Por
Silvio Dutra
Set/2019
A474
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Alves, Silvio Dutra
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O que é preciso para se ver a Deus
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Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro,
2019.
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65p.; 14,8 x21cm
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1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Alves,
Silvio Dutra.
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I.
Título.
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CDD 252
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Se Deus chamasse a um dos
seus ministros e lhe desse a seguinte incumbência: “Você deve ensinar o meu
povo a se santificar, porque próximo está o arrebatamento, e sem santificação
ninguém verá a minha face.” Em que principalmente o citado ministro deveria
focar? Em que deveria concentrar os seus esforços para que fosse efetivo no
cumprimento da ordem que lhe foi dada?
Este alvo seria atingido com mero ensino formal de
palavras? Por mais bíblicas e ortodoxas que elas fossem, seriam suficientes
para tal propósito?
Ou além do reto ensino haveria necessidade de oração
em favor dos que deveriam ser santificados? Alguns exercícios práticos deveriam
ser realizados em conjunto? Alguma repreensão e disciplina a serem aplicadas?
Antes de tudo, haveria necessidade de bem definir o
objeto que estará sendo proposto, pois não se tratando de coisas visíveis que
podem ser buscadas objetivamente e avaliadas por critérios de mera inspeção
visual, auditiva, tátil ou olfativa, como por exemplo no caso de quem se dispõe
a adquirir determinado bem material, apresenta-se diante de nós uma grande
dificuldade para se definir o que é a SANTIFICAÇÃO em si mesma. No que ela consiste.
Porque deve ser buscada, pois é dito que sem ela ninguém verá a Deus.
Como receberemos aquilo do que sequer sabemos qual é
a substância e o significado do que deve ser buscado?
Graças a Deus que não estamos sem respostas
adequadas para isto, pois o Senhor, em sua grande sabedoria, amor, graça e
misericórdia, revelou em Sua Palavra não somente em que consiste a
santificação, como também o modo de ser obtida.
É sobre esta revelação que pretendemos discorrer de
modo simples, direto, objetivo, tanto quanto for possível, para facilitar a
compreensão de assunto tão vital, que está relacionado não somente à nossa
felicidade eterna futura, como também a um viver vitorioso enquanto
permanecemos neste mundo.
Quisera, para a consecução deste objetivo, ter a
capacidade de escrever com tal precisão que cada palavra destilasse como um fio
de ouro, ligando-se a cada pensamento, de modo que nada fosse perdido, ou que desviasse
a nossa atenção do alvo a ser atingido.
No muito falar e expor perde-se o foco central, e
quando este é perdido, dificilmente há proveito no que deveríamos ter
aprendido, de forma a ser aplicado em nosso viver diário.
Se o que for escrito servir apenas como informação,
pouco proveito haverá porque o que se pretende é formação – Cristo ser formado
em nós efetivamente – e não mera informação que não toque ou transforme a nossa
vida.
Como ponto de partida fundamental devemos afirmar
que não estamos diante de um alvo que pode ser atingido de forma nocional, pois
o assunto da santificação refere-se à vida, à vida eterna e sobrenatural de
Deus, e, evidentemente, não poderá ser experimentada sem que haja operações
reais e espirituais do Espírito Santo, e na verdade, de toda a Trindade Divina,
na realização deste trabalho.
O que pretendemos dizer é que mais conheceremos em
nossa própria experiência de vida se estamos sendo de fato santificados,
somente na medida em que permanecermos e perseverarmos no Senhor, pois é da
comunhão com Ele que procederá todo o nosso conhecimento e crescimento
espiritual.
Nenhuma iluminação celestial será recebida por
aqueles que se entregarem à tarefa de ler sobre santificação, sem permitirem
serem tocados, guiados, instruídos e transformados pelo poder do Espírito.
Submissão ao Senhor, de nossa vontade à dEle, é o
pressuposto básico para a aprendizagem prática da santificação.
