segunda-feira, 25 de novembro de 2019

A Fornalha da Aflição





Por William Nicholson (1844-1885)

Traduzido, Adaptado e
Editado por Silvio Dutra






         N629

                Nicholson, William (1844 - 1885)

                 A fornalha da aflição –  William Nicholson
                      Tradução ,  adaptação e   edição por Silvio Dutra
              Rio de Janeiro,  2019
                    48p.; 14,8 x 21cm
                       
                 1. Teologia. 2. Amor 2.Fé. 3. Graça.   
              Silvio Dutra I. Título
                                                                   CDD 230






"Eis que te refinei, mas não como prata; te escolhi na fornalha da aflição!"  (Isaías 48:10)
A Bíblia tem muito a dizer sobre as aflições do povo de Deus. O Salmo 34:19 declara:
"Muitas são as aflições dos justos". 
Às vezes é necessário que Deus coloque Seu povo na fornalha da aflição. Esse ato flui da justiça e da compaixão de Deus. Ele faz isso para testar e provar Seu povo. Isso era verdade em Israel nos tempos antigos (Deuteronômio 4:20), e é igualmente verdade para o crente do Novo Testamento. Às vezes, ele os exercitava com pesadas provações; colocando-os na fornalha da aflição. E parece, a partir do contexto, que uma remessa para tal provação havia sido benéfica em sua influência.
No tempo do Antigo Testamento, uma "fornalha" era um cadinho para derreter e refinar prata e ouro (Provérbios 17: 3; 27:21). A palavra é usada figurativamente nas Escrituras. Neste texto, significa aflições graves e severas pelas quais Deus purifica e prova Seu povo (Ezequiel 22: 18-22).
 “18 Filho do homem, a casa de Israel se tornou para mim em escória; todos eles são cobre, estanho, ferro e chumbo no meio do forno; em escória de prata se tornaram.
19 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Pois que todos vós vos tornastes em escória, eis que vos ajuntarei no meio de Jerusalém.
20 Como se ajuntam a prata, e o cobre, e o ferro, e o chumbo, e o estanho no meio do forno, para assoprar o fogo sobre eles, a fim de se fundirem, assim vos ajuntarei na minha ira e no meu furor, e ali vos deixarei, e fundirei.
21 Congregar-vos-ei e assoprarei sobre vós o fogo do meu furor; e sereis fundidos no meio de Jerusalém.
22 Como se funde a prata no meio do forno, assim sereis fundidos no meio dela; e sabereis que eu, o SENHOR, derramei o meu furor sobre vós.” (Ezequiel 22.18-22).
O forno é AFLITIVO
Ou seja, a fornalha é composta de muitas provações severas, de muito sofrimento mental e corporal, que são projetados pelo grande proprietário e gerente dessa fornalha, para limpar e refinar as almas de Seu povo.
Muitos agentes são usados ​​por Deus para elaborar Seus propósitos soberanos. Ele pode usar homens, coisas e circunstâncias. Tudo isso é sugerido na ação do fogo em um forno. Uma fornalha com fogo causa sofrimento e separação. O fogo descobre o que é inútil; e limpa. Agora, quero listar algumas das formas que essas aflições assumem.
Primeiro, Deus pode nos enviar uma escassez de coisas terrenas. Isso pode ser induzido pela falta de emprego - pode ser o resultado de uma doença - pode resultar da injustiça do homem.
"Dei-lhe estômagos vazios em todas as cidades e falta de pão em todas as cidades" (Amós 4: 6). Podemos não ter comida suficiente para sujar os dentes. 
O Senhor controla a natureza e as circunstâncias do mundo. Ele tem muitas maneiras de tirar nossos bens temporais. Embora possamos trabalhar duro todos os dias de trabalho e ganhar muito dinheiro, Deus pode fazer com que isso não vá muito longe. "Você plantou muito, mas colheu pouco. Você come, mas nunca o suficiente. Você bebe, mas nunca se satisfaz. Você veste roupas, mas não se aquece. Você ganha salários, apenas para colocá-los em uma bolsa com buracos." (Ageu 1: 6).
