Por
Thomas Watson (1620-1686)
Traduzido,
Adaptado e
Editado por
Silvio Dutra
W337
Watson,
Thomas (1620-1686)
Amor a Deus – Thomas Watson
Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra –
Rio de Janeiro, 2019
40p.; 14,8 x 21cm
1. Teologia. 2. Amor 2.Fé. 3.
Graça.
Silvio Dutra I. Título
CDD 230
|
Introdução pelo Tradutor:
Não teríamos
nenhum amor a Deus caso Ele não nos tivesse amado primeiro, desde antes da
fundação do mundo, com um amor eterno, que foi manifestado a nós por meio da
chamada à conversão a Jesus Cristo.
Desde então, somos em nós mesmos, caso sejamos autênticos crentes, uma
grande prova de que Deus é amor, de seu amor divino pelos pecadores, pois é
pelo amor derramado pelo Espírito Santo em nossos corações que somos movidos a amar até os
nossos inimigos, na expectativa de que se arrependam e passem também a
compartilhar deste mesmo amor que procede de Deus.
Quando nosso Senhor Jesus se dirigiu ao apóstolo Pedro, depois que este o
havia negado, Ele lhe perguntou por três vezes seguidas se Pedro o amava,
querendo infundir nele a convicção que apesar de ter falhado na ocasião da
negação, havia um genuíno amor por Deus em Pedro, pois isto lhe foi concedido
pela graça que lhe fora comunicada quando creu em Jesus. E onde este amor é
derramado é para sempre, para durar pela eternidade afora.
Um ponto interessante na abordagem que Jesus fizera a Pedro foi de que
comprovasse para si mesmo que de fato O amava, apascentando as Suas ovelhas, o
que Pedro fez e não poderia deixar de fazer por causa do amor de Cristo que o
movia a isto.
Assim como sucedeu a Pedro, sucede também a todos os discípulos de Jesus,
que são movidos para orar pelos pecadores e abençoá-los, porque sabem que do
mesmo modo que Jesus procedeu com eles também está disposto a fazer em relação
a outros pecadores que se arrependam de seus pecados.
Ele fará com que sejam participantes do Seu amor sobrenatural, celestial,
espiritual, divino, e que suporta e vence todas as circunstâncias difíceis.
Desse amor, o apóstolo Paulo escreveu em I Coríntios 13, para que
saibamos que não se trata de mero afeto natural, pois suas raízes não estão
fincadas neste mundo, mas no céu, de onde procede para produzir frutos para
Deus.
“1 Ainda que
eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o
bronze que soa ou como o címbalo que retine.
2 Ainda que
eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e
toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar
montes, se não tiver amor, nada serei.
3 E ainda
que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu
próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.
4 O amor é paciente,
é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se
ufana, não se ensoberbece,
5 não se
conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não
se exaspera, não se ressente do mal;
6 não se
alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;
7 tudo
sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor
jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo
línguas, cessarão; havendo ciência, passará;
9 porque, em
parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.
10 Quando,
porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte
será aniquilado.
11 Quando eu
era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando
cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.
12 Porque,
agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos
face a face. Agora, conheço em parte; então,
conhecerei como também sou conhecido.
13 Agora,
pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o
maior destes é o amor.”
" Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." (Romanos
8.28)
Desprezadores de Deus e que o
odeiam, não têm muito ou parte nesse privilégio. É pão infantil, pertence
apenas àqueles que amam a Deus. Porque o amor é o próprio coração e espírito da
religião. Eu tratarei mais plenamente disso; e, para uma discussão mais
aprofundada, notemos essas cinco coisas relativas ao amor a Deus.
1. A natureza do amor a Deus. O amor é uma expansão
da alma. ou a inflamação das afeições, pelas quais o cristão busca a Deus como
bem supremo e soberano. O amor é para a alma como o pêndulo do relógio, ele inclina
a alma em direção a Deus, como as asas pelas quais voamos para o céu. Pelo amor
nos apegamos a Deus, como a agulha da bússola ao Norte.
