas igrejas - senão meras catacumbas cheias
dessas formas sem vida de professantes cristãos! Não me fale das numerosas e
variadas organizações de zelo e liberalidade cristãos. Eu as conheço e me
alegro nelas, e desejo a elas um apoio mais abundante. Exalto no pensamento de
que um espírito se eleva que nunca descansará até que ele traga o mundo de
volta a Deus. E eu acredito que entre os seus apoiadores são encontrados muitos
de espiritualidade eminente; mas estou falando da maioria dos professantes, e
deles não hesito nem um pouco em declarar que há uma deficiência óbvia e
lamentável da espiritualidade da mente. Seus afetos piedosos estão em uma
condição lânguida e morna. Eu sei que a piedade não consiste inteiramente em
sentimento. Uma religião que é toda emoção não é religião. Mas, também, uma
religião sem emoção não é religião. Pode ser, para mudar a metáfora, uma imagem
corretamente desenhada e bem colorida - mas sem vida; ou uma estátua de bom
mármore e bem executada - mas morta. Assim, também, a sã doutrina unida à moral
correta e à liberalidade, se for destituída de espiritualidade e mente
celestial, é apenas a figura ou estátua da piedade. E como, ao adotar a
metáfora da múmia da senhora Schimmelpenninck, comparei algumas igrejas com
catacumbas; tendo mudado a múmia para a gravura e a estátua, também devo
expressar minha apreensão de que muitas igrejas possam ser comparadas a lugares
onde há efígies ou semelhanças dos que partiram como se estivessem em adoração;
seus rostos são realistas e suas atitudes de devoção são corretas - mas eles
não oram.
Oh, professantes cristãos, sem afeições santas e celestiais,
qual é a sua religião senão um nome? Atenda, então, às exortações do apóstolo,
e "Concentre suas afeições nas coisas que estão no alto, onde Cristo está
à direita de Deus". Cultive uma estrutura espiritual; adquira hábitos de
pensamento e sentimento piedosos. Como a fonte secreta de uma fonte de água,
nas profundezas da terra, mas continuamente jorrando para a superfície, e
jorrando em ebulições espumantes; deixe a religião ser em sua alma, uma fonte
interior e fonte de piedade viva, que, por sua própria força, está perpetuamente
enviando pensamentos espirituais e aspirações celestiais; de modo que uma
corrente de pensamentos e sentimentos devotos, profundos e cheios, flua mais ou
menos continuamente pela sua vida.
Além disso, seja assiduamente alimentado pelo ato de leitura
devocional e participação regular nos meios da graça, que, por canais secretos,
reabastecem a fonte do pensamento e sentimento sagrados. Esta é a mesma figura
que nosso próprio Senhor emprega, quando diz: "A água que eu lhe der
deverá estar nele uma fonte de água que salta para a vida eterna". Ou
seja, o dom do Espírito Santo para renovar e santificar a alma, e todas as
outras bênçãos do evangelho, produzirão uma disposição santa e celestial que
sempre surgirá em pensamentos e sentimentos devotos. Borbulhará e brotará como
água em uma fonte. Não como um poço profundo ou uma cisterna estagnada - mas
como uma fonte ativa e sempre viva que flui em todas as estações do ano e em
todos os estados da atmosfera. Essa é a espiritualidade da mente; não apenas
decoro religioso externo e obras de justiça; não apenas corrigir opiniões
piedosas; não apenas liberalidade e atividade na causa de Cristo; não apenas a
atenção regular aos meios da graça - mas, além de tudo isso, uma mente propensa
à reflexão devota, um coração quente de amor a Deus e a Cristo, uma alma cheia
de afetos piedosos; em resumo, um hábito de pensamento e sentimento que
entrelaça a piedade a Deus com a textura geral da vida.
Tal homem caminha com Deus. Que força e seriedade de
significado há nessas poucas palavras, andando com Deus! O que se pode
acrescentar para aumentar nossa concepção da devoção, da dignidade, da
felicidade do cristão? Significa não apenas harmonia de pensamento e sentimento
(pois "como dois podem andar juntos, a menos que estejam de acordo?"),
Mas significa comunhão, conversação íntima com Deus. Essa conversa é mútua.
Deus fala ao cristão pelas preciosas palavras das Escrituras e pelos sussurros
suaves de seu Espírito - e ele fala com Deus. É marcado como um homem de
oração, aquele que ora, de certo modo, sempre e em toda parte, que ora enquanto
respira.
Depois, há a ideia de habitualidade - esse é o hábito e o
teor de sua mente. Nós sabemos onde encontrá-lo; ele é sempre o mesmo; uma
serena firmeza mental no santo pensamento e sentimento é sua característica.
Grande ternura de consciência também é dele, um temor de ofender a Deus, de
ferir o homem; um desejo de agradar a Deus em todas as coisas, sempre buscando
e obtendo o testemunho - de que ele agrada a Deus. Uma intimidade peculiar obtém
entre Deus e sua alma. Quão condescendente da parte de Deus, que Ele se mistura
tanto com sua criatura, mostra-lhe tais favores, dá-lhe tais sinais, admite-o
com tanta familiaridade! Tudo isso está implícito; sim, é a própria essência da
ideia, eles caminham juntos, se aproximam; no passo de comunicação mais
confidencial, ocorre o intercâmbio mais íntimo de sentimentos e afetos.