Segundo, pode haver aflição em nosso corpo. "Minhas feridas apodrecem e são repugnantes por causa da minha loucura pecaminosa. Estou encurvado e abatido; e ando de luto durante todo o dia. Minhas costas estão cheias de dor lancinante; não há saúde em meu corpo." (Salmo 38: 5-7). O grande gerente da fornalha da aflição, castiga o corpo com dor, queima com febre ou o enfraquece por doença.
Terceiro, essa aflição pode assumir a forma de luto. "E morreu em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã; veio Abraão lamentar Sara e chorar por ela." (Gênesis 23: 2). 
Nossos amigos e parentes ficam doentes e morrem. Muitos de nós foram colocados neste forno de aflição. Amigos e parentes são removidos pela morte, para que não confiemos muito neles, e apenas no Senhor.
Quarto, o Senhor envia provações domésticas. "Tendo Esaú quarenta anos de idade, tomou por esposa a Judite, filha de Beeri, heteu, e a Basemate, filha de Elom, heteu.  Ambas se tornaram amargura de espírito para Isaque e para Rebeca." (Gênesis 26: 34-35). 
Às vezes, nosso filho faz uma má escolha de companhia para toda a vida. Muitas vezes, mesmo crianças pequenas em casa zombam do pai e desprezam a mãe (Provérbios 30:17). As ações de nossos filhos podem quebrar nossos corações, colocar cabelos grisalhos em nossas cabeças e nos apresse para o túmulo!
Todos os eleitos de Deus estiveram nesta fornalha de aflições! 
Adão experimentou pela primeira vez quando pecou no Éden.
Moisés sofreu aflições com o povo de Deus.
Davi foi perseguido por seus inimigos sedentos de sangue.
 perdeu seus bens, filhos e saúde.
Jeremias e Isaías foram cruelmente tratados.
Daniel foi colocado na cova dos leões.
Paulo e Silas foram presos.
Até nosso Senhor era um homem de dores e familiarizado com a dor. Ele aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu.
Este forno é nomeado de forma divina
Aflições não são o resultado do acaso ou do destino cego.
As aflições não surgem do pó (Jó 5: 6).
As aflições não devem ser atribuídas a causas secundárias.
Aflições não são meramente obra de nossos inimigos.
As aflições vêm do governo moral de Deus.
As aflições vêm do arranjo sábio e gracioso da providência divina de Deus. "Para que ninguém se perturbe com essas aflições; pois vocês sabem que fomos destinados para isso!" (1 Tessalonicenses 3: 3). "Preste atenção à vara, e quem a designou!" (Miquéias 6: 9).
O mesmo Deus que envia o sol e a chuva - também envia Seu povo para a fornalha da aflição.
"6 O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir.
7 O SENHOR empobrece e enriquece; abaixa e também exalta.
8 Levanta o pobre do pó e, desde o monturo, exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do SENHOR são as colunas da terra, e assentou sobre elas o mundo.
9 Ele guarda os pés dos seus santos, porém os perversos emudecem nas trevas da morte; porque o homem não prevalece pela força.
10 Os que contendem com o SENHOR são quebrantados; dos céus troveja contra eles. O SENHOR julga as extremidades da terra, dá força ao seu rei e exalta o poder do seu ungido." (1 Samuel 2: 6-10).
Em Isaías 45: 7, Jeová declara: "Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas."
O homem sábio vê a mão de Deus na aflição - assim como na riqueza. Todo evento é da sua nomeação - ou tem sua permissão total. Deus trabalha todas as coisas segundo o conselho de Sua própria vontade (Efésios 1:11), e assim todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam a Deus (Romanos 8:28). 
