sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Quando a Morte é uma Fatalidade


Ainda que o pecado não tivesse introduzido a morte como o salário que deve ser pago a todos a seu devido tempo, e não apenas a morte física, como a morte espiritual e eterna, sendo que estas duas últimas reinam absolutamente sobre toda pessoa que não tiver nascido de novo do Espírito Santo, haveria necessidade de negarmos a nós mesmos e vivermos pela fé em Jesus Cristo, para que pudéssemos ter vida eterna.
Não a Jesus somente como Salvador, porque desde antes da fundação do mundo o Pai O designou para ser a cabeça da humanidade. Ele foi designado portanto, antes de tudo, para ser Senhor, e a vida do homem seria dependente dEle, de receber em mansidão e submissão a própria vida de Jesus, para que vivamos por meio dEle.
Onde faltar esta associação com Jesus o resultado, por conseguinte, é morte, e morte eterna.
Desta forma, a morte é uma lei que é cumprida inapelavelmente, à parte de tudo o que se possa fazer para evitá-la.
Há somente um modo para se obter vitória sobre estes três tipos de morte (física, espiritual e eterna), a saber, morrendo para a sentença de condenação e maldição da lei divina, pela nossa associação pela fé com a morte de Jesus Cristo, que tomou sobre Si na cruz a condenação que era devida a nós, para que possamos não apenas escapar dos grilhões eternos da morte, como também alcançar a vida eterna, com a promessa da ressureição futura do nosso corpo, conforme a eficácia do poder que Jesus possui para nos fazer participantes da Sua própria vida.
3 Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?
4 Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.
5 Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição,
6 sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos;
7 porquanto quem morreu está justificado do pecado.
8 Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos,
9 sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.
10 Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.
11 Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.” (Romanos 6.3-11).
Então, quando há um apego exagerado e idolátrico à vida natural que temos, por um igual apego às coisas deste mundo, e que por conta disso, rejeitemos morrer para o pecado, levando o nosso ego à cruz para a crucificação do velho homem e tudo o que se relaciona a ele, não é de se admirar que a morte física seja vista como uma grande fatalidade, como um motivo de tristeza e lamento profundos, especialmente quando há indicativos de que a nossa morte se aproxima, seja por enfermidades, ou por idade avançada.
Esta vida que é tocada pelo amor ao mundo se apega a nós de tal maneira que fazemos dela o nosso próprio deus, que sendo adorado em extremo nos levará a sacrificar tudo o que tenhamos desde que possamos prolongar o nosso tempo de vida terrena.
Sem uma vida de fé autêntica e de confiança plena na verdade das Escrituras, segundo toda a revelação que foi feita a nós da parte de Deus, quanto a aspirarmos pela vida celestial e espiritual que nos é concedida em Jesus Cristo, certamente teremos muita dificuldade em aceitar a ideia de que devemos passar pela morte, assim como todos aqueles a quem amamos.
Não estamos falando aqui em exercício filosófico ou meramente intelectual para compreender racionalmente a morte e a firmar uma posição filosófica quanto ao modo de encará-la. Nem mesmo Deus espera que nos entreguemos a tal tipo de procedimento. Antes, devemos crescer espiritualmente na graça que está em Jesus, de modo que já não mais temamos a morte, ou lamentemos o fato de que teremos que enfrentá-la um dia.
Assim, é de fato muito triste para aqueles que não têm esperança na vida futura, conforme esta é infundida em nós pelo Espírito Santo, quando alguém querido parte deste mundo. Há um corte abrupto de relações que não mais poderão ser mantidas. Há um grande vazio deixado pelo pensamento de que tudo acabou quanto àquele que se foi. Para muitos é uma tragédia que não pode ser explicada, especialmente quando aquele que morreu era ainda jovem e frustrou todas as expectativas de desfrute da vida que eram entretidas para o seu futuro.
Este é um mal sem remédio, como muitos costumam afirmar? Deus teria prazer na morte de seres morais, levando-os ao aniquilamento? Ele nos teria deixado sem respostas plausíveis quanto à compreensão de nosso destino futuro?
Mas, para o propósito de entendermos este assunto não segundo o ponto de vista do mundo, e nem mesmo segundo o nosso próprio, mas como Deus o vê, estamos destacando a seguir, as passagens paralelas em que Jesus nos ensina acerca da necessidade de vencermos a morte por meio da fé nEle, e que o faremos por morrermos para o pecado e para o amor ao mundo, para obtermos a nossa justificação, por meio da qual passamos da morte para a vida, e pela manutenção e crescimento nesta nova vida, pela regeneração e santificação do Espírito Santo, em incremento da nossa maturidade espiritual, pela qual passamos a conhecer a boa, perfeita e agradável vontade de Deus, em relação a tudo o que planejou e tem operado em favor daqueles que O amam.
