quinta-feira, 7 de novembro de 2019

A Cegueira Espiritual



19 Não te aflijas por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos perversos,
20 porque o maligno não terá bom futuro, e a lâmpada dos perversos se apagará.” (Provérbios 24.19,20)
7 Descansa no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.
8 Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal.
9 Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão a terra.
10 Mais um pouco de tempo, e já não existirá o ímpio; procurarás o seu lugar e não o acharás.
11 Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz.
12 Trama o ímpio contra o justo e contra ele ringe os dentes.
13 Rir-se-á dele o Senhor, pois vê estar-se aproximando o seu dia.” (Salmo 37.7-13).
Onde estão agora Hitler, Lênin e outros ditadores cruéis como eles?
Onde estão os juízes e governantes injustos que já morreram?
Deus lhes reservou porventura um lugar exaltado junto a Ele no céu?
As Escrituras dão um bom testemunho relativo aos ímpios que partiram, e especialmente aos poderosos que haviam sido opressores e injustos?
Caso contrário, seria de se esperar de que não haja o mesmo destino terrível para os ímpios que vivem no presente?
Algumas almas piedosas se equivocam ao pensar que há para todos eles uma boa esperança desde que decidam se arrepender de suas más obras e se voltarem para a prática da justiça.
Porém, a grande verdade revelada nas Escrituras é que Deus comprova a Sua excelência quando ao deixar alguém entregue a si mesmo, o quanto esta pessoa será vil por mais sábia e poderosa que ela se considere.
É um grande engano pensar que o homem fez a escolha do paganismo em vez de Deus. Esta é a inclinação natural do pecador. Se Jesus não se revelar ao homem ele permanecerá nas trevas. Não é o homem que escolhe a Jesus, mas Jesus que o escolhe.
Como viveram as pessoas por séculos seguidos até que Cristo viesse ao mundo? Com exceção de Israel, todas as demais nações e povos foram deixados por Deus entregues ao mais grosseiro paganismo, comprovando que o homem não pode, por si mesmo, encontrar a Deus e viver do modo que lhe seja agradável, pois para isto seria necessário nascer de novo do Espírito Santo, recebendo uma nova natureza celestial e espiritual que é quem permite ao homem conhecer as coisas divinas e a própria pessoa de Deus.
Desse modo, se Deus não se mover em direção ao pecador, ele permanecerá morto espiritualmente, mergulhado nas trevas do pecado e sujeito ao domínio de Satanás.
Somente Jesus é o suficiente e eficaz Redentor, Salvador e Libertador do homem dessa condição terrível na qual toda e qualquer pessoa se encontra vivendo apenas em seu estado natural.
Não é para se admirar portanto que aqueles que se rebelam contra Jesus Cristo e Sua doutrina, o odeiem tanto, assim como a afirmação desta verdade relativa ao estado natural da criatura, uma vez que não pretendendo se converter dessa condição, procuram justificar sua posição atacando aqueles que afirmam que se trata de uma condição que está sujeita ao juízo de Deus.
O que se conclui disso, senão que como se vê no Provérbio e no Salmo da abertura, não se encontra no domínio do ímpio que é réprobo, ao qual Deus rejeitou na eleição, a possibilidade de alterar  a sua condição perdida diante do justo, santo e amoroso Senhor, pela incompatibilidade completa da Sua natureza celestial, espiritual e divina, com a humana natural, terrena e decaída no pecado?
É a isto que o apóstolo Paulo se refere no texto de Romanos 9, ao contrastar a posição de eleitos e não eleitos:
1 Digo a verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no Espírito Santo, a minha própria consciência:
2 tenho grande tristeza e incessante dor no coração;
3 porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne.
4 São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas;
5 deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!
6 E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas;
7 nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.
8 Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa.
9 Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho.
10 E não ela somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque, nosso pai.
11 E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama),
12 já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço.
13 Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú.
14 Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!
15 Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão.
16 Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia.
17 Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra.
18 Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz.
19 Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade?
20 Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?
21 Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?
22 Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição,
23 a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão,
24 os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?
25 Assim como também diz em Oseias: Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada;
26 e no lugar em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo.
27 Mas, relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.
28 Porque o Senhor cumprirá a sua palavra sobre a terra, cabalmente e em breve;
29 como Isaías já disse: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, ter-nos-íamos tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra.
30 Que diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a justificação, vieram a alcançá-la, todavia, a que decorre da fé;
31 e Israel, que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa lei.