Isso é espiritualidade da mente. E isso, diz o apóstolo, é
"vida e paz". É a evidência, a atividade, o desenvolvimento da vida
cristã - e produz um estado sereno e plácido da alma. Acalma as perturbações do
coração; como óleo na superfície turbulenta das águas, tranquiliza as
tempestuosas paixões e empurra as ondas tempestuosas do pensamento agitado para
a paz e o sossego. É um banquete perpétuo para a alma, que é feliz o suficiente
para possuí-la. Elevando-se à mente celestial, é uma promessa e um antegozo da
bem-aventurança do Paraíso. É uma corrente do rio da água da vida, trazida pela
fé e pela esperança da corrente de cristal; um fruto colhido pela devoção da
Árvore da Vida, sobre a qual a alma se deleita em deleitar-se, e pela qual ela
pode esperar e esperar que a glória seja revelada. Isto, digo, é o que falta em
cristãos, para seu próprio conforto, o crédito à piedade e à glória de Deus.
2. Parecido com isso, e de fato, como parte disso, está o
baixo estado da oração em família e da instrução religiosa doméstica. De fato,
até muito recentemente, e eu temo, mesmo agora, que o espírito de oração em
geral, tanto privado quanto social, tenha afundado em um nível muito baixo. Uma
queixa quase universal é feita, de que as reuniões sociais para este exercício
sagrado são tão reduzidas em número e em espírito, como em alguns lugares a
serem abandonados. Duvido que, considerando o número de professantes, o
espírito de oração fosse, nos tempos modernos, cada vez menor. A participação
nas reuniões de oração pode, em grande parte, ser considerada um indicador
tolerável e correto da medida da oração particular. Se os cristãos que estão
saudáveis, e que têm seu tempo praticamente sob seu próprio comando, e também
estão a uma distância razoável da casa de Deus, não conseguem encontrar lazer e
inclinação para encontrar seus irmãos cristãos uma vez por semana para orar, sou
naturalmente levado a concluir que, infelizmente, negligenciam seu dever diário
de manhã e à noite. O homem que gosta de orar sozinho - tem um desejo
instintivo de orar com os outros. Para uma mente espiritual, as orações dos
irmãos são muito revigorantes. Há um grande poder de simpatia cristã em uma
reunião de oração.
Estou, no entanto, um tanto esperançoso de que a maré da
oração tenha afundado até o ponto mais baixo, e esteja começando a mudar. Ouço,
e tenho o prazer de ouvir, que reuniões de oração sejam realizadas e
multiplicadas em várias partes do reino. Isso é bom, até o momento - mas não é
tão certo que a oração particular esteja aumentando tanto. A curiosidade, a
exortação dos ministros, o espírito de excitação ou o amor à novidade podem
produzir uma reunião de oração lotada - embora não haja participação
proporcional nos deveres do quarto de oração. Aqueles que oram muito em
segredo, se a oportunidade permitir, gostam tanto da oração social; mas não é
tão certo que aqueles que gostam de participar de reuniões especiais de oração
gostem da oração do quarto. É possível que muitos façam do aumento do
comparecimento às reuniões de oração uma desculpa para uma diminuição da
atenção a suas próprias devoções particulares. Mas nada, nem atividade, nem
liberalidade, nem participação regular em reuniões de oração social - podem
substituir a oração privada ou compensar a falta dela. É de se temer muito que
a urgência dos negócios esteja diminuindo o tempo e diminuindo o amor da
devoção privada. Pode ser bom para todo leitor deste panfleto perguntar como
está com ele a esse respeito e se alarmar, se consciente da negligência deste
exercício sagrado. Tem sido observado que o apostolado de Deus começa na porta
do quarto.
Mas agora aludirei mais particularmente ao baixo estado de
piedade familiar. Duvido muito que isso tenha sido menor ou mais negligenciado
entre os professantes de piedade espiritual e os membros de nossas igrejas.
Estou dolorosamente convencido de que a piedade doméstica, mantida com
regularidade sistemática, profunda seriedade e uniformidade invariável, é uma
coisa relativamente rara entre os cristãos professos dessa época. Tal é o poder
absorvente dos negócios, a pressa ansiosa em alguns de serem ricos e, em
outros, a vida e a morte lutam mesmo para sobreviver - que não há tempo para a
oração em família. Alguns a negligenciam completamente. Eles nunca reúnem seus
filhos e servos em volta do altar doméstico - o ateísmo governa sua casa.
Outros desistem de uma parte do dia; outros a limitam a uma noite de sábado - e
mesmo daqueles que a realizam normalmente de manhã e à noite, muitos a reduzem
a um serviço frio, apressado e formal, e até mesmo interrompido com frequência.
Sim, e há casos em que é melhor omitir completamente, a menos que aqueles que a
conduzem o façam com mais seriedade e sinceridade, e façam com que sua conduta
e temperamento ao longo do dia se harmonizem com as orações da manhã e da
noite.
