Nem sempre existiu no mundo a presente condição em que os governantes das
nações se encontram, pois foi a partir da revolução industrial, da formação dos
grandes conglomerados financeiros, das poderosas corporações comerciais e
midiáticas, e de outros agentes poderosos, que as coisas começaram a mudar
drasticamente quanto a quem realmente governa as nações, pois não há reis,
presidentes, governadores, deputados, senadores e juízes que não estejam
debaixo da influência de todos estes poderes que não somente influenciam como
até mesmo dirigem em muitos casos as ações daqueles que se encontram
nominalmente no exercício público do poder.
Isto se torna um grande complicador não apenas para o
adequado entendimento como sobretudo para a aplicação de ordenanças bíblicas
como a de se dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus; e de os
crentes se sujeitarem às autoridades e de honrá-las.
Todavia, não importa por quais poderes e os que governam
exercem a magistratura são influenciados, pois encontram-se na ponta assumindo
a responsabilidade que pesa sobre eles de serem justos e verdadeiros, e quando
disto se afastam terão que prestar contas a Deus. E de igual forma os que os
influenciam para a prática do mal também serão condenados por Ele. Então, a
regra geral de o crente estar sujeito às autoridades prevalece tanto agora como
nos dias dos apóstolos em que se sujeitaram aos governantes e magistrados
ímpios tanto da Judeia quanto do Império Romano.
A condição da prática da injustiça é o que prevalece no mundo
desde o princípio, em razão da entrada do pecado, e de Satanás e os demônios
agirem sobre a humanidade escravizando-a e amplificando a prática do mal.
Graças a Deus sempre houve e haverá um Rei justo sob cujo
governo podemos estar, e no qual esperar por justiça, paz, bondade e amor, não
somente aqui embaixo como para toda a eternidade.
Ai de nós, que amamos a justiça e a verdade se não existisse
tal Governo, pois estaríamos sempre em frustração e desalento caso nossa
esperança estivesse em algum governo terreno!
Nós podemos ver não somente nas páginas da Bíblia, como em
toda a história secular qual tem sido a atuação dos governos deste mundo, e não
é de se admirar que Jesus tenha dito expressamente que o seu reino não é como
os deste mundo, e que a Igreja não deve proceder segundo o modo destes
governantes.
Deus permite que vivamos debaixo da autoridade de tais
governos injustos para que aprendamos a grande diferença que há entre o nosso
Rei eterno e estes governantes terrenos, e quão diferente é a justiça perfeita
do Seu reino, quando comparada com a justiça de palha deste mundo.
Além disso, aprendemos a interceder incessantemente por tais
governantes para que Deus possa intervir e dirigi-los, de forma que tenhamos um
viver quieto e sossegado no que se refere à proteção divina em meio a tantas
ações conturbadas.
Spurgeon, em seu sermão intitulado O Governo de Cristo, assim
se expressou na sua parte introdutória:
“Em 2 Samuel 23: 4,
sem dúvida, em primeiro lugar, Davi estava falando dos benefícios de um sábio e
justo governante sobre o homem. No Oriente, onde os governantes são despóticos,
eles podem muito em breve lançar mão de uma taxação tão pesada e fazer leis tão
opressivas que o povo se empobrece gravemente. Às vezes, os habitantes quase
deixam de cultivar suas terras, pois sentem que, se produzirem colheitas, só as
produzem para a mesa de um tirano. Por tais exações cruéis, o comércio de um
país é frequentemente expulso, e as terras frutíferas são transformadas em um
deserto. No presente momento, parece haver pouca ou nenhuma razão pela qual a
Palestina, por exemplo, não deva voltar a ser tão frutífera quanto costumava
ser, se não fosse o domínio turco tão severo e tão injusto que o povo não tem
razão para a indústria, e nenhum motivo para a economia, uma vez que eles são
tão esmagados por aqueles que estão no poder. (Devemos lembrar que nos dias de
Spurgeon, Israel não havia ainda retornado à Palestina). Foi em grande parte nos
dias de Davi. As nações estavam tão completamente sujeitas ao governo de seus
reis que, de acordo com o caráter de seu governante, era o estado do povo. É
uma feliz circunstância para nós que, como nação, tenhamos terminado tudo isso,
mas foi o estado predominante das coisas nos dias de Davi. (Lembrar também que
nos dias de Spurgeon não havia ainda toda a influência dos poderes que nomeamos
no início deste livro). Então, suponho que, como uma descrição do que ele
próprio havia sido, e de sua esperança do que Salomão seria, ele diz: “Um bom
governante é para um povo como o nascer do sol.” Seus problemas desaparecem -
ele conquista para eles em guerras estrangeiras, e ele faz justiça a eles em
casa. Um bom governante remove, ou pelo menos reduz, as tristezas das pessoas
sobre quem ele governa. Ele é para eles como “uma manhã sem nuvens”. Eles não
podem encontrar falhas em sua administração, pois todos os dias são bons e não
fazem mal - e fazem até mesmo sua tristeza passada contribuir para seu bem
presente. Sob seu domínio eles desfrutam de uma estação de claro brilho após
uma longa chuva de tristeza, e por suas sábias leis, ele torna a terra tão
frutífera, e as pessoas tão prósperas, que ele é para elas “como a tenra erva
brotando da Terra, brilhando depois da chuva.” Sem dúvida, isso era uma parte
do que Davi queria dizer. Mas, por favor, lembre-se que este foi o canto do
cisne de Davi, pois o capítulo começa assim: “Estas são as últimas palavras de
Davi”. E lembre-se também que estas últimas palavras de Davi são precedidas por
esta importante declaração: “O Espírito do SENHOR fala por meu
intermédio, e a sua palavra está na minha língua.”
Assim, sob essas
circunstâncias, não podemos supor que o significado que dei ao texto possa ser
a interpretação completa dele, já que não haveria necessidade de inspiração
para ensinar isso, e não é necessário para o Deus de Israel, por assim dizer, e
a Rocha de Israel para libertar. Podemos ter certeza de que deve haver algum
significado mais profundo, mais completo, mais místico e espiritual aqui. E
cristãos de todos os tempos e judeus também de eras anteriores concordaram que
esta passagem se relaciona com o Messias. E nós, que sabemos que o Messias é
Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus, podemos, sem a menor dificuldade, aplicar
essas palavras a Ele e sentir que elas são mais verdadeiras a respeito dEle.
Mesmo se elas não se referissem primariamente ao Messias, nós estaríamos bem em
fazê-los, porque, se é uma regra geral que um bom governante é tudo isso para o
seu povo, então Jesus Cristo, sendo o melhor dos Governantes, deve ser tudo
isso para o seu povo, e Ele, governando entre os homens como Ele faz - neste
dia nós O chamamos de Mestre e Senhor - e governando como Ele faz, com
sabedoria, e no temor de Deus, Ele deve ser para aqueles que pertencem ao Seu
reino abençoado, tudo o que qualquer outro bom governante poderia ser, e muito
mais, de modo que por muitas razões estamos certos em atribuir ao nosso Senhor
Jesus a linguagem do nosso texto: “Disse o Deus de Israel, a Rocha de
Israel a mim me falou: Aquele que domina com justiça sobre os
homens, que domina no temor de Deus, é como a luz da manhã, quando
sai o sol, como manhã sem nuvens, cujo esplendor, depois da chuva,
faz brotar da terra a erva.”
Até aqui as palavras
de Spurgeon.
Observe que foi Deus
quem falou a Davi estas palavras de 2 Samuel 23.3,4, as quais são introduzidas
por: “Aquele que domina com justiça sobre os homens, que
domina no temor de Deus”. E quanto a isto perguntamos: quantos são os reis,
presidentes, governadores, magistrados que atuam sob um constante domínio de
Deus e do Seu temor? Quando isto ocorre como foi o caso de Calvino em Genebra,
tão forte é a oposição que sofrem da parte daqueles que defendem interesses
injustos e escusos, que mal conseguem governar como gostariam, e acrescente-se
a isto a própria rebelião e rejeição que sofrem da parte de muitos do povo que
não temem a Deus.
Isto explica a razão de que quando Israel tinha sobre si reis justos, o
povo continuava praticando grosseira idolatria e todas as demais formas de
pecado, inviabilizando que houvesse justiça, paz e verdade sobre a nação.
Nestas condições, o Senhor se volta para os que são piedosos
e faz boas promessas a eles, enquanto mantém os demais sob ameaças de juízos
caso não se arrependam.
Nós podemos ver isto claramente no texto de Miqueias 6 e 7:
Miqueias – 6
1 Ouvi,
agora, o que diz o SENHOR: Levanta-te, defende a tua causa perante os montes, e
ouçam os outeiros a tua voz.
2 Ouvi,
montes, a controvérsia do SENHOR, e vós, duráveis fundamentos da
terra, porque o SENHOR tem controvérsia com o seu povo e com Israel entrará em
juízo.
3 Povo meu,
que te tenho feito? E com que te enfadei? Responde-me!
4 Pois te
fiz sair da terra do Egito e da casa da servidão te remi;
e enviei adiante de ti Moisés, Arão e Miriã.
5 Povo meu,
lembra-te, agora, do que maquinou Balaque, rei de Moabe, e do que lhe respondeu
Balaão, filho de Beor, e do que aconteceu desde Sitim até Gilgal, para que
conheças os atos de justiça do SENHOR.
6 Com que me
apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele
com holocaustos, com bezerros de um ano?
7 Agradar-se-á o SENHOR
de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu
primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha
alma?
8 Ele te
declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti:
que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu
Deus.
9 A voz do
SENHOR clama à cidade (e é verdadeira sabedoria temer-lhe o nome): Ouvi, ó
tribos, aquele que a cita.
10 Ainda há, na casa
do ímpio, os tesouros da impiedade e o detestável efa minguado?