32 Por quê? Porque não decorreu da fé, e sim como que das obras. Tropeçaram na pedra de tropeço,
33 como está escrito: Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, e aquele que nela crê não será confundido.”
Observe pelo que se diz no versos 18 a 20 quanto à comum desculpa do ímpio para a sua impiedade, não se sustentará em juízo diante do Senhor, porque não foi Ele o autor do pecado humano, e a ninguém tenta ou conduz a pecar, de modo que seria justo caso condenasse toda a humanidade ao inferno, mas Ele decidiu manifestar a Sua graça e misericórdia a alguns, não por qualquer bondade ou mérito que deslumbrasse neles, mas porque revela e manifesta todo o Seu amor e bondade para com eles, enquanto aos que não recebem graça salvadora, e permanecem rebeldes contra Ele, sujeita à ira eterna.
Todo o universo, inclusive os anjos eleitos aprendem com isto quão dura coisa é ser destituído da graça divina, pois é somente por causa dela que podemos nos apresentar de pé e inculpáveis diante do Senhor.
No entanto, este mundo é um campo de batalha, e um conflito incessante sempre existirá entre o mal e o bem, entre os que são de Deus e os que são do diabo, pois isto está determinado no conselho eterno da Trindade de que o mundo será resgatado das trevas e do domínio de Satanás em que se encontra, através deste combate da fé contra a incredulidade.
O mal deve ser denunciado e combatido pelo bem, não com o mal, mas com a prática do bem e sujeitando-se a Deus e resistindo ao diabo.
Nós podemos ver este conflito na queixa do salmista no Salmo 94 dirigida aos ímpios:
1 Ó SENHOR, Deus das vinganças, ó Deus das vinganças, resplandece.
2 Exalta-te, ó juiz da terra; dá o pago aos soberbos.
3 Até quando, SENHOR, os perversos, até quando exultarão os perversos?
4 Proferem impiedades e falam coisas duras; vangloriam-se os que praticam a iniquidade.
5 Esmagam o teu povo, SENHOR, e oprimem a tua herança.
6 Matam a viúva e o estrangeiro e aos órfãos assassinam.
7 E dizem: O SENHOR não o vê; nem disso faz caso o Deus de Jacó.
8 Atendei, ó estúpidos dentre o povo; e vós, insensatos, quando sereis prudentes?
9 O que fez o ouvido, acaso, não ouvirá? E o que formou os olhos será que não enxerga?
10 Porventura, quem repreende as nações não há de punir? Aquele que aos homens dá conhecimento não tem sabedoria?
11 O SENHOR conhece os pensamentos do homem, que são pensamentos vãos.
12 Bem-aventurado o homem, SENHOR, a quem tu repreendes, a quem ensinas a tua lei,
13 para lhe dares descanso dos dias maus, até que se abra a cova para o ímpio.
14 Pois o SENHOR não há de rejeitar o seu povo, nem desamparar a sua herança.
15 Mas o juízo se converterá em justiça, e segui-la-ão todos os de coração reto.
16 Quem se levantará a meu favor, contra os perversos? Quem estará comigo contra os que praticam a iniquidade?
17 Se não fora o auxílio do SENHOR, já a minha alma estaria na região do silêncio.
18 Quando eu digo: resvala-me o pé, a tua benignidade, SENHOR, me sustém.
19 Nos muitos cuidados que dentro de mim se multiplicam, as tuas consolações me alegram a alma.
20 Pode, acaso, associar-se contigo o trono da iniquidade, o qual forja o mal, tendo uma lei por pretexto?
21 Ajuntam-se contra a vida do justo e condenam o sangue inocente.
22 Mas o SENHOR é o meu baluarte e o meu Deus, o rochedo em que me abrigo.
23 Sobre eles faz recair a sua iniquidade e pela malícia deles próprios os destruirá; o SENHOR, nosso Deus, os exterminará.”
 Mesmo o réprobo é responsável perante Deus e os homens por todas as suas ações. Todos deverão prestar contas dos seus atos e até mesmo de palavras ociosas no grande dia do Juízo Final.
Esta é a principal razão de todos os justos serem chamados por Cristo a não julgarem ninguém, porque este juízo definitivo será passado pelo próprio Deus quanto ao caráter e as obras de cada um. Afinal, qual seria o proveito de maldizer o ímpio? Ele já não se encontra condenado em si mesmo por suas más obras? O juiz de toda a Terra não o veria e julgaria com justiça?
Muitas más intenções e muitos pecados podem ser encobertos aos olhos de muitos, mas nenhum aos olhos de Deus.
