Por
Thomas Watson (1620-1686)
Traduzido,
Adaptado e
Editado por
Silvio Dutra
W337
Watson,
Thomas (1620-1686)
Crescimento na Graça – Thomas Watson
Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra
Rio de Janeiro, 2019
40p.; 14,8 x 21cm
1. Teologia. 2. Amor 2.Fé. 3.
Graça.
Silvio Dutra I. Título
CDD 230
|
"Antes, crescei na graça e no
conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória,
tanto agora como no dia eterno." (2 Pedro
3:18).
A
verdadeira graça é progressiva, de uma natureza crescente. É com a graça como
é com a luz; primeiro, há o amanhecer;
então brilha mais brilhante para o meridiano completo. Os santos não são apenas
comparados às estrelas pela sua luz, mas às árvores no seu crescimento (Is 61:
3 – “e a pôr sobre os
que em Sião estão de luto
uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor,
em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça,
plantados pelo SENHOR para a sua glória.”; Os 14: 5 – “Serei para Israel como orvalho, ele florescerá como o lírio e lançará as suas
raízes como o cedro do Líbano.”).
Um bom
cristão não é como o sol de Ezequias que foi para trás, nem como o sol de Josué
que parou, mas sempre avançando em santidade e crescendo com o aumento de Deus
(1 Cor 3: 6 – “Eu plantei, Apolo regou;
mas o crescimento veio de Deus.”).
Em quantas
maneiras pode ser dito que um cristão cresce na graça?
(1) Ele cresce vigoroso, no
exercício da graça. Sua lâmpada é ardente e brilhante: então lemos de uma
esperança viva (1 Pedro 1: 3 – “Bendito o
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia,
nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo
dentre os mortos,”).
Aqui está a atividade da graça. A
igreja ora pelo sopro do Espírito, para que suas especiarias possam fluir (Cant
4:16 – “Levanta-te,
vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, para que se derramem
os seus aromas. Ah! Venha o meu amado para o seu jardim e coma os seus frutos
excelentes!”).
(2) Um cristão cresce
gradualmente, no grau de graça. Ele vai de força em força, de um grau de graça
a outro (Salmo 84: 7 – “Vão indo de
força em força; cada um deles aparece diante de Deus em Sião.”). Um santo vai da fé em fé (Romanos 1:17 – “ visto que a justiça de Deus
se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito:
O justo viverá por fé.”). Seu amor abunda cada vez mais (Filipenses 1: 9 – “E também faço esta
oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a
percepção,”).
Qual é o
caminho certo do crescimento de um cristão?
(1) É
crescer menos aos próprios olhos. "Eu sou um verme e não um homem"
(Sl 22, 6). A visão da corrupção e da ignorância faz o cristão ter uma aversão
de si mesmo; ele desaparece a seus próprios olhos. Jó abominou-se no pó (Jó 42:
6). É bom crescer sem presunção de si mesmo.
(2) A maneira correta de
crescimento é crescer proporcionalmente, crescer em uma graça, bem como em
outra (2 Pedro 1: 5-7 – “por isso
mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência,
associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com
o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a
perseverança, a piedade; com a piedade,
a fraternidade; com a fraternidade, o amor.”). Porque crescer no conhecimento, mas não em mansidão,
amor fraternal, ou boas obras, não é o crescimento certo. Uma coisa pode inchar
e não crescer; um homem pode ser inchado com conhecimento, mas pode não ter
crescimento espiritual. A maneira correta de crescimento é uniforme, crescendo
em uma graça, bem como em outra. Como a beleza do corpo consiste em uma
simetria de partes, na qual não só a cabeça cresce, mas os braços e tórax;
então o crescimento espiritual é mais bonito, quando há simetria e proporção, e
toda graça prospera.
(3) A
maneira correta de crescimento é quando um cristão tem graça adequada aos seus
vários empregos e ocasiões; quando as corrupções são fortes, e ele tem graça
capaz de dar um fim a elas; os encargos são pesados, e ele tem paciência capaz
de suportá-los; tentações ferozes, e ele tem fé capaz de resistir a elas. Então
a graça cresce da maneira correta.
De onde é a
ideia de que a verdadeira graça não pode vencer?
(1) É apropriado que a graça
cresça; é semen manens [uma semente duradoura], a semente de Deus (1 João 3: 9
– “Todo aquele que é nascido
de Deus não vive na prática de
pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver
pecando, porque é nascido de Deus.”). É a natureza da semente crescer: a graça não está no
coração, como uma pedra na terra, mas como semente na terra, que brotará,
primeiro o caule, depois a espiga, e depois o grão na espiga.