"Eis que arrebata a presa! Quem o pode impedir? Quem lhe dirá: Que fazes?... Para mim tudo é o mesmo; por isso, digo: tanto destrói ele o íntegro como o perverso." (Jó 9:12, 22).
A providência aflitiva de Deus, é a realização de Sua vontade soberana. Muitas vezes vemos a mão de Deus em grandes coisas - mas não em pequenas coisas. Vemos Sua mão nas coisas boas - mas não nas coisas más. "Eis que este mal é do SENHOR" (2 Reis 6:33). Jó perguntou a sua esposa: "O quê? Receberemos o bem nas mãos de Deus e não receberemos o mal?" (Jó 2:10). "Haverá mal numa cidade, e o Senhor não o fez?" (Amós 3: 6). "Pois a moradora de Marote suspira pelo bem, porque desceu do SENHOR o mal até à porta de Jerusalém.” (Miquéias 1:12). Esses versículos não ensinam que Deus é o autor do pecado. (Nota do tradutor: mas que ele visita com juízos, repreensões e correções por causa do pecado. Ainda que não seja por motivo de retribuições da justiça transgredida, como foi por exemplo o caso com Jó, em que as aflições são destinadas ao aperfeiçoamento espiritual, referindo-se remotamente à condição imperfeita que adquirimos por causa do pecado original que nos deu a todos uma natureza corrompida, e que agora deve ser restaurada pela graça de Deus. E um dos meios que é usado amplamente por Deus para tal propósito são as aflições.)
Quando a graça nos permite ver a mão de Deus em todos os eventos, podemos suportá-las sem murmurar ou reclamar. Jó perdeu sua família, sua riqueza e sua boa saúde, mas se consolou: "Pois ele realiza o que é designado para mim, e muitos desses decretos estão com Ele!" (Jó 23:14). 
Davi sofreu muito com seus inimigos e sua família, mas ficou feliz em dizer: "Meus tempos estão na sua mão!" (Salmo 31:15). Mais uma vez, ouça-o: "Fiquei calado; não abriria a boca - pois é você quem fez isso!" (Salmo 39: 9). 
Quando disseram a Eli que sua árvore genealógica seria cortada, ele disse ao jovem Samuel: "Ele é o SENHOR; faça o que é bom aos seus olhos!" (1 Samuel 3:18). Quando o profeta Isaías disse a Ezequias que seus filhos seriam eunucos no palácio do rei da Babilônia, ele disse: "A palavra do Senhor que você falou é boa" (Isaías 39: 8).
Quão maravilhoso é saber que um Deus de infinito amor e sabedoria organizou todas as coisas que acontecem neste mundo. Quando nos encontramos em um capítulo muito sombrio do livro da Divina Providência, devemos cair nas palavras de nosso Senhor: " O que estou fazendo, você não entende agora, mas depois entenderá!" (João 13: 7).
Este forno não é vingativo, mas GRACIOSO
O castigo de Deus é sempre menor do que merecemos: "Ele não nos tratou segundo os nossos pecados; nem nos recompensou de acordo com nossas iniquidades" (Salmo 103: 10). Se Deus nos tratasse como nossos pecados mereciam, seríamos enviados para o inferno mais baixo. Mas, por causa de Sua misericórdia e graça, nunca sofremos como merecemos sofrer. 
"Ele, porém, que é misericordioso, perdoa a iniquidade e não destrói; antes, muitas vezes desvia a sua ira e não dá largas a toda a sua indignação." (Salmo 78:38). 
"Depois de tudo o que nos tem sucedido por causa das nossas más obras e da nossa grande culpa, e vendo ainda que tu, ó nosso Deus, nos tens castigado menos do que merecem as nossas iniquidades e ainda nos deste este restante que escapou," (Esdras 9:13). 
Nossos pecados são muitos: “Todos nós tropeçamos de várias maneiras!" (Tiago 3: 2) No entanto, os julgamentos de Deus são poucos: "Pois Ele não aflige de bom grado, nem entristece os filhos dos homens". (Lamentações 3:33).
As aflições que Ele envia são "leve aflição" (2 Coríntios 4:17).