Muito do que se conhece das injustiças que são praticadas no mundo e que vêm ao conhecimento geral, não passa apenas da ponta de um gigantesco iceberg que se encontra oculto nas profundezas do inferno. Seria vão portanto, o nosso esforço de tentar extirpar o mal do coração dos ímpios, pela intensificação da pregação do evangelho. Eles apenas acharão nisto ocasião para aumentar a zombaria, a ridicularização e a perseguição, de modo que somos ordenados a não lançar coisas santas a cães e pérolas a porcos.
Deus conhece os que são Seus e os alcançará sem a falta de qualquer um deles. Ele os achará e resgatará conforme Jesus no ensina na Parábola da Ovelha Perdida. Ele decidirá por qual instrumentalidade o fará, de modo que até mesmo isto não se encontra na esfera do nosso próprio poder.
O Espírito Santo é quem dirige e realiza o trabalho da conversão de pecadores, conforme podemos verificar nas palavras que nosso Senhor dirigiu a Nicodemos:
1 Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus.
2 Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
3 A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
4 Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?
5 Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
6 O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.
7 Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.
8 O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.” (João 3.1-8).
Já a Moisés o Senhor havia declarado ser justo, longânimo, bondoso, misericordioso, perdoador, etc, mas que Ele usa de misericórdia com quem quer e de igual modo deixa de usá-la em relação a quem não quiser.
5 Tendo o SENHOR descido na nuvem, ali esteve junto dele e proclamou o nome do SENHOR.
6 E, passando o SENHOR por diante dele, clamou: SENHOR, SENHOR Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade;
7 que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração!” (Êxodo 34.5-7).
Ora, o que se entende disto senão o que Jesus disse a Nicodemos, em relação ao Espírito Santo, na obra de salvação? Ninguém sabe sobre quem ele virá para nele habitar. Ele agirá de acordo com a misericórdia eletiva de Deus e não segundo a vontade do próprio homem.
Deus é Criador e Senhor Soberano, de modo que não está sujeito a dar contas de Seus atos a quem quer que seja.
Não é sem motivo que todos são chamados a se humilharem diante dEle, reverenciá-Lo e adorá-Lo, pois é inteiramente digno disso, enquanto somos indignos em nossa própria condição decaída.
Esta é a razão pela qual o arrogante, o orgulhoso e o ímpio jamais prevalecerão com Ele no juízo. Antes resiste a estes e dá graça aos humildes, pois são os únicos que se mostram verdadeiros quanto à sua real condição perante a Majestade do céu que é inteiramente justo e santo.
Aqui caberia uma palavra aos que são meramente ativistas políticos e que gastam nisto toda a sua energia buscando criar um mundo mais justo, porque correm o grande risco de se esquecerem da justiça de Cristo enquanto lutam para fazer prevalecer a que é unicamente do homem.
A humanidade está desesperadamente inclinada à cegueira e à ilusão, como estão viciadas nas trevas. Deus de vez em quando, por suas instruções e poder, levanta algumas nações dessas trevas grosseiras. Mas então, como eles afundam nelas novamente, assim que sua mão é retirada! 
Essa é a lamentável tendência da mente do homem desde a queda, apesar de seus nobres poderes e faculdades; que é a de afundar em uma espécie de brutalidade quanto às coisas espirituais, e afundar cada vez mais na escuridão.
A cegueira extrema e brutal que possui o coração dos homens naturalmente aparece em sua confiança em grandes erros e ilusões. Multidões vivem e morrem nas noções e princípios mais tolos e absurdos, e nunca parecem duvidar de que estão certos. É impressionante observar como especialmente os que exercem atividades intelectuais, quando lhes falta o conhecimento de Deus, consideram-se elevados acima dos demais homens e até mesmo sobre o próprio Jesus. Eles se perdem em loquacidade frívola para sustentarem seus argumentos que consideram como fruto da grande iluminação de suas mentes, e  consideram como coisas ultrapassadas e medievais todas as assertivas da Palavra de Deus, que eles sequer podem entender, e assim falam daquilo que somente pode ser discernido pela fé e pela iluminação do Espírito Santo, estando desprovidos de ambos. 
Quando chegam a crer em algo na religião é em meras superstições e mandamentos carnais e de homens, agravando ainda mais a condição deles diante de Deus, pois com isto rejeitam a graça que é oferecida e ordenada no evangelho.
