Ainda que o pecado não tivesse
introduzido a morte como o salário que deve ser pago a todos a seu devido
tempo, e não apenas a morte física, como a morte espiritual e eterna, sendo que
estas duas últimas reinam absolutamente sobre toda pessoa que não tiver nascido
de novo do Espírito Santo, haveria necessidade de negarmos a nós mesmos e
vivermos pela fé em Jesus Cristo, para que pudéssemos ter vida eterna.
Não a Jesus somente
como Salvador, porque desde antes da fundação do mundo o Pai O designou para
ser a cabeça da humanidade. Ele foi designado portanto, antes de tudo, para ser
Senhor, e a vida do homem seria dependente dEle, de receber em mansidão e
submissão a própria vida de Jesus, para que vivamos por meio dEle.
Onde faltar esta associação
com Jesus o resultado, por conseguinte, é morte, e morte eterna.
Desta forma, a morte
é uma lei que é cumprida inapelavelmente, à parte de tudo o que se possa fazer
para evitá-la.
Há somente um modo
para se obter vitória sobre estes três tipos de morte (física, espiritual e
eterna), a saber, morrendo para a sentença de condenação e maldição da lei
divina, pela nossa associação pela fé com a morte de Jesus Cristo, que tomou
sobre Si na cruz a condenação que era devida a nós, para que possamos não
apenas escapar dos grilhões eternos da morte, como também alcançar a vida
eterna, com a promessa da ressureição futura do nosso corpo, conforme a
eficácia do poder que Jesus possui para nos fazer participantes da Sua própria
vida.
“3 Ou,
porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos
batizados na sua morte?
4 Fomos,
pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos
nós em novidade de vida.
5 Porque, se
fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente,
o seremos também na semelhança da sua ressurreição,
6 sabendo
isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do
pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos;
7 porquanto
quem morreu está justificado do pecado.
8 Ora, se já morremos
com Cristo, cremos que também com ele viveremos,
9 sabedores
de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a
morte já não tem domínio sobre ele.
10 Pois,
quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto
a viver, vive para Deus.
11 Assim também vós
considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.” (Romanos
6.3-11).
Então, quando há um
apego exagerado e idolátrico à vida natural que temos, por um igual apego às
coisas deste mundo, e que por conta disso, rejeitemos morrer para o pecado,
levando o nosso ego à cruz para a crucificação do velho homem e tudo o que se
relaciona a ele, não é de se admirar que a morte física seja vista como uma
grande fatalidade, como um motivo de tristeza e lamento profundos,
especialmente quando há indicativos de que a nossa morte se aproxima, seja por
enfermidades, ou por idade avançada.
Esta vida que é
tocada pelo amor ao mundo se apega a nós de tal maneira que fazemos dela o
nosso próprio deus, que sendo adorado em extremo nos levará a sacrificar tudo o
que tenhamos desde que possamos prolongar o nosso tempo de vida terrena.
Sem uma vida de fé
autêntica e de confiança plena na verdade das Escrituras, segundo toda a revelação
que foi feita a nós da parte de Deus, quanto a aspirarmos pela vida celestial e
espiritual que nos é concedida em Jesus Cristo, certamente teremos muita
dificuldade em aceitar a ideia de que devemos passar pela morte, assim como
todos aqueles a quem amamos.
Não estamos falando
aqui em exercício filosófico ou meramente intelectual para compreender
racionalmente a morte e a firmar uma posição filosófica quanto ao modo de
encará-la. Nem mesmo Deus espera que nos entreguemos a tal tipo de procedimento.
Antes, devemos crescer espiritualmente na graça que está em Jesus, de modo que
já não mais temamos a morte, ou lamentemos o fato de que teremos que
enfrentá-la um dia.
Assim, é de fato
muito triste para aqueles que não têm esperança na vida futura, conforme esta é
infundida em nós pelo Espírito Santo, quando alguém querido parte deste mundo.
Há um corte abrupto de relações que não mais poderão ser mantidas. Há um grande
vazio deixado pelo pensamento de que tudo acabou quanto àquele que se foi. Para
muitos é uma tragédia que não pode ser explicada, especialmente quando aquele
que morreu era ainda jovem e frustrou todas as expectativas de desfrute da vida
que eram entretidas para o seu futuro.
Este é um mal sem
remédio, como muitos costumam afirmar? Deus teria prazer na morte de seres
morais, levando-os ao aniquilamento? Ele nos teria deixado sem respostas
plausíveis quanto à compreensão de nosso destino futuro?