32 Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus;
33 mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.
34 Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.
35 Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra.
36 Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa.
37 Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim;
38 e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim.
39 Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á.” (Mateus 10.32-39).
Nesse primeiro texto do evangelho de Mateus nós temos as palavras textualmente proferidas por Jesus quanto ao efeito produzido pela Sua manifestação ao mundo. Ninguém deveria pensar que ele veio em missão para promover a paz mundial em todas as gerações, e entre todas as pessoas de todas as nações, pois até mesmo nas famílias haveria divisão dali em diante, em razão de o modo como cada um responderia a ter fé nele ou não, em seguir seu senhorio ou não, de maneira que em vez de paz conciliatória haveria um aborrecimento nas relações, e sabemos que isto é traduzido sobretudo pela perseguição e resistência daqueles que não amam a Jesus àqueles que o amam.
Em certo sentido, isto significaria para os crentes uma espécie de morte, uma crucificação do ego, da própria vontade, que sacrificaria o amor e afeto natural aos familiares por conta de se manterem fiéis e leais ao amor de Jesus.
Não é possível ter a vida de Deus sem se fazer a vontade de Deus.
Todo o que é nascido de Deus é inclinado pelo Espírito Santo a renunciar à própria vontade para poder fazer a de Deus.
Daí que os que chamam a Deus de Pai na oração do Pai Nosso, expressam a deliberação deles de fazerem a vontade de Deus na Terra, assim como ela é feita perfeitamente no céu, por parte dos anjos e dos santos aperfeiçoados que lá se encontram.
Jesus definiu como sendo participantes da família celestial e divina apenas aqueles que têm a vontade de Deus e a guardam.
Evidentemente, isto não poderia ser feito sem sacrificarmos a nossa própria vontade, sem estarmos crucificados para o mundo e o mundo para nós, e portanto, o Senhor afirma expressamente que “quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim. Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á.”
Nós podemos identificar este apego à vida que temos neste mundo na experiência do apóstolo Pedro que o levou a negar o Senhor, e como isto se evidenciou antes mesmos pela forma como se dirigiu a Ele tentando desviá-lo de ir à morte na cruz, apelando para que tivesse dó de si mesmo.
Quão preciosa ainda era então, na ocasião para Pedro, a vida neste mundo, e isto ficou demonstrado pelo modo como reagiu para livrar Jesus da prisão, cortando a orelha do servo do sumo sacerdote, e até mesmo praguejando depois para que não fosse reconhecido como um dos seguidores de Jesus, por temer ficar exposto ao perigo de ser sentenciado à morte juntamente com Ele.
21 Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia.
22 E Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá.
23 Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens.
24 Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.
25 Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.
26 Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?
27 Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras.
28 Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui se encontram, que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino.” (Mateus 16.21-28).
Neste segundo texto paralelo em Mateus nós temos uma explicação adicional que foi dada por Jesus naquela ocasião, quanto ao tipo de morte que estava se referindo em seu ensino sobre perder ou ganhar a vida, a saber, que isto tem a ver com se perder ou ganhar a alma. Portanto, o que está em foco é a salvação da alma, mas que esta salvação que conduz à vida eterna, não pode ser obtida sem que passemos pela morte do velho homem, para que possamos nos tornar novas criaturas em Cristo Jesus.
Pedro queria evitar a morte de nosso Senhor, mas não entendia ainda que sem aquela morte, ele, Pedro, jamais poderia ter acesso à vida eterna, pois permaneceria debaixo da condenação eterna da maldição da lei divina, por não poder ser justificado do pecado.
Além disso, Pedro foi convidado a tomar a sua própria cruz, ou seja, a caminhar para a morte do ego carnal, de modo a viver em novidade de vida.
Se alguém não morrer para o pecado por meio da fé em Jesus, e não nascer de novo, ele não pode entrar no reino de Deus.
31 Então, começou ele a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que, depois de três dias, ressuscitasse.
32 E isto ele expunha claramente. Mas Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo.
33 Jesus, porém, voltou-se e, fitando os seus discípulos, repreendeu a Pedro e disse: Arreda, Satanás! Porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens.
34 Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.
35 Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á.
36 Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?