Se não houvesse injunções ou exemplos positivos desse dever
na palavra de Deus, a razão e o santo instinto o levariam a isso. Como o pai de
uma família pode esperar bênçãos em família se não houver oração em família; ou
de que maneira, mas isso ele pode reconhecer as bênçãos da família? Não é este
o melhor meio, combinado com a instrução, de propagar a piedade através dos
filhos para a posteridade posterior? Alguém pode esperar que seus filhos sejam
piedosos, que não lhes dá um exemplo a esse respeito? Sim, esse exercício não é
necessário para manter vivo um espírito de devoção na alma dos pais? Quão
abençoado é o efeito do sacrifício da manhã e da tarde para promover a paz, a
união e a felicidade domésticas.
"Mesmo onde a sabedoria e a regularidade fizeram o
máximo possível, geralmente há poucos e desagradáveis eventos entre pais e filhos, senhores
e servos, que podem prejudicar a felicidade de todos, se não forem sabiamente controlados por um
espírito de boa
vontade e por nenhum outro meio, ou por nenhum meio tão provável, esse espírito de união e bondade pode ser tão
eficazmente assegurado quanto pela devida presença no altar doméstico. De
acordo com a influência da chama sagrada que o queima, o coração tem muitas
vezes se suavizado com o esquecimento daquelas pequenas irritações que, se
deixadas permanecerem, amadureceriam em explosão, tanto que não apenas
separavam servo de mestre - mas talvez irmão de irmão e pais de filhos ".
Você objeta que não pode realizar uma oração extemporânea.
Você já tentou alguma vez? Caso contrário, comece e procure ajuda de Deus - e
se, depois de fazer o experimento, você falhar, adote uma forma, da qual
existem muitas excelentes a serem obtidas. Você diz, talvez: "Você não tem
tempo". O que! Não pedir a bênção de Deus para sua casa? Você não encontra
tempo diariamente para ler o jornal, conversar com seus vizinhos, dormir mais
tarde do que precisa na cama? "Você tem aprendizes e lojistas em casa e
tem medo de ser ridicularizado." Não, eles, se o dever for bem executado,
o respeitarão mais. "Você espera oposição de alguns de sua família."
Você não é o chefe, o mestre, o governador? Ah, a negligência não deve ser
atribuída a outra causa? Não é esse o raciocínio secreto de sua alma: "A
oração em família deve ser seguida com consistência cristã em todas as coisas,
e não acho que minha conduta durante o dia, na loja e na casa, seja a que me
permitirá, com alguma propriedade, reunir minha família à noite para orar.
Receio que a prática da oração em família imponha uma restrição muito grande a
mim mesmo. E uma oração matinal com minha família não se encaixaria bem no que
vou fazer durante o dia." Não é
esse o caso, ó professantes! E você pode continuar dessa maneira? Guarde todas
as desculpas - comece, a partir do momento em que você ler isso, a orar, com e
por sua família - diariamente, regularmente, com seriedade - e deixe toda a sua
conduta se harmonizar com a prática.
Mas a oração em família, com qualquer regularidade,
pontualidade e seriedade, pode ser realizada - é apenas uma parte da piedade
familiar. Existe o piedoso treinamento das crianças. Sei que esse é
principalmente o trabalho e o dever das mães. Ainda assim, a conduta geral da
família pertence ao marido, pai e mestre. A casa de um cristão que professa
deve ser a morada da piedade visível e prática - deve ser preenchida com uma atmosfera
de piedade. Todas as crianças devem ser treinadas com a ideia de que são seres
imortais e mortais - e, embora nada seja deixado de fazer para lhes
proporcionar conforto, respeitabilidade e utilidade na terra, a principal
solicitude deve ser prepará-las para a glória, honra e imortalidade, no céu. A
ordem de uma família cristã que professa deve ser, em assuntos comuns e
sagrados, de modo a obrigar todos os que a testemunham a exclamarem: "Quão
boas são suas tendas, ó Jacó, e seus tabernáculos, ó Israel!" Deveríamos
procurar o reabastecimento de nossas igrejas das famílias de nossas
congregações - e esse seria o caso se a piedade familiar fosse mantida como
deveria. Há famílias das quais mal uma única pessoa entra na comunhão da igreja
- e, de fato, seria uma maravilha se não fosse assim. Baxter está certo quando
diz: "Se a piedade familiar fosse mantida e conduzida como deveria ser, a
pregação pública do Evangelho deixaria de ser o meio de conversão para os
membros de tais famílias; entre elas, seria realizada por instrução."
Muitas coisas nesta época são contra a ordem piedosa e o
estado de nossas famílias, a falta de espiritualidade nos membros de nossas
igrejas; a forte concorrência e o poder absorvente do comércio, começando tão
cedo pela manhã e continuando tão tarde à noite; a grande atividade piedosa da
época, desviando a atenção dos chefes de família de seus lares para os vários
objetos do zelo cristão, juntamente com a frequência e as horas tardias das
reuniões das comissões, a instituição das classes ministeriais da Bíblia, onde
pais demais mudar o trabalho da instrução de seus filhos para seus pastores; a
falsa ideia de que a conversão é mais esperada da pregação pública do que do
ensino criterioso, afetuoso e perseverante da piedade doméstica; todas essas
causas operam para produzir uma negligência lamentável da verdadeira e
consistente devoção familiar. Já é tempo de se esforçarem intensamente para
chamar de volta os chefes de família para esse importante momento.