11 Poderei eu
inocentar balanças falsas e bolsas de pesos enganosos?
12 Porque os
ricos da cidade estão cheios de violência, e os
seus habitantes falam mentiras, e a língua deles é enganosa
na sua boca.
13 Assim,
também passarei eu a ferir-te e te deixarei desolada por causa dos teus
pecados.
14 Comerás e não te
fartarás; a fome estará nas tuas entranhas; removerás os teus
bens, mas não os livrarás; e aquilo que livrares, eu o entregarei à espada.
15 Semearás;
contudo, não segarás; pisarás a azeitona, porém não te ungirás com azeite; pisarás a
vindima; no entanto, não lhe beberás o vinho,
16 porque
observaste os estatutos de Onri e todas as obras da casa de Acabe e andaste nos
conselhos deles. Por isso, eu farei de ti uma desolação e dos
habitantes da tua cidade, um alvo de vaias; assim, trareis sobre vós o opróbrio
dos povos.
Miqueias – 7
1 Ai de mim!
Porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da
vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos que a minha alma
deseja.
2 Pereceu da
terra o piedoso, e não há entre os homens um que
seja reto; todos espreitam para derramarem sangue; cada um caça a seu irmão com
rede.
3 As suas mãos estão sobre o
mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige condenação, o juiz
aceita suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos
eles juntamente urdem a trama.
4 O melhor
deles é como um espinheiro; o mais reto é pior do que uma sebe de espinhos. É
chegado o dia anunciado por tuas sentinelas, o dia do teu castigo; aí está a
confusão deles.
5 Não creiais
no amigo, nem confieis no companheiro. Guarda a porta de tua boca àquela que
reclina sobre o teu peito.
6 Porque o
filho despreza o pai, a filha se levanta contra a mãe, a nora,
contra a sogra; os inimigos do homem são os da sua própria casa.
7 Eu, porém, olharei
para o SENHOR e esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.
8 Ó inimiga
minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído,
levantar-me-ei; se morar nas trevas, o SENHOR será a minha luz.
9 Sofrerei a
ira do SENHOR, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa e execute
o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça.
10 A minha
inimiga verá isso, e a ela cobrirá a vergonha, a ela que me diz:
Onde está o SENHOR, teu Deus? Os meus olhos a contemplarão; agora, será pisada
aos pés como a lama das ruas.
11 No dia da
reedificação dos teus muros, nesse dia, serão os teus limites removidos para
mais longe.
12 Nesse dia,
virão a ti, desde a Assíria até às cidades
do Egito, e do Egito até ao rio Eufrates, e do mar até ao mar, e
da montanha até à montanha.
13 Todavia, a
terra será posta em desolação, por causa dos seus moradores, por causa do fruto
das suas obras.
14 Apascenta
o teu povo com o teu bordão, o rebanho da tua herança, que
mora a sós no bosque, no meio da terra fértil; apascentem-se em Basã e
Gileade, como nos dias de outrora.
15 Eu lhe
mostrarei maravilhas, como nos dias da tua saída da
terra do Egito.
16 As nações verão isso e
se envergonharão de todo o seu poder; porão a mão sobre a
boca, e os seus ouvidos ficarão surdos.
17 Lamberão o pó como
serpentes; como répteis da terra, tremendo, sairão dos seus esconderijos e,
tremendo, virão ao SENHOR, nosso Deus; e terão medo de ti.
18 Quem, ó Deus, é semelhante
a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua
herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na
misericórdia.
19 Tornará a ter
compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará
todos os nossos pecados nas profundezas do mar.
20 Mostrarás a Jacó a
fidelidade e a Abraão, a misericórdia, as
quais juraste a nossos pais, desde os dias antigos.
O evangelho continua sendo interposto por Deus em meio a um
mundo injusto e de trevas para que todos aqueles que suspirem por um reino
justo o possam encontrá-lo em Jesus Cristo, pois se enganam todos aqueles que o
aguardam em qualquer outro.
Se as coisas eram assim nos dias do profeta Miqueias, cerca
de 600 a.C., quanto mais não serão em nossos dias, nos quais a iniquidade tem
se multiplicado?
Se desviarmos o nosso olhar de Jesus para os governantes
deste mundo, podemos nos preparar para ter muita frustação e tristeza, porque
não serão poucos os motivos para tal.
No contexto de toda a
sorte de coisas terríveis e pecaminosas que estavam acontecendo na nação de
Israel, o profeta diz de si mesmo: “Eu, porém, olharei
para o SENHOR e esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.”
Devemos seguir o seu exemplo se pretendemos encontrar justiça e paz em nossos
próprios dias.
Jesus sendo o criador dos céus e da Terra, sendo o governante
de tudo, recebeu o tratamento que lhe foi dirigido não somente pelos
governantes como do próprio povo ao qual pertencia, e temos nisto o exemplo
supremo do que se pode esperar do mundo, de seu povo e governantes.
O diálogo mantido com Pilatos, em que foi ironizado em vez de
ser julgado com justiça, podemos ver a linha divisória que Jesus estabeleceu
entre o Seu reino e os deste mundo:
“35 Replicou
Pilatos: Porventura, sou judeu? A tua própria gente e os principais sacerdotes
é que te entregaram a mim. Que fizeste?
36 Respondeu
Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu
reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu
entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.
37 Então, lhe
disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei.
Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da
verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” (Lucas
18.35-37).
O povo sempre procura um Barrabás para livrá-lo dos poderes opressores,
colocando sua esperança no homem, e não em Deus, e por isso rejeitam a Jesus
que é o único e eficaz libertador do diabo, do pecado e do mundo.
Daí decorre a instrução do Senhor para os crentes:
“25 Mas Jesus
lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados
benfeitores.
26 Mas vós não sois
assim; pelo contrário, o maior entre vós seja
como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve.
27 Pois qual é maior:
quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa?
Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve.
28 Vós sois os
que tendes permanecido comigo nas minhas tentações.
29 Assim como
meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio,
30 para que
comais e bebais à minha mesa no meu reino; e vos assentareis em
tronos para julgar as doze tribos de Israel.” (Lucas 22.25-30)
Quantos estão dispostos a seguir de fato a Jesus e as leis do Seu Reino?
Quantos amam de coração os Seus mandamentos? Quantos se encaixam no padrão dos
cidadãos do Reino que está descrito no Sermão do Monte? Quantos negam o seu
ego, carregam a cruz diariamente, seguindo os passos de Jesus? Os que podem
responder afirmativamente são os que pertencem de fato ao Reino do céu.
Não é quem se declara cristão que é necessariamente um cidadão do Reino,
porque, sendo diferente dos reinos deste mundo, não se participa deste reino
por voto ou por mera declaração de apoio verbal, mas por uma transformação
radical mediante a regeneração do Espírito Santo.
Está chegando o dia em que os reinos deste mundo passarão a ser
exclusivamente de Deus e de Cristo, conforme profetizado nas Escrituras:
“O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes
vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e
ele reinará pelos séculos dos séculos.” (Apocalipse 11.15).
“17 Estes
grandes animais, que são quatro, são quatro reis que se levantarão da terra.
18 Mas os
santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para
todo o sempre, de eternidade em eternidade.
19 Então, tive
desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de
todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro, cujas unhas eram
de bronze, que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobejava;
20 e também a
respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e do outro que subiu,
diante do qual caíram três, daquele chifre que tinha olhos e uma boca que
falava com insolência e parecia mais robusto do que os seus companheiros.
21 Eu olhava
e eis que este chifre fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles,
22 até que veio
o Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo; e veio o tempo em que
os santos possuíram o reino.
23 Então, ele
disse: O quarto animal será um quarto reino na terra, o qual
será diferente de todos os reinos; e devorará toda a
terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços.
24 Os dez
chifres correspondem a dez reis que se levantarão daquele
mesmo reino; e, depois deles, se levantará outro, o qual será diferente
dos primeiros, e abaterá a três reis.
25 Proferirá palavras
contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os
tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois
tempos e metade de um tempo.
26 Mas,
depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para
o destruir e o consumir até ao fim.
27 O reino, e
o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo
dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o
servirão e lhe obedecerão.” (Daniel 7.17-27).
As profecias em Daniel descrevem com precisão os reinos que se
levantariam sobre a Terra até que se cumprisse o tempo determinado por Deus
para o reino eterno de Cristo se manifestar sobre todo mundo depois dos dias do
Anticristo, o qual a propósito já deve estar até mesmo presente no mundo em
nossos dias, aguardando apenas a sua manifestação para efetuar tudo o que está
profetizado a respeito dele. É necessário que haja a apostasia a manifestação
dele, para que Jesus possa voltar com poder e grande glória.
Deus permite que todos estes governantes injustos se levantem sobre a
Terra, para sujeitar-lhes ao grande juízo no tempo do fim.
Alguém pode indagar em seu íntimo por que Deus permite que o ímpio
domine por tanto tempo sobre a Terra, mas podemos antever o Seu propósito
eterno nisto, principalmente para demonstrar que os homens não buscam o amor à
verdade como ela é em Cristo, e amam a mentira, a par de lutarem tanto por
liberdade, paz, segurança e justiça. Não propriamente as que são do Reino de
Deus, mas as que lhes garantisse prosperidade e paz mundanas.
Por isso são submetidos ao juízo do Senhor conforme pode ser visto em várias
passagens das Escrituras:
“9 Ora, o
aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e
sinais, e prodígios da mentira,
10 e com todo
engano de injustiça aos que perecem, porque não
acolheram o amor da verdade para serem salvos.
11 É por este
motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à
mentira,
12 a fim de
serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade;
antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.” (2
Tessalonicenses 2.9-12)
Especialmente a Europa se encaixa nesta palavra em nossos dias, em que
tantos apostataram da fé, voltando as costas definitivamente para o Senhor.