37 Que daria um homem em troca de sua alma?
38 Porque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.” (Marcos 8.31-38).
Neste texto paralelo de Marcos, além do ensino que encontramos no segundo texto de Mateus, há este acréscimo do final da passagem em que vemos o motivo de se perder ou ganhar a alma: envergonhar-se ou não de Jesus e de suas palavras. Os que se envergonham são negados por ele e morrem eternamente, e os que não se envergonham, e o seguem, são salvos eternamente, e entram na vida, vencendo a morte.
18 Estando ele orando à parte, achavam-se presentes os discípulos, a quem perguntou: Quem dizem as multidões que sou eu?
19 Responderam eles: João Batista, mas outros, Elias; e ainda outros dizem que ressurgiu um dos antigos profetas.
20 Mas vós, perguntou ele, quem dizeis que eu sou? Então, falou Pedro e disse: És o Cristo de Deus.
21 Ele, porém, advertindo-os, mandou que a ninguém declarassem tal coisa,
22 dizendo: É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas; seja morto e, no terceiro dia, ressuscite.
23 Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.
24 Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.
25 Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo?
26 Porque qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória e na do Pai e dos santos anjos.
27 Verdadeiramente, vos digo: alguns há dos que aqui se encontram que, de maneira nenhuma, passarão pela morte até que vejam o reino de Deus.” (Lucas 9.18-27).
Neste último texto paralelo de Lucas nós encontramos a citação de tudo o que já foi comentado anteriormente.
A vida eterna que Jesus veio nos dar é santa, perfeita, pura luz e amor, e se funda totalmente na verdade, sendo portanto bem diferente da vida natural que foi corrompida pelo pecado e está cheia de trevas, imperfeições, fraquezas, iras, disputas, orgulho, vaidade e todas as coisas que são o oposto do que se encontra na natureza divina.
Quando alguém se converte de fato a Cristo, ele pode observar o profundo contraste que há entre a vida natural do velho homem, e a vida celestial da nova criatura, de modo que passa a se aborrecer de toda forma de inclinação para a primeira, e aspira por ser revestido de tudo o que se refira à segunda.
Nós podemos ver isto claramente nas seguintes palavras de Jesus:
26 Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
27 E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo.
28 Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?
29 Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele,
30 dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar.
31 Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?
32 Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz.
33 Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.26-33).
A salvação que nos conduz à vida eterna é inteiramente por graça e por meio da fé, mas impõe a necessidade de arrependimento, de renúncia ao modo de viver pela carne, de consagração completa e contínua à vontade de Deus. O amor ao mundo cessará mais e mais naquele que caminhar em comunhão diária com o Senhor. A vaidade de tudo o que há no mundo será revelada mais e mais por Deus ao coração e mente daquele que caminha por fé e não por vista.
A salvação é uma caminhada na perseverança em se seguir a Jesus e a Sua vontade em toda e qualquer circunstância.
À luz de todas estas considerações podemos concluir que o nosso grande problema consiste no modo como interpretamos o significado de nossa jornada terrena. Se, como no dizer do apóstolo, nossas esperanças se resumem a esta vida, então somos as mais infelizes das criaturas, pois estaríamos crendo para nenhum propósito futuro, para nenhuma bem-aventurança prometida em uma pátria e condição melhores, de modo que todo o nosso esforço e diligência para um viver santificado seria apenas para a nossa breve passagem neste mundo, em que nos negamos prazeres terrenos, enquanto outros os buscavam e desfrutavam, e afinal nossa situação no fim de tudo não teria sido melhor do que a deles.
Mas sabemos que o nosso trabalho em Cristo não é vão, especialmente aquele que se refere à nossa santificação pelo Espírito Santo mediante aplicação da Palavra de Deus às nossas vidas.
À medida que amadurecemos espiritualmente e somos confirmados na fé e em toda boa palavra, a morte física já não será apenas não mais temida, como até mesmo bem-vinda, por sabermos que por meio dela teremos entrada naquela vida da qual esta aqui é apenas um rápido e pálido reflexo.
“Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.” (I Pedro 5.10).
Bem-aventurado é todo aquele que chega a compartilhar da experiência do apóstolo Paulo, dizendo com ele:
6 Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado.
7 Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.
8 Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.” (II Timóteo 4.6-8).