Não nos iludamos, portanto, pensando que podemos ser
santificados sem que haja uma verdadeira devoção e consagração ao Senhor, no
sentido de buscar nele uma vida verdadeiramente santa e piedosa.
A razão de tudo isto é que a santificação não é uma
operação natural relativa ao homem natural, e muito menos ao homem carnal, pois
trata diretamente com a nova natureza celestial, espiritual e divina – com a
vida nova que recebe-se do céu na conversão, quando somos transformados em
novas criaturas. Se pela regeneração recebemos esta nova vida, está determinado
por Deus que ela deve crescer e se desenvolver até a perfeição, através do
processo da santificação do Espírito Santo, mediante uso da Palavra de Deus.
Para tanto, o Espírito Santo habita nos crentes e
levanta entre eles pastores e mestres para o propósito de edificá-los em amor,
na verdade.
Pelo mesmo Espírito são impulsionados a se reunirem
regularmente em congregações, para a edificação mútua, de modo que Deus seja
glorificado por suas vidas santificadas, pois que glória poderia receber de
crentes carnais e mundanos?
Agora, quando trazemos estas reflexões para a
realidade vivida por nossas congregações em nossos dias, quantos crentes vemos
que estejam realmente santificados, fazendo progresso contínuo em seu
crescimento espiritual?
Quanto há de comunhão espiritual entre eles? E não é
incomum, que se veja muita carnalidade mesmo quando estão debaixo de um reto
ensino da Palavra, até mesmo por anos seguidos.
O que deve ser feito para a reversão deste quadro?
Nós vemos nas cartas dirigidas às igrejas no livro
de Apocalipse, que Jesus não desiste do seu povo, e o chama ao arrependimento
para a vida santificada. É portanto, nosso dever, atender à sua convocação e
indagarmos o que devemos fazer para que sejamos efetivamente santificados.
Quanto antes tomarmos esta decisão, melhor, porque
ninguém pode ser santificado da noite para o dia. Não podemos remover nossos
hábitos carnais e mundanos instantaneamente. Nem podemos nos revestir das
virtudes de Cristo sem sermos submetidos a muitas provações da nossa fé, em
tribulações escolhidas por Deus para tal propósito.
O trabalho de gerar o hábito de santidade em nós é
relativamente longo, e não podemos queimar etapas, ainda que possamos
contribuir para que este seja acelerado pelo grau da nossa busca de Deus e
consagração a ele.
É somente pelo trabalho de santificação que a nossa
fé pode aumentar. Nenhuma fé pequena é transformada em grande fé em um simples
estalar de dedos.
Noé foi um gigante na fé durante o dilúvio, mas isto
somente depois de ter caminhado 600 anos fielmente com Deus.
Abraão não teria se disposto a oferecer Isaque em
sacrifício caso não tivesse sido provado em sua fé de diversas maneiras antes,
de forma que esta crescesse a ponto de responder em obediência àquela ordenança
extrema que Deus lhe fizera.
Por isso voltamos a dizer, e a experiência prática o
tem comprovado, que a primeira grande coisa a ser feita se desejamos ser
santificados, é esta de decidirmos nos devotar ao Senhor, e pedir-lhe que crie
em nosso coração o desejo de viver cada dia de nossas vidas para honrá-lo,
glorificá-lo, obedecê-lo em tudo o que nos tem ordenado em Sua Palavra.
Evidentemente, como não podemos obedecer o que não
conhecemos, necessitaremos estudar e meditar na Palavra diariamente, com
espírito reverente, de modo que cheguemos ao conhecimento da vontade revelada
de Deus para os seus filhos.
A própria leitura ou audição da Palavra é um grande
meio santificador, por toda a atmosfera e influência santa que gera em nossos
corações, quando nela meditamos, pois foi produzida por inspiração do Espírito
Santo.
A fé vem por se ouvir a Palavra de Deus. Este ouvir
pode incluir também a leitura da Palavra. Assim, misturando-se a fé com a
Palavra o resultado é vida, santificação, entrada no descanso de Deus.