Elas são de curta duração: "Porque não passa de um momento a sua ira; o seu favor dura a vida inteira. Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã." (Salmo 30: 5). 
O Senhor disse aos israelitas:
"7 Por breve momento te deixei, mas com grandes misericórdias torno a acolher-te;
8 num ímpeto de indignação, escondi de ti a minha face por um momento; mas com misericórdia eterna me compadeço de ti, diz o SENHOR, o teu Redentor.
9 Porque isto é para mim como as águas de Noé; pois jurei que as águas de Noé não mais inundariam a terra, e assim jurei que não mais me iraria contra ti, nem te repreenderia.
10 Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a minha misericórdia não se apartará de ti, e a aliança da minha paz não será removida, diz o SENHOR, que se compadece de ti." (Isaías 54: 7-10). 
O forno é para o NOSSO BOM ETERNO
Não pode haver capricho, nem ira insensata em Deus para com Seu povo escolhido. Quando Ele nos envia aflições, elas são projetadas para o nosso bem espiritual e eterno. Elas são corretivas, não destrutivas. Quando somos frios e indiferentes à Sua causa - Ele permitirá que perseguições e censuras aconteçam a nós. Mas não é assim que Deus castiga os iníquos por seus pecados. Os ímpios são punidos com ira - os justos são castigados no amor. Os ímpios são punidos pelo bem da sociedade - os justos são disciplinados pelo seu bem individual: "Quando Ele me provar, sairei como ouro!" (Jó 23:10; cf. Deuteronômio 8: 15,16).
11 Guarda-te não te esqueças do SENHOR, teu Deus, não cumprindo os seus mandamentos, os seus juízos e os seus estatutos, que hoje te ordeno;
12 para não suceder que, depois de teres comido e estiveres farto, depois de haveres edificado boas casas e morado nelas;
13 depois de se multiplicarem os teus gados e os teus rebanhos, e se aumentar a tua prata e o teu ouro, e ser abundante tudo quanto tens,
14 se eleve o teu coração, e te esqueças do SENHOR, teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão,
15 que te conduziu por aquele grande e terrível deserto de serpentes abrasadoras, de escorpiões e de secura, em que não havia água; e te fez sair água da pederneira;
16 que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheciam; para te humilhar, e para te provar, e, afinal, te fazer bem.” (Deuteronômio 8;11-16).
As aflições exibem a fidelidade de Deus: "Sei, ó Senhor, que os teus juízos são retos, e que na fidelidade me afligiste" (Salmo 119: 75). Deus sempre justa e sabiamente nos castiga. É a fidelidade de Deus à Sua aliança, que coloca os eleitos sob a vara aflitiva. "Se violarem os meus estatutos e não guardarem os meus mandamentos, castigarei a sua transgressão com a vara, e a sua iniquidade com açoites. Não obstante, a minha benignidade não lhe tirarei totalmente, nem permitirei que a minha fidelidade falhe." (Salmo 89: 31-34; cf. Ezequiel 20:37). Os castigos de Deus são bênçãos disfarçadas - são misericórdias veladas .
Quando aflições dolorosas nos atingem, temos a maior evidência de que somos amados com um amor eterno: "Todos quantos amo - repreendo e castigo. Portanto, seja zeloso e se arrependa!" (Apocalipse 3:19). 
"5 E estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado;
6 porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.
7 É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?" (Hebreus 12: 5-7). 
Apenas os filhos e filhas da família de Deus são corrigidos. Viver sem castigo é um triste sinal de alienação de Deus. Nosso Pai celestial nos castiga para impedir nossa condenação final: "Mas quando somos julgados, somos castigados pelo Senhor, para que não sejamos condenados com o mundo" (1 Coríntios 11:32).