Mas, para o propósito
de entendermos este assunto não segundo o ponto de vista do mundo, e nem mesmo segundo
o nosso próprio, mas como Deus o vê, estamos destacando a seguir, as passagens
paralelas em que Jesus nos ensina acerca da necessidade de vencermos a morte
por meio da fé nEle, e que o faremos por morrermos para o pecado e para o amor
ao mundo, para obtermos a nossa justificação, por meio da qual passamos da
morte para a vida, e pela manutenção e crescimento nesta nova vida, pela
regeneração e santificação do Espírito Santo, em incremento da nossa maturidade
espiritual, pela qual passamos a conhecer a boa, perfeita e agradável vontade
de Deus, em relação a tudo o que planejou e tem operado em favor daqueles que O
amam.
“32 Portanto,
todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante
de meu Pai, que está nos céus;
33 mas aquele
que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de
meu Pai, que está nos céus.
34 Não penseis
que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas
espada.
35 Pois vim
causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre
a nora e sua sogra.
36 Assim, os
inimigos do homem serão os da sua própria casa.
37 Quem ama
seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de
mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim;
38 e quem não toma a
sua cruz e vem após mim não é digno de
mim.
39 Quem acha
a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a
vida por minha causa achá-la-á.” (Mateus 10.32-39).
Nesse primeiro texto do evangelho de Mateus nós temos as palavras
textualmente proferidas por Jesus quanto ao efeito produzido pela Sua
manifestação ao mundo. Ninguém deveria pensar que ele veio em missão para
promover a paz mundial em todas as gerações, e entre todas as pessoas de todas
as nações, pois até mesmo nas famílias haveria divisão dali em diante, em razão
de o modo como cada um responderia a ter fé nele ou não, em seguir seu senhorio
ou não, de maneira que em vez de paz conciliatória haveria um aborrecimento nas
relações, e sabemos que isto é traduzido sobretudo pela perseguição e
resistência daqueles que não amam a Jesus àqueles que o amam.
Em certo sentido, isto significaria para os crentes uma espécie de
morte, uma crucificação do ego, da própria vontade, que sacrificaria o amor e
afeto natural aos familiares por conta de se manterem fiéis e leais ao amor de
Jesus.
Não é possível ter a vida de Deus sem se fazer a vontade de Deus.
Todo o que é nascido de Deus é inclinado pelo Espírito Santo a renunciar
à própria vontade para poder fazer a de Deus.
Daí que os que chamam a Deus de Pai na oração do Pai Nosso, expressam a
deliberação deles de fazerem a vontade de Deus na Terra, assim como ela é feita
perfeitamente no céu, por parte dos anjos e dos santos aperfeiçoados que lá se
encontram.
Jesus definiu como sendo participantes da família celestial e divina
apenas aqueles que têm a vontade de Deus e a guardam.
Evidentemente, isto não poderia ser feito sem sacrificarmos a nossa
própria vontade, sem estarmos crucificados para o mundo e o mundo para nós, e
portanto, o Senhor afirma expressamente que “quem não toma a
sua cruz e vem após mim não é digno de
mim. Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem,
todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á.”
Nós podemos identificar este apego à vida que temos neste mundo na
experiência do apóstolo Pedro que o levou a negar o Senhor, e como isto se
evidenciou antes mesmos pela forma como se dirigiu a Ele tentando desviá-lo de
ir à morte na cruz, apelando para que tivesse dó de si mesmo.
Quão preciosa ainda era então, na ocasião para Pedro, a vida neste
mundo, e isto ficou demonstrado pelo modo como reagiu para livrar Jesus da
prisão, cortando a orelha do servo do sumo sacerdote, e até mesmo praguejando
depois para que não fosse reconhecido como um dos seguidores de Jesus, por
temer ficar exposto ao perigo de ser sentenciado à morte juntamente com Ele.
“21 Desde esse
tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era
necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos
principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia.
22 E Pedro,
chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti,
Senhor; isso de modo algum te acontecerá.
23 Mas Jesus,
voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim
pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos
homens.
24 Então, disse
Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir
após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.
25 Porquanto,
quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem
perder a vida por minha causa achá-la-á.
26 Pois que
aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem
em troca da sua alma?
27 Porque o
Filho do Homem há de vir na glória de seu
Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um
conforme as suas obras.
28 Em verdade
vos digo que alguns há, dos que aqui se encontram, que de maneira
nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino.” (Mateus
16.21-28).