Quando a nação de Israel estava às portas do juízo que lhe viria em
razão da infidelidade deles e abandono de Deus, os profetas foram levantados
para anunciarem as coisas que teriam que sofrer, e pela mesma palavra somos
exortados ao arrependimento para que possamos escapar do julgamento que se
encontra às portas.
Veja o que Deus disse através do profeta Jeremias:
Jeremias – 2
1 A mim me
veio a palavra do SENHOR, dizendo:
2 Vai e
clama aos ouvidos de Jerusalém: Assim diz o SENHOR: Lembro-me
de ti, da tua afeição quando eras jovem, e do teu amor quando noiva, e de como
me seguias no deserto, numa terra em que se não semeia.
3 Então, Israel
era consagrado ao SENHOR e era as primícias da sua colheita; todos os que o
devoraram se faziam culpados; o mal vinha sobre eles, diz o SENHOR.
4 Ouvi a
palavra do SENHOR, ó casa de Jacó e todas as famílias da casa de Israel.
5 Assim diz
o SENHOR: Que injustiça acharam vossos pais em mim, para de mim se afastarem,
indo após a nulidade dos ídolos e se tornando nulos eles mesmos,
6 e sem
perguntarem: Onde está o SENHOR, que nos fez subir da terra do
Egito? Que nos guiou através do deserto, por uma terra de ermos e de covas, por
uma terra de sequidão e sombra de morte, por uma terra em que ninguém
transitava e na qual não morava homem algum?
7 Eu vos
introduzi numa terra fértil, para que comêsseis o
seu fruto e o seu bem; mas, depois de terdes entrado nela, vós a contaminastes
e da minha herança fizestes abominação.
8 Os
sacerdotes não disseram: Onde está o SENHOR? E os que tratavam da
lei não me conheceram, os pastores prevaricaram contra mim, os profetas
profetizaram por Baal e andaram atrás de coisas de nenhum proveito.
9 Portanto,
ainda pleitearei convosco, diz o SENHOR, e até com os filhos de vossos filhos
pleitearei.
10 Passai às terras
do mar de Chipre e vede; mandai mensageiros a Quedar, e atentai bem, e vede se
jamais sucedeu coisa semelhante.
11 Houve
alguma nação que trocasse os seus deuses, posto que não eram
deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum
proveito.
12 Espantai-vos
disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai estupefatos, diz o SENHOR.
13 Porque
dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas
vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas.
14 Acaso, é Israel
escravo ou servo nascido em casa? Por que, pois, veio a ser presa?
15 Os leões novos
rugiram contra ele, levantaram a voz; da terra dele fizeram uma desolação; as
suas cidades estão queimadas, e não há quem nelas habite.
16 Até os filhos
de Mênfis e de Tafnes te pastaram o alto da cabeça.
17 Acaso,
tudo isto não te sucedeu por haveres deixado o SENHOR, teu Deus, quando te guiava
pelo caminho?
18 Agora,
pois, que lucro terás indo ao Egito para beberes as águas do
Nilo; ou indo à Assíria para beberes as águas do Eufrates?
19 A tua malícia te
castigará, e as tuas infidelidades te repreenderão; sabe,
pois, e vê que mau e quão amargo é deixares o SENHOR, teu Deus, e não teres
temor de mim, diz o Senhor, o SENHOR dos Exércitos.
20 Ainda que
há muito quebrava eu o teu jugo e rompia as tuas ataduras, dizias tu: Não quero
servir-te. Pois, em todo outeiro alto e debaixo de toda árvore frondosa, te
deitavas e te prostituías.
21 Eu mesmo
te plantei como vide excelente, da semente mais pura; como, pois, te tornaste
para mim uma planta degenerada, como de vide brava?
22 Pelo que
ainda que te laves com salitre e amontoes potassa, continua a mácula da tua
iniquidade perante mim, diz o SENHOR Deus.
23 Como podes
dizer: Não estou maculada, não andei após os
baalins? Vê o teu rasto no vale, reconhece o que fizeste, dromedária nova
de ligeiros pés, que andas ziguezagueando pelo caminho;
24 jumenta
selvagem, acostumada ao deserto e que, no ardor do cio, sorve o vento. Quem a
impediria de satisfazer ao seu desejo? Os que a procuram não têm de
fatigar-se; no mês dela a acharão.
25 Guarda-te
de que os teus pés andem desnudos e a tua garganta tenha sede.
Mas tu dizes: Não, é inútil; porque amo os estranhos e após eles irei.
26 Como se
envergonha o ladrão quando o apanham, assim se envergonham os da
casa de Israel; eles, os seus reis, os seus príncipes, os
seus sacerdotes e os seus profetas,
27 que dizem
a um pedaço de madeira: Tu és meu pai; e à pedra: Tu
me geraste. Pois me viraram as costas e não o rosto; mas, em vindo a
angústia, dizem: Levanta-te e livra-nos.
28 Onde,
pois, estão os teus deuses, que para ti mesmo fizeste? Eles que se levantem se te
podem livrar no tempo da tua angústia; porque os teus deuses, ó Judá, são
tantos como as tuas cidades.
29 Por que contendeis
comigo? Todos vós transgredistes contra mim, diz o SENHOR.
30 Em vão
castiguei os vossos filhos; eles não aceitaram a minha disciplina; a vossa
espada devorou os vossos profetas como leão destruidor.
31 Oh! Que
geração! Considerai vós a palavra do SENHOR. Porventura, tenho eu
sido para Israel um deserto? Ou uma terra da mais espessa escuridão? Por que,
pois, diz o meu povo: Somos livres! Jamais tornaremos a ti?
32 Acaso, se
esquece a virgem dos seus adornos ou a noiva do seu cinto? Todavia, o meu povo
se esqueceu de mim por dias sem conta.
33 Como dispões bem os
teus caminhos, para buscares o amor! Pois até às mulheres perdidas os
ensinaste.
34 Nas orlas
dos teus vestidos se achou também o sangue de pobres e inocentes,
não surpreendidos no ato de roubar. Apesar de todas estas coisas,
35 ainda
dizes: Estou inocente; certamente, a sua ira se desviou de mim. Eis que
entrarei em juízo contigo, porquanto dizes: Não pequei.
36 Que mudar
leviano é esse dos teus caminhos? Também do Egito serás
envergonhada, como foste envergonhada da Assíria.
37 Também daquele
sairás de mãos na cabeça; porque o SENHOR rejeitou aqueles em quem
confiaste, e não terás sorte por meio deles.
Jeremias – 5
1 Dai voltas
às ruas de Jerusalém; vede agora, procurai saber, buscai pelas suas
praças a ver se achais alguém, se há um homem que pratique a justiça ou busque
a verdade; e eu lhe perdoarei a ela.
2 Embora digam:
Tão certo como vive o SENHOR, certamente, juram falso.
3 Ah!
SENHOR, não é para a fidelidade que atentam os teus olhos? Tu os feriste, e não
lhes doeu; consumiste-os, e não quiseram receber a disciplina; endureceram o
rosto mais do que uma rocha; não quiseram voltar.
4 Mas eu
pensei: são apenas os pobres que são insensatos, pois não sabem o
caminho do SENHOR, o direito do seu Deus.
5 Irei aos
grandes e falarei com eles; porque eles sabem o caminho do SENHOR, o direito do
seu Deus; mas estes, de comum acordo, quebraram o jugo e romperam as algemas.
6 Por isso,
um leão do bosque os matará, um lobo dos desertos os assolará, um leopardo
estará à espreita das suas cidades; qualquer que sair delas será despedaçado;
porque as suas transgressões se multiplicaram, multiplicaram-se as suas
perfídias.
7 Como,
vendo isto, te perdoaria? Teus filhos me deixam a mim e juram pelos que não são
deuses; depois de eu os ter fartado, adulteraram e em casa de meretrizes se
ajuntaram em bandos;
8 como
garanhões bem fartos, correm de um lado para outro, cada um rinchando à mulher do
seu companheiro.
9 Deixaria
eu de castigar estas coisas, diz o SENHOR, ou não me vingaria de nação como
esta?
10 Subi vós aos
terraços da vinha, destruí-a, porém não de todo;
tirai-lhe as gavinhas, porque não são do
SENHOR.
11 Porque
perfidamente se houveram contra mim, a casa de Israel e a casa de Judá, diz o
SENHOR.
12 Negaram ao
SENHOR e disseram: Não é ele; e: Nenhum mal nos sobrevirá; não veremos espada
nem fome.
13 Até os
profetas não passam de vento, porque a palavra não está com eles, as suas
ameaças se cumprirão contra eles mesmos.
14 Portanto,
assim diz o SENHOR, o Deus dos Exércitos: Visto que proferiram eles tais
palavras, eis que converterei em fogo as minhas palavras na tua boca e a este
povo, em lenha, e eles serão consumidos.
15 Eis que
trago sobre ti uma nação de longe, ó casa de
Israel, diz o SENHOR; nação robusta, nação antiga, nação cuja língua ignoras; e
não entendes o que ela fala.
16 A sua
aljava é como uma sepultura aberta; todos os seus homens são
valentes.
17 Comerão a tua
sega e o teu pão, os teus filhos e as tuas filhas; comerão as tuas
ovelhas e o teu gado; comerão a tua vide e a tua figueira; e
com a espada derribarão as tuas cidades fortificadas, em que
confias.
18 Contudo,
ainda naqueles dias, diz o SENHOR, não vos destruirei de todo.
19 Quando
disserem: Por que nos fez o SENHOR, nosso Deus, todas estas coisas? Então, lhes
responderás: Como vós me deixastes e servistes a deuses estranhos na vossa
terra, assim servireis a estrangeiros, em terra que não é vossa.