2. O fundamento do amor a Deus; isto é,
conhecimento. Não podemos amar aquilo que não conhecemos. Para que nosso amor
seja atraído a Deus, precisamos conhecer estas três coisas nEle:
(I.) A plenitude (Col. 1. 17-19 – “Ele é antes de
todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do
corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre
os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que,
nele, residisse toda a plenitude.”). Ele tem plenitude de graça para
nos purificar e de glória para nos coroar; uma plenitude não apenas de
suficiência, mas de redundância. Ele é um mar de bondade sem fundo e margens.
II.) A liberdade. Deus tem uma propensão inata de
dispensar misericórdia e graça; Ele cai como o favo de mel. "Quem quiser.
Tire da água da vida livremente" (Apocalipse 22.17). Deus não exige que
tragamos dinheiro conosco, apenas apetite.
(III.) Uma propriedade. Devemos saber que essa
plenitude em Deus é nossa. "Este Deus é o nosso Deus" (Salmo 68.14).
Aqui está o fundamento do amor - Sua Deidade, e o interesse que temos nEle.
3. Os tipos de amor, que vou ramificar nestes três:
(I.) Há um amor pela apreciação. Quando atribuímos a
Deus um alto valor como o bem mais sublime e infinito, estimamos a Deus, pois,
se o temos, não nos importamos, embora tenhamos falta de todas as outras
coisas. As estrelas desaparecem quando o sol aparece. Todas as criaturas
desaparecem em nossos pensamentos quando o Sol da justiça brilha em Seu pleno
esplendor.
(II.) Um amor de complacência e prazer - como um
homem se deleita com um amigo a quem ama. A alma que ama a Deus se alegra nEle
como em seu tesouro, e repousa nEle como em seu centro. O coração que está tão
voltado para Deus não deseja mais do que Ele. "Mostra-nos o Pai, e isto
basta" (João 14.8).
(III.) Um amor de benevolência - que é um desejo de
bem para a causa de Deus. Aquele que é carinhoso em afeição ao amigo. deseja
toda felicidade para ele. Isso é amar a Deus quando somos benfeitores.
Desejamos que Seu interesse prevaleça. Nosso voto e oração é para que Seu nome
seja honrado; para que Seu evangelho, que é a vara de Sua força, possa, como a
vara de Arão, florescer e dar frutos.
4. As propriedades do amor.
(I.) Nosso amor a Deus deve ser completo, e que, em
relação ao assunto, deve estar com todo o coração. "Amarás o Senhor teu
Deus de todo o coração" (Marcos 12. 30). Na lei antiga, um sumo sacerdote
não deveria se casar com uma viúva, nem com uma prostituta - nem com uma viúva,
porque ele não teve seu primeiro amor; nem com prostituta, porque ele não tinha
todo o amor dela. Deus terá todo o coração. "O coração deles está
dividido" (Oseias 10. 2). A verdadeira mãe não teria o filho dividido; e
Deus não terá o coração dividido. Deus não será um preso, pois terá apenas um
quarto no coração, e todos os outros quartos deixarão de pecar. Deve ser um
amor inteiro.
(II.) Deve ser um amor sincero. "A graça seja
com todos os que amam sinceramente nosso Senhor Jesus" (Efésios 6. 24).
Sincero; alude ao mel que é bastante puro. Nosso amor a Deus é sincero, quando
é puro e sem interesse próprio: é o que os homens da escola chamam de amor à
amizade. Devemos amar a Cristo, como diz Agostinho, por Si mesmo: como amamos o
vinho doce por seu sabor. A beleza e o amor de Deus devem ser os dois pilares
para atrair nosso amor a ele. Alexandre tinha dois amigos, Hefestion e
Craterus, dos quais disse: "Hefestion me ama porque eu sou Alexandre;
Craterus me ama porque eu sou o rei Alexandre". Um amava sua pessoa, o
outro amava seus dons. Muitos amam a Deus porque Ele lhes dá trigo e vinho, e
não por Suas excelências intrínsecas. Devemos amar a Deus mais pelo que Ele é,
do que pelo que Ele concede. O verdadeiro amor não é mercenário. Você não
precisa contratar uma mãe para amar seu filho: uma alma profundamente
apaixonada por Deus não precisa ser contratada por recompensas. Ele não pode
deixar de amá-lo por aquele brilho de beleza que brilha nele.