3. Uma terceira deficiência de idade entre os professantes é
a negligência da leitura e estudo particulares das Escrituras. Uma piedade
sólida, saudável e robusta não pode ser produzida ou mantida sem uma leitura
habitual e devota da Palavra de Deus. Os sermões por si só não fazem isso -
eles geralmente são ouvidos para gratificação intelectual, em vez de seu efeito
instrutivo, santificador e prático geral. A conferência particular com a Bíblia
não tem nenhum dos sedutores da eloquência oratória e humana para desviar a
atenção da piedade como uma questão pessoal e prática. Com a Bíblia aberta
diante de nós, parecemos trazidos cara a cara com Deus; ouvimos a voz dele
falando conosco e não ouvimos outra voz além da dele. Um único verso lido,
ponderado, meditado e aplicado - às vezes faz mais pela alma do que por um
sermão inteiro. A verdade das Escrituras é o sustento da alma e, de acordo com
seu conteúdo variado, é leite para bebês e alimento forte para pessoas de maior
idade e é em toda parte prescrita como nosso alimento espiritual, pelo qual
devemos crescer em graça e em conhecimento.
Agora, estou com muito medo de que, exceto por algumas
pessoas de grande lazer e pessoas de constante piedade, o devoto estudo das
Escrituras seja tristemente negligenciado. Muitas coisas tendem a isso - há, o
que foi mencionado com tanta frequência, a pressa e a urgência dos negócios. Os
comerciantes nos dizem que mal conseguem tempo para ler um capítulo e realizar
a oração em família, muito menos para a leitura particular da palavra de Deus.
Mas deveriam permitir-se ser tão absorvidos pelos negócios? Ou, se isso não
pode ser alterado, eles não poderiam se levantar um pouco mais cedo pela manhã,
para ganhar tempo para um capítulo ou alguns versículos? Um homem cristão,
muito envolvido em assuntos seculares, ultimamente me disse que era seu costume
ler todas as manhãs antes de deixar sua sala e, naquele momento, estava
passando pelo Comentário do Bispo Horne sobre os Salmos. E há homens que,
embora profundamente imersos no comércio, nunca seguem seus compromissos até
que tenham ouvido Deus falar com eles dos oráculos vivos, e que levam consigo a
lembrança do que leram para amenizar seu trabalho e mitigar a ansiedade deles.
Tais casos, no entanto, são raros. Receio que muitos que mantêm a devoção doméstica
não leiam mais do que o breve Salmo que leem na oração em família; enquanto
outros, por quem a oração em família é negligenciada, quase nunca lê. O que é
chamado de "Porções Diárias" é, eu sei, com muitos substitutos para a
leitura da Bíblia - uma migalha do pão da vida, assim manipulada em um pequeno
pedaço de confeitaria espiritual, os satisfaz, em vez de uma porção substancial
da comida celestial. Revistas e livros são suficientes para uma leitura piedosa
para muitos outros, que mal têm lazer ou inclinação até para eles, muito menos
para a leitura das Escrituras. Quanto tempo é consumido no jornal! Os homens
mais ocupados encontram lazer suficiente para isso. Ninguém diga que não tem
tempo para ler sua Bíblia, que pode encontrar o suficiente para o jornal
diário.
Muitas pessoas parecem pensar, ou pelo menos sentir, que não
podem encontrar nada de novo nas Escrituras. Eles conhecem, geralmente, todo o
seu conteúdo - não há charme na novidade. Ah, que erro! Uma mente devota,
estudando as Escrituras por uma vida prolongada até a era de Matusalém,
encontraria, com muita atenção, algum novo significado ou nova beleza, até a
última hora de existência. Outros, novamente, acham a Bíblia um livro obscuro,
cheio de passagens sombrias, difícil de entender, e citam a afirmação de Pedro
em apoio à sua opinião, 2 Pedro 3:16. Esta passagem não se refere ao estilo dos
escritos de Paulo, como se isso fosse obscuro - mas às doutrinas que ele
ensinou, algumas das quais são sublimes e vastas demais para a compreensão humana,
e homens incontestáveis, cujas paixões cegam suas mentes e que têm sem opiniões
fixas ou amor à verdade, pervertê-las com críticas grosseiras e falsas e
raciocínios sofísticos para sua própria destruição. Não se destina a
desencorajar a leitura particular das Escrituras, nem mesmo por pessoas simples
e iletradas; pois enquanto há muito nelas que o intelecto mais elevado jamais
compreenderá completamente neste mundo, também há muitos que o entendimento
mais claro pode apreender e aplicar. Tomando emprestado um ditado conhecido:
"Existem profundezas nas quais um elefante pode nadar - e águas rasas que
um cordeiro pode desviar".