20 Anunciai
isto na casa de Jacó e fazei-o ouvir em Judá, dizendo:
21 Ouvi agora
isto, ó povo insensato e sem entendimento, que tendes olhos e não vedes,
tendes ouvidos e não ouvis.
22 Não temereis
a mim? – diz o SENHOR; não tremereis diante de mim, que pus a areia para limite
do mar, limite perpétuo, que ele não traspassará? Ainda que se levantem as suas
ondas, não prevalecerão; ainda que bramem, não o traspassarão.
23 Mas este
povo é de coração rebelde e contumaz; rebelaram-se e foram-se.
24 Não dizem a
eles mesmos: Temamos agora ao SENHOR, nosso Deus, que nos dá a seu tempo a
chuva, a primeira e a última, que nos conserva as semanas determinadas da sega.
25 As vossas
iniquidades desviam estas coisas, e os vossos pecados afastam de vós o bem.
26 Porque
entre o meu povo se acham perversos; cada um anda espiando, como espreitam os
passarinheiros; como eles, dispõem armadilhas e prendem os homens.
27 Como a
gaiola cheia de pássaros, são as suas casas cheias de
fraude; por isso, se tornaram poderosos e enriqueceram.
28 Engordam,
tornam-se nédios e ultrapassam até os feitos dos malignos; não defendem
a causa, a causa dos órfãos, para que prospere; nem
julgam o direito dos necessitados.
29 Não castigaria
eu estas coisas? – diz o SENHOR; não me vingaria eu de nação
como esta?
30 Coisa
espantosa e horrenda se anda fazendo na terra:
31 os
profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas
com eles; e é o que deseja o meu povo. Porém que fareis quando estas
coisas chegarem ao seu fim?
Jeremias – 9
1 Prouvera a
Deus a minha cabeça se tornasse em águas, e os
meus olhos, em fonte de lágrimas! Então, choraria de dia e de
noite os mortos da filha do meu povo.
2 Prouvera a
Deus eu tivesse no deserto uma estalagem de caminhantes! Então,
deixaria o meu povo e me apartaria dele, porque todos eles são adúlteros, são um bando
de traidores;
3 curvam a língua, como
se fosse o seu arco, para a mentira; fortalecem-se na terra, mas não para a
verdade, porque avançam de malícia em malícia e não me conhecem, diz o SENHOR.
4 Guardai-vos
cada um do seu amigo e de irmão nenhum vos fieis; porque todo
irmão não faz mais do que enganar, e todo amigo anda caluniando.
5 Cada um
zomba do seu próximo, e não falam a verdade; ensinam
a sua língua a proferir mentiras; cansam-se de praticar a iniquidade.
6 Vivem no
meio da falsidade; pela falsidade recusam conhecer-me, diz o SENHOR.
7 Portanto,
assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eis que eu os acrisolarei e os provarei;
porque de que outra maneira procederia eu com a filha do meu povo?
8 Flecha
mortífera é a língua deles; falam engano; com a boca fala cada um de paz com o seu
companheiro, mas no seu interior lhe arma ciladas.
9 Acaso, por
estas coisas não os castigaria? – diz o SENHOR; ou não me vingaria eu de nação
tal como esta?
10 Pelos
montes levantarei choro e pranto e pelas pastagens do deserto, lamentação; porque
já estão queimadas, e ninguém passa por elas; já não se ouve
ali o mugido de gado; tanto as aves dos céus como os animais fugiram e se
foram.
11 Farei de
Jerusalém montões de ruínas, morada de chacais; e das cidades de Judá farei uma
assolação, de sorte que fiquem desabitadas.
12 Quem é o homem
sábio, que entenda isto, e a quem falou a boca do SENHOR, homem que possa
explicar por que razão pereceu a terra e se queimou como deserto, de sorte que
ninguém passa por ela?
13 Respondeu
o SENHOR: Porque deixaram a minha lei, que pus perante eles, e não deram
ouvidos ao que eu disse, nem andaram nela.
14 Antes,
andaram na dureza do seu coração e seguiram os baalins, como lhes
ensinaram os seus pais.
15 Portanto,
assim diz o SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que alimentarei este povo
com absinto e lhe darei a beber água venenosa.
16 Espalhá-los-ei
entre nações que nem eles nem seus pais conheceram; e enviarei a espada após eles, até que eu
venha a consumi-los.
17 Assim diz
o SENHOR dos Exércitos: Considerai e chamai carpideiras, para que venham;
mandai procurar mulheres hábeis, para que venham.
18 Apressem-se
e levantem sobre nós o seu lamento, para que os nossos olhos se
desfaçam em lágrimas, e as nossas pálpebras destilem água.
19 Porque uma
voz de pranto se ouve de Sião: Como estamos arruinados!
Estamos sobremodo envergonhados, porque deixamos a terra, e eles transtornaram
as nossas moradas.
20 Ouvi,
pois, vós, mulheres, a palavra do SENHOR, e os vossos ouvidos recebam a palavra
da sua boca; ensinai o pranto a vossas filhas; e, cada uma à sua companheira, a
lamentação.
21 Porque a
morte subiu pelas nossas janelas e entrou em nossos palácios;
exterminou das ruas as crianças e os jovens, das praças.
22 Fala:
Assim diz o SENHOR: Os cadáveres dos homens jazerão como esterco sobre o campo
e cairão como gavela atrás do segador, e não há quem a recolha.
23 Assim diz
o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força,
nem o rico, nas suas riquezas;
24 mas o que
se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço
misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o
SENHOR.
25 Eis que vêm dias,
diz o SENHOR, em que castigarei a todos os circuncidados juntamente com os
incircuncisos:
26 ao Egito,
e a Judá, e a Edom, e aos filhos de Amom, e a Moabe, e a todos os que cortam os
cabelos nas têmporas e habitam no deserto; porque todas as nações são
incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração.
Quando lemos todo livro do profeta Jeremias encontramos ali muitos
juízos contra o pecado tanto de Israel quanto das demais nações, mas também há
boas promessas de restauração dos que viessem a se arrepender, especialmente
pela nova aliança que seria feita com eles através de Jesus Cristo.
Assim tem sido e será até que Cristo volte, porque, na verdade, a grande
batalha que há é entre aqueles que amam a Deus e os que o odeiam. Os que amam a
verdade e os que amam a mentira. Os que lutam contra o pecado e aqueles que o
amam. E a raiz de tudo se encontra no grande conflito das eras entre Satanás e
Cristo.
Fora de Cristo, tudo é morte e juízo. Em Cristo, tudo é vida e paz.
Quando desviamos as nossas expectativas e esperanças do Senhor, e as depositamos
nos governantes e magistrados deste mundo, estamos incorrendo numa grande
ilusão e nos sujeitando a sermos julgados por Deus. “Assim diz o SENHOR:
Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o
seu coração do SENHOR!” (Jeremias 17.5).
É sobre o Senhor que devemos lançar nossos fardos e cuidados, e não
sobre qualquer outra criatura como nós, por mais investida de poder que ela
esteja neste mundo. Não é sequer em anjos ou arcanjos que devemos colocar a
nossa esperança, senão somente no Senhor.
“25 Bom é o SENHOR
para os que esperam por ele, para a alma que o busca.
26 Bom é aguardar
a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio.” (Lamentações de Jeremias 3.25,26).
“18 Eis que os
olhos do SENHOR estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua
misericórdia,
19 para
livrar-lhes a alma da morte, e, no tempo da fome, conservar-lhes a vida.
20 Nossa alma
espera no SENHOR, nosso auxílio e escudo.” (Salmo 33.18-20).
“7 Descansa
no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu
caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.
8 Deixa a
ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal.
9 Porque os
malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão
a terra.
10 Mais um
pouco de tempo, e já não existirá o ímpio;
procurarás o seu lugar e não o acharás.
11 Mas os
mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de
paz.” (Salmo 37.7-11).
“Agrada-se o SENHOR dos que o temem e dos que esperam na sua
misericórdia.” (Salmo 147.11).
“1 Os que
confiam no SENHOR são como o monte Sião, que não se abala, firme para sempre.
2 Como em
redor de Jerusalém estão os montes, assim o SENHOR, em derredor do seu povo,
desde agora e para sempre.
3 O cetro
dos ímpios não permanecerá sobre a sorte dos justos, para que o justo não estenda
a mão à iniquidade.
4 Faze o
bem, SENHOR, aos bons e aos retos de coração.” (Salmo 125.11)
“4 Nossos
pais confiaram em ti; confiaram, e os livraste.
5 A ti
clamaram e se livraram; confiaram em ti e não foram confundidos.”
(Salmo 22.4,5)
Que liberdade é a que o mundo procura e que deixa Deus do lado de fora?
Que amor? Que justiça? Que paz? Que segurança? Se for apenas de coisas ruins
que lhe possam ocorrer aqui embaixo, o que será depois quando se encontrar
lançado fora do céu para sempre? Nossa esperança em Cristo não é apenas para
este mundo, mas para a vida eterna.
Apêndice:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da
nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam
debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual
eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei
determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento
substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que
seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi
gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme
representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos
alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o corpo
de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o sangue
de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua vida em
nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que sendo
diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que nunca nos
desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas
imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito nestes
sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central relativa
ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de forma
resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi
feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para
garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a
glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que
busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração permanece
apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo santo para
a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo
é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo
desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que
nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o testemunho
de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por
graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios
desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós mesmos,
jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a aliança
poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais poderíamos
fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e
Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum ofertante ou
oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo sacerdote escolhido
por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai
para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação eternas, senão somente
nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito
Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
Por
Silvio Dutra
Out/2019
A474
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Alves, Silvio Dutra
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Em Quem Esperamos? A Quem Iremos?