A fé santifica pela consideração que ela paga a toda
a Palavra de Deus. Deve-se ter em mente, como acabo de dizer, que a obra da
santificação é realizada pela instrumentalidade da verdade Escriturística.
É impossível não ser impressionado com a adaptação
da Bíblia para produzir a santidade. Cada parte dela; seus preceitos, ameaças,
promessas, exemplos; todos são adaptados para tornar os homens santos.
Deve haver o estudo diário, diligente e com oração,
das Escrituras. Este é o meio divinamente designado de santificação.
A santificação não é uma série de impulsos cegos na
mente; de raptos sem sentido da alma, ou de silêncio místico; mas de atos
inteligentes de conformidade com a vontade de Deus, conforme sua vontade é
manifestada em sua Palavra; e é somente conhecendo e crendo na Palavra que isso
pode ser alcançado.
A razão de muitos crentes não estarem santificados é
exatamente a de não terem o devido temor, respeito e consideração à Palavra de
Deus. Não a veem como uma produção da própria boca de Deus, mas como um livro
comum. Alguns chegam até mesmo a desprezar e a contradizer muitas de suas
passagens, como se elas estivessem submetidas ao juízo deles.
Entristecendo o Espírito Santo de tal forma, ficam
privados da sua iluminação e instrução, e não podem entender de forma alguma, a
verdade revelada, para que pudessem aplicá-la às suas vidas.
Crentes que agem dessa forma são de mentalidade
mundana, e se identificam muito mais com as coisas e valores do mundo do que
com as coisas que são espirituais e divinas.
Não são movidos pela pregação da Palavra, por mais
ungida e ortodoxa que ela seja. Não são impulsionados à oração e à adoração.
Não têm pensamentos espirituais e celestiais. Não são desmamados do mundo, e as
renúncias impostas pelo evangelho, lhes parecem loucura ou coisas impossíveis
de serem praticadas.
Só pensam em festas, glutonarias, prazeres e
diversões os mais diversos. Não podem dedicar tempo para a leitura de bons
livros devocionais, da Bíblia, ou para
serem frequentadores regulares dos cultos públicos de adoração ou oração.
As coisas relativas à vida com Deus e ao seu serviço
lhes são tediosas, e não podem encontrar qualquer alegria nelas, porque
apagaram o Espírito Santo e vivem unicamente pela energia da carne, e como esta
não está sujeita a Deus e nem mesmo pode
estar, continuam fugindo como Adão para se esconderem dele em qualquer árvore
que possam encontrar.
Tudo a que aspiram tem a ver com as coisas desta
vida e não conseguem entreter qualquer pensamento relativo à eternidade, e
considerar quão breve é a nossa estada neste mundo.
Não fazem, portanto, qualquer investimento para a
vida futura no céu. Vivem como se não existisse nem morte, nem céu, nem
inferno, nem juízo final. Deus não é uma pessoa viva e todo poderosa, senão
apenas uma invenção de religiosos. A que ponto pode chegar a dureza do coração
humano, não tratado continuamente pela graça de Jesus!
Por isso, a fé que santifica opera pela consideração
direta e prevalecente que tem para com a obra de Cristo, conforme estabelecida
na Palavra de Deus.
A fé santificadora, como a que justifica, enquanto
toma todo o campo da revelação; habita especialmente as cenas do Calvário. Lá o
crente é atraído por uma atração irresistível; ali habita com um deleite
intenso; a partir daí deriva suas fontes de consolação, e motivos para
obediência. Sim, o grande objeto da fé santificadora é um Salvador crucificado!
O crente que se consagra se vê crucificado juntamente
com Cristo. É grato ao Seu senhor de todo o seu coração por tê-lo livrado deste
modo, da eterna escravidão que teria ao pecado e ao diabo. Pela cruz ele vence
o seu ego e o mundo. Pela cruz, ele alcança a vida ressurreta que se segue à
morte do velho homem. Quão grande gozo inefável há em seu interior por tudo
isto!