Podemos dizer com James Smith:
“Cristão envelhecido, seu dia está longe de ser gasto, sua viagem está quase terminada! A maior parte do deserto está atrás de você! Você viajou cansado por muitas milhas, e passou muitos dias dolorosos. Mas você não tem muito mais longe para ir! Você não tem mais muitos dias para passar aqui neste deserto desolador. Você está exatamente no limite do deserto, nas fronteiras da terra prometida! Logo, muito em breve, o seu Senhor enviará o seu mensageiro, a "morte", para chamá-lo para casa. O ano da liberação está apenas à mão. Não dê, portanto, lugar ao medo. Não pendure a cabeça como um espinheiro - mas olhe para cima, pois sua redenção se aproxima! Vamos falar um pouco do passado, do presente e do futuro; e tentemos nos confortar uns aos outros com as preciosas palavras de Deus.
Não temos muito tempo à frente - não vamos desperdiçá-lo! Não temos muito para ir - não vamos ficar longe! Estamos no país fronteiriço - vamos esperar alguns vislumbres da "Terra Melhor". Estamos nos apressando do perigo e de um país condenado; não vamos olhar para trás! Cada passo agora nos traz sensivelmente mais perto de casa! Cada hora conta, e a última hora logo estará aqui!
Vamos atender à admoestação do Apóstolo:
"29 Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam como se o não fossem;
30 mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem;
31 e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa.
32 O que realmente eu quero é que estejais livres de preocupações." (1 Coríntios 7: 29-32)
Ansiedade sobre coisas temporais não nos convém agora. O mundo é para nós como uma estalagem, onde nos hospedaremos esta noite - mas o deixaremos amanhã!
"O mundo passa, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre". (1 João 2:17).
"Não me rejeiteis quando eu for velho, não me desampares quando a minha força tiver desaparecido!" (Salmos 71: 9).
Leitor, você não costuma apresentar a mesma petição ao seu bom e gracioso Deus? O que poderia ser tão terrível, a ponto de ser desprezado de Deus? O que devemos depreciar tanto, como para ser abandonado quando nossas forças falham? Mas, "O Senhor é aquele que irá adiante de ti, ele estará contigo, não te deixará, nem te desamparará, nem te assombres nem desanimes". (Deuteronômio 31: 8).
Não, meu irmão mais velho, minha irmã mais velha - o Senhor nunca o rejeitará; Ele nunca vai abandoná-lo. No entanto, você pode aliviar sua mente, orando assim, e agradar o seu Deus, assim, pleiteando com ele, desde que você não suspeite de sua veracidade, ou duvide de sua fidelidade. Outra vez o salmista expõe a sua alma: " Não me desampares, pois, ó Deus, até à minha velhice e às cãs; até que eu tenha declarado à presente geração a tua força e às vindouras o teu poder." (Salmo 71:18). Você vê que ele está ofegante para ser útil. Ele queria dar testemunho de Deus, para testemunhar o seu poder, fidelidade e amor.
Bendito seja Deus, ele nunca abandonou um velho peregrino ainda! Bendito seja Deus, ele nunca negligenciou um velho servo ainda! Muitos o mereceram; mas ele não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades. Ele é fiel à sua Palavra, e não pode mentir. Ele é de uma mente, e quem pode transformá-lo? Deixe-nos . . .
Permanecer em seu trono,
Apegar-nos à sua Palavra,
Implorar por sua presença, e
Apoiemo-nos em alguma forma de glorificá-lo; e então podemos demitir todos os nossos medos sobre o seu lançar-nos fora, ou abandonar-nos. Então nós podemos cantar, se tivermos respiração suficiente:
"1 Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações.
2 Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares;
3 ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam.
4 Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo.
5 Deus está no meio dela; jamais será abalada; Deus a ajudará desde antemanhã.
6 Bramam nações, reinos se abalam; ele faz ouvir a sua voz, e a terra se dissolve.
7 O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.
8 Vinde, contemplai as obras do SENHOR, que assolações efetuou na terra.
9 Ele põe termo à guerra até aos confins do mundo, quebra o arco e despedaça a lança; queima os carros no fogo.
10 Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra.
11 O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. " (Salmo 46: 1-11).
"Este Deus é nosso Deus para todo o sempre, Ele será o nosso guia, até a morte!" (Salmos 48:14).
 Até aqui as palavras de James Smith.
Eis adiante, portanto, nas palavras de Jesus, quando é que a morte é uma fatalidade:
21 E outro dos discípulos lhe disse: Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu pai.
22 Replicou-lhe, porém, Jesus: Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos.” (Mateus 8.21,22).
É quando ela engana os homens encobrindo a seus olhos, que já se encontram também mortos, mesmo quando se dedicam a sepultar os corpos daqueles que morreram fisicamente.
