“19 Não te
aflijas por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos perversos,
20 porque o
maligno não terá bom futuro, e a lâmpada dos perversos se apagará.” (Provérbios
24.19,20)
“7 Descansa
no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu
caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.
8 Deixa a
ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal.
9 Porque os
malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR
possuirão a terra.
10 Mais um
pouco de tempo, e já não existirá o ímpio;
procurarás o seu lugar e não o acharás.
11 Mas os
mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de
paz.
12 Trama o ímpio
contra o justo e contra ele ringe os dentes.
13 Rir-se-á dele o
Senhor, pois vê estar-se aproximando o seu dia.” (Salmo 37.7-13).
Onde estão agora Hitler, Lênin e outros
ditadores cruéis como eles?
Onde estão os juízes e governantes injustos que já morreram?
Deus lhes reservou porventura um lugar exaltado junto a Ele no céu?
As Escrituras dão um bom testemunho relativo aos ímpios que partiram, e
especialmente aos poderosos que haviam sido opressores e injustos?
Caso contrário, seria de se esperar de que não haja o mesmo destino
terrível para os ímpios que vivem no presente?
Algumas almas piedosas se equivocam ao pensar que há para todos eles uma
boa esperança desde que decidam se arrepender de suas más obras e se voltarem
para a prática da justiça.
Porém, a grande
verdade revelada nas Escrituras é que Deus comprova a Sua excelência quando ao
deixar alguém entregue a si mesmo, o quanto esta pessoa será vil por mais sábia
e poderosa que ela se considere.
É um grande engano
pensar que o homem fez a escolha do paganismo em vez de Deus. Esta é a
inclinação natural do pecador. Se Jesus não se revelar ao homem ele permanecerá
nas trevas. Não é o homem que escolhe a Jesus, mas Jesus que o escolhe.
Como viveram as
pessoas por séculos seguidos até que Cristo viesse ao mundo? Com exceção de
Israel, todas as demais nações e povos foram deixados por Deus entregues ao
mais grosseiro paganismo, comprovando que o homem não pode, por si mesmo,
encontrar a Deus e viver do modo que lhe seja agradável, pois para isto seria
necessário nascer de novo do Espírito Santo, recebendo uma nova natureza celestial
e espiritual que é quem permite ao homem conhecer as coisas divinas e a própria
pessoa de Deus.
Desse modo, se Deus
não se mover em direção ao pecador, ele permanecerá morto espiritualmente,
mergulhado nas trevas do pecado e sujeito ao domínio de Satanás.
Somente Jesus é o
suficiente e eficaz Redentor, Salvador e Libertador do homem dessa condição
terrível na qual toda e qualquer pessoa se encontra vivendo apenas em seu
estado natural.
Não é para se admirar portanto que aqueles que se rebelam contra Jesus
Cristo e Sua doutrina, o odeiem tanto, assim como a afirmação desta verdade
relativa ao estado natural da criatura, uma vez que não pretendendo se
converter dessa condição, procuram justificar sua posição atacando aqueles que
afirmam que se trata de uma condição que está sujeita ao juízo de Deus.
O que se conclui disso, senão que como se vê no
Provérbio e no Salmo da abertura, não se encontra no domínio do ímpio que é
réprobo, ao qual Deus rejeitou na eleição, a possibilidade de alterar a sua condição perdida diante do justo, santo
e amoroso Senhor, pela incompatibilidade completa da Sua natureza celestial,
espiritual e divina, com a humana natural, terrena e decaída no pecado?
É a isto que o apóstolo Paulo se refere no texto de
Romanos 9, ao contrastar a posição de eleitos e não eleitos:
“1 Digo a
verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no Espírito
Santo, a minha própria consciência:
2 tenho
grande tristeza e incessante dor no coração;
3 porque eu
mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus
compatriotas, segundo a carne.
4 São
israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a
glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas;
5 deles são os
patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o
qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!
6 E não pensemos
que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato,
israelitas;
7 nem por
serem descendentes de Abraão são todos
seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.
8 Isto é, estes
filhos de Deus não são propriamente os da carne,
mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa.
9 Porque a
palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho.
10 E não ela somente,
mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque, nosso pai.
11 E ainda não eram os
gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito
de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que
chama),
12 já fora dito
a ela: O mais velho será servo do mais moço.
13 Como está escrito:
Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú.