A fé opera sobre a nossa santificação, pelo respeito
que ela carrega, o crédito que dá, à prometida ajuda do Espírito Santo. É por
sua agência que toda a obra da graça é levada a cabo na alma. Mas, o que nos
assegura que teremos o Espírito? O que nos encoraja a esperar sua ajuda
necessária? As numerosas promessas da Palavra de Deus. Tais promessas são o
alimento da fé. A fé as torna como já realizadas para o crente. Elas são
antecipadas em alegria inexprimível, de modo que todas as tribulações lhes
parecem leves, ao contemplar a herança e a recompensa futuras que lhe aguardam
na glória celestial.
A fé une a alma vitalmente a Cristo, e assim extrai
dele toda a graça que está nele para o bem-estar espiritual do crente. O
verdadeiro crente é um ramo da videira viva. (João 15: 1). Ele é um membro do
corpo do qual Cristo é a Cabeça Divina. (Efésios 1.23).
Como toda a nossa santificação encontra-se no
próprio Senhor Jesus Cristo (I Coríntios 1.30), nós só podemos tê-la estando em
plena comunhão com ele. Esta é a razão de que um simples pecado não confessado
pode interromper o nosso estado de santificados, pois é decorrente da
interrupção da nossa comunhão com o Senhor, de quem nos vem a santificação. É
pela Sua seiva viva que somos mantidos como ramos frutíferos na Videira
Verdadeira.
É por este motivo que nós o vemos intercedendo junto
ao Pai para que santificasse os crentes na verdade, a saber na Sua Palavra, que
é a verdade.
Este trabalho de santificação é portanto feito por
Deus, através do Espírito Santo, que nos recria em santidade para a vida
celestial, espiritual e divina, de maneira que possamos viver em unidade com
Ele e uns com os outros crentes que também estejam santificados.
Tão essencial é a santificação para a unidade, que
Jesus orou por ela, para ser vista nos crentes, pois sem santificação não há
qualquer unidade real entre Deus e seus filhos.
“17 Santifica-os
na verdade; a tua palavra é a verdade.
18 Assim como
tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
19 E a favor
deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam
santificados na verdade.
20 Não rogo
somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em
mim, por intermédio da sua palavra;
21 a fim de
que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em
mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para
que o mundo creia que tu me enviaste.
22 Eu lhes
tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como
nós o somos;
23 eu neles,
e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que
o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a
mim.” (João 17.17-23)
O grande alvo da santificação, portanto, é possibilitar a participação
real e efetiva no amor de Deus, por meio da unidade com ele. Ser e sentir-se de
fato um só espírito com ele. Não apenas em pensamentos e desejos, mas em ações,
executados em plena harmonia com a vontade divina.
Ao dizer que esta unidade dos crentes com Deus e entre si é fundada na
Palavra da verdade, o que nosso Senhor destacou claramente para nós é que só
pode haver tal unidade com a prática da sã doutrina, ou seja a mesma doutrina
ensinada por ele e seus apóstolos, e que se encontra registrada na Bíblia.
Se alguma Igreja ou grupo de crentes abandona a sã doutrina para seguir
mandamentos e práticas que sejam contrários à mesma, será impossível se ver
entre eles a unidade em amor pela qual Jesus intercedeu, e trabalha para que
seja vista entre os crentes.
Em outra passagem, Jesus disse que a adoração verdadeira a Deus deve ser
em espirito e em verdade. Sobre a verdade já falamos. Agora, sobre o espírito
não padece dúvida que toda adoração e unidade real e verdadeira só pode ser
promovida quando os crentes participam da vida do Espírito Santo e andam nele.
De modo que, caso se tenha uma devida consideração pela sã doutrina,
quando o ensino é segundo a ortodoxia, mas falta a direção, a instrução e o
poder do Espírito Santo na vida dos crentes, também será impossível ser vista a
referida unidade em amor entre eles.