Neste segundo texto paralelo em Mateus nós temos uma explicação
adicional que foi dada por Jesus naquela ocasião, quanto ao tipo de morte que
estava se referindo em seu ensino sobre perder ou ganhar a vida, a saber, que
isto tem a ver com se perder ou ganhar a alma. Portanto, o que está em foco é a
salvação da alma, mas que esta salvação que conduz à vida eterna, não pode ser
obtida sem que passemos pela morte do velho homem, para que possamos nos tornar
novas criaturas em Cristo Jesus.
Pedro queria evitar a morte de nosso Senhor, mas não entendia ainda que
sem aquela morte, ele, Pedro, jamais poderia ter acesso à vida eterna, pois
permaneceria debaixo da condenação eterna da maldição da lei divina, por não
poder ser justificado do pecado.
Além disso, Pedro foi convidado a tomar a sua própria cruz, ou seja, a
caminhar para a morte do ego carnal, de modo a viver em novidade de vida.
Se alguém não morrer para o pecado por meio da fé em Jesus, e não nascer
de novo, ele não pode entrar no reino de Deus.
“31 Então, começou ele a
ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem sofresse
muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e
pelos escribas, fosse morto e que, depois de três dias, ressuscitasse.
32 E isto ele
expunha claramente. Mas Pedro, chamando-o à parte, começou a
reprová-lo.
33 Jesus, porém,
voltou-se e, fitando os seus discípulos, repreendeu a Pedro e
disse: Arreda, Satanás! Porque não cogitas das coisas de
Deus, e sim das dos homens.
34 Então,
convocando a multidão e juntamente os seus discípulos,
disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome
a sua cruz e siga-me.
35 Quem
quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem
perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á.
36 Que
aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?
37 Que daria
um homem em troca de sua alma?
38 Porque
qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se
envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho
do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu
Pai com os santos anjos.” (Marcos 8.31-38).
Neste texto paralelo de Marcos, além do ensino que encontramos no
segundo texto de Mateus, há este acréscimo do final da passagem em que vemos o
motivo de se perder ou ganhar a alma: envergonhar-se ou não de Jesus e de suas
palavras. Os que se envergonham são negados por ele e morrem eternamente, e os
que não se envergonham, e o seguem, são salvos eternamente, e entram na vida,
vencendo a morte.
“18 Estando
ele orando à parte, achavam-se presentes os discípulos, a quem perguntou:
Quem dizem as multidões que sou eu?
19 Responderam
eles: João Batista, mas outros, Elias; e ainda outros dizem que ressurgiu um dos
antigos profetas.
20 Mas vós,
perguntou ele, quem dizeis que eu sou? Então, falou Pedro e disse: És o Cristo
de Deus.
21 Ele, porém,
advertindo-os, mandou que a ninguém declarassem tal coisa,
22 dizendo: É necessário que o
Filho do Homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos
principais sacerdotes e pelos escribas; seja morto e, no terceiro dia,
ressuscite.
23 Dizia a
todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a
sua cruz e siga-me.
24 Pois quem
quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem
perder a vida por minha causa, esse a salvará.
25 Que
aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano
a si mesmo?
26 Porque
qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho
do Homem, quando vier na sua glória e na do Pai e dos santos
anjos.
27 Verdadeiramente,
vos digo: alguns há dos que aqui se encontram que, de maneira nenhuma, passarão
pela morte até que vejam o reino de Deus.” (Lucas 9.18-27).
Neste último texto paralelo de Lucas nós encontramos a citação de tudo o
que já foi comentado anteriormente.
A vida eterna que Jesus veio nos dar é santa, perfeita, pura luz e amor,
e se funda totalmente na verdade, sendo portanto bem diferente da vida natural
que foi corrompida pelo pecado e está cheia de trevas, imperfeições, fraquezas,
iras, disputas, orgulho, vaidade e todas as coisas que são o oposto do que se
encontra na natureza divina.
Quando alguém se converte de fato a Cristo, ele pode observar o profundo
contraste que há entre a vida natural do velho homem, e a vida celestial da
nova criatura, de modo que passa a se aborrecer de toda forma de inclinação
para a primeira, e aspira por ser revestido de tudo o que se refira à segunda.
Nós podemos ver isto claramente nas seguintes palavras de Jesus:
“26 Se alguém vem a
mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e
irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida,
não pode ser meu discípulo.
27 E qualquer
que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser
meu discípulo.
28 Pois qual
de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para
calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?