(2) A
graça não pode deixar de crescer, em sua doçura e excelência. Aquele que tem
graça nunca está cansado disso, mas terá mais. O deleite que ele tem nela
provoca sede. A graça é a imagem de Deus, e um cristão acha que nunca pode ser
suficiente como Deus. A graça instila a paz; um cristão, portanto, esforça-se
para crescer em graça para que ele cresça em paz.
(3) A
graça não pode deixar de crescer, em um crente enxertado em Cristo. Aquele que
é um descendente, enxertado neste caule nobre e generoso, não pode deixar de
crescer. Cristo é tão cheio de seiva e influência vivificante, que ele faz
todos os que são enxertados nele serem frutíferos. "De mim é encontrado o
seu fruto" (Os 14: 8).
Que
motivos ou incentivos existem para nos fazer crescer na graça?
(1) O
crescimento é o objetivo das ordenanças. Por que um homem coloca a semente no
solo e a rega, senão para que ela possa crescer? O leite sincero da palavra é
dado, para que possamos crescer (1 Pedro 2: 2). A mesa do Senhor é posta com o
propósito da nossa alimentação espiritual e aumento de graça.
(2) O
crescimento da graça é a melhor prova de ser verdadeira. As coisas que não têm
vida não crescerão: uma imagem não crescerá, mas uma planta que tem uma vida
vegetativa cresce. O crescimento da graça mostra que ela está viva na alma.
(Nota do
Tradutor: É importante saber o que significa este crescimento na graça, porque
é geralmente confundido por muitos como sendo crescimento em prosperidade
material, ou meramente de fé pensando-se em obtenção de favores da parte de
Deus, e muitas outras coisas que não correspondem a um verdadeiro crescimento
na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
Nós observamos
no texto de II Pedro 1.5-7 que o apóstolo define o crescimento na graça como
sendo o acréscimo e associação ao conhecimento e à fé, das demais virtudes que
fluem de Cristo para os crentes através da operação do Espírito Santo, na
aplicação da Palavra de Deus às suas vidas. Ele mais afirma dizendo que são
estas virtudes que evidenciam que somos de fato eleitos de Deus. Um
conhecimento e uma fé que sejam genuinamente salvadores nos conduzirão à
regeneração e santificação do Espírito Santo. Mas se não temos o Espírito Santo
operando em nós é porque não somos de fato pertencentes a Cristo.
Outra
consideração importante é que com o decorrer do tempo estas virtudes devem
crescer em si mesmas, e o amor aumentará, assim como a misericórdia, a
longanimidade, a paciência, o domínio próprio, porque a tendência normal da
graça é para o crescimento. Assim como há nos seres vivos naturais uma
tendência para o crescimento, de igual modo há também uma tendência para o
crescimento das coisas espirituais, celestiais e divinas.
Não
podemos produzir no mundo espiritual aquelas virtudes que somente o Espírito
Santo pode forjar em nós, como por exemplo o crescimento na tristeza pelo
pecado, crescimento no arrependimento, mortificação do pecado e do ego,
crescimento em humildade, mansidão, domínio próprio, e em todo o fruto do
Espírito Santo. Um crente nominal pode se esforçar e muito para evitar o
pecado, e vencer a malícia em seu próprio coração, mas verá por fim, que este
esforço isolado, sem a presença e ação do Espírito Santo, acabará sendo
vencido, pois a ninguém é dado por Deus o poder de vencer por si mesmo o
pecado, e transformar seu coração de pedra em um coração de carne. Esta obra
pode ser realizada somente pela graça, e tanto mais, na medida em que ela
cresce no crente.
Além
disso, como esta obra da graça não é natural, mas sobrenatural, ela não pode
ser discernida pelo homem natural ou carnal, mas somente por aquele que for
espiritual e estiver santificado. Coisas espirituais verdadeiras, procedentes
de Deus, só podem ser discernidas pelo Espírito Santo. Então não estamos
falando aqui de mera sã moralidade, que é uma coisa fria, mas de santidade real
do espírito pelo Espírito Santo, que nos leva a adorar a Deus em espirito e em
verdade, a orar no Espírito, a fazer a vontade do Senhor para a Sua exclusiva
glória, sendo pacientes e se gloriando nEle nas tribulações, tudo suportando
por amor a Ele e aos eleitos, negando-se e carregando a cruz diariamente e
buscando o reino de Deus e a sua justiça em primeiro lugar.)