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Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro,
2019.
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61p.; 14,8 x21cm
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1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Fé 4.
Graça.
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I.
Título.
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CDD 252
|
Nem sempre existiu no mundo a presente condição em que os governantes das
nações se encontram, pois foi a partir da revolução industrial, da formação dos
grandes conglomerados financeiros, das poderosas corporações comerciais e
midiáticas, e de outros agentes poderosos, que as coisas começaram a mudar
drasticamente quanto a quem realmente governa as nações, pois não há reis,
presidentes, governadores, deputados, senadores e juízes que não estejam
debaixo da influência de todos estes poderes que não somente influenciam como
até mesmo dirigem em muitos casos as ações daqueles que se encontram
nominalmente no exercício público do poder.
Isto se torna um grande complicador não apenas para o
adequado entendimento como sobretudo para a aplicação de ordenanças bíblicas
como a de se dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus; e de os
crentes se sujeitarem às autoridades e de honrá-las.
Todavia, não importa por quais poderes e os que governam
exercem a magistratura são influenciados, pois encontram-se na ponta assumindo
a responsabilidade que pesa sobre eles de serem justos e verdadeiros, e quando
disto se afastam terão que prestar contas a Deus. E de igual forma os que os
influenciam para a prática do mal também serão condenados por Ele. Então, a
regra geral de o crente estar sujeito às autoridades prevalece tanto agora como
nos dias dos apóstolos em que se sujeitaram aos governantes e magistrados
ímpios tanto da Judeia quanto do Império Romano.
A condição da prática da injustiça é o que prevalece no mundo
desde o princípio, em razão da entrada do pecado, e de Satanás e os demônios
agirem sobre a humanidade escravizando-a e amplificando a prática do mal.
Graças a Deus sempre houve e haverá um Rei justo sob cujo
governo podemos estar, e no qual esperar por justiça, paz, bondade e amor, não
somente aqui embaixo como para toda a eternidade.
Ai de nós, que amamos a justiça e a verdade se não existisse
tal Governo, pois estaríamos sempre em frustração e desalento caso nossa
esperança estivesse em algum governo terreno!
Nós podemos ver não somente nas páginas da Bíblia, como em
toda a história secular qual tem sido a atuação dos governos deste mundo, e não
é de se admirar que Jesus tenha dito expressamente que o seu reino não é como
os deste mundo, e que a Igreja não deve proceder segundo o modo destes
governantes.
Deus permite que vivamos debaixo da autoridade de tais
governos injustos para que aprendamos a grande diferença que há entre o nosso
Rei eterno e estes governantes terrenos, e quão diferente é a justiça perfeita
do Seu reino, quando comparada com a justiça de palha deste mundo.
Além disso, aprendemos a interceder incessantemente por tais
governantes para que Deus possa intervir e dirigi-los, de forma que tenhamos um
viver quieto e sossegado no que se refere à proteção divina em meio a tantas
ações conturbadas.
Spurgeon, em seu sermão intitulado O Governo de Cristo, assim
se expressou na sua parte introdutória:
“Em 2 Samuel 23: 4,
sem dúvida, em primeiro lugar, Davi estava falando dos benefícios de um sábio e
justo governante sobre o homem. No Oriente, onde os governantes são despóticos,
eles podem muito em breve lançar mão de uma taxação tão pesada e fazer leis tão
opressivas que o povo se empobrece gravemente. Às vezes, os habitantes quase
deixam de cultivar suas terras, pois sentem que, se produzirem colheitas, só as
produzem para a mesa de um tirano. Por tais exações cruéis, o comércio de um
país é frequentemente expulso, e as terras frutíferas são transformadas em um
deserto. No presente momento, parece haver pouca ou nenhuma razão pela qual a
Palestina, por exemplo, não deva voltar a ser tão frutífera quanto costumava
ser, se não fosse o domínio turco tão severo e tão injusto que o povo não tem
razão para a indústria, e nenhum motivo para a economia, uma vez que eles são
tão esmagados por aqueles que estão no poder. (Devemos lembrar que nos dias de
Spurgeon, Israel não havia ainda retornado à Palestina). Foi em grande parte nos
dias de Davi. As nações estavam tão completamente sujeitas ao governo de seus
reis que, de acordo com o caráter de seu governante, era o estado do povo. É
uma feliz circunstância para nós que, como nação, tenhamos terminado tudo isso,
mas foi o estado predominante das coisas nos dias de Davi. (Lembrar também que
nos dias de Spurgeon não havia ainda toda a influência dos poderes que nomeamos
no início deste livro). Então, suponho que, como uma descrição do que ele
próprio havia sido, e de sua esperança do que Salomão seria, ele diz: “Um bom
governante é para um povo como o nascer do sol.” Seus problemas desaparecem -
ele conquista para eles em guerras estrangeiras, e ele faz justiça a eles em
casa. Um bom governante remove, ou pelo menos reduz, as tristezas das pessoas
sobre quem ele governa. Ele é para eles como “uma manhã sem nuvens”. Eles não
podem encontrar falhas em sua administração, pois todos os dias são bons e não
fazem mal - e fazem até mesmo sua tristeza passada contribuir para seu bem
presente. Sob seu domínio eles desfrutam de uma estação de claro brilho após
uma longa chuva de tristeza, e por suas sábias leis, ele torna a terra tão
frutífera, e as pessoas tão prósperas, que ele é para elas “como a tenra erva
brotando da Terra, brilhando depois da chuva.” Sem dúvida, isso era uma parte
do que Davi queria dizer. Mas, por favor, lembre-se que este foi o canto do
cisne de Davi, pois o capítulo começa assim: “Estas são as últimas palavras de
Davi”. E lembre-se também que estas últimas palavras de Davi são precedidas por
esta importante declaração: “O Espírito do SENHOR fala por meu
intermédio, e a sua palavra está na minha língua.”
Assim, sob essas
circunstâncias, não podemos supor que o significado que dei ao texto possa ser
a interpretação completa dele, já que não haveria necessidade de inspiração
para ensinar isso, e não é necessário para o Deus de Israel, por assim dizer, e
a Rocha de Israel para libertar. Podemos ter certeza de que deve haver algum
significado mais profundo, mais completo, mais místico e espiritual aqui. E
cristãos de todos os tempos e judeus também de eras anteriores concordaram que
esta passagem se relaciona com o Messias. E nós, que sabemos que o Messias é
Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus, podemos, sem a menor dificuldade, aplicar
essas palavras a Ele e sentir que elas são mais verdadeiras a respeito dEle.
Mesmo se elas não se referissem primariamente ao Messias, nós estaríamos bem em
fazê-los, porque, se é uma regra geral que um bom governante é tudo isso para o
seu povo, então Jesus Cristo, sendo o melhor dos Governantes, deve ser tudo
isso para o seu povo, e Ele, governando entre os homens como Ele faz - neste
dia nós O chamamos de Mestre e Senhor - e governando como Ele faz, com
sabedoria, e no temor de Deus, Ele deve ser para aqueles que pertencem ao Seu
reino abençoado, tudo o que qualquer outro bom governante poderia ser, e muito
mais, de modo que por muitas razões estamos certos em atribuir ao nosso Senhor
Jesus a linguagem do nosso texto: “Disse o Deus de Israel, a Rocha de
Israel a mim me falou: Aquele que domina com justiça sobre os
homens, que domina no temor de Deus, é como a luz da manhã, quando
sai o sol, como manhã sem nuvens, cujo esplendor, depois da chuva,
faz brotar da terra a erva.”
Até aqui as palavras
de Spurgeon.
Observe que foi Deus
quem falou a Davi estas palavras de 2 Samuel 23.3,4, as quais são introduzidas
por: “Aquele que domina com justiça sobre os homens, que
domina no temor de Deus”. E quanto a isto perguntamos: quantos são os reis,
presidentes, governadores, magistrados que atuam sob um constante domínio de
Deus e do Seu temor? Quando isto ocorre como foi o caso de Calvino em Genebra,
tão forte é a oposição que sofrem da parte daqueles que defendem interesses
injustos e escusos, que mal conseguem governar como gostariam, e acrescente-se
a isto a própria rebelião e rejeição que sofrem da parte de muitos do povo que
não temem a Deus.
Isto explica a razão de que quando Israel tinha sobre si reis justos, o
povo continuava praticando grosseira idolatria e todas as demais formas de
pecado, inviabilizando que houvesse justiça, paz e verdade sobre a nação.
Nestas condições, o Senhor se volta para os que são piedosos
e faz boas promessas a eles, enquanto mantém os demais sob ameaças de juízos
caso não se arrependam.
Nós podemos ver isto claramente no texto de Miqueias 6 e 7:
Miqueias – 6
1 Ouvi,
agora, o que diz o SENHOR: Levanta-te, defende a tua causa perante os montes, e
ouçam os outeiros a tua voz.
2 Ouvi,
montes, a controvérsia do SENHOR, e vós, duráveis fundamentos da
terra, porque o SENHOR tem controvérsia com o seu povo e com Israel entrará em
juízo.
3 Povo meu,
que te tenho feito? E com que te enfadei? Responde-me!
4 Pois te
fiz sair da terra do Egito e da casa da servidão te remi;
e enviei adiante de ti Moisés, Arão e Miriã.
5 Povo meu,
lembra-te, agora, do que maquinou Balaque, rei de Moabe, e do que lhe respondeu
Balaão, filho de Beor, e do que aconteceu desde Sitim até Gilgal, para que
conheças os atos de justiça do SENHOR.
6 Com que me
apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele
com holocaustos, com bezerros de um ano?
7 Agradar-se-á o SENHOR
de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu
primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha
alma?
8 Ele te
declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti:
que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu
Deus.
9 A voz do
SENHOR clama à cidade (e é verdadeira sabedoria temer-lhe o nome): Ouvi, ó
tribos, aquele que a cita.