29 Para não suceder
que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem
zombem dele,
30 dizendo:
Este homem começou a construir e não pôde acabar.
31 Ou qual é o rei
que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para
calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte
mil?
32 Caso contrário,
estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz.
33 Assim,
pois, todo aquele que dentre vós não renuncia
a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.26-33).
A salvação que nos conduz à vida eterna é inteiramente por graça e por
meio da fé, mas impõe a necessidade de arrependimento, de renúncia ao modo de
viver pela carne, de consagração completa e contínua à vontade de Deus. O amor
ao mundo cessará mais e mais naquele que caminhar em comunhão diária com o
Senhor. A vaidade de tudo o que há no mundo será revelada mais e mais por Deus
ao coração e mente daquele que caminha por fé e não por vista.
A salvação é uma caminhada na perseverança em se seguir a Jesus e a Sua
vontade em toda e qualquer circunstância.
À luz de todas estas considerações podemos concluir que o nosso grande
problema consiste no modo como interpretamos o significado de nossa jornada
terrena. Se, como no dizer do apóstolo, nossas esperanças se resumem a esta
vida, então somos as mais infelizes das criaturas, pois estaríamos crendo para
nenhum propósito futuro, para nenhuma bem-aventurança prometida em uma pátria e
condição melhores, de modo que todo o nosso esforço e diligência para um viver
santificado seria apenas para a nossa breve passagem neste mundo, em que nos
negamos prazeres terrenos, enquanto outros os buscavam e desfrutavam, e afinal
nossa situação no fim de tudo não teria sido melhor do que a deles.
Mas sabemos que o nosso trabalho em Cristo não é vão, especialmente
aquele que se refere à nossa santificação pelo Espírito Santo mediante
aplicação da Palavra de Deus às nossas vidas.
À medida que amadurecemos espiritualmente e somos confirmados na fé e em
toda boa palavra, a morte física já não será apenas não mais temida, como até
mesmo bem-vinda, por sabermos que por meio dela teremos entrada naquela vida da
qual esta aqui é apenas um rápido e pálido reflexo.
“Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna
glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar,
firmar, fortificar e fundamentar.” (I Pedro 5.10).
Bem-aventurado é todo aquele que chega a compartilhar da experiência do
apóstolo Paulo, dizendo com ele:
“6 Quanto a
mim, estou sendo já oferecido por libação, e o
tempo da minha partida é chegado.
7 Combati o
bom combate, completei a carreira, guardei a fé.
8 Já agora a
coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele
Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.” (II
Timóteo 4.6-8).
Podemos dizer com James Smith:
“Cristão envelhecido, seu dia está longe de ser gasto, sua viagem está quase
terminada! A maior parte do deserto está atrás de você! Você viajou cansado por
muitas milhas, e passou muitos dias dolorosos. Mas você não tem muito mais
longe para ir! Você não tem mais muitos dias para passar aqui neste deserto desolador.
Você está exatamente no limite do deserto, nas fronteiras da terra prometida!
Logo, muito em breve, o seu Senhor enviará o seu mensageiro, a
"morte", para chamá-lo para casa. O ano da liberação está apenas à
mão. Não dê, portanto, lugar ao medo. Não pendure a cabeça como um espinheiro -
mas olhe para cima, pois sua redenção se aproxima! Vamos falar um pouco do
passado, do presente e do futuro; e tentemos nos confortar uns aos outros com
as preciosas palavras de Deus.
Não
temos muito tempo à frente - não vamos desperdiçá-lo! Não temos muito para ir -
não vamos ficar longe! Estamos no país fronteiriço - vamos esperar alguns
vislumbres da "Terra Melhor". Estamos nos apressando do perigo e de
um país condenado; não vamos olhar para trás! Cada passo agora nos traz
sensivelmente mais perto de casa! Cada hora conta, e a última hora logo estará
aqui!
Vamos
atender à admoestação do Apóstolo:
"29 Isto, porém, vos
digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam
como se o não fossem;
30 mas também os que
choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se
alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem;
31 e os que
se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo
passa.
32 O que
realmente eu quero é que estejais livres de preocupações." (1 Coríntios 7: 29-32)
Ansiedade
sobre coisas temporais não nos convém agora. O mundo é para nós como uma
estalagem, onde nos hospedaremos esta noite - mas o deixaremos amanhã!
"O
mundo passa, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre". (1
João 2:17).
"Não me rejeiteis quando eu
for velho, não me desampares quando a minha força tiver desaparecido!" (Salmos
71: 9).