A Europa é uma parte do mundo mais famosa por artes e ciências do que qualquer outra. E essas coisas foram levadas a uma altura muito maior nesta era do que em muitas outras. No entanto, muitos homens instruídos da Europa hoje em dia, que se destacam muito nas artes e na literatura humana, ainda estão sob a escuridão, e abandonando de lado o legado que lhes foi deixado pelos Reformistas, encontram-se sob grosseiro ateísmo, falando inclusive em serem parte do mundo pós-cristão.
Como eles amaram mais o mundo do que a Deus, e mais a mentira do que a verdade, Deus lhes tem enviado a operação do erro e os tem deixado entregues a si mesmos, de modo que se apresentam como fortes candidatos para serem o berço que acolherá o Anticristo.
1 Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos
2 a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor.
3 Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição,
4 o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus.
5 Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas?
6 E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria.
7 Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém;
8 então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda.
9 Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira,
10 e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos.
11 É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira,
12 a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.” (II Tessalonicenses 2.1-12).
Se Deus deixa os homens entregues a si mesmos, nenhuma luz surge e eles permanecem mais endurecidos em sua segurança carnal. Mas a escuridão se torna mais e mais espessa. 
Como sucede agora, neste mesmo dia, entre todas as nações onde a luz do evangelho não tem sido derramada, ou que em sendo, tem sido rejeitada por aqueles que temem vir para a luz? 
Os homens são muito propensos a serem enganados sobre seu próprio estado, a se pensarem ser algo quando não são nada e a se suporem “ricos e aumentados em bens, e a não precisarem de nada, quando são infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus.Eles são grandemente enganados sobre os princípios pelos quais agem. Eles pensam que são sinceros naquilo em que não há sinceridade e não raro há muita malícia. E que eles fazem essas coisas por amor a Deus, o que fazem apenas por amor a si mesmos. Eles chamam mero conhecimento especulativo ou natural, o conhecimento espiritual; e colocam consciência no lugar da graça; um servil, por um temor infantil; e afetos comuns, que são apenas de princípios naturais e não têm efeito permanente para grandes descobertas e atos eminentes da graça. Sim, é comum os homens chamarem suas disposições cruéis pelo nome de alguma virtude. Eles chamam sua raiva e malícia, zelo por uma causa justa ou zelo pelo bem público. E a cobiça deles, de frugalidade. Os incautos podem ser enganados por eles, tanto quanto enganam a si mesmos, mas os que temem e servem a Deus discernirão seus reais propósitos pecaminosos e malignos.   
Eles são amplamente enganados sobre sua própria justiça. Eles acham que seus afetos e performances são adoráveis ​​a Deus, naquilo que de fato são odiosos para ele. Eles acham que suas lágrimas, reformas e orações são suficientes para fazer expiação por seus pecados; quando, de fato, se todos os anjos no céu se oferecerem em sacrifício a Deus, não seria suficiente expiar um de seus pecados. Eles acham que suas orações, obras e ações religiosas são um preço suficiente para comprar o favor de Deus e a glória eterna. Quando, ao executá-las, nada fazem além de merecer o inferno.  
Eles são grandemente enganados sobre sua força. Eles acham que são capazes de consertar seus próprios corações e trabalhar alguns bons princípios em si mesmos. Quando eles não podem fazer mais por isso, do que um cadáver morto faz para se elevar à vida. Eles vão se bajulando, são capazes de vir a Cristo quando não o desejam. Eles estão muito enganados com a estabilidade de seus próprios corações. Eles tolamente pensam que suas próprias intenções e resoluções sobre o bem que farão no futuro, dependerão. Quando, de fato, não existe nenhuma dependência deles. Eles estão muito enganados sobre suas oportunidades. Eles pensam que a longa continuidade de sua oportunidade deve ser dependente e que amanhã ela deve se apresentar. Quando, de fato, há a maior incerteza disso. Eles se lisonjeiam de que terão uma melhor oportunidade de buscar a salvação no futuro, do que têm agora. Quando não há probabilidade disso, mas uma improbabilidade muito grande.     
Eles são grandemente enganados sobre suas próprias ações e práticas. Suas próprias falhas são estranhamente escondidas de seus olhos. Eles vivem de maneira muito diferente daquela em que vivem autênticos cristãos, mas ainda assim parecem não ter nenhuma consciência disso. Os maus caminhos deles, que são muito claros para os outros, são escondidos deles. Sim, naquelas mesmas coisas que eles próprias consideram grandes falhas nos outros, elas se justificarão. Embora sejam zelosos em tirar o argueiro do olho do irmão, eles não sabem que uma trave está nos seus próprios olhos.  