A Igreja de Cristo deve ser fraca, e seus membros devem ser
de espírito terreno, enquanto prevalecer essa negligência das Escrituras. Nos
dias em que ela se empenhava em perseguir e exibir as glórias do heroísmo
espiritual, seus membros viviam em estudo perpétuo da Bíblia. Atualmente, os
cristãos perseguidos de Madagascar levam suas Bíblias para seus retiros e, assim,
tornam-se fortes no Senhor e no poder de sua força. O mesmo aconteceu em todas
as épocas de julgamento feroz. Os confessores então agarram a espada do
espírito, que, estudando e praticando, eles sabem manejar e se tornam mais que
vencedores. Foi com essa arma que o próprio Senhor, em suas tentações no
deserto, venceu seu ousado agressor. Somente até a Igreja de Cristo considerar
como seu próprio dever ler, marcar, aprender e digerir interiormente as
Escrituras, bem como o dever de seus ministros de expô-las e aplicá-las - isso
provará, conhecerá e empregará seu próprio poder. Considerou demais a Bíblia
como o livro-texto do pregador, e não do seu papista, que entrega a Bíblia ao ministro e o deixa pensar
por ele. Há uma seita chamada "Os cristãos da Bíblia". Há um pouco de
falsidade e arrogância na designação, como se nenhuma outra seita a não ser a
deles tivesse a Bíblia, acreditasse ou a praticasse. Todos os professantes de
piedade deveriam ser, na realidade, "cristãos da Bíblia". A pregação
nunca teve a intenção de deixar de lado a leitura pessoal das Escrituras. A
Bíblia não deve ser testada pelo ministro - mas o ministro pela Bíblia.
Talvez haja alguma culpa devido a ministros nesta questão. Os
sermões devem ser muito mais bíblicos do que são; mais cheio de Escrituras;
mais repleto de suporte e ilustração de textos. O objetivo do pregador deve
fazer o ouvinte amar o sermão por causa da Bíblia, e não a Bíblia por causa do
sermão. O sermão deve ser um posto de sinalização, apontando para a Bíblia e
enviando as pessoas para ela. E, ainda para empregar a ajuda da ilustração, o
sermão deve ser como uma porção de grande prazer que, em vez de satisfazer o
apetite, deve fazer com que anseie por uma refeição completa. Ensaios, por mais
teológicos e até ortodoxos, se eles contêm poucas palavras de Deus, podem ser
eloquentes e agradar a plateia - mas não farão muito para aumentar seu amor
pela Bíblia. Esses são os discursos mais eficazes que mandam os ouvintes
embora, como os de Paulo fizeram com os bereanos, para pesquisar as Escrituras,
a fim de ver se essas coisas são assim.
John Howe, em uma parte de seus escritos, apresenta o
seguinte incidente: "Podemos ter certeza", diz ele, "se nossa
estima cresce menos com este livro, Deus não cresce; ele não mede por nós - e
se com a mesma estimativa e valor que ele já teve, podemos temer que ele, em
algum momento ou outro, reivindique terrivelmente a negligência, o desprezo e a
desconsideração desses registros sagrados.” Um pouco para reforçar essa
consideração, deixe-me relatar um incidente o que me foi dito pelo Dr. Thomas
Goodwin, quando ele era presidente do Magdalen College, Oxford, sendo ele
mesmo, na juventude, um estudante em Cambridge e tendo ouvido falar muito do
Sr. Rogers, de Dedham, em Essex, ele propositalmente viajou de Cambridge a
Dedham, para ouvi-lo pregar no dia da palestra; uma palestra tão estranhamente
cheia que, para aqueles que chegaram não muito cedo, não havia possibilidade de
conseguir espaço naquela igreja muito grande, naquele tempo, sobre o assunto
das Escrituras - e, no decorrer do sermão, ele caiu para uma exposição com as
pessoas sobre a negligência do Livro Sagrado, personificando Deus para elas e
dizendo: “Bem, confiei em você por tanto tempo com a Bíblia; você o desprezou;
fica em tal e qual casa toda coberta de poeira e teias de aranha; você se
importa em não olhar para ele. Você usa minha Bíblia assim? Bem, você não terá
mais minha Bíblia.” E o Sr. Rogers pega a Bíblia da almofada e parece que ele
estava indo embora e carregando-a deles; mas imediatamente se vira novamente e,
personificando o povo a Deus, cai de joelhos, clama e implora com sinceridade: “Senhor,
o que quer que você faça conosco, não tire sua Bíblia de nós; matar nossos
filhos, queimar nossas casas, destruir nossos bens; só nos poupe da sua Bíblia,
só não tire a sua Bíblia. E então ele personifica Deus novamente para o povo: “Você
diz isso? Bem, vou testá-lo um pouco mais e aqui está minha Bíblia para você;
Vou ver como você o usará, se você o amará mais, se você o valorizará mais, se
você o observará mais, se você o praticará mais e viverá mais de acordo com
ele.“ Por essas ações, ele colocou toda a congregação em uma postura que nunca
havia testemunhado em nenhuma congregação antes; o lugar era um mero Boquim, as
pessoas geralmente inundavam, por assim dizer, com lágrimas - e ele acrescentou
que ele próprio, quando saiu e foi levar o cavalo para casa novamente, estava
disposto a pendurar por um quarto de hora no pescoço de seu cavalo, chorando
antes que ele tivesse poder de montar, uma impressão tão estranha estava sobre
ele, e geralmente sobre o povo, por ter sido exposta à negligência da Bíblia."