Leitor, você não costuma
apresentar a mesma petição ao seu bom e gracioso Deus? O que poderia ser tão
terrível, a ponto de ser desprezado de Deus? O que devemos depreciar tanto,
como para ser abandonado quando nossas forças falham? Mas, "O Senhor é aquele
que irá adiante de ti, ele estará contigo, não te deixará, nem te desamparará,
nem te assombres nem desanimes". (Deuteronômio 31: 8).
Não, meu irmão mais velho, minha irmã mais velha - o Senhor nunca o
rejeitará; Ele nunca vai abandoná-lo. No entanto, você pode aliviar sua mente,
orando assim, e agradar o seu Deus, assim, pleiteando com ele, desde que você
não suspeite de sua veracidade, ou duvide de sua fidelidade. Outra vez o
salmista expõe a sua alma: " Não me
desampares, pois, ó Deus, até à minha
velhice e às cãs; até que eu tenha declarado à presente geração a tua
força e às vindouras o teu poder." (Salmo 71:18). Você vê que ele está ofegante
para ser útil. Ele queria dar testemunho de Deus, para testemunhar o seu poder,
fidelidade e amor.
Bendito seja Deus, ele nunca
abandonou um velho peregrino ainda! Bendito seja Deus, ele nunca negligenciou
um velho servo ainda! Muitos o mereceram; mas ele não nos tratou segundo os
nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades. Ele é fiel à
sua Palavra, e não pode mentir. Ele é de uma mente, e quem pode transformá-lo?
Deixe-nos . . .
Permanecer em seu trono,
Apegar-nos à sua Palavra,
Implorar por sua presença, e
Apoiemo-nos em alguma forma de
glorificá-lo; e então podemos demitir todos os nossos medos sobre o seu
lançar-nos fora, ou abandonar-nos. Então nós podemos cantar, se tivermos
respiração suficiente:
"1 Deus é o nosso
refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações.
2 Portanto,
não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no
seio dos mares;
3 ainda que
as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se
estremeçam.
4 Há um rio,
cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das
moradas do Altíssimo.
5 Deus está no meio
dela; jamais será abalada; Deus a ajudará desde
antemanhã.
6 Bramam nações, reinos
se abalam; ele faz ouvir a sua voz, e a terra se dissolve.
7 O SENHOR
dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.
8 Vinde,
contemplai as obras do SENHOR, que assolações efetuou na terra.
9 Ele põe termo à guerra até aos
confins do mundo, quebra o arco e despedaça a lança; queima
os carros no fogo.
10 Aquietai-vos
e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou
exaltado na terra.
11 O SENHOR
dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. " (Salmo
46: 1-11).
"Este Deus é nosso Deus para
todo o sempre, Ele será o nosso guia, até a morte!" (Salmos 48:14).
Até aqui as
palavras de James Smith.
Eis adiante, portanto, nas
palavras de Jesus, quando é que a morte é uma fatalidade:
“21 E outro
dos discípulos lhe disse: Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu pai.
22 Replicou-lhe,
porém, Jesus: Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios
mortos.” (Mateus 8.21,22).
É quando ela engana os homens encobrindo a seus olhos, que já se
encontram também mortos, mesmo quando se dedicam a sepultar os corpos daqueles
que morreram fisicamente.
Mortos levando um morto à sepultura é de fato uma fatalidade, porque
enquanto seus olhos não forem abertos para enxergarem a verdade de que não
apenas será também aquele o seu destino final, como também se encontram mortos
espiritualmente, ainda que vivendo no corpo, e que somente por meio da fé em
Jesus Cristo este quadro fatal poderá ser revertido.
Deus assiste com graça a seus filhos não somente para dar-lhes a vida
eterna já a partir deste mundo, como também para que enfrentem a morte física,
no momento da sua aproximação, sem qualquer pavor ou sentindo a ameaça do seu
aguilhão com o qual aferroa as consciências dos moribundos, como pode ser visto
nas palavras do apóstolo:
“42 Pois assim
também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção,
ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória.
43 Semeia-se
em fraqueza, ressuscita em poder.
44 Semeia-se
corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo
natural, há também corpo espiritual.
45 Pois assim
está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão,
porém, é espírito vivificante.
46 Mas não é primeiro
o espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual.
47 O primeiro
homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.
48 Como foi o
primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como é
o homem celestial, tais também os celestiais.
49 E, assim
como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem
do celestial.
50 Isto
afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a
corrupção herdar a incorrupção.