14 Que
diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!
15 Pois ele
diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e
compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão.
16 Assim,
pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua
misericórdia.
17 Porque a
Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em
ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra.
18 Logo, tem
ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz.
19 Tu, porém, me dirás: De que
se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua
vontade?
20 Quem és tu, ó homem,
para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez:
Por que me fizeste assim?
21 Ou não tem o
oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e
outro, para desonra?
22 Que
diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu
poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a
perdição,
23 a fim de
que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em
vasos de misericórdia, que para glória
preparou de antemão,
24 os quais
somos nós, a quem também chamou, não só dentre os
judeus, mas também dentre os gentios?
25 Assim como
também diz em Oseias: Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à
que não era amada;
26 e no lugar
em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo
serão chamados filhos do Deus vivo.
27 Mas,
relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos
filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.
28 Porque o
Senhor cumprirá a sua palavra sobre a terra, cabalmente e em breve;
29 como Isaías já disse: Se
o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, ter-nos-íamos
tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra.
30 Que
diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a justificação, vieram
a alcançá-la, todavia, a que decorre da fé;
31 e Israel,
que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa lei.
32 Por quê? Porque não decorreu
da fé, e sim como que das obras. Tropeçaram na pedra de tropeço,
33 como está escrito:
Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e rocha
de escândalo, e aquele que nela crê não será confundido.”
Observe pelo que se diz no versos 18 a 20 quanto à comum desculpa do
ímpio para a sua impiedade, não se sustentará em juízo diante do Senhor, porque
não foi Ele o autor do pecado humano, e a ninguém tenta ou conduz a pecar, de
modo que seria justo caso condenasse toda a humanidade ao inferno, mas Ele
decidiu manifestar a Sua graça e misericórdia a alguns, não por qualquer
bondade ou mérito que deslumbrasse neles, mas porque revela e manifesta todo o
Seu amor e bondade para com eles, enquanto aos que não recebem graça salvadora,
e permanecem rebeldes contra Ele, sujeita à ira eterna.
Todo o universo, inclusive os anjos eleitos aprendem com isto quão dura
coisa é ser destituído da graça divina, pois é somente por causa dela que
podemos nos apresentar de pé e inculpáveis diante do Senhor.
No entanto, este mundo é um campo de batalha, e um conflito incessante
sempre existirá entre o mal e o bem, entre os que são de Deus e os que são do
diabo, pois isto está determinado no conselho eterno da Trindade de que o mundo
será resgatado das trevas e do domínio de Satanás em que se encontra, através
deste combate da fé contra a incredulidade.
O mal deve ser denunciado e combatido pelo bem, não com o mal, mas com a
prática do bem e sujeitando-se a Deus e resistindo ao diabo.
Nós podemos ver este conflito na queixa do salmista no Salmo 94 dirigida
aos ímpios:
“1 Ó SENHOR,
Deus das vinganças, ó Deus das vinganças, resplandece.
2 Exalta-te,
ó juiz da terra; dá o pago aos soberbos.
3 Até quando,
SENHOR, os perversos, até quando exultarão os perversos?
4 Proferem
impiedades e falam coisas duras; vangloriam-se os que praticam a iniquidade.
5 Esmagam o
teu povo, SENHOR, e oprimem a tua herança.
6 Matam a viúva e o
estrangeiro e aos órfãos assassinam.
7 E dizem: O
SENHOR não o vê; nem disso faz caso o Deus de Jacó.
8 Atendei, ó estúpidos
dentre o povo; e vós, insensatos, quando sereis prudentes?
9 O que fez
o ouvido, acaso, não ouvirá? E o que formou os olhos
será que não enxerga?
10 Porventura,
quem repreende as nações não há de punir?
Aquele que aos homens dá conhecimento não tem
sabedoria?
11 O SENHOR
conhece os pensamentos do homem, que são pensamentos vãos.
12 Bem-aventurado
o homem, SENHOR, a quem tu repreendes, a quem ensinas a tua lei,
13 para lhe
dares descanso dos dias maus, até que se abra a cova para o ímpio.
14 Pois o
SENHOR não há de rejeitar o seu povo, nem desamparar a sua herança.
15 Mas o juízo se
converterá em justiça, e segui-la-ão todos os
de coração reto.
16 Quem se
levantará a meu favor, contra os perversos? Quem estará comigo
contra os que praticam a iniquidade?