Nisto se cumpre o que foi dito por nosso Senhor aos saduceus que eles
não conheciam a Palavra e o poder de Deus. Neles faltava tudo o que era
necessário, enquanto em algumas igrejas falta uma coisa (Palavra), ou outra
(poder do Espírito Santo).
Na oração sacerdotal de Jesus não estava em foco a justificação e regeneração porque ambas
haviam já sido conquistadas para sempre e instantaneamente no ato mesmo da
conversão do crente mediante a fé nele.
Então, ao orar pela santificação dos crentes, o que
o Senhor tinha em vista era o trabalho progressivo do Espírito Santo a ser
efetuado neles, para a mortificação contínua do pecado, que é sempre necessária
para se manter o estado de santificado, e o revestimento das graças relativas
ao fruto do Espírito.
"Esta é a vontade de Deus, a vossa
santificação." (1 Tessalonicenses 4: 5)
"Mas nós devemos sempre dar graças a Deus por
vós, irmãos, amados do Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para
a santificação do espírito e a fé na verdade." (2 Tessalonicenses 2:13).
"Para que recebam o perdão dos pecados, e a
herança entre os que são santificados, pela fé em mim". (Atos 26:18)
O caráter de um verdadeiro crente nos é dado pela
santificação. Nós não somos cristãos, e não podemos ser cristãos; se não somos
mudados em nossa natureza moral do pecado para a santidade.
A santidade era a imagem de Deus na qual o homem foi
criado no começo; a imagem que ele perdeu pela queda; e restaurar nossa
natureza foi o projeto de todo o plano da redenção. É um erro supor que o fim principal
da morte de Cristo foi para nos salvar do inferno. "Ele morreu para
redimir-nos de toda a iniquidade, e para purificar para si um povo peculiar
zeloso de boas obras." (Tito 2:14). Sem uma natureza nova e santa, da qual
emanarão os frutos da justiça em nosso caráter e conduta, podemos ser cristãos
somente no nome. A santificação é tão essencial para a salvação quanto a
justificação, e na verdade é parte dela!
A justificação nos foi dada como um ato jurídico de
Deus Pai, e a santificação é um trabalho recriador realizado em nós pelo
Espírito Santo, para nos conduzir à exata imagem e semelhança com Cristo.
Assim como temos trazido a imagem do Adão natural,
devemos também trazer a imagem do último Adão que é espirito vivificante. Se
pelo primeiro somos naturais, pelo segundo somos tornados espirituais.
Daí que devemos seguir os passos do nosso Senhor e
Salvador, buscando ser semelhantes a Ele em tudo.
Sem este objetivo em vista, não há nenhuma
verdadeira santificação sendo buscada. Olhemos para a pessoa de Jesus, para
suas ações e reações, o modo santo, justo e piedoso que viveu neste mundo,
nunca nada dispondo para a carne, mas vivendo totalmente sob o poder do
Espírito Santo, e busquemos ser assim como ele é.
Ele era manso e humilde de coração. Devemos buscar
ser o mesmo, pela concessão de sua graça a nós, e por nos exercitarmos em
paciência e longanimidade toda vez que formos provados, ao sermos ofendidos e
injuriados.
Ele tudo fazia para a glória do Pai, e não agia de
acordo com a sua própria vontade, mas com a do Pai, e assim devemos também
fazer.
Ele sempre estava disposto a perdoar os seus
ofensores, e devemos também estar.
Ele vigiava e orava sem cessar.
Ele honrava e obedecia a todos os mandamentos da
Lei.
Era misericordioso e benigno.
Nenhuma palavra torpe ou ociosa procedeu de sua
boca.
A nenhuma tentação cedeu, e tudo vencia pela prática
da Palavra.
Não buscava honrarias terrenas.
Não cobiçava os bens deste mundo.
Não pensava nas coisas que são aqui debaixo, mas nas
que são celestiais.