10 Ainda há, na casa
do ímpio, os tesouros da impiedade e o detestável efa minguado?
11 Poderei eu
inocentar balanças falsas e bolsas de pesos enganosos?
12 Porque os
ricos da cidade estão cheios de violência, e os
seus habitantes falam mentiras, e a língua deles é enganosa
na sua boca.
13 Assim,
também passarei eu a ferir-te e te deixarei desolada por causa dos teus
pecados.
14 Comerás e não te
fartarás; a fome estará nas tuas entranhas; removerás os teus
bens, mas não os livrarás; e aquilo que livrares, eu o entregarei à espada.
15 Semearás;
contudo, não segarás; pisarás a azeitona, porém não te ungirás com azeite; pisarás a
vindima; no entanto, não lhe beberás o vinho,
16 porque
observaste os estatutos de Onri e todas as obras da casa de Acabe e andaste nos
conselhos deles. Por isso, eu farei de ti uma desolação e dos
habitantes da tua cidade, um alvo de vaias; assim, trareis sobre vós o opróbrio
dos povos.
Miqueias – 7
1 Ai de mim!
Porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da
vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos que a minha alma
deseja.
2 Pereceu da
terra o piedoso, e não há entre os homens um que
seja reto; todos espreitam para derramarem sangue; cada um caça a seu irmão com
rede.
3 As suas mãos estão sobre o
mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige condenação, o juiz
aceita suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos
eles juntamente urdem a trama.
4 O melhor
deles é como um espinheiro; o mais reto é pior do que uma sebe de espinhos. É
chegado o dia anunciado por tuas sentinelas, o dia do teu castigo; aí está a
confusão deles.
5 Não creiais
no amigo, nem confieis no companheiro. Guarda a porta de tua boca àquela que
reclina sobre o teu peito.
6 Porque o
filho despreza o pai, a filha se levanta contra a mãe, a nora,
contra a sogra; os inimigos do homem são os da sua própria casa.
7 Eu, porém, olharei
para o SENHOR e esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.
8 Ó inimiga
minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído,
levantar-me-ei; se morar nas trevas, o SENHOR será a minha luz.
9 Sofrerei a
ira do SENHOR, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa e execute
o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça.
10 A minha
inimiga verá isso, e a ela cobrirá a vergonha, a ela que me diz:
Onde está o SENHOR, teu Deus? Os meus olhos a contemplarão; agora, será pisada
aos pés como a lama das ruas.
11 No dia da
reedificação dos teus muros, nesse dia, serão os teus limites removidos para
mais longe.
12 Nesse dia,
virão a ti, desde a Assíria até às cidades
do Egito, e do Egito até ao rio Eufrates, e do mar até ao mar, e
da montanha até à montanha.
13 Todavia, a
terra será posta em desolação, por causa dos seus moradores, por causa do fruto
das suas obras.
14 Apascenta
o teu povo com o teu bordão, o rebanho da tua herança, que
mora a sós no bosque, no meio da terra fértil; apascentem-se em Basã e
Gileade, como nos dias de outrora.
15 Eu lhe
mostrarei maravilhas, como nos dias da tua saída da
terra do Egito.
16 As nações verão isso e
se envergonharão de todo o seu poder; porão a mão sobre a
boca, e os seus ouvidos ficarão surdos.
17 Lamberão o pó como
serpentes; como répteis da terra, tremendo, sairão dos seus esconderijos e,
tremendo, virão ao SENHOR, nosso Deus; e terão medo de ti.
18 Quem, ó Deus, é semelhante
a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua
herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na
misericórdia.
19 Tornará a ter
compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará
todos os nossos pecados nas profundezas do mar.
20 Mostrarás a Jacó a
fidelidade e a Abraão, a misericórdia, as
quais juraste a nossos pais, desde os dias antigos.
O evangelho continua sendo interposto por Deus em meio a um
mundo injusto e de trevas para que todos aqueles que suspirem por um reino
justo o possam encontrá-lo em Jesus Cristo, pois se enganam todos aqueles que o
aguardam em qualquer outro.
Se as coisas eram assim nos dias do profeta Miqueias, cerca
de 600 a.C., quanto mais não serão em nossos dias, nos quais a iniquidade tem
se multiplicado?
Se desviarmos o nosso olhar de Jesus para os governantes
deste mundo, podemos nos preparar para ter muita frustação e tristeza, porque
não serão poucos os motivos para tal.
No contexto de toda a
sorte de coisas terríveis e pecaminosas que estavam acontecendo na nação de
Israel, o profeta diz de si mesmo: “Eu, porém, olharei
para o SENHOR e esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.”
Devemos seguir o seu exemplo se pretendemos encontrar justiça e paz em nossos
próprios dias.
Jesus sendo o criador dos céus e da Terra, sendo o governante
de tudo, recebeu o tratamento que lhe foi dirigido não somente pelos
governantes como do próprio povo ao qual pertencia, e temos nisto o exemplo
supremo do que se pode esperar do mundo, de seu povo e governantes.
O diálogo mantido com Pilatos, em que foi ironizado em vez de
ser julgado com justiça, podemos ver a linha divisória que Jesus estabeleceu
entre o Seu reino e os deste mundo:
“35 Replicou
Pilatos: Porventura, sou judeu? A tua própria gente e os principais sacerdotes
é que te entregaram a mim. Que fizeste?
36 Respondeu
Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu
reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu
entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.
37 Então, lhe
disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei.
Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da
verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” (Lucas
18.35-37).
O povo sempre procura um Barrabás para livrá-lo dos poderes opressores,
colocando sua esperança no homem, e não em Deus, e por isso rejeitam a Jesus
que é o único e eficaz libertador do diabo, do pecado e do mundo.
Daí decorre a instrução do Senhor para os crentes:
“25 Mas Jesus
lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados
benfeitores.
26 Mas vós não sois
assim; pelo contrário, o maior entre vós seja
como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve.
27 Pois qual é maior:
quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa?
Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve.
28 Vós sois os
que tendes permanecido comigo nas minhas tentações.
29 Assim como
meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio,
30 para que
comais e bebais à minha mesa no meu reino; e vos assentareis em
tronos para julgar as doze tribos de Israel.” (Lucas 22.25-30)
Quantos estão dispostos a seguir de fato a Jesus e as leis do Seu Reino?
Quantos amam de coração os Seus mandamentos? Quantos se encaixam no padrão dos
cidadãos do Reino que está descrito no Sermão do Monte? Quantos negam o seu
ego, carregam a cruz diariamente, seguindo os passos de Jesus? Os que podem
responder afirmativamente são os que pertencem de fato ao Reino do céu.
Não é quem se declara cristão que é necessariamente um cidadão do Reino,
porque, sendo diferente dos reinos deste mundo, não se participa deste reino
por voto ou por mera declaração de apoio verbal, mas por uma transformação
radical mediante a regeneração do Espírito Santo.
Está chegando o dia em que os reinos deste mundo passarão a ser
exclusivamente de Deus e de Cristo, conforme profetizado nas Escrituras:
“O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes
vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e
ele reinará pelos séculos dos séculos.” (Apocalipse 11.15).
“17 Estes
grandes animais, que são quatro, são quatro reis que se levantarão da terra.
18 Mas os
santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para
todo o sempre, de eternidade em eternidade.
19 Então, tive
desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de
todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro, cujas unhas eram
de bronze, que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobejava;
20 e também a
respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e do outro que subiu,
diante do qual caíram três, daquele chifre que tinha olhos e uma boca que
falava com insolência e parecia mais robusto do que os seus companheiros.
21 Eu olhava
e eis que este chifre fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles,
22 até que veio
o Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo; e veio o tempo em que
os santos possuíram o reino.
23 Então, ele
disse: O quarto animal será um quarto reino na terra, o qual
será diferente de todos os reinos; e devorará toda a
terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços.
24 Os dez
chifres correspondem a dez reis que se levantarão daquele
mesmo reino; e, depois deles, se levantará outro, o qual será diferente
dos primeiros, e abaterá a três reis.
25 Proferirá palavras
contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os
tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois
tempos e metade de um tempo.
26 Mas,
depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para
o destruir e o consumir até ao fim.
27 O reino, e
o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo
dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o
servirão e lhe obedecerão.” (Daniel 7.17-27).
As profecias em Daniel descrevem com precisão os reinos que se
levantariam sobre a Terra até que se cumprisse o tempo determinado por Deus
para o reino eterno de Cristo se manifestar sobre todo mundo depois dos dias do
Anticristo, o qual a propósito já deve estar até mesmo presente no mundo em
nossos dias, aguardando apenas a sua manifestação para efetuar tudo o que está
profetizado a respeito dele. É necessário que haja a apostasia a manifestação
dele, para que Jesus possa voltar com poder e grande glória.
Deus permite que todos estes governantes injustos se levantem sobre a
Terra, para sujeitar-lhes ao grande juízo no tempo do fim.
Alguém pode indagar em seu íntimo por que Deus permite que o ímpio
domine por tanto tempo sobre a Terra, mas podemos antever o Seu propósito
eterno nisto, principalmente para demonstrar que os homens não buscam o amor à
verdade como ela é em Cristo, e amam a mentira, a par de lutarem tanto por
liberdade, paz, segurança e justiça. Não propriamente as que são do Reino de
Deus, mas as que lhes garantisse prosperidade e paz mundanas.
Por isso são submetidos ao juízo do Senhor conforme pode ser visto em várias
passagens das Escrituras:
“9 Ora, o
aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e
sinais, e prodígios da mentira,
10 e com todo
engano de injustiça aos que perecem, porque não
acolheram o amor da verdade para serem salvos.