(O Sr. Rogers parece ter sido um protótipo de Whitefield e, em menor grau, do
Sr. Spurgeon. Sua pregação era, em certa medida, verdadeiramente histriônica,
uma mistura de falar e agir. Esse é um talento invejável, onde é natural e não
é afetado ou imitado. Grande parte da popularidade de Whitefield e Spurgeon
deve ser atribuída a ela: quando ela se expande espontaneamente e é, como no exemplo
diante de nós, solene, patético e impressionante, é um poder legítimo do tipo
mais eficaz. Teríamos mais do que isso para levar as massas a sentimentos e
preocupações piedosos! nossos pregadores geralmente podiam deixar a natureza
fluir em suas próprias efervescentes ebulições de fantasia e emoção castigadas!
Deus proíba que todo púlpito se torne um palco de palhaçada, charlatania ou
amplo humor e farsa; mas é necessário um pouco mais de pregação como a de
Rogers, Whitefield e Spurgeon para despertar e interessar nossas congregações
adormecidas, especialmente as das classes trabalhadoras.)
4. Outra coisa em que nossas igrejas modernas são muito
deficientes é o exercício do AMOR fraterno. Dificilmente é preciso observar que
é desígnio de Deus que sua igreja exiba para um mundo egoísta, alienado e
invejoso, caracterizado nas Escrituras como odioso um ao outro - o contraste
perfeito consigo mesmo, em uma irmandade santa e amorosa, o lar de caridade, a
própria morada de todos os sentimentos bondosos de nossa natureza, uma
verdadeira comunhão de amor. Seu propósito era que o coração de seu povo
estivesse tão unido, que onde quer que, e entre quem quer que fosse encontrada
uma companhia de crentes, observadores e admiradores de espectadores prestassem
involuntariamente este testemunho: "Veja como esses cristãos se amam!"
O mundo nunca, desde a queda, tinha visto algo assim, e foi dito, agora deve
ser visto na Igreja de Cristo; mas, infelizmente! Quão vagamente e diminutamente
em nossos dias. Deveria ser visto como a característica inconfundível de todos
os professantes, seu distintivo de identificação, sua marca distintiva. Quanto
há em nossa piedade para produzi-lo! Deus é amor. Cristo é amor encarnado. A
lei é amor. O evangelho é amor. O céu é amor. Se Cristo nos amou com um amor
maravilhoso e intenso - quão grande deve ser o nosso amor um pelo outro! Como
aqueles devem amar uns aos outros, todos os quais Cristo ama com um carinho tão
maravilhoso!
Que intenção ele tinha de nos fazer entender e sentir isso!
"Este é o meu mandamento", disse ele, "que vocês se amem."
Ele destacou isso de outros preceitos e enfaticamente o marcou como sua lei
especial. Ele fez disso a marca do discipulado: "Nisto todos saberão que
vocês são meus discípulos, se amarem uns aos outros." Na perspectiva da
cruz, isso estava em sua mente, e em sua maravilhosa oração, ele suplicou que
seu povo pudesse ser um, que é um em afeto, como ele estava no Pai e o Pai nele
- que o mundo pudesse saber que o Pai o havia enviado. Oh, isso deve convencer
a mente e tocar o coração de todo cristão - que o amor fraterno foi projetado
para ser a evidência da missão divina de Cristo.
Sim, e se essa graça brilhasse na igreja em toda sua beleza e
glória, seria uma evidência incontestável da verdade do cristianismo. Parece
ser tão diferente de todo o trabalho do homem e de toda a sua capacidade de
produzir uma associação tão amorosa, mansa e harmoniosa de seres humanos que só
possa ser atribuída a um poder divino. Os cristãos professos consideram
suficientemente que, por sua bondade mútua, depende uma das evidências do
cristianismo?
Tampouco pode escapar da atenção do leitor mais superficial
do Novo Testamento quanto isso é insistido por todos os seus escritores
inspirados. É o tema constante deles. Nas epístolas de Paulo, está entrelaçado
com todos os seus outros tópicos, e o amado apóstolo escreveu quase toda uma
epístola, para aplicá-lo. Amor, amor, amor - é o tema reiterado desses homens
direcionados para o céu. Para uma exibição desse amor, leia o segundo capítulo
de Atos dos Apóstolos. Infelizmente, infelizmente! que essa cena deveria ter
sido tão transitória quanto bonita. Se tivesse sido perpetuada, ou mesmo uma
semelhança, como seria diferente o cristianismo na avaliação do mundo! O
historiador eclesiástico Eusébio relata dos primeiros cristãos que, quando uma
praga prevaleceu no Egito, "muitos de nossos irmãos, negligenciando sua
própria saúde, por excesso de amor, trouxeram sobre si mesmos os infortúnios e
doenças de outros. Eles haviam segurado em seus braços os santos moribundos,
depois de fecharem a boca e os olhos; depois de abraçarem, beijarem e
lavarem-se, e adorná-los com seus melhores hábitos, e carregá-los nos ombros
até a sepultura, eles foram alegres em receber os mesmos cargos de outros que
imitaram seu zelo e amor". Isso pode ter sido a imprudência do amor; mas,
oh, não foi a sua manifestação?