17 Se não fora o
auxílio do SENHOR, já a minha alma estaria na região do silêncio.
18 Quando eu
digo: resvala-me o pé, a tua benignidade, SENHOR, me sustém.
19 Nos muitos
cuidados que dentro de mim se multiplicam, as tuas consolações me
alegram a alma.
20 Pode,
acaso, associar-se contigo o trono da iniquidade, o qual forja o mal, tendo uma
lei por pretexto?
21 Ajuntam-se
contra a vida do justo e condenam o sangue inocente.
22 Mas o
SENHOR é o meu baluarte e o meu Deus, o rochedo em que me abrigo.
23 Sobre eles
faz recair a sua iniquidade e pela malícia deles próprios os destruirá; o
SENHOR, nosso Deus, os exterminará.”
Mesmo o réprobo é responsável
perante Deus e os homens por todas as suas ações. Todos deverão prestar contas
dos seus atos e até mesmo de palavras ociosas no grande dia do Juízo Final.
Esta é a principal razão de todos os justos serem chamados por Cristo a
não julgarem ninguém, porque este juízo definitivo será passado pelo próprio
Deus quanto ao caráter e as obras de cada um. Afinal, qual seria o proveito de
maldizer o ímpio? Ele já não se encontra condenado em si mesmo por suas más
obras? O juiz de toda a Terra não o veria e julgaria com justiça?
Muitas más intenções e muitos pecados podem ser encobertos aos olhos de
muitos, mas nenhum aos olhos de Deus.
Muito do que se conhece das injustiças que são praticadas no mundo e que
vêm ao conhecimento geral, não passa apenas da ponta de um gigantesco iceberg
que se encontra oculto nas profundezas do inferno. Seria vão portanto, o nosso
esforço de tentar extirpar o mal do coração dos ímpios, pela intensificação da
pregação do evangelho. Eles apenas acharão nisto ocasião para aumentar a
zombaria, a ridicularização e a perseguição, de modo que somos ordenados a não
lançar coisas santas a cães e pérolas a porcos.
Deus conhece os que são Seus e os alcançará sem a falta de qualquer um
deles. Ele os achará e resgatará conforme Jesus no ensina na Parábola da Ovelha
Perdida. Ele decidirá por qual instrumentalidade o fará, de modo que até mesmo
isto não se encontra na esfera do nosso próprio poder.
O Espírito Santo é quem dirige e realiza o trabalho da conversão de
pecadores, conforme podemos verificar nas palavras que nosso Senhor dirigiu a
Nicodemos:
“1 Havia,
entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus.
2 Este, de
noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre
vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais
que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
3 A isto,
respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de
novo, não pode ver o reino de Deus.
4 Perguntou-lhe
Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao
ventre materno e nascer segunda vez?
5 Respondeu
Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer
da água e do Espírito não pode entrar no reino de
Deus.
6 O que é nascido
da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.
7 Não te
admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.
8 O vento
sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para
onde vai; assim é todo o que é nascido
do Espírito.” (João 3.1-8).
Já a Moisés o Senhor havia declarado ser justo, longânimo, bondoso,
misericordioso, perdoador, etc, mas que Ele usa de misericórdia com quem quer e
de igual modo deixa de usá-la em relação a quem não quiser.
“5 Tendo o
SENHOR descido na nuvem, ali esteve junto dele e proclamou o nome do SENHOR.
6 E,
passando o SENHOR por diante dele, clamou: SENHOR, SENHOR Deus compassivo,
clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade;
7 que guarda
a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e
o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos
filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração!” (Êxodo
34.5-7).
Ora, o que se entende disto senão o que Jesus disse a Nicodemos, em
relação ao Espírito Santo, na obra de salvação? Ninguém sabe sobre quem ele
virá para nele habitar. Ele agirá de acordo com a misericórdia eletiva de Deus
e não segundo a vontade do próprio homem.
Deus é Criador e Senhor Soberano, de modo que não está sujeito a dar
contas de Seus atos a quem quer que seja.
Não é sem motivo que todos são chamados a se humilharem diante dEle,
reverenciá-Lo e adorá-Lo, pois é inteiramente digno disso, enquanto somos
indignos em nossa própria condição decaída.