Eles são grandemente enganados sobre si mesmos, quando se comparam aos outros. Eles se consideram melhores que seus próximos, que são realmente muito melhores que eles. Eles são grandemente enganados sobre si mesmos, quando se comparam a Deus. Eles são muito insensíveis à diferença que existe entre Deus e eles e agem em muitas coisas como se pensassem que ele fosse igual a eles. 
Existem muitas práticas cruéis, cuja ilegalidade é muito clara, os pecados são graves e contrários não apenas à Palavra de Deus, mas à luz da natureza. E, no entanto, os homens frequentemente alegam que não há mal em tais pecados. Tais como, muitos atos de imundície grosseira; e muitos atos de fraude, injustiça e engano; e muitos outros que podem ser mencionados, especialmente entre os poderosos.
Os séculos seguidos da história da humanidade comprovam que de fato é somente a revelação divina, da qual a igreja de Deus está possuída, estando no mundo "como uma luz que brilha em um lugar escuro". (2 Pedro 1:19), o único remédio que Deus providenciou para a miserável cegueira da humanidade, sem o qual este mundo caído teria afundado para sempre em barbárie brutal sem nenhum remédio. É o único meio que o verdadeiro Deus obteve êxito em sua providência, para dar às nações do mundo o conhecimento de si mesmo; e tirá-los da adoração de deuses falsos.
Quão grande é a misericórdia para a humanidade, que Deus tenha enviado seu próprio Filho ao mundo, para ser a luz do mundo. E é um exemplo maravilhoso de misericórdia divina que Deus nos viu tanto em nosso estado inferior, a ponto de fornecer um remédio tão glorioso. Ele não enviou um anjo criado para nos instruir, mas seu próprio Filho, que está no seio do Pai, e da mesma natureza e essência com ele. E, portanto, infinitamente melhor familiarizado com ele, e mais do que suficiente para ensinar um mundo cego. Ele o enviou para ser a luz do mundo, como ele diz de si mesmo: Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. (João 12:46).
Cristo que veio nos iluminar é a verdade e a própria luz, e a fonte de toda luz. Ele é luz, e nele não há trevas.” (1 João 1: 5)  
O fato de os homens naturais não sentirem sua cegueira e a miséria espiritual que estão sofrendo não significa que por isso não são infelizes; pois isto os mantém sob uma maldição eterna, porque por esta cegueira não poderão chegar ao arrependimento. Então é necessária a luz de Jesus para que vejam seu estado arruinado e a Ele como sua única esperança de salvação.
É muito próprio à natureza dessa calamidade de ser cego estar escondida de si mesma ou daqueles que estão sob ela, como foi o caso dos fariseus aos quais Jesus se dirigiu dizendo que permaneciam em seus pecados, uma vez que afirmavam não serem cegos, apesar de serem, porque não há quem não esteja em trevas, caso não esteja em Jesus. Os tolos não são sensíveis à sua loucura. Salomão diz: O tolo é mais sábio em sua própria presunção do que sete homens que podem apresentar uma razão. (Prov 26:16).
Assim como Jesus passou uma sentença judicial sobre aqueles fariseus que afirmavam não serem cegos, de igual modo Ele faz com todos aqueles que seguem nos mesmos passos deles. Ele os abandona à cegueira de suas próprias mentes. As Escrituras nos ensinam que existem alguns desses. Que diremos, pois? O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos, como está escrito: Deus lhes deu espírito de entorpecimento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir, até ao dia de hoje.(Rom 11: 7,8). Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.(2 Cor 3:14). “Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais. Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo.” (Isaías 6: 9,10).
Esse julgamento, quando infligido, é comumente pelo desprezo e abuso da luz que foi oferecida, pela prática de pecados presunçosos, e por ser obstinado no pecado, e resistir ao Espírito Santo, e muitos chamados e conselhos graciosos, advertências e repreensões. 
Quem são as pessoas em particular, que são, portanto, entregues judicialmente por Deus à cegueira de suas mentes, não é conhecido pelos homens. Mas não temos motivos para supor que não haja multidões deles, e principalmente nos lugares de maior luz. Não há nenhuma razão para supor que esse julgamento, mencionado nas Escrituras, seja em grande medida peculiar aos velhos tempos. Como havia muitos que caíram sob ele nos tempos dos profetas da antiguidade, e de Cristo e seus apóstolos. Então, sem dúvida, agora existem também. E embora as pessoas não sejam conhecidas, ainda assim, sem dúvida, pode haver mais motivos para temer isso em relação a alguns do que a outros. Todos os que estão sob o poder da cegueira de suas próprias mentes são miseráveis. Mas os que são entregues a essa cegueira são especialmente infelizes. Pois eles são reservados e selados para a escuridão das trevas para sempre.  