(3) O
crescimento na graça é a beleza de um cristão. Quanto mais uma criança cresce,
mais se trata de sua graça e compleição, e parece mais corada; então, quanto
mais um cristão cresce em graça, mais ele vem à sua aparência espiritual e
parece mais justo. A fé de Abraão era linda quando estava em sua infância, mas
finalmente cresceu tão vigorosa e eminente, que o próprio Deus estava
apaixonado por ela, e coroou a Abraão com essa honra, para ser o "pai dos
fiéis".
(4) Quanto mais crescemos na
graça, mais glória trazemos a Deus. A glória de Deus vale mais do que a
salvação de todas as almas dos homens. Este deve ser o nosso desígnio, para
elevar os troféus da glória de Deus; e como podemos fazê-lo mais do que
crescendo em graça? "Por isso é glorificado meu Pai, se produzirem muitos
frutos" (João 15: 8). Embora o menor dracma da graça nos traga a salvação,
contudo não trará tanta glória a Deus. “Cheios do fruto de justiça, o qual é mediante
Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.” (Filipenses 1:11). Recomenda a habilidade do
fazendeiro quando suas plantas crescem e prosperam; é um louvor e uma honra
para Deus quando prosperamos na graça.
(5) Quanto
mais crescemos na graça, mais Deus nos amará. Não é por isso que oramos? Quanto
mais crescimento, mais Deus nos amará. O fazendeiro adora ver suas plantas prosperando.
O cristão próspero é Hephzibah de Deus, ou deleite principal. Cristo gosta de
ver a videira florescer e as romãs brotando (Cantares 6:11). Ele aprova a
verdade da graça, mas elogia o crescimento da graça. "Não encontrei uma fé
tão grande como esta, nem em Israel" (Mateus 8:10). Você seria como o
discípulo amado que se encontrava no peito de Cristo? Você deseja ter muito
amor de Cristo? Trabalhe para muito crescimento, que a fé floresça com boas
obras, e o amor aumente em zelo.
(6) Precisamos crescer na graça.
Ainda há falta em nossa fé (1 Tessalonicenses 3:10 – “orando noite e dia, com máximo
empenho, para vos ver pessoalmente e reparar as deficiências da
vossa fé”). A graça está em sua infância, e ainda devemos estar
adicionando um côvado à nossa estatura espiritual. Os apóstolos disseram:
"Senhor, aumente a nossa fé" (Lucas 17: 5). A graça é fraca. "No presente, sou fraco, embora ungido rei;
estes homens, filhos de Zeruia, são mais fortes do que eu. Retribua o SENHOR ao
que fez mal segundo a sua maldade." (2
Samuel 3:39). Então, embora estejamos ungidos com graça, ainda somos fracos e
precisamos chegar a maiores graus de santidade.
(7) O
crescimento da graça irá dificultar o crescimento da corrupção. Quanto mais
cresce a saúde, mais os distúrbios do corpo diminuem; de modo que, em espiritualidade,
quanto mais a humildade cresce, mais o enfraquecimento do orgulho se acalma,
mais a pureza do coração cresce, mais o fogo da luxúria diminui. O crescimento
de flores no jardim não dificulta o crescimento de ervas daninhas, mas o
crescimento da flor da graça dificulta o surgimento da corrupção. Como algumas
plantas têm uma antipatia e não prosperarão se elas se aproximarem juntas, como
a videira e determinadas plantas, então, onde a graça cresce, o pecado não
prosperará tão rápido.
(8) Não
podemos crescer demais na graça; não há nenhum excesso nisso. O corpo pode
crescer muito bem, como na hidropisia; mas a fé não pode crescer muito bem.
"Sua fé cresce excessivamente" (2 Tessalonicenses 1: 3). Aqui estava
excedendo, mas não em excesso. Como um homem não pode ter muita saúde, então
não é muita graça. A graça é a beleza da santidade (Salmo 110: 3). Não podemos
ter muita beleza espiritual; será o único problema na morte, que não crescemos
mais na graça.
(9) Tal
como não se cresce na graça, decai-se na graça. Não progredi in via est regredi
[Não seguir em frente na vida cristã é voltar]. Bernard. Não existe em
religião, nem avançar ou nem retroceder. Se a fé não cresce, a incredulidade crescerá;
se a espiritualidade não cresce, a avareza o fará. Um homem que não aumenta seu
estoque, diminui: então, se você não melhorar seu estoque de graça, seu estoque
vai se deteriorar. Os anjos na escada de Jacó estavam subindo ou descendo: se
você não ascende em religião, você desce.