Esta é a razão pela qual o arrogante, o orgulhoso e o ímpio jamais
prevalecerão com Ele no juízo. Antes resiste a estes e dá graça aos humildes,
pois são os únicos que se mostram verdadeiros quanto à sua real condição
perante a Majestade do céu que é inteiramente justo e santo.
Aqui caberia uma palavra aos que são meramente ativistas políticos e que
gastam nisto toda a sua energia buscando criar um mundo mais justo, porque
correm o grande risco de se esquecerem da justiça de Cristo enquanto lutam para
fazer prevalecer a que é unicamente do homem.
A humanidade está
desesperadamente inclinada à cegueira e à ilusão, como estão viciadas nas
trevas. Deus de vez em
quando, por suas instruções e poder, levanta algumas nações
dessas trevas grosseiras. Mas então,
como eles afundam nelas novamente, assim que sua mão
é retirada!
Essa é
a lamentável tendência da mente do
homem desde a queda, apesar de seus nobres poderes e faculdades; que é a de afundar em uma espécie de brutalidade quanto às coisas espirituais, e
afundar cada vez mais na escuridão.
A cegueira extrema e
brutal que possui o coração dos homens naturalmente aparece em sua confiança em grandes erros e ilusões. Multidões vivem e morrem nas
noções e princípios mais tolos e
absurdos, e nunca parecem duvidar de
que estão certos. É impressionante observar como
especialmente os que exercem atividades
intelectuais, quando lhes falta o conhecimento de Deus, consideram-se elevados
acima dos demais homens e até mesmo sobre o próprio Jesus. Eles se perdem em
loquacidade frívola para sustentarem seus argumentos que consideram como fruto
da grande iluminação de suas mentes, e
consideram como coisas ultrapassadas e medievais todas as assertivas da
Palavra de Deus, que eles sequer podem entender, e assim falam daquilo que
somente pode ser discernido pela fé e pela iluminação do Espírito Santo,
estando desprovidos de ambos.
Quando chegam a crer em algo na
religião é em meras superstições e mandamentos carnais e de homens, agravando
ainda mais a condição deles diante de Deus, pois com isto rejeitam a graça que
é oferecida e ordenada no evangelho.
A Europa é
uma parte do mundo mais famosa por artes e ciências do que qualquer outra. E essas coisas foram levadas a uma altura muito
maior nesta era do que em muitas outras. No
entanto, muitos homens instruídos da Europa hoje em
dia, que se destacam muito nas artes e na literatura humana, ainda estão
sob a escuridão, e abandonando de lado o legado que lhes foi
deixado pelos Reformistas, encontram-se sob grosseiro ateísmo, falando
inclusive em serem parte do mundo pós-cristão.
Como eles amaram mais
o mundo do que a Deus, e mais a mentira do que a verdade, Deus lhes tem enviado
a operação do erro e os tem deixado entregues a si mesmos, de modo que se
apresentam como fortes candidatos para serem o berço que acolherá o Anticristo.
“1 Irmãos, no que
diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos
exortamos
2 a que não vos demovais
da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer
por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo
tenha chegado o Dia do Senhor.
3 Ninguém, de
nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que
primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da
perdição,
4 o qual se
opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de
culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse
o próprio Deus.
5 Não vos
recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas?
6 E, agora,
sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria.
7 Com
efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado
aquele que agora o detém;
8 então, será, de fato,
revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá
pela manifestação de sua vinda.
9 Ora, o
aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais,
e prodígios da mentira,
10 e com todo
engano de injustiça aos que perecem, porque não
acolheram o amor da verdade para serem salvos.
11 É por este
motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à
mentira,
12 a fim de
serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade;
antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.” (II
Tessalonicenses 2.1-12).
Se Deus deixa os
homens entregues a si mesmos, nenhuma luz surge e eles permanecem mais
endurecidos em sua segurança carnal. Mas
a escuridão se torna mais e mais espessa.
Como sucede
agora, neste mesmo dia, entre todas as nações onde a luz do
evangelho não tem sido derramada, ou que em sendo, tem sido rejeitada por aqueles
que temem vir para a luz?