A consideração do que foi dito sobre a cegueira desesperada que possui o coração de todos nós naturalmente pode ser aterrorizante para aqueles que ainda estão em uma condição sem Cristo, neste lugar de luz, onde o evangelho tem sido desfrutado por tanto tempo, e onde Deus no passado derramou tão maravilhosamente seu Espírito.
E que tais pessoas, para seu despertar, considerem as seguintes coisas:
Primeiro, que eles são cegados pelo deus deste mundo. A cegueira deles é do inferno. Esta escuridão sob a qual os homens naturais estão, é do príncipe das trevas. Isso o apóstolo diz expressamente sobre aqueles que permanecem na incredulidade e cegueira sob o evangelho. Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.” (2 Cor 4: 3, 4) Eles pertencem ao reino das trevas. Na escuridão que reina em suas almas, o diabo reina. E ele mantém seu domínio lá. 
Segundo, considere como Deus, em sua palavra, manifesta sua aversão e ira contra aqueles que permanecem tão cegos e ignorantes, no meio da luz. Como Deus fala deles! Acaso, não entendem todos os obreiros da iniquidade, que devoram o meu povo, como quem come pão, que não invocam o SENHOR? (Salmo 14: 4). Durante quarenta anos, estive desgostado com essa geração e disse: é povo de coração transviado, não conhece os meus caminhos.  Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no meu descanso.(Salmo 95:10, 11). O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende. Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de iniquidade, raça de malignos, filhos corruptores; abandonaram o SENHOR, blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás.” (Isaías 1: 3, 4) “Porque a cidade fortificada está solitária, habitação desamparada e abandonada como um deserto; ali pastam os bezerros, deitam-se e devoram os seus ramos. Quando os seus ramos se secam, são quebrados. Então, vêm as mulheres e lhes deitam fogo, porque este povo não é povo de entendimento; por isso, aquele que o fez não se compadecerá dele, e aquele que o formou não lhe perdoará.(Isaías 27:10, 11). Deveras, o meu povo está louco, já não me conhece; são filhos néscios e não inteligentes; são sábios para o mal e não sabem fazer o bem. ”(Jeremias 4:22). “Anunciai isto na casa de Jacó e fazei-o ouvir em Judá, dizendo: Ouvi agora isto, ó povo insensato e sem entendimento, que tendes olhos e não vedes, tendes ouvidos e não ouvis. Não temereis a mim? diz o SENHOR; não tremereis diante de mim, que pus a areia para limite do mar, limite perpétuo, que ele não traspassará? Ainda que se levantem as suas ondas, não prevalecerão; ainda que bramem, não o traspassarão.(Jer. 5:20-22). 
Em terceiro lugar, consideremos quanta obstinação há na sua ignorância. Os pecadores estão prontos a se desculpar totalmente em sua cegueira; enquanto, como já foi observado, a cegueira que naturalmente possui o coração dos homens não é uma coisa meramente negativa. Mas eles são cegados pela "fraude do pecado". (Hb 3:13). Há uma perversidade em sua cegueira. Não há uma mera ausência de luz, mas uma oposição maligna à luz. Como Deus diz, "eles não sabem, nem entendem, andam nas trevas". (Salmo 82: 5). Cristo observa: "Todo aquele que pratica o mal, odeia a luz, nem vem para a luz". E que esta é a condenação deles, que a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz.” (João 3:19, 20).
Por tudo o que foi dito podemos concluir que um conhecimento adequado das Escrituras pode nos tornar sábios para a salvação, mas não efetuar a salvação propriamente dita por si mesmo, pois é necessário ir Àquele do qual as Escrituras testificam ser o único pelo que pode nos salvar por estarmos unidos espiritualmente a Ele, por meio da fé.
14 Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste
15 e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.
16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,
17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (II Timóteo 3.14-17).



Apêndice:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual eternas. 
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores, assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado, eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício, Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes, para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus, mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante, de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia, para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa, capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina, no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação, inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho, porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa: de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva. Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo da salvação.        
É de uma preciosidade tão grande este plano e aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento) que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião, totalmente perdidos  e mortos em transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia, isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção, sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a nossa chegada à glória celestial.
Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).





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