Mortos levando um morto à sepultura é de fato uma fatalidade, porque enquanto seus olhos não forem abertos para enxergarem a verdade de que não apenas será também aquele o seu destino final, como também se encontram mortos espiritualmente, ainda que vivendo no corpo, e que somente por meio da fé em Jesus Cristo este quadro fatal poderá ser revertido.
Deus assiste com graça a seus filhos não somente para dar-lhes a vida eterna já a partir deste mundo, como também para que enfrentem a morte física, no momento da sua aproximação, sem qualquer pavor ou sentindo a ameaça do seu aguilhão com o qual aferroa as consciências dos moribundos, como pode ser visto nas palavras do apóstolo:
42 Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória.
43 Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder.
44 Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.
45 Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante.
46 Mas não é primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual.
47 O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.
48 Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os celestiais.
49 E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial.
50 Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.
51 Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos,
52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
53 Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade.
54 E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.
55 Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
56 O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
57 Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.
58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.”  (I Coríntios 15.42-58).
Não se crê em Cristo apenas para se vencer a morte física, pela esperança certa da ressurreição do corpo, mas sobretudo para que se cumpra o plano eterno de Deus de formar um povo exclusivamente seu, semelhante a Jesus Cristo, para a transposição do que é carnal para o que é espiritual, do que é terreno para o que é celestial. A fatalidade da morte é portanto para aqueles que não se encaixam neste plano por causa da incredulidade deles. Mas, para os que creem já não há mais porque chorar diante da morte ou temê-la, porque é por meio dela que se galga ao Reino de Cristo e do céu.
Tenhamos sempre bom ânimo nas aflições que percorrem toda a nossa jornada terrena, por sabermos junto com o apóstolo Paulo:
4 Pois, na verdade, os que estamos neste tabernáculo gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida.
5 Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito.
6 Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor;
7 visto que andamos por fé e não pelo que vemos.” (2 Coríntios 5.4-7).
"Mas eu verei o teu rosto em justiça, quando eu acordar, serei satisfeito com a tua presença!" (Salmos 17:15).
As circunstâncias presentes podem estar nos afligindo e tentando. O Senhor pode ocultar sua face, ou reter o conforto sensível. A Providência pode parecer franzir a testa, e as coisas temporais podem ir contra os nossos desejos. A corrupção pode funcionar poderosamente fazendo com que nosso homem exterior envelheça e enfraqueça dia a dia, e inúmeros pecados podem nos encarar na face, mas vamos olhar para a frente! Há um céu de glória aguardando por nós. Há uma coroa imarcescível, e o melhor de tudo, contemplarmos a face de Jesus continuamente.
Não será sempre como é agora. Haverá uma mudança, e uma mudança gloriosa, em breve! Outros podem ter circunstâncias mais fáceis, podem ser estranhos aos conflitos que nós enfrentamos - e nós podemos admirar sua prosperidade. Mas o que lhes agrada - não nos satisfaria. Também não devemos esperar plena satisfação neste mundo presente.
Se estamos com fome e sede de justiça;
Se desejamos ser como Jesus;
Se estivermos orando pela presença de Deus;
Há uma perspectiva gloriosa diante de nós!
Logo veremos nosso Deus! Podemos agora ser contrariados, cansados ​​e decepcionados; mas nós despertaremos na semelhança de Jesus! Nossos privilégios atuais são grandes - mas nossas perspectivas de futuro são incrivelmente gloriosas!
E mesmo aqui embaixo temos a promessa do Senhor que jamais nos deixará ou abandonará. Ele fez a promessa de estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos. Sua presença nos conforta e fortalece em todas as nossas tribulações e aflições. Somos mais do que vencedores sobre todas as coisas por causa de Jesus e do seu poder e amor manifestado a nós.
"1 Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo.
2 Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.
3 E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.” (1 João 3: 1-3).
"8 O SENHOR, tenho-o sempre à minha presença; estando ele à minha direita, não serei abalado.
9 Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta; até o meu corpo repousará seguro.
10 Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.
11 Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente." (Salmo 16:8-11).






Apêndice:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual eternas. 
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores, assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado, eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício, Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes, para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus, mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante, de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia, para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa, capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina, no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação, inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho, porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa: de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva. Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo da salvação.        
É de uma preciosidade tão grande este plano e aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento) que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião, totalmente perdidos  e mortos em transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia, isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção, sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a nossa chegada à glória celestial.
Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).