Os homens são muito
propensos a serem enganados sobre seu próprio estado, a
se pensarem ser algo quando não são nada e a se suporem “ricos e aumentados em
bens, e a não precisarem de nada, quando são infelizes, miseráveis, pobres,
cegos e nus.” Eles são grandemente
enganados sobre os princípios pelos quais
agem. Eles pensam que são
sinceros naquilo em que não há sinceridade e não
raro há muita malícia. E que eles fazem
essas coisas por amor a Deus, o que fazem apenas por amor a si mesmos. Eles chamam mero conhecimento especulativo ou
natural, o conhecimento espiritual; e
colocam consciência no lugar da graça; um servil, por um temor infantil; e afetos comuns, que são
apenas de princípios naturais e não
têm efeito permanente para grandes descobertas e atos
eminentes da graça. Sim, é
comum os homens chamarem suas disposições cruéis
pelo nome de alguma virtude. Eles
chamam sua raiva e malícia, zelo por uma causa justa ou zelo
pelo bem público. E
a cobiça deles, de frugalidade. Os incautos podem ser enganados por eles, tanto quanto enganam a si
mesmos, mas os que temem e servem a Deus discernirão seus reais propósitos
pecaminosos e malignos.
Eles são amplamente
enganados sobre sua própria justiça. Eles
acham que seus afetos e performances são adoráveis a
Deus, naquilo que de fato são odiosos para ele. Eles acham que suas lágrimas, reformas e
orações são suficientes para
fazer expiação por seus pecados; quando, de fato, se todos os
anjos no céu se oferecerem em sacrifício a Deus, não seria suficiente expiar um
de seus pecados. Eles acham que suas
orações, obras e ações religiosas são
um preço suficiente para comprar o favor de Deus e a glória
eterna. Quando, ao
executá-las, nada fazem além de merecer o inferno.
Eles são grandemente
enganados sobre sua força. Eles
acham que são capazes de consertar seus próprios corações e trabalhar alguns
bons princípios em si mesmos. Quando
eles não podem fazer mais por isso, do que um cadáver
morto faz para se elevar à vida. Eles
vão se bajulando, são capazes de vir a
Cristo quando não o desejam. Eles estão muito enganados com
a estabilidade de seus próprios corações. Eles tolamente pensam que suas próprias
intenções e resoluções sobre o bem que farão no futuro,
dependerão. Quando, de fato, não
existe nenhuma dependência deles. Eles estão muito enganados
sobre suas oportunidades. Eles
pensam que a longa continuidade de sua oportunidade deve ser dependente e que
amanhã ela deve se apresentar. Quando,
de fato, há a maior incerteza disso. Eles se lisonjeiam de que terão
uma melhor oportunidade de buscar a salvação no futuro, do que têm
agora. Quando não
há probabilidade disso, mas uma improbabilidade muito
grande.
Eles são grandemente
enganados sobre suas próprias ações e práticas. Suas
próprias falhas são estranhamente escondidas de seus olhos. Eles vivem de maneira muito diferente daquela em
que vivem autênticos cristãos, mas ainda assim
parecem não ter nenhuma consciência disso. Os maus caminhos deles, que são muito claros para
os outros, são escondidos deles. Sim,
naquelas mesmas coisas que eles próprias consideram
grandes falhas nos outros, elas se justificarão. Embora sejam
zelosos em tirar o argueiro do olho do irmão, eles não
sabem que uma trave está nos seus próprios
olhos.
Eles são
grandemente enganados sobre si mesmos, quando se comparam aos outros. Eles se consideram melhores que seus próximos, que
são realmente muito melhores que eles. Eles são grandemente
enganados sobre si mesmos, quando se comparam a Deus. Eles são muito insensíveis
à diferença que existe entre
Deus e eles e agem em muitas coisas como se pensassem que ele fosse igual a eles.
Existem muitas práticas
cruéis, cuja ilegalidade é muito clara, os
pecados são graves e contrários não
apenas à Palavra de Deus, mas à
luz da natureza. E, no entanto, os
homens frequentemente alegam que não há mal em tais pecados. Tais como, muitos atos de imundície
grosseira; e muitos atos de
fraude, injustiça e engano; e muitos outros que podem ser mencionados,
especialmente entre os poderosos.
Os séculos seguidos
da história da humanidade comprovam que de fato é somente a revelação
divina, da qual a igreja de Deus está possuída,
estando no mundo "como uma luz que brilha em um lugar escuro". (2
Pedro 1:19), o único remédio que Deus providenciou para a miserável cegueira da
humanidade, sem o qual este mundo caído teria afundado para sempre em barbárie
brutal sem nenhum remédio. É
o único meio que o verdadeiro Deus obteve êxito em sua
providência, para dar às nações do mundo o conhecimento de si mesmo; e tirá-los da adoração
de deuses falsos.