O forno é REGULADO
Como uma fornalha é preparada para refinar o ouro (Provérbios 17: 3), assim são designadas aflições para os santos, que são comparadas ao ouro fino (Lamentações 4: 2). Vamos ver aqui o alto valor que Deus atribui ao Seu povo. 
Ser...
escolhidos pelo Pai,
redimidos pelo Filho
e regenerados pelo Espírito Santo
 - eles são Seu ouro precioso!
Como Seu ouro, eles são manchados pelo mundo e pelo pecado, e devem ser submetidos ao processo de refino. A beleza de Sua graça deve ser vista neles. Portanto, Jeová busca o aperfeiçoamento espiritual deles: "Voltarei a minha mão contra você; purificarei completamente a sua escória e removerei todas as suas impurezas!" (Isaías 1:25).
O Senhor não trata Israel da maneira severa como ouro ou prata são tratados pelo refinador: "Eis que eu te refinei, mas não como a prata..." (Isaías 48:10). 
O Grande Refinador conhece Seu metal - Ele sabe o que cada um pode suportar. Ele nunca nos permite ser testados acima do que somos capazes de suportar. Às vezes, ele derrama água no fogo, se ficar muito quente. Ele nunca vai além da nossa força. Ele também não aquece a fornalha na mesma temperatura para todos. Proporciona a temperatura à força do portador, distribuindo um calor maior ao mais forte e menos ao mais fraco. "Eu te corrigirei em medida" (Jeremias 30:11). Deus não vai fazer sofrer demais.
O ourives mantém a fornalha queimando com o ouro, até que toda a escória tenha sido removida e ele possa ver seu rosto em ouro puro. Assim também faz o nosso Pai celestial. Sejamos alegres e esperançosos quando estamos na fornalha , sabendo que Ele busca apenas ver Sua imagem pura claramente em nós! Estamos na fornalha da aflição "para nosso proveito, para sermos participantes da Sua santidade" (Hebreus 12:10).
Um Deus onisciente regula o calor da fornalha de acordo com as necessidades de Seu povo. "Assentar-se-á como derretedor e purificador de prata; purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata; eles trarão ao SENHOR justas ofertas." (Malaquias 3: 3).
Alguns de nós precisam de mais calor do que outros, então Ele aumenta o fogo quando necessário. Miquéias disse: "Sofrerei a indignação do SENHOR, porque pequei contra ele". (Miquéias 7: 9).
Outras vezes, Ele baixa a temperatura, de acordo com a inspeção divina. O profeta Jeremias disse: "Castiga-me, ó SENHOR, mas em justa medida, não na tua ira, para que não me reduzas a nada.” (Jeremias 10:24).
Lembre-se de que o tempo de julgamento é curto. "O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã." É chamado o dia da adversidade - a hora da aflição. Aflições são apenas por um momento.
O projeto do forno é BENÉFICO
O desígnio de Deus em nos escolher para sofrer na fornalha da aflição é para o nosso bem eterno e para a Sua glória. A graça regeneradora implanta em nós as sementes da imortalidade, que requerem cultivo para trazer maturidade. O forno foi projetado para desenvolver esses princípios e nos adequar a um maior prazer. 
As Aflições:
Expulsar nossa ferrugem,
preservar-nos do pecado,
tornam-nos semelhantes a Cristo, que era um homem de dores,
mostram-nos a fragilidade da vida humana,
manifestam a vaidade do mundo,
ensinam-nos a ter simpatia pelos outros,
tornam-nos muito humildes, quebram a mente altiva, e derrubam o pensamento elevado,
induzem a um espírito de oração: "No dia da minha angústia, busquei o Senhor".
O povo de Deus tem a mesma necessidade de aflição...
Como nossos corpos têm da medicina,
como as árvores frutíferas têm da poda,
como o ouro e prata têm da fornalha,