Amou a ponto de entregar a própria vida, carregando
sobre Si os nossos pecados no Calvário, porque esta era a vontade do Pai para
ele.
Nunca deixou de atender a quem o buscou por socorro.
Seu interesse era inteiramente voltado para o Reino
de Deus, e somente a Palavra deste Reino ocupava o seu pensamento, pregação e
ensino.
Com a exceção de carregarmos os pecados de outros
sobre nós, em tudo o mais somos chamados a imitá-lo.
Em suma, todas as obras da carne devem ser
mortificadas pelo Espírito, e o Seu fruto buscado e praticado.
“19 Ora, as
obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,
20 idolatria,
feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias,
dissensões, facções,
21 invejas,
bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu
vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os
que tais coisas praticam.
22 Mas o fruto
do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
23 mansidão, domínio próprio.
Contra estas coisas não há lei.
24 E os que são de
Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e
concupiscências.” (Gálatas 5.19-24)
John Angell James tenta nos ajudar no autoexame que devemos fazer para
saber se somos santificados ou não, fazendo-nos as seguintes perguntas:
"A santidade é meu desejo; meu desejo intenso;
minha busca; minha busca firme, vigorosa e séria? Todos os meus desejos; meus
planos; meus gostos; meus propósitos; são para isso? Eu deliberadamente vou ser
santo; não me satisfazendo com desejos vagos? Eu odeio o pecado como pecado; e
não apenas por causa de suas consequências? No pensamento, no sentimento e no desejo?
Eu mortifico toda a corrupção do meu coração; e estou diligentemente empenhado
em cavar suas raízes na alma, bem como cortar seus ramos na conduta? Estou me
esforçando para purificar o coração? É meu objetivo ser libertado de todo o
pecado, bem como de algum pecado específico; ou estou tentando expiar a
retenção de alguns pecados que eu valorizo, pela renúncia de outros que não
estou fortemente tentado a cometer? Estou satisfeito de ser tão santo como os
outros, ou estou me esforçando para ser tão santo como Deus requer? Estou
observando e orando contra a imperfeição? Estou me esforçando para alcançar a
perfeição; realmente tentando ser purificado "de toda impureza de carne e
espírito?" Sinto que a santidade é minha vocação, e sei que a estou
seguindo como tal? "
Somente pela regeneração e justificação da conversão
que nos dá um título para o céu, não é possível responder por longo tempo de
forma positiva a todas essas perguntas. É somente por estarmos santificados que
podemos fazê-lo.
Devemos nascer de novo, que é o ponto de partida da
santificação; e devemos crescer em santidade, conforme as evoluções e energias
da nova vida implantadas pela regeneração.
Nunca antes, os professantes estiveram mais em
perigo de autoengano do que nesta era. Se o padrão da verdadeira religião é o
Novo Testamento, então uma grande proporção dos membros de todas as nossas
igrejas não pode ser de verdadeiros cristãos; mas são meramente nominalistas,
formalistas evangélicos e fariseus legalistas!
E se quisermos aumentar em santificação, devemos
estar muito em oração pela influência do Espírito Santo. A santificação, como
já mostramos, é a sua obra; mas para este trabalho, ele deve ser importunado
por nós em oração.
Nossa santificação pessoal e experimental, é
produzida somente pela habitação e operações do Espírito Santo; e consiste em
nossa consagração a Deus e seu serviço. Ela é a vida de Deus na alma.
A santificação inclui todas as graças e os frutos do
Espírito - como fé, esperança, amor, paciência, humildade, mansidão, zelo,
longanimidade, alegria, paz, mansidão, bondade, fidelidade e temperança. É o
desejo dos verdadeiramente santificados, fazer toda a vontade de Deus, de
coração, e sofrer toda a sua vontade soberana com resignação.
Este ponto de paciência nas tribulações não é de
pequena importância para a nossa santificação, porque está determinado no
conselho eterno de Deus que devemos ser semelhantes a Cristo em tudo, inclusive
nos seus sofrimentos. Em tudo devemos ser identificados a ele. E como tudo
suportou com paciência, nossos sofrimentos serão santificados somente quando
suportados com paciência cristã, pela concessão da graça do Espírito.