Quão grande é a misericórdia para
a humanidade, que Deus tenha enviado seu próprio Filho ao mundo, para ser a luz do mundo. E
é um exemplo maravilhoso de misericórdia divina que Deus nos viu tanto em nosso estado
inferior, a ponto de fornecer um remédio tão glorioso. Ele não enviou um anjo criado para nos instruir, mas seu próprio Filho, que está no seio do Pai, e da mesma
natureza e essência com ele. E,
portanto, infinitamente melhor familiarizado com ele, e mais do que suficiente
para ensinar um mundo cego. Ele
o enviou para ser a luz do mundo, como ele diz de si mesmo: “Eu vim
como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas
trevas.” (João 12:46).
Cristo que veio nos
iluminar é a verdade e a própria luz, e a fonte de toda luz. “Ele é luz, e nele não há trevas.” (1 João 1: 5)
O fato de os homens
naturais não sentirem sua
cegueira e a miséria espiritual que estão sofrendo não significa que por isso
não são infelizes; pois isto os mantém sob uma maldição eterna, porque por esta
cegueira não poderão chegar ao arrependimento. Então é necessária a luz de
Jesus para que vejam seu estado arruinado e a Ele como sua única esperança de
salvação.
É muito próprio à
natureza dessa calamidade de ser cego estar escondida de si mesma ou daqueles
que estão sob ela, como foi o caso dos fariseus aos quais
Jesus se dirigiu dizendo que permaneciam em seus pecados, uma vez que afirmavam
não serem cegos, apesar de serem, porque não há quem não esteja em trevas, caso
não esteja em Jesus. Os tolos não
são sensíveis à
sua loucura. Salomão
diz: “O tolo é mais sábio
em sua própria presunção do que sete homens
que podem apresentar uma razão.”
(Prov 26:16).
Assim como Jesus passou uma sentença judicial sobre
aqueles fariseus que afirmavam não serem cegos, de igual modo Ele faz com todos
aqueles que seguem nos mesmos passos deles. Ele os abandona à cegueira de suas
próprias mentes. As Escrituras nos
ensinam que existem alguns desses. “Que
diremos, pois? O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o
alcançou; e os mais foram endurecidos, como está escrito:
Deus lhes deu espírito de entorpecimento, olhos para não ver e
ouvidos para não ouvir, até ao dia de hoje.”(Rom 11: 7,8). “Mas os
sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando
fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu
permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.” (2
Cor 3:14). “Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede,
vede, mas não percebais. Torna insensível o coração deste
povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha
ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se
converta, e seja salvo.” (Isaías 6: 9,10).
Esse julgamento, quando infligido, é comumente pelo
desprezo e abuso da luz que foi oferecida, pela prática de pecados presunçosos,
e por ser obstinado no pecado, e resistir ao Espírito Santo, e muitos chamados
e conselhos graciosos, advertências e repreensões.
Quem são as pessoas
em particular, que são, portanto, entregues judicialmente por Deus à cegueira
de suas mentes, não é conhecido pelos homens. Mas
não temos motivos para supor que não
haja multidões deles, e principalmente nos lugares de maior luz. Não há
nenhuma razão para supor que esse julgamento, mencionado nas
Escrituras, seja em grande medida peculiar aos
velhos tempos. Como havia muitos que
caíram sob ele nos tempos dos profetas da antiguidade,
e de Cristo e seus apóstolos. Então,
sem dúvida, agora existem também. E embora as pessoas não sejam conhecidas,
ainda assim, sem dúvida, pode haver mais motivos para
temer isso em relação a alguns do que a outros. Todos os que estão sob o poder da
cegueira de suas próprias mentes são miseráveis. Mas
os que são entregues a essa cegueira são
especialmente infelizes. Pois eles são
reservados e selados para a escuridão das trevas para
sempre.
A consideração do que
foi dito sobre a cegueira desesperada que possui o coração de todos nós
naturalmente pode ser aterrorizante para aqueles que ainda estão em uma
condição sem Cristo, neste lugar de luz, onde o evangelho tem sido desfrutado
por tanto tempo, e onde Deus no passado derramou tão maravilhosamente seu
Espírito.