como o ferro
 tem da lima
e a criança tem da vara da correção!
Contudo, os ímpios, como árvores no deserto, crescem sem cultura; contudo, os santos, como árvores no jardim, devem ser podados para serem frutíferos; e a aflição faz isso. Há tanta diferença entre o sofrimento dos santos e os dos ímpios - como entre os cordões com os quais um carrasco prende um malfeitor condenado, e as ataduras com as quais um terno cirurgião liga seu paciente! " 
1. A fornalha da aflição é projetada para impedir que nos desviemos. "Antes de ser afligido, eu me desviei - mas agora guardo a Tua Palavra" (Salmo 119: 67). "É bom para mim ter sido afligido - para aprender os teus estatutos" (Salmo 119: 71). O crente vem deste forno aprimorado e refinado!
Pela nossa corrupção natural, estamos prontos para vagar pelo caminho do pecado e nos desviarmos nas vaidades do mundo. Portanto, o Senhor faz a aflição para nos servir como uma cerca espinhosa - para nos manter no caminho certo. As aflições nos alteram e nos fortalecem para manter os estatutos de Deus.
2. Aflições nos afastam do mundo mau. "Pois tu nos provaste, ó Deus; nos refinaste como a prata é refinada!" (Salmo 66:10). Quando o Egito se tornou uma fornalha de ferro - os israelitas se cansaram dela. O pródigo nunca pensou em seu pai - até sentir fome. O Senhor faz deste mundo um pesar - para que não se torne nosso ídolo. É para ser o nosso purgatório - para que nunca o tornemos o nosso paraíso .
3. As aflições testam nossa profissão religiosa. "Mas ele sabe o caminho que eu tomo! Quando me provar, sairei como ouro" (Jó 23:10). Nós professamos ser ouro para o tesouro de Deus - ainda há muita escória em nós. Nós reivindicamos ser grão ajustado para o celeiro da glória celeste - ainda parece haver mais joio do que trigo em nós. Portanto, o Senhor nos lança na fornalha da aflição - para que sejamos provados e purificados. A escória deve ser cortada e separada de nós. Devemos ser peneirados pelo forte vento da aflição - para que o joio seja soprado e o grão puro permaneça.
Nós professamos ser soldados no exército do rei dos reis. Reivindicamos lutar sob a bandeira do Senhor Todo-Poderoso. Portanto, o Senhor permite que sejamos atacados por Satanás e agredidos pelo mundo com aflições e perseguições - para nos exprovar e descobrir se somos traidores. Os covardes cederão no início da luta. Soldados de verdade ficarão de pé e lutarão até a morte, mas um traidor se juntará ao inimigo. "Quem recebeu a semente que caiu em lugares rochosos é o homem que ouve a palavra e imediatamente a recebe com alegria. Mas como ele não tem raiz, ele dura apenas um curto período de tempo. Quando problemas ou perseguições surgem por causa da palavra, ele rapidamente se afasta!" (Mateus 13: 20,21).
"Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus." (2 Timóteo 2: 3).
4. A fornalha da aflição produz crescimento nas graças cristãs. "E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança." (Romanos 5: 3,4). 
Nosso Pai celestial deseja ver Seus filhos crescerem espiritualmente. Para fazer isso, Ele usa a instrumentalidade das aflições. Nelas aprendemos paciência e somos levados a ter esperança em Deus. O Senhor nos atormenta e nos aflige com duras provações - para dar ocasião a exercitar essas graças que, de outra forma, estariam dormentes conosco.
As graças cristãs são como perfumes - quanto mais pressionadas pela aflição, mais doce elas cheiram. Elas são como as estrelas - parecem melhores na escuridão da angústia. São como a neve (embora fria e desconfortável), mas aquece e nutre a terra no inverno. Assim, o crente é nutrido no inverno da aflição . A alegria mundana termina em tristeza - mas a tristeza divina termina em alegria. Como às vezes chove quando o sol brilha, frequentemente há alegria no coração do santo - quando há lágrimas nos olhos!
5. O grande Refinador pretende nos levar à oração. "Senhor, na angústia eles te visitaram; derramaram uma oração quando a tua correção estava sobre eles" (Isaías 26:16). "Algum de vocês está aflito? Que ele ore" (Tiago 5:13). A fornalha é necessária para despertar a oração em nós. Em paz e prosperidade, raramente reconhecemos nossa necessidade de ajuda divina. As aflições nos levam a Deus e mostram nossa necessidade de dependência dEle. "Na sua aflição, eles me buscarão desde cedo" (Oséias 5:15).