Este espírito longânimo e paciente é muito agradável
a Deus, pois é por ele que demonstramos na prática e de fato que estamos dispostos
a crucificar o nosso ego, para nos submetermos à Sua vontade, que nos ordena
não resistir ao perverso, a oferecer a outra face, a andar a segunda milha, a
dar a capa e a túnica se alguém nos despojar das mesmas.
Sem esta disposição de espírito, jamais
abençoaríamos os que nos amaldiçoam, e oraríamos em favor dos nossos
perseguidores. Muito menos, seríamos capazes de amar nossos inimigos, pois o
Senhor concede a sua graça para que o façam somente aqueles que prestam a
devida obediência à Sua Palavra, ainda que isto demande a negação de si mesmos.
"Esta é a vontade de Deus, a vossa
santificação". (1 Tessalonicenses 4: 3); e até que a nossa santificação
esteja completa, e exatamente nos assemelharmos ao Senhor Jesus Cristo, em
corpo, alma e espírito - nossa salvação não será concluída, nem o propósito
glorioso de Deus cumprido. Devemos ser como ele, porque estamos predestinados a
isso: "seremos como ele, porque o veremos como ele é" (Romanos 8:29;
1 João 3: 2).
Aflições e provações são frequentemente empregadas
para nos ensinar o valor, o uso e a importância da Palavra; e, em conexão com a
Palavra, elas promovem a nossa santificação.
"Purificarmo-nos de toda a imundícia da carne e
do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus", (2 Coríntios 7:
1)
Seu Pai celestial é santo, e ele diz: "Sede
santos, porque eu sou santo". "Como Aquele, pois, que vos chamou é
santo, santificai-vos em toda a vossa conduta" (1 Pedro 1:15, 16). Quanto
mais você é santificado, mais profunda será a sua humildade, mais vívidas suas
visões do pecado, e mais forte a sua confiança em Deus.
"Que o próprio Deus, o Deus da paz, vos
santifique em tudo, que todo o vosso espírito, alma e corpo sejam mantidos
irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo!" (1 Tessalonicenses
5:23).
A atividade ou atos de santificação têm um duplo
enfoque: contra o pecado e para a santificação. Em referência ao pecado é
chamado: lançar fora o velho homem (Efésios 4.24); a mortificação dos membros
que estão sobre a terra (Colossenses 3.5); a crucificação da carne com as suas
paixões e concupiscências (Gálatas 5.24); o despojo do corpo dos pecados da
carne (Colossenses 2.11); abstinência de concupiscências carnais (1 Pedro
2.11); e a purificação de toda a imundícia da carne e do espírito (2 Coríntios
7.1).
Em referência à santidade é chamado: o revestimento
do novo homem (Efésios 4.24); ser transformado pela renovação da sua mente (Romanos
12.2); ser conformes à imagem do Filho (Romanos 8.29); e um trabalho de parto
até Cristo ser formado em nós (Gálatas 4.19).
O Espírito Santo, tendo infundido uma nova natureza
na regeneração, preserva-a por sua influência contínua, move-a, sustenta-a e a
direciona em todos os seus movimentos.
Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o realizar, segundo
a Sua boa vontade (Filipenses 2:13). Esta vida espiritual, esta nova natureza
sendo assim, apoiada e ativada, funciona em harmonia com a sua força (ou
fraqueza), e se coloca contra a velha natureza, seja para mortificá-la ou para
expulsá-la. Se, pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis (Romanos
8:13); - “Andai no Espírito, e não haveis de cumprir a concupiscência da carne,
porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne,” (Gálatas
5: 16,17).
Em suma, a promessa de um viver abençoado é para
aqueles que se santificam, que são designados em várias passagens bíblicas pela
palavra “justos”.