(III.) Deve ser um amor fervoroso. A palavra
hebraica para amor significa ardência de afeto. Os santos devem ser serafins,
ardendo em amor santo. Amar alguém friamente é o mesmo que não amá-lo. O sol brilha
o mais quente possível. Nosso amor a Deus deve ser intenso e veemente; como
carvões de zimbro, que são mais agudos e ferventes (Salmo 120. 4). Nosso amor
por coisas transitórias deve ser indiferente; devemos amar como se não
amassássemos (1 Coríntios 7. 30). Mas nosso amor a Deus deve incendiar-se. O
cônjuge estava cansado de amar a Cristo (Cantares 51. 5). Nunca podemos amar a
Deus como Ele merece. Como Deus nos castiga é menos do que merecemos (Esdras 9.
13), assim, amando-O é menos do que Ele merece.
(IV.) O amor a Deus deve ser ativo. É como o fogo,
que é o elemento mais ativo; é chamado de trabalho do amor (1 Tessalonicenses
1: 3). O amor não é graça ociosa; coloca a cabeça estudando para Deus, os pés
correndo nos caminhos de Seus mandamentos. "O amor de Cristo nos constrange"
(2 Coríntios 5. 14). As pretensões de amor são insuficientes.
O amor verdadeiro não é visto apenas no final da
língua, mas no final do dedo; é o trabalho do amor. Os seres vivos mencionados
em Ezequiel 1. 8, tinham asas - um emblema de um bom cristão. Ele não tem
apenas as asas da fé para voar, mas com as mãos debaixo das asas: ele trabalha
por amor, gasta e é gasto para Cristo.
(V.) O amor é liberal. Tem sinais de amor para doar
(1 Coríntios 13. 4). O amor é gentil. O amor não tem apenas uma língua limpa,
mas um coração bondoso. O coração de Davi foi aceso com amor a Deus, e ele não
ofereceu a Deus aquilo que não lhe custou nada (2 Samuel 24. 24). O amor não é
apenas cheio de benevolência, mas de beneficência.
O amor que amplia o coração nunca encurta a mão.
Aquele que ama a Cristo será liberal para com seus membros. Ele será olhos para
os cegos e pés para os coxos. As costas e as barrigas dos pobres serão os
sulcos onde ele semeia as sementes douradas da liberalidade.
Alguns dizem que amam a Deus, mas o amor deles é
coxo de uma mão, eles não dão nada para bons usos. De fato, a fé lida com o
invisível, mas Deus odeia aquele amor que é invisível.
O amor é como vinho novo, que terá vazão; ele se
exala em boas obras.
O apóstolo fala isso em homenagem aos macedônios,
que eles deram aos santos pobres, até mesmo além de seu poder (2 Coríntios 8.
3). O amor que é produzido na corte, é uma graça nobre e maravilhosa.
(VI.) O amor a Deus é peculiar. Aquele que é amante de Deus Lhe dedica um
amor que ele não concede a mais ninguém. Como Deus dá a Seus filhos um amor que
Ele não concede aos iníquos que elegem e adotam o amor; assim, um coração
gracioso dá a Deus um amor distintivo tão especial como ninguém mais pode
compartilhar. "Porque zelo por vós com zelo
de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a
um só esposo, que é Cristo.", (2 Coríntios 11. 2). Uma esposa casada com um
marido lhe dá um amor que ela não tem por mais ninguém; ela não se separa de
seu amor conjugal com ninguém além do marido. Assim, um santo que é casado com
Cristo lhe dá uma peculiaridade de amor, um amor incomunicável a qualquer
outro, a saber, um amor unido à adoração.
Não apenas o amor é dado a Deus, mas à alma. "Um jardim fechado é
minha irmã, minha esposa" (Cantares 4. 12). O coração de um crente é o
jardim de Cristo. A flor que cresce nele é o amor misturado com a adoração
divina, e esta flor é apenas para uso de Cristo.
(VII.) O amor a Deus é permanente. É como o fogo que
as virgens vestais mantêm em Roma, que não se apaga. O verdadeiro amor
transborda, mas não acaba.