Agora vamos olhar para nossas igrejas. Quão pouco isso tem
alguma semelhança com isso, que encontramos lá! Pode haver afeto,
companheirismo amável e visitas amigáveis entre certas classes e círculos dos membros, e isso é o mais longe possível; mas muitas vezes é pouco mais do que a amizade geral
sentida, não tanto no
terreno de um relacionamento comum com Cristo, como no mero fato de adorar no
mesmo banco e lugar, e de ser membro da mesma igreja. E há também o xelim
sacramental para o alívio de membros pobres e doentes, que é, se não uma
zombaria da caridade, é um substituto para ela. Pode haver paz na igreja, onde
há muito pouco amor. Tudo pode ser inativo. Nenhuma raiz de amargura pode estar
surgindo para perturbar a igreja, e ainda assim pode haver pouco dos frutos do
Espírito, que são amor, alegria, paz. Pode haver distância e frieza, onde não
há hostilidade.
O que eu quero ver mais é um ministério, amoroso em seu
espírito, anexando por suas instruções, sua influência e seu exemplo, todos
mais próximos um do outro, muitas vezes inculcando e sempre manifestando amor
fraterno. E os diáconos, cumprindo seus deveres, não superficialmente,
descuidados com seu tempo, restringindo seu trabalho, distribuindo a
generosidade da igreja com mãos frouxas e palavras sem coração - mas entrando
nas habitações de seus irmãos doentes e pobres, como anjos ministradores, com
simpatia terna e compaixão derretida; quem por sua fervorosa súplica e palavras
gentis confortará a alma no momento exato em que está aliviando as necessidades
do corpo; quem será o conselheiro dos perplexos e, em caso de angústia, que não
será atendido pela distribuição ordinária do dinheiro da comunhão, se esforçará
para arrecadar um fundo suplementar; homens, enfim, que saberão e sentirão que
sua vocação é compaixão e misericórdia ativa. A estes devem ser acrescentados
os membros mais ricos da igreja, que devem procurar praticamente, prontamente e
generosamente os casos de seus irmãos mais pobres, visitá-los em suas moradas
de tristeza e sentir um privilégio de simpatizar com eles em suas aflições e
aliviar suas necessidades.
Tampouco é somente nesse modo de visitar os doentes e aliviar
o necessário que o amor deve se manifestar - mas no modo de reconhecimento
amável e palavras gentis, de respeito e afabilidade, de lembrança de que, sob
esse traje de pobreza, existe alguém a quem Cristo ama e a quem eles devem amar
por causa de Cristo. E o amor que torna os ricos realmente ricos e
condescendentes com os pobres fará com que os pobres respeitem os ricos,
reprimirá toda a familiaridade indevida, toda consciência intrusiva da
igualdade espiritual, toda expectativa desordenada de observação e atenção,
toda mórbida suscetibilidade de ofensa por falta de atenção real ou suposta.
Em resumo, o que falta em nossas igrejas é um sentido mais
completo, mais rico e profundo do amor de Cristo por todos nós, produzindo em
todos um amor mais pleno, mais rico e mais profundo um pelo outro por esse
motivo, e o pensamento e o sentimento quando olhamos em volta em uma reunião da
igreja, ou à mesa do Senhor, sobre nossos semelhantes, "todos esses são
professadamente filhos de Deus, redimidos do Cordeiro, súditos da influência do
Espírito. Deus os ama; Cristo os ama; eles são meus irmãos e irmãs na família
de Deus, com eles devo passar a eternidade; eles são participantes comigo da
mesma fé preciosa e da salvação comum; todos são um comigo em Cristo". O
amor fraterno significa uma união de espírito e uma saída do coração para todos
os que estão nesse relacionamento conosco; uma alma cheia de tais pensamentos,
opiniões e reconhecimentos, e levando a toda a conduta que eles possam ditar e
garantir. Não é isso que é prescrito no Novo Testamento?
Novamente, pergunto, não há uma deficiência lamentável disso
em nossas igrejas? Estou ciente de que naqueles que incluem um grande número de
membros, espalhados por toda a extensão de uma cidade grande, é difícil, se não
impossível, ter esse conhecimento, manifestar esse reconhecimento e demonstrar
o carinho que poderia ser desejado; mas, mesmo nesses casos, muito mais pode
ser feito para esse objeto do que se realiza atualmente.
5. Talvez entre as deficiências dos membros de nossa igreja possa
ser mencionado um considerável grau de ignorância sobre vários assuntos
religiosos importantes. Menciono primeiro, VERDADE DOUTRINAL. Isso, se a
leitura da Bíblia é negligenciada, é facilmente explicado. Mesmo os sermões,
quando não acompanhados pela pesquisa particular nas Escrituras, não levarão os
ouvintes a um conhecimento extenso e preciso das coisas profundas de Deus e da
Bíblia. Creio que a grande massa de nossos membros é, como eles supõem,
ortodoxa na divindade de Cristo, na expiação, justificação pela fé e
regeneração. Ou seja, eles mantêm firme esses artigos de fé, embora muitos
sejam bastante incapazes de declará-los ou defendê-los. É surpreendente o quão
pouco conhecimento de ideias bíblicas existe, que ainda assim sustenta a forma
das palavras sonoras. Se solicitadas provas bíblicas da autoridade divina do
Novo Testamento, ou da divindade do Salvador; ou, se questionado sobre a
natureza e necessidade da Expiação; sobre a natureza da justificação e sua
distinção da santificação; na relação do judaísmo com o cristianismo; sobre os
lugares e usos no sistema cristão de boas obras; ou em muitos outros assuntos
religiosos importantes, eles não seriam capazes de dar uma resposta
inteligente. Eles podem ser boas pessoas; eles sabem que são pecadores e que
Cristo é um Salvador; pode estar confiando em seu sangue e justiça para ser
aceito por Deus; mas estão contentes com os meros elementos da verdade, seus
princípios mais rudimentares. Portanto, seus confortos e utilidades são
limitados, e até sua estabilidade está em perigo. Eles são facilmente levados
pelas objeções plausíveis dos instigadores do erro, e provavelmente serão
levados com todo vento de doutrina, e com o truque dos homens e a astúcia
daqueles que esperam enganar. O apóstolo administra repreensão severa a todos
os que estão em Hebreus 5, 6 e também em Colossenses 2. Tampouco pode escapar
ao aviso de quanto em todas as suas epístolas ele insiste no crescimento do
conhecimento.