11 É por este
motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à
mentira,
12 a fim de
serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade;
antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.” (2
Tessalonicenses 2.9-12)
Especialmente a Europa se encaixa nesta palavra em nossos dias, em que
tantos apostataram da fé, voltando as costas definitivamente para o Senhor.
Quando a nação de Israel estava às portas do juízo que lhe viria em
razão da infidelidade deles e abandono de Deus, os profetas foram levantados
para anunciarem as coisas que teriam que sofrer, e pela mesma palavra somos
exortados ao arrependimento para que possamos escapar do julgamento que se
encontra às portas.
Veja o que Deus disse através do profeta Jeremias:
Jeremias – 2
1 A mim me
veio a palavra do SENHOR, dizendo:
2 Vai e
clama aos ouvidos de Jerusalém: Assim diz o SENHOR: Lembro-me
de ti, da tua afeição quando eras jovem, e do teu amor quando noiva, e de como
me seguias no deserto, numa terra em que se não semeia.
3 Então, Israel
era consagrado ao SENHOR e era as primícias da sua colheita; todos os que o
devoraram se faziam culpados; o mal vinha sobre eles, diz o SENHOR.
4 Ouvi a
palavra do SENHOR, ó casa de Jacó e todas as famílias da casa de Israel.
5 Assim diz
o SENHOR: Que injustiça acharam vossos pais em mim, para de mim se afastarem,
indo após a nulidade dos ídolos e se tornando nulos eles mesmos,
6 e sem
perguntarem: Onde está o SENHOR, que nos fez subir da terra do
Egito? Que nos guiou através do deserto, por uma terra de ermos e de covas, por
uma terra de sequidão e sombra de morte, por uma terra em que ninguém
transitava e na qual não morava homem algum?
7 Eu vos
introduzi numa terra fértil, para que comêsseis o
seu fruto e o seu bem; mas, depois de terdes entrado nela, vós a contaminastes
e da minha herança fizestes abominação.
8 Os
sacerdotes não disseram: Onde está o SENHOR? E os que tratavam da
lei não me conheceram, os pastores prevaricaram contra mim, os profetas
profetizaram por Baal e andaram atrás de coisas de nenhum proveito.
9 Portanto,
ainda pleitearei convosco, diz o SENHOR, e até com os filhos de vossos filhos
pleitearei.
10 Passai às terras
do mar de Chipre e vede; mandai mensageiros a Quedar, e atentai bem, e vede se
jamais sucedeu coisa semelhante.
11 Houve
alguma nação que trocasse os seus deuses, posto que não eram
deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum
proveito.
12 Espantai-vos
disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai estupefatos, diz o SENHOR.
13 Porque
dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas
vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas.
14 Acaso, é Israel
escravo ou servo nascido em casa? Por que, pois, veio a ser presa?
15 Os leões novos
rugiram contra ele, levantaram a voz; da terra dele fizeram uma desolação; as
suas cidades estão queimadas, e não há quem nelas habite.
16 Até os filhos
de Mênfis e de Tafnes te pastaram o alto da cabeça.
17 Acaso,
tudo isto não te sucedeu por haveres deixado o SENHOR, teu Deus, quando te guiava
pelo caminho?
18 Agora,
pois, que lucro terás indo ao Egito para beberes as águas do
Nilo; ou indo à Assíria para beberes as águas do Eufrates?
19 A tua malícia te
castigará, e as tuas infidelidades te repreenderão; sabe,
pois, e vê que mau e quão amargo é deixares o SENHOR, teu Deus, e não teres
temor de mim, diz o Senhor, o SENHOR dos Exércitos.
20 Ainda que
há muito quebrava eu o teu jugo e rompia as tuas ataduras, dizias tu: Não quero
servir-te. Pois, em todo outeiro alto e debaixo de toda árvore frondosa, te
deitavas e te prostituías.
21 Eu mesmo
te plantei como vide excelente, da semente mais pura; como, pois, te tornaste
para mim uma planta degenerada, como de vide brava?
22 Pelo que
ainda que te laves com salitre e amontoes potassa, continua a mácula da tua
iniquidade perante mim, diz o SENHOR Deus.
23 Como podes
dizer: Não estou maculada, não andei após os
baalins? Vê o teu rasto no vale, reconhece o que fizeste, dromedária nova
de ligeiros pés, que andas ziguezagueando pelo caminho;
24 jumenta
selvagem, acostumada ao deserto e que, no ardor do cio, sorve o vento. Quem a
impediria de satisfazer ao seu desejo? Os que a procuram não têm de
fatigar-se; no mês dela a acharão.
25 Guarda-te
de que os teus pés andem desnudos e a tua garganta tenha sede.
Mas tu dizes: Não, é inútil; porque amo os estranhos e após eles irei.
26 Como se
envergonha o ladrão quando o apanham, assim se envergonham os da
casa de Israel; eles, os seus reis, os seus príncipes, os
seus sacerdotes e os seus profetas,
27 que dizem
a um pedaço de madeira: Tu és meu pai; e à pedra: Tu
me geraste. Pois me viraram as costas e não o rosto; mas, em vindo a
angústia, dizem: Levanta-te e livra-nos.
28 Onde,
pois, estão os teus deuses, que para ti mesmo fizeste? Eles que se levantem se te
podem livrar no tempo da tua angústia; porque os teus deuses, ó Judá, são
tantos como as tuas cidades.
29 Por que contendeis
comigo? Todos vós transgredistes contra mim, diz o SENHOR.
30 Em vão
castiguei os vossos filhos; eles não aceitaram a minha disciplina; a vossa
espada devorou os vossos profetas como leão destruidor.
31 Oh! Que
geração! Considerai vós a palavra do SENHOR. Porventura, tenho eu
sido para Israel um deserto? Ou uma terra da mais espessa escuridão? Por que,
pois, diz o meu povo: Somos livres! Jamais tornaremos a ti?
32 Acaso, se
esquece a virgem dos seus adornos ou a noiva do seu cinto? Todavia, o meu povo
se esqueceu de mim por dias sem conta.
33 Como dispões bem os
teus caminhos, para buscares o amor! Pois até às mulheres perdidas os
ensinaste.
34 Nas orlas
dos teus vestidos se achou também o sangue de pobres e inocentes,
não surpreendidos no ato de roubar. Apesar de todas estas coisas,
35 ainda
dizes: Estou inocente; certamente, a sua ira se desviou de mim. Eis que
entrarei em juízo contigo, porquanto dizes: Não pequei.
36 Que mudar
leviano é esse dos teus caminhos? Também do Egito serás
envergonhada, como foste envergonhada da Assíria.
37 Também daquele
sairás de mãos na cabeça; porque o SENHOR rejeitou aqueles em quem
confiaste, e não terás sorte por meio deles.
Jeremias – 5
1 Dai voltas
às ruas de Jerusalém; vede agora, procurai saber, buscai pelas suas
praças a ver se achais alguém, se há um homem que pratique a justiça ou busque
a verdade; e eu lhe perdoarei a ela.
2 Embora digam:
Tão certo como vive o SENHOR, certamente, juram falso.
3 Ah!
SENHOR, não é para a fidelidade que atentam os teus olhos? Tu os feriste, e não
lhes doeu; consumiste-os, e não quiseram receber a disciplina; endureceram o
rosto mais do que uma rocha; não quiseram voltar.
4 Mas eu
pensei: são apenas os pobres que são insensatos, pois não sabem o
caminho do SENHOR, o direito do seu Deus.
5 Irei aos
grandes e falarei com eles; porque eles sabem o caminho do SENHOR, o direito do
seu Deus; mas estes, de comum acordo, quebraram o jugo e romperam as algemas.
6 Por isso,
um leão do bosque os matará, um lobo dos desertos os assolará, um leopardo
estará à espreita das suas cidades; qualquer que sair delas será despedaçado;
porque as suas transgressões se multiplicaram, multiplicaram-se as suas
perfídias.
7 Como,
vendo isto, te perdoaria? Teus filhos me deixam a mim e juram pelos que não são
deuses; depois de eu os ter fartado, adulteraram e em casa de meretrizes se
ajuntaram em bandos;
8 como
garanhões bem fartos, correm de um lado para outro, cada um rinchando à mulher do
seu companheiro.
9 Deixaria
eu de castigar estas coisas, diz o SENHOR, ou não me vingaria de nação como
esta?
10 Subi vós aos
terraços da vinha, destruí-a, porém não de todo;
tirai-lhe as gavinhas, porque não são do
SENHOR.
11 Porque
perfidamente se houveram contra mim, a casa de Israel e a casa de Judá, diz o
SENHOR.
12 Negaram ao
SENHOR e disseram: Não é ele; e: Nenhum mal nos sobrevirá; não veremos espada
nem fome.
13 Até os
profetas não passam de vento, porque a palavra não está com eles, as suas
ameaças se cumprirão contra eles mesmos.
14 Portanto,
assim diz o SENHOR, o Deus dos Exércitos: Visto que proferiram eles tais
palavras, eis que converterei em fogo as minhas palavras na tua boca e a este
povo, em lenha, e eles serão consumidos.
15 Eis que
trago sobre ti uma nação de longe, ó casa de
Israel, diz o SENHOR; nação robusta, nação antiga, nação cuja língua ignoras; e
não entendes o que ela fala.
16 A sua
aljava é como uma sepultura aberta; todos os seus homens são
valentes.
17 Comerão a tua
sega e o teu pão, os teus filhos e as tuas filhas; comerão as tuas
ovelhas e o teu gado; comerão a tua vide e a tua figueira; e
com a espada derribarão as tuas cidades fortificadas, em que
confias.
18 Contudo,
ainda naqueles dias, diz o SENHOR, não vos destruirei de todo.