51 Eis que
vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados
seremos todos,
52 num
momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta.
A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados.
53 Porque é necessário que
este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o
corpo mortal se revista da imortalidade.
54 E, quando
este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que
é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está
escrita: Tragada foi a morte pela vitória.
55 Onde está, ó morte, a
tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
56 O aguilhão da morte
é o pecado, e a força do pecado é a lei.
57 Graças a Deus,
que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.
58 Portanto,
meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e
sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho
não é vão.” (I Coríntios 15.42-58).
Não se crê em Cristo apenas para se vencer a morte física, pela
esperança certa da ressurreição do corpo, mas sobretudo para que se cumpra o
plano eterno de Deus de formar um povo exclusivamente seu, semelhante a Jesus
Cristo, para a transposição do que é carnal para o que é espiritual, do que é
terreno para o que é celestial. A fatalidade da morte é portanto para aqueles
que não se encaixam neste plano por causa da incredulidade deles. Mas, para os
que creem já não há mais porque chorar diante da morte ou temê-la, porque é por
meio dela que se galga ao Reino de Cristo e do céu.
Tenhamos sempre bom ânimo nas aflições que percorrem toda a nossa
jornada terrena, por sabermos junto com o apóstolo Paulo:
“4 Pois, na
verdade, os que estamos neste tabernáculo gememos angustiados,
não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja
absorvido pela vida.
5 Ora, foi o
próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito.
6 Temos,
portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos
ausentes do Senhor;
7 visto que
andamos por fé e não pelo que vemos.” (2 Coríntios 5.4-7).
"Mas eu verei o teu rosto em
justiça, quando eu acordar, serei satisfeito com a tua presença!" (Salmos
17:15).
As circunstâncias presentes podem
estar nos afligindo e tentando. O Senhor pode ocultar sua face, ou reter o conforto
sensível. A Providência pode parecer franzir a testa, e as coisas temporais
podem ir contra os nossos desejos. A corrupção pode funcionar poderosamente fazendo
com que nosso homem exterior envelheça e enfraqueça dia a dia, e inúmeros
pecados podem nos encarar na face, mas vamos olhar para a frente! Há um céu de
glória aguardando por nós. Há uma coroa imarcescível, e o melhor de tudo, contemplarmos
a face de Jesus continuamente.
Não será sempre como é agora.
Haverá uma mudança, e uma mudança gloriosa, em breve! Outros podem ter
circunstâncias mais fáceis, podem ser estranhos aos conflitos que nós enfrentamos
- e nós podemos admirar sua prosperidade. Mas o que lhes agrada - não nos
satisfaria. Também não devemos esperar plena satisfação neste mundo presente.
Se estamos com fome e sede de
justiça;
Se desejamos ser como Jesus;
Se estivermos orando pela
presença de Deus;
Há uma perspectiva gloriosa
diante de nós!
Logo veremos nosso Deus! Podemos
agora ser contrariados, cansados e decepcionados; mas nós
despertaremos na semelhança de Jesus! Nossos privilégios atuais
são grandes -
mas nossas perspectivas de futuro são incrivelmente gloriosas!
E mesmo aqui embaixo temos a
promessa do Senhor que jamais nos deixará ou abandonará. Ele fez a promessa de
estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos. Sua presença nos
conforta e fortalece em todas as nossas tribulações e aflições. Somos mais do
que vencedores sobre todas as coisas por causa de Jesus e do seu poder e amor
manifestado a nós.
"1 Vede que
grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus;
e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece,
porquanto não o conheceu a ele mesmo.
2 Amados,
agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que
haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a
ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.
3 E a si
mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim
como ele é puro.” (1 João 3: 1-3).
"8 O SENHOR,
tenho-o sempre à minha presença; estando ele à minha direita, não serei
abalado.
9 Alegra-se,
pois, o meu coração, e o meu espírito
exulta; até o meu corpo repousará seguro.
10 Pois não deixarás a minha
alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.
11 Tu me farás ver os
caminhos da vida; na tua presença há plenitude
de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente." (Salmo
16:8-11).
Apêndice:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da
nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam
debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei
determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento
substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que
seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi
gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme
representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos
alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o
corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o
sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua
vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que
sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que
nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas
imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central
relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de
forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi
feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para
garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a
glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que
busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois
tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo
desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que
nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem
perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por
graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios
desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós
mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a
aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais
poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo
Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo
sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote
foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação
eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para
este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito
Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).