E que tais pessoas,
para seu despertar, considerem as seguintes coisas:
Primeiro, que eles são cegados pelo deus deste
mundo. A cegueira deles é
do inferno. Esta escuridão
sob a qual os homens naturais estão, é do príncipe das trevas. Isso o apóstolo diz
expressamente sobre aqueles que permanecem na incredulidade e cegueira sob o
evangelho. “Mas, se o nosso evangelho
ainda está encoberto, é para os que se perdem que está
encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento
dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus.” (2 Cor 4: 3, 4)
Eles pertencem ao reino das trevas. Na
escuridão que reina em suas almas, o diabo reina. E ele mantém seu domínio
lá.
Segundo, considere como Deus, em sua palavra,
manifesta sua aversão e ira contra aqueles que permanecem tão cegos e
ignorantes, no meio da luz. Como
Deus fala deles! “Acaso, não entendem
todos os obreiros da iniquidade, que devoram o meu povo, como quem come pão,
que não invocam o SENHOR?” (Salmo 14: 4). “Durante
quarenta anos, estive desgostado com essa geração e disse:
é povo de coração transviado, não conhece os meus caminhos. Por isso,
jurei na minha ira: não entrarão no meu descanso.” (Salmo
95:10, 11). “O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura;
mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende. Ai desta nação
pecaminosa, povo carregado de iniquidade, raça de malignos, filhos corruptores;
abandonaram o SENHOR, blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás.”
(Isaías 1: 3, 4) “Porque a cidade fortificada está solitária,
habitação desamparada e abandonada como um deserto; ali pastam os bezerros,
deitam-se e devoram os seus ramos. Quando os seus ramos se secam, são
quebrados. Então, vêm as mulheres e lhes deitam fogo, porque este povo não é
povo de entendimento; por isso, aquele que o fez não se compadecerá dele, e
aquele que o formou não lhe perdoará.” (Isaías 27:10, 11). “Deveras, o
meu povo está louco, já não me conhece; são filhos néscios e não
inteligentes; são sábios para o mal e não sabem
fazer o bem. ”(Jeremias 4:22). “Anunciai isto na casa de
Jacó e fazei-o ouvir em Judá, dizendo: Ouvi agora isto, ó povo
insensato e sem entendimento, que tendes olhos e não vedes,
tendes ouvidos e não ouvis. Não temereis a mim? – diz o
SENHOR; não tremereis diante de mim, que pus a areia para limite do mar, limite
perpétuo, que ele não traspassará? Ainda que se levantem as suas ondas, não
prevalecerão; ainda que bramem, não o traspassarão.” (Jer.
5:20-22).
Em terceiro lugar, consideremos
quanta obstinação há
na sua ignorância. Os pecadores estão
prontos a se desculpar totalmente em sua cegueira; enquanto, como já foi observado, a
cegueira que naturalmente possui o coração dos homens não é uma coisa meramente
negativa. Mas eles são
cegados pela "fraude do pecado". (Hb 3:13). Há
uma perversidade em sua cegueira. Não
há uma mera ausência de luz, mas uma
oposição maligna à luz. Como Deus diz, "eles não
sabem, nem entendem, andam nas trevas". (Salmo 82: 5). Cristo observa:
"Todo aquele que pratica o mal, odeia a luz, nem vem para a luz". E
que “esta é a condenação
deles, que a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a
luz.” (João 3:19, 20).
Por tudo o que foi dito podemos concluir que um
conhecimento adequado das Escrituras pode nos tornar sábios para a salvação,
mas não efetuar a salvação propriamente dita por si mesmo, pois é necessário ir
Àquele do qual as Escrituras testificam ser o único pelo que pode nos salvar
por estarmos unidos espiritualmente a Ele, por meio da fé.
“14 Tu, porém,
permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste
15 e que,
desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a
salvação pela fé em Cristo Jesus.
16 Toda a
Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça,
17 a fim de
que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa
obra.” (II Timóteo 3.14-17).
Apêndice:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da
nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam
debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei
determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento
substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que
seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi
gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme
representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos
alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o
corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o
sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua
vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que
sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que
nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas
imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central
relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de
forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi
feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para
garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a
glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que
busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois
tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo
desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que
nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem
perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por
graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios
desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós
mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a
aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais
poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo
Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo
sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote
foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação
eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para
este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito
Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
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