Amor a Deus, como é sincero sem hipocrisia, por isso
é constante.
O amor é como o pulso do corpo, sempre batendo; não
é uma terra, mas uma inundação de uma fonte.
Como os homens maus são apaixonados constantemente
por seus pecados, nem a vergonha, nem a doença, nem o medo do inferno os farão
desistir de seus pecados; assim, nada pode impedir o amor de um cristão por
Deus.
Nada pode vencer o amor, nenhuma dificuldade ou
oposição. "O amor é forte como a sepultura" (Cantares 8. 6). O túmulo
engole os corpos mais fortes; então o amor engole as maiores dificuldades.
"As muitas águas não podem apagar o amor" (Cantares 8. 7). Nem as
águas doces do prazer, nem as águas amargas da perseguição.
O amor a Deus permanece firme até a morte. "E, assim, habite Cristo no vosso coração, pela
fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor,"
(Efésios 3. 17).
Coisas leves, como palha e penas, são rapidamente
jogadas fora, mas uma árvore enraizada permanece na tempestade; aquele que está
enraizado no amor permanece. O verdadeiro amor nunca acaba.
5. O grau de amor. Devemos amar a Deus acima de
todos os outros objetos. "Não há nada na terra que eu deseje além de
ti" (Salmo 73. 25). Deus é a quintessência de todas as coisas boas, Ele é
superlativamente bom. A alma que vê uma supereminência em Deus e admira nEle
aquela constelação de todas as excelências, é realizada no amor a Ele no mais
alto grau.
A medida de nosso amor a Deus, diz Bernard, deve ser
amá-lo sem medida. Deus, que é o chefe de nossa felicidade, deve ser o chefe de
nossas afeições. A criatura pode ter o leite do nosso amor, mas Deus deve ter o
creme. O amor a Deus deve estar acima de todas as outras coisas, como o óleo flutua
acima da água.
Devemos amar a Deus mais do que parentes. Como no caso de Abraão oferecer
Isaque; que sendo filho de sua velhice, sem dúvida, ele o amava inteiramente e
o adorava; mas quando Deus disse: "Abraão, ofereça teu filho" (Gênesis
22. 2), embora isso parecesse algo não apenas para se opor à sua razão, mas à
sua fé, pois o Messias viria de Isaque, e se ele for cortado, onde o mundo terá
um mediador? Contudo, essa era a força da fé de Abraão e a ardência de seu amor
a Deus, que ele pegaria a faca do sacrifício e deixaria fluir o sangue de
Isaque. Nosso bendito Salvador fala em aborrecer pai e mãe (Lucas 14. 26 – “Se alguém vem a
mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e
irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida,
não pode ser meu discípulo.”). Cristo
não quer que sejamos antinaturais; mas se nossas mais queridas relações se
interpuserem em nosso caminho e nos afastarem de Cristo, devemos passar por
cima delas ou não conhecê-las (Deuteronômio 33. 9). Embora algumas gotas de
amor possam correr ao lado de nossa família e aliança, ainda assim a torrente
completa deve correr atrás de Cristo. Os familiares podem estar no seio, mas
Cristo deve estar no coração.
Devemos amar a Deus mais do que nossa propriedade. "Porque não somente
vos compadecestes dos encarcerados, como também aceitastes com alegria o
espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio
superior e durável." (Hebreus 10. 34). Eles ficaram felizes por
terem algo a perder para Cristo. Se o mundo for colocado em um prato da balança,
e Cristo no outro, Ele deve pesar mais.
E é assim? Deus tem o quarto mais alto em nossos afetos?
Plutarco diz: "Quando um ditador foi criado em Roma, toda outra
autoridade foi suspensa para o tempo". Então, quando o amor de Deus domina
o coração, todo outro amor é suspenso, e não há nada em comparação com esse
amor.
Aplicação: Uma forte reprovação para aqueles que não
amam a Deus.