(10)
Quanto mais crescemos em graça, mais floresceremos em glória. Embora todo vaso
de glória esteja cheio, ainda alguns vasos possuem mais do que outros. Aquele
cuja libra ganhou dez, foi governador de dez cidades (Lucas 19:17). Como não
crescem muito, embora eles não percam a sua glória, diminuem-na. Se alguém
seguir o Cordeiro com vestes de glória mais brancas e maiores do que outros,
eles serão os que mais brilharam na graça aqui.
Aplicação: Lamente a falta de
crescimento. A religião em muitos cresceu em uma forma e profissão apenas: isto
é crescer nas folhas, não no fruto. Muitos cristãos são como um corpo em uma
atrofia, que não prospera. Eles não são alimentados pelos sermões que ouvem.
Como os anjos que assumiram corpos, comiam, mas não cresceram. É suspeitado que
não há crescimento, onde falta um princípio vital. Alguns em vez de crescer
melhor, pioram; eles crescem mais mundanos, mais profanos (2 Timóteo 3:13 – “Mas os homens perversos e impostores irão de mal a
pior, enganando e sendo enganados.”). Os homens ímpios, devem tornar-se pior e pior. Muitos
crescem no inferno - perdem a vergonha (Sofonias 3: 5). Eles são como algumas
coisas regadas, que ficam mais apodrecidas.
Como
devemos saber se crescemos em graça?
Para
decidir esta questão, devo mostrar-lhes:
I. Os
sinais de que não crescemos;
II. Os
sinais do nosso crescimento.
I. Os
sinais de que não crescemos em graça, mas sim que estamos caindo em uma
fraqueza espiritual.
[1] Quando
perdemos nosso apetite espiritual. Uma pessoa com tuberculose não tem aquele
apetite como anteriormente. Talvez, cristão, você pode se lembrar do tempo em
que teve fome e sede de justiça, você veio às ordenanças com tanto apetite
quanto a uma festa; mas agora é de outra forma, Cristo não é tão apreciado, nem
suas ordenanças tão amadas. Este é um presságio triste de que a graça está em
declínio; e você está em uma fraqueza profunda.
Era um
sinal de que Davi estava perto de sua sepultura quando o cobriram com roupas e
não recebia calor (1 Reis 1: 1). então, quando uma pessoa está coberta com as
roupas quentes das ordenanças, e ainda não tem calor de afeto para as coisas
espirituais, é um sinal de que ele está declinando na graça.
[2] Quando crescemos mais
mundanos. Talvez uma vez nos elevássemos em orbes superiores, e estabelecemos nossos
corações sobre as coisas acima, e falamos o idioma de Canaã; mas agora nossas
mentes são retiradas do céu, cavamos nosso conforto das minas mais baixas, e
com Satanás rodeamos a Terra. Este é um sinal de que vamos descer a colina
rapidamente, e nossa graça está enferma. É observável quando a natureza decai,
e as pessoas estão perto de morrer, elas ficam mais inclinadas; e,
verdadeiramente, quando os corações dos homens se agacham mais para a terra, e
dificilmente podem se levantar para um pensamento celestial; se a graça não
está morta, está pronta para morrer (Apocalipse 3: 2 – “ Sê vigilante e consolida o resto que estava para
morrer, porque não tenho achado íntegras as
tuas obras na presença do meu Deus.”).
[3] Quando
estamos menos preocupados com o pecado. Foi o tempo quando o menor pecado nos
afligiu, como o mínimo de cabelo faz o olhar chorar; mas agora podemos digerir
o pecado sem remorso. Foi o tempo quando nos incomodava se negligenciássemos a
oração do quarto; agora podemos omitir a oração familiar. Foi o tempo quando os
pensamentos vãos nos perturbavam; agora não estamos preocupados com práticas
soltas. Aqui está uma triste declinação na religião; e verdadeiramente a graça
está tão longe de crescer que dificilmente podemos perceber seu pulso para
vencer.
II. Os
sinais do nosso crescimento na graça.
[1] O
primeiro sinal de nosso crescimento, é, quando temos além das nossas antigas
medidas de graça. É um sinal que uma criança prospera quando ela superou suas
roupas. Esse conhecimento que nos serviria antes não nos servirá agora; nós
temos uma visão mais profunda da religião, nossa luz é mais clara, nossa
centelha de amor é aumentada em uma chama; há um sinal de crescimento. A
competência da graça que já tivemos é muito escassa para nós agora; nós nos
superamos.
[2] Quando estamos mais firmemente
enraizados na religião. "Enraizado nele, e estabelecido:" a
disseminação da raiz mostra o crescimento da árvore (Colossenses 2: 6,7 – “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor,
assim andai nele, nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como
fostes instruídos, crescendo em ações de graças.) Quando estamos tão firmemente presos em Cristo, que
não podemos ser destruídos com o hálito dos hereges, é um sinal abençoado de
crescimento. Atanásio foi chamado de Adamas ecclesiae, [o Diamante da Igreja],
uma inflexão que não podia ser removida do amor da verdade.