Essa deficiência não pode ser explicada em parte pela falta
de mais pregações doutrinárias? Não é possível tratar as grandes verdades da
piedade de maneira tão atraente que nossos ouvintes sejam levados a estudá-las
com maior atenção e deleite e compreendê-las de maneira mais clara e
abrangente? Não peço um corpo de divindade em todo sermão, nem controvérsia
seca em nenhum; Não desejo sermões que sejam confissões ou artigos de fé - mas
que nutram os ouvintes em sã doutrina. Talvez não sejam tomados esforços
suficientes com os candidatos à comunhão para doutriná-los na verdade divina. É
claro que não quero dizer que, no começo, ou mesmo no pós-crescimento, eles
devam ser muitos teólogos profundos - mas certamente devem ser instruídos em
todos os pontos fundamentais. Estou inclinado a pensar que perdemos algo em
relação a esse assunto pela descontinuação do método catequético de instruir as
crianças. A tendência de grande parte do ensino moderno, tanto nas aulas da
Bíblia, nas escolas dominicais quanto, talvez, em alguma medida na pregação, é
dar conhecimento sobre a Bíblia, e não o conhecimento da própria Bíblia. Admito
que até os fatos menores da história sagrada valem a pena ser conhecidos. Mas a
geografia, a história natural, a cronologia e as narrativas da revelação, por
mais importantes que sejam, não podem ser comparadas com o conhecimento da
pessoa e obra do Redentor e as doutrinas que se aglomeram em sua cruz.
Muitos talvez pensem que eu já disse o suficiente sobre as
deficiências de nossas igrejas, e talvez estejam quase prontos a olhar para a
exposição com sentimentos de arrependimento, se não para censurá-la com a
linguagem da queixa. Deus, que vê o coração, sabe que com muita tristeza e
solicitude escrevi como escrevi. É com amor fiel que escrevi estas páginas. Não
estabeleci nada por caridade nem espírito de busca de falhas. Acredito que não
exagerei nem caricaturei as falhas dos professantes - mas dei um relato honesto
e confiável das questões como elas realmente são. É muito provável que muitos
pensem que o quadro que tirei do estado de nossas igrejas é sombrio demais. Eu
gostaria de poder pensar assim; mas com o Novo Testamento em minhas mãos, com o
sermão de nosso Senhor no Monte e as epístolas de Paulo, abertos diante de mim,
como o único verdadeiro padrão de piedade cristã, estou convencido de que, se
eu disse muito pouco de nossas excelências, eu não falei muito de nossas falhas
e deficiências. Eu não sou, nunca fui, e espero nunca ser, o homem que
lisonjeia os cristãos professos em uma alta opinião deles mesmos. Aponto
pontos, não para expor - mas para removê-los. Quero ver nossas igrejas, que,
como se sabe, falam muito da pureza de sua comunhão, destacando-se diante de
todas as outras, investindo de maneira comum nas belezas da santidade. Eu quero
aproximá-los do padrão do Novo Testamento. No meu tempo de vida, e com minhas
enfermidades, não falarei muito e me sinto compelido a falar com ousadia e
clareza.
À luz de todas as considerações feitas por John Angell James
só podemos concluir juntamente com ele, que de fato, cabe a cada crente sempre
refletir sobre o seu próprio estado de espiritualidade e santidade, para o bem
de toda a Igreja, para que não se incorra nas severas admoestações e disciplina
a que Jesus sujeita a todos aqueles que andam contrariamente com Ele, conforme
podemos ver por exemplo no que dirigiu às Igrejas citadas no livro de
Apocalipse, e especialmente à de Laodiceia, que bem retrata o espírito
prevalecente em nossa própria época.
“14 Ao anjo da
igreja em Laodiceia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e
verdadeira, o princípio da criação de Deus:
15 Conheço as tuas
obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou
quente!
16 Assim,
porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te
da minha boca;
17 pois
dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma,
e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
18 Aconselho-te
que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras
brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha
da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
19 Eu
repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e
arrepende-te.
20 Eis que
estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a
porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.
21 Ao
vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci
e me sentei com meu Pai no seu trono.
22 Quem tem
ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse 3.14-22).