19 Quando
disserem: Por que nos fez o SENHOR, nosso Deus, todas estas coisas? Então, lhes
responderás: Como vós me deixastes e servistes a deuses estranhos na vossa
terra, assim servireis a estrangeiros, em terra que não é vossa.
20 Anunciai
isto na casa de Jacó e fazei-o ouvir em Judá, dizendo:
21 Ouvi agora
isto, ó povo insensato e sem entendimento, que tendes olhos e não vedes,
tendes ouvidos e não ouvis.
22 Não temereis
a mim? – diz o SENHOR; não tremereis diante de mim, que pus a areia para limite
do mar, limite perpétuo, que ele não traspassará? Ainda que se levantem as suas
ondas, não prevalecerão; ainda que bramem, não o traspassarão.
23 Mas este
povo é de coração rebelde e contumaz; rebelaram-se e foram-se.
24 Não dizem a
eles mesmos: Temamos agora ao SENHOR, nosso Deus, que nos dá a seu tempo a
chuva, a primeira e a última, que nos conserva as semanas determinadas da sega.
25 As vossas
iniquidades desviam estas coisas, e os vossos pecados afastam de vós o bem.
26 Porque
entre o meu povo se acham perversos; cada um anda espiando, como espreitam os
passarinheiros; como eles, dispõem armadilhas e prendem os homens.
27 Como a
gaiola cheia de pássaros, são as suas casas cheias de
fraude; por isso, se tornaram poderosos e enriqueceram.
28 Engordam,
tornam-se nédios e ultrapassam até os feitos dos malignos; não defendem
a causa, a causa dos órfãos, para que prospere; nem
julgam o direito dos necessitados.
29 Não castigaria
eu estas coisas? – diz o SENHOR; não me vingaria eu de nação
como esta?
30 Coisa
espantosa e horrenda se anda fazendo na terra:
31 os
profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas
com eles; e é o que deseja o meu povo. Porém que fareis quando estas
coisas chegarem ao seu fim?
Jeremias – 9
1 Prouvera a
Deus a minha cabeça se tornasse em águas, e os
meus olhos, em fonte de lágrimas! Então, choraria de dia e de
noite os mortos da filha do meu povo.
2 Prouvera a
Deus eu tivesse no deserto uma estalagem de caminhantes! Então,
deixaria o meu povo e me apartaria dele, porque todos eles são adúlteros, são um bando
de traidores;
3 curvam a língua, como
se fosse o seu arco, para a mentira; fortalecem-se na terra, mas não para a
verdade, porque avançam de malícia em malícia e não me conhecem, diz o SENHOR.
4 Guardai-vos
cada um do seu amigo e de irmão nenhum vos fieis; porque todo
irmão não faz mais do que enganar, e todo amigo anda caluniando.
5 Cada um
zomba do seu próximo, e não falam a verdade; ensinam
a sua língua a proferir mentiras; cansam-se de praticar a iniquidade.
6 Vivem no
meio da falsidade; pela falsidade recusam conhecer-me, diz o SENHOR.
7 Portanto,
assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eis que eu os acrisolarei e os provarei;
porque de que outra maneira procederia eu com a filha do meu povo?
8 Flecha
mortífera é a língua deles; falam engano; com a boca fala cada um de paz com o seu
companheiro, mas no seu interior lhe arma ciladas.
9 Acaso, por
estas coisas não os castigaria? – diz o SENHOR; ou não me vingaria eu de nação
tal como esta?
10 Pelos
montes levantarei choro e pranto e pelas pastagens do deserto, lamentação; porque
já estão queimadas, e ninguém passa por elas; já não se ouve
ali o mugido de gado; tanto as aves dos céus como os animais fugiram e se
foram.
11 Farei de
Jerusalém montões de ruínas, morada de chacais; e das cidades de Judá farei uma
assolação, de sorte que fiquem desabitadas.
12 Quem é o homem
sábio, que entenda isto, e a quem falou a boca do SENHOR, homem que possa
explicar por que razão pereceu a terra e se queimou como deserto, de sorte que
ninguém passa por ela?
13 Respondeu
o SENHOR: Porque deixaram a minha lei, que pus perante eles, e não deram
ouvidos ao que eu disse, nem andaram nela.
14 Antes,
andaram na dureza do seu coração e seguiram os baalins, como lhes
ensinaram os seus pais.
15 Portanto,
assim diz o SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que alimentarei este povo
com absinto e lhe darei a beber água venenosa.
16 Espalhá-los-ei
entre nações que nem eles nem seus pais conheceram; e enviarei a espada após eles, até que eu
venha a consumi-los.
17 Assim diz
o SENHOR dos Exércitos: Considerai e chamai carpideiras, para que venham;
mandai procurar mulheres hábeis, para que venham.
18 Apressem-se
e levantem sobre nós o seu lamento, para que os nossos olhos se
desfaçam em lágrimas, e as nossas pálpebras destilem água.
19 Porque uma
voz de pranto se ouve de Sião: Como estamos arruinados!
Estamos sobremodo envergonhados, porque deixamos a terra, e eles transtornaram
as nossas moradas.
20 Ouvi,
pois, vós, mulheres, a palavra do SENHOR, e os vossos ouvidos recebam a palavra
da sua boca; ensinai o pranto a vossas filhas; e, cada uma à sua companheira, a
lamentação.
21 Porque a
morte subiu pelas nossas janelas e entrou em nossos palácios;
exterminou das ruas as crianças e os jovens, das praças.
22 Fala:
Assim diz o SENHOR: Os cadáveres dos homens jazerão como esterco sobre o campo
e cairão como gavela atrás do segador, e não há quem a recolha.
23 Assim diz
o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força,
nem o rico, nas suas riquezas;
24 mas o que
se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço
misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o
SENHOR.
25 Eis que vêm dias,
diz o SENHOR, em que castigarei a todos os circuncidados juntamente com os
incircuncisos:
26 ao Egito,
e a Judá, e a Edom, e aos filhos de Amom, e a Moabe, e a todos os que cortam os
cabelos nas têmporas e habitam no deserto; porque todas as nações são
incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração.
Quando lemos todo livro do profeta Jeremias encontramos ali muitos
juízos contra o pecado tanto de Israel quanto das demais nações, mas também há
boas promessas de restauração dos que viessem a se arrepender, especialmente
pela nova aliança que seria feita com eles através de Jesus Cristo.
Assim tem sido e será até que Cristo volte, porque, na verdade, a grande
batalha que há é entre aqueles que amam a Deus e os que o odeiam. Os que amam a
verdade e os que amam a mentira. Os que lutam contra o pecado e aqueles que o
amam. E a raiz de tudo se encontra no grande conflito das eras entre Satanás e
Cristo.
Fora de Cristo, tudo é morte e juízo. Em Cristo, tudo é vida e paz.
Quando desviamos as nossas expectativas e esperanças do Senhor, e as depositamos
nos governantes e magistrados deste mundo, estamos incorrendo numa grande
ilusão e nos sujeitando a sermos julgados por Deus. “Assim diz o SENHOR:
Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o
seu coração do SENHOR!” (Jeremias 17.5).
É sobre o Senhor que devemos lançar nossos fardos e cuidados, e não
sobre qualquer outra criatura como nós, por mais investida de poder que ela
esteja neste mundo. Não é sequer em anjos ou arcanjos que devemos colocar a
nossa esperança, senão somente no Senhor.
“25 Bom é o SENHOR
para os que esperam por ele, para a alma que o busca.
26 Bom é aguardar
a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio.” (Lamentações de Jeremias 3.25,26).
“18 Eis que os
olhos do SENHOR estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua
misericórdia,
19 para
livrar-lhes a alma da morte, e, no tempo da fome, conservar-lhes a vida.
20 Nossa alma
espera no SENHOR, nosso auxílio e escudo.” (Salmo 33.18-20).
“7 Descansa
no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu
caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.
8 Deixa a
ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal.
9 Porque os
malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão
a terra.
10 Mais um
pouco de tempo, e já não existirá o ímpio;
procurarás o seu lugar e não o acharás.
11 Mas os
mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de
paz.” (Salmo 37.7-11).
“Agrada-se o SENHOR dos que o temem e dos que esperam na sua
misericórdia.” (Salmo 147.11).
“1 Os que
confiam no SENHOR são como o monte Sião, que não se abala, firme para sempre.
2 Como em
redor de Jerusalém estão os montes, assim o SENHOR, em derredor do seu povo,
desde agora e para sempre.
3 O cetro
dos ímpios não permanecerá sobre a sorte dos justos, para que o justo não estenda
a mão à iniquidade.
4 Faze o
bem, SENHOR, aos bons e aos retos de coração.” (Salmo 125.11)
“4 Nossos
pais confiaram em ti; confiaram, e os livraste.
5 A ti
clamaram e se livraram; confiaram em ti e não foram confundidos.”
(Salmo 22.4,5)
Que liberdade é a que o mundo procura e que deixa Deus do lado de fora?
Que amor? Que justiça? Que paz? Que segurança? Se for apenas de coisas ruins
que lhe possam ocorrer aqui embaixo, o que será depois quando se encontrar
lançado fora do céu para sempre? Nossa esperança em Cristo não é apenas para
este mundo, mas para a vida eterna.
Apêndice:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da
nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam
debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual
eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei
determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento
substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que
seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi
gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme
representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos
alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o corpo
de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o sangue
de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua vida em
nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que sendo
diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que nunca nos
desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas
imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito nestes
sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central relativa
ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de forma
resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi
feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para
garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a
glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que
busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração permanece
apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo santo para
a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo
é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo
desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que
nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o testemunho
de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por
graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios
desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós mesmos,
jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a aliança
poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais poderíamos
fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e
Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum ofertante ou
oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo sacerdote escolhido
por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai
para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação eternas, senão somente
nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito
Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
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