[3] Quando
temos um quadro de coração mais espiritual.
(1) Quando
somos mais espirituais em nossos princípios; quando nos opomos ao pecado por
amor a Deus, e porque atinge a santidade dele. (2) Quando somos mais
espirituais em nossas afeições. Nos entristecemos pela primeira ascensão da
corrupção, pelo surgimento de pensamentos vãos e pela sua fonte que corre no
subsolo. Lamentamos não só pela penalização do pecado, mas pela poluição. Não é
apenas um carvão que queima, mas suja.
(3) Quando
somos espirituais na execução do dever. Somos mais sérios, reverentes,
fervorosos; temos mais vida em oração, colocamos fogo ao sacrifício.
"Fervor em espírito" (Romanos 12:11). Nós servimos a Deus com mais
amor, que amadurece e melhora o nosso dever, e faz com que ele venha com um
melhor gosto.
[4] Quando
a graça é movida pela oposição. O fogo queima mais quente na estação mais fria.
A coragem de Pedro aumentou pela oposição do sumo sacerdote e dos governantes
(Atos 4: 8, 11). O zelo do mártir foi aumentado pela perseguição. Aqui estava a
graça da primeira magnitude.
O que
devemos fazer para crescer em graça?
(1) Tome
cuidado com o que irá dificultar o crescimento, como o amor a qualquer pecado.
O corpo também pode prosperar com febre, pois a graça pode ser achada onde
qualquer pecado é apreciado.
(2) Use
todos os meios para o crescimento da graça.
1º.
"Exercite-se na piedade" (1 Timóteo 4: 7). O corpo se fortalece com o
exercício. A troca de dinheiro faz os homens crescerem ricos; então, quanto
mais trocamos nossa fé nas promessas, mais rico em fé crescemos.
Em segundo
lugar. Se você deseja crescer como cristão, seja um cristão humilde. Observa-se
em alguns países, como na França, que as melhores e maiores uvas, que produzem
vinho, crescem no menor tipo de videiras; então os santos humildes crescem mais
na graça. "Deus dá graça aos humildes" (1 Pedro 5: 5).
Em terceiro
lugar. Ore a Deus para o crescimento espiritual. Alguns oram para que cresçam
em dons. É melhor crescer na graça do que nos dons. Os dons são para o
ornamento, a graça é para o alimento. Os dons edificam outros; a graça nos
salva.
Alguns oram
para que se tornem ricos; mas um coração frutífero é melhor do que uma bolsa cheia.
Ore para que Deus o faça crescer em graça, embora seja por aflição (Hebreus
12:10). A videira cresce por poda. A faca de poda de Deus é para nos fazer
crescer mais em graça.
Como podemos
confortar, aqueles que se queixam de que não crescem na graça?
Eles
cometem um erro; para que cresçam, quando pensam que não o fazem, "há quem
se torna pobre, mas tem grandes riquezas" (Provérbios 13: 7). A visão que
os cristãos têm de seus defeitos em graça e sua sede por maiores medidas de
graça, fazem-nos pensar que não crescem quando o fazem. Aquele que cobiça uma
grande propriedade, porque não tem tanto quanto ele deseja, pensa ser pobre. Na
verdade, os cristãos devem buscar a graça que eles querem, mas eles não devem,
portanto, ignorar a graça que eles têm. Deixe os cristãos serem gratos pelo
menor crescimento. Se você não crescer tanto em certeza da salvação, bendiga a
Deus se você crescer em sinceridade; se você não crescer tanto no conhecimento,
bendiga Deus se você crescer em humildade. Se uma árvore cresce na raiz, é um
verdadeiro crescimento; então, se você crescer na raiz da graça da humildade, isto
é tão necessário para você quanto qualquer outro crescimento.
Nota do Tradutor:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da
nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam
debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual
eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém idôneo
que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus pecados e
culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei determina que
não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que
seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi
gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme
representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos
alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o
corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o
sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua vida
em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que
sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que
nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda subsiste
no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com Cristo, ainda
permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza espiritual e
santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas imperfeições
e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central
relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de
forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi
feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para
garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a
glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que
busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois
tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo
desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que
nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem
perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da Palavra
de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por
graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios
desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós
mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a
aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais
poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo
Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo
sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote
foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação
eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para
este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito
Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I Tessalonicenses
5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
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