(Nota do tradutor: Pelas aflições somos capacitados também a enxergar os nossos pecados ocultos, especialmente o de murmuração, de modo que os mortifiquemos e os deixemos pela operação do Espírito Santo, quando somos levados a confessá-los a Deus e a confiar na graça de Jesus para purificar-nos.)
6. As aflições nos preparam para maior utilidade e fecundidade. "Todo ramo que dá fruto, ele poda , para que dê mais fruto" (João 15: 2). O agricultor sábio poda suas árvores frutíferas no inverno, para que possam produzir mais frutos no verão. Ramos supérfluos que roubam a seiva devem ser removidos. O conforto das criaturas costuma ser para a alma, o que é o musgo para a árvore. Portanto, o grande fazendeiro corta isso, para que a árvore do Senhor produza muito fruto. Deus podará Seu povo, mas não o cortará. A mão direita de Sua misericórdia , sabe o que a mão esquerda de Sua severidade está fazendo!
CONCLUSÃO
1. Não pense que a vida de um cristão é fácil. Não é um canteiro florido de facilidade. Durante nossa vida na Terra, todos devemos passar algum tempo na fornalha da aflição. Mas, como os três hebreus na fornalha da Babilônia, Deus está sempre conosco em todos esses sofrimentos. 
"1 Mas agora, assim diz o SENHOR, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
2 Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.
3 Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate e a Etiópia e Sebá, por ti." (Isaías 43: 1-3).
2. Em resumo, Deus, colocando seu povo na fornalha da aflição, está educando-o...
para coroas e cetros,
para tronos e domínios,
para um lugar no Paraíso e
para um lugar à sua mão direita!
Atualmente, o Senhor está moldando a vida espiritual interior para o mundo vindouro. A opressão, a angústia, as decepções e todos os eventos - são apenas a preparação para a posição que ocuparemos no mundo vindouro.
3. Como Israel não entendeu a eleição até que estivesse no Egito, ainda hoje vemos nossa eleição no forno de aflições. Quando as dores da morte nos cercam e as dores do inferno se apoderam de nós - então chegamos a ver graça distinta e amor eterno. No problema da alma, chegamos a entender o texto: "Escolhi você na fornalha da aflição!"
4. Existe neste mundo - uma fornalha de aflições para os eleitos de Deus. Então, no mundo vindouro  - há outra fornalha de fogo físico literal que é aquecida para os ímpios após o julgamento. "Mandará o Filho do Homem os seus anjos, que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes." (Mateus 13: 41-42). Oh, pecador perdido, fuja da ira vindoura!
APLICAÇÃO
1. Deixe o desígnio sublime deste forno induzir paciência e submissão.
2. Lembre-se de que o tempo de julgamento é curto. "O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã!" O chamado dia da adversidade - a hora da aflição - são apenas por um momento.
3. Que a fornalha de aflição aguarda os ímpios no mundo vindouro!















Nota do Tradutor:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual eternas. 
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores, assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado, eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício, Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes, para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus, mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante, de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia, para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa, capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina, no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação, inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho, porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa: de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva. Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo da salvação.        
É de uma preciosidade tão grande este plano e aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento) que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião, totalmente perdidos  e mortos em transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia, isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção, sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a nossa chegada à glória celestial.
Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).





Nenhum comentário:

Postar um comentário