Isso pode servir para uma forte reprovação a pessoas
que não têm um pingo de amor a Deus em seus corações - e existem tais
criminosos vivos? Quem não ama a Deus é um animal com a cabeça de homem. Oh
miserável! Você vive em Deus todos os dias, mas não o ama? Se alguém tivesse um
amigo que lhe desse dinheiro continuamente e lhe desse todo o seu subsídio, ele
não seria pior do que um bárbaro, se não respeitasse esse amigo? Esse amigo é
Deus; Ele respira fundo, concede a você um meio de subsistência, e você não o
amará? Você amará seu príncipe se ele salvar sua vida, e você não amará Deus
que lhe dá sua vida? Que pedra de carga é tão poderosa para atrair amor, como a
Deidade abençoada?
É cego aquele
a quem a beleza não atrai; que não é atraído pelos cordões do amor. Quando o
corpo está frio e não tem calor, é um sinal de morte: aquele homem está morto e
não tem calor de amor em sua alma para Deus. Como pode esperar amor de Deus, aquele
que não mostra amor a Ele? Será que Deus teria uma tal víbora em seu colo, quando
lança o veneno da maldade e inimizade contra Ele?
Essa repreensão pesa sobre os infiéis desta era, que
estão tão longe de amar a Deus, que fazem tudo o que podem para mostrar seu
ódio por Ele.
(Imaginamos o que Thomas Watson teria dito caso
tivesse vivido em nossos dias! – nota do tradutor).
"O aspecto do seu rosto testifica contra eles; e, como Sodoma, publicam o
seu pecado e não o encobrem. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos." (Isaías
3. 9). "Contra os céus desandam a boca, e a sua língua
percorre a terra." (Salmo 73. 9), com orgulho e blasfêmia, e oferecem um
desafio aberto a Deus. Estes são monstros da natureza, demônios em forma de
homem. Que eles leiam seu destino: "Se alguém não ama ao Senhor Jesus
Cristo, seja anátema-maranata" (1 Coríntios 16. 22), isto é, seja
amaldiçoado por Deus, até que Cristo venha para julgamento. Seja ele o herdeiro
da maldição enquanto vive, e no terrível dia do Senhor, ouça aquela sentença de
cortar o coração pronunciada contra ele: "Apartai-vos de mil malditos".
Nota do Tradutor:
O autor não está amaldiçoando ninguém com estas
palavras. A propósito, ele nem o faria, como não deveria, pois sabia muito bem
que não devemos amaldiçoar, mas bendizer até mesmo os que nos perseguem e
odeiam. Ainda mais Thomas Watson jamais o faria, porque era um servo piedoso e
amoroso de Deus, que alcançou muitas almas para Cristo com o seu testemunho de
vida, e que ainda continua abençoando a muitos mesmo depois de morto, pois nos
fala ao coração através dos seus escritos.
Estas palavras finais são extraídas das próprias
Escrituras nas quais somos alertados quanto ao que sucederá àqueles que
permanecerem odiando a Deus, em vez de se converterem a Ele.
Quem ama, adverte, repreende, exorta, disciplina,
buscando livrar da ruína eterna as almas daqueles que andam por caminhos
tortuosos, e é isto o que o autor faz em
plena fidelidade à ordenança de Deus, de que a verdade seja pregada a toda
criatura debaixo do céu.
Deus não tem prazer na morte eterna de ninguém, mas
cada um escolhe o seu próprio destino eterno, apesar de uma tão imensa
oportunidade e demonstração de amor estarem sendo abertos a todas as pessoas,
em todas as gerações. Grandes e eternas coisas estão envolvidas no plano de
salvação do pecador por meio da fé em Jesus Cristo, conforme pode ser visto
adiante:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem ocorrido
especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do evangelho de
Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da nossa
salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações transformadoras
seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam
debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual
eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei
determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento
substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que
seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi
gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para nós,
o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a Deus,
Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes, para que
se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que partimos na
Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme representado pelo
vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos alimentarmos dEle. Por
isso somos ordenados a comer o pão, que representa o corpo de Jesus, que é
verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que é
verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que
sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que
nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas
imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central
relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de
forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi
feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para
garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a
glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que
busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois
tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo
desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que
nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o testemunho
de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por
graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios
desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós
mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a
aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais
poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo
Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo
sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote
foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação
eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para
este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito
Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
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