“10 Pois quem
quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do
mal e evite que os seus lábios falem dolosamente;
11 aparte-se
do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la.
12 Porque os
olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos às
suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males.”
(1 Pedro3.10-12)
Esta Palavra do apóstolo Pedro é basicamente uma repetição da Palavra
inspirada do Salmo 34.12-19:
“12 Quem é o homem
que ama a vida e quer longevidade para ver o bem?
13 Refreia a
língua do mal e os lábios de falarem dolosamente.
14 Aparta-te
do mal e pratica o que é bom; procura a paz e empenha-te por
alcançá-la.
15 Os olhos
do SENHOR repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu
clamor.
16 O rosto do
SENHOR está contra os que praticam o mal, para lhes extirpar da terra a
memória.
17 Clamam os
justos, e o SENHOR os escuta e os livra de todas as suas tribulações.
18 Perto está o SENHOR
dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido.
19 Muitas são as aflições do
justo, mas o SENHOR de todas o livra.” (Salmo 34.12-19)
Observe que a frase “Aparta-te do mal e pratica o que é bom;
procura a paz e empenha-te por alcançá-la.”, parece ter servido de paralelo
para o texto de Hebreus 12.14: ” Segui a paz com todos e a santificação, sem a
qual ninguém verá o Senhor,”
A paz é associada com a santificação, que sendo resumida no texto de
Hebreus, parece ter sido assim formulada a partir do texto mais extenso do Salmo:
“Aparta-te do mal e pratica o que é bom”. O temor do Senhor
consiste em se apartar do mal, e buscar praticar o que é bom aos Seus olhos,
conforme ele já o tem definido em sua Palavra.
Se pretendemos entender então a interpretação autêntica de Hebreus
12.14, devemos nos voltar para 1
Pedro3.10-12 ou Salmo 34.12-19.
Se no texto de Hebreus somos advertidos quanto ao mal de negligenciar a
santificação, que é o de não ver o Senhor, considerando-se assim a santificação
pelo aspecto meramente negativo, nos textos de Pedro e do Salmo, nós temos os
muitos benefícios que acompanham um viver santificado, como por exemplo:
- ver dias felizes;
- estar sob o contínuo cuidado e continua proteção de Deus;
- ter orações ouvidas e respondidas;
- desfrutar de intimidade com o Senhor;
- ter livramentos em todas as suas tribulações.
Várias outras passagens bíblicas se referem ao viver abençoado dos
justos, ou seja, dos que estão santificados, como as seguintes:
“27 Aparta-te
do mal e faze o bem, e será perpétua a tua morada.
28 Pois o
SENHOR ama a justiça e não desampara os seus santos; serão preservados para
sempre, mas a descendência dos ímpios será exterminada.
29 Os justos
herdarão a terra e nela habitarão para sempre.
30 A boca do
justo profere a sabedoria, e a sua língua fala o que é justo.
31 No coração, tem ele
a lei do seu Deus; os seus passos não vacilarão.” (Salmo
37.27-31)
“31 Não tenhas
inveja do homem violento, nem sigas nenhum de seus caminhos;
32 porque o
SENHOR abomina o perverso, mas aos retos trata com intimidade.
33 A maldição do
SENHOR habita na casa do perverso, porém a morada dos justos ele abençoa.”
(Provérbios 3.31-33)
“5 Por isso,
os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na
congregação dos justos.
6 Pois o
SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá.” (Salmo
1.5,6)
“29 O SENHOR
está longe dos perversos, mas atende à oração dos justos.” (Provérbios 15.29)
“10 Dizei aos
justos que bem lhes irá; porque comerão do fruto
das suas ações.” (Isaías 3.10)
“Quem é sábio, que entenda estas coisas; quem é prudente, que as saiba,
porque os caminhos do SENHOR são retos, e os justos andarão neles, mas os
transgressores neles cairão.” (Oseias 14.9)
Quando lemos estas
passagens bíblicas, e muitas outras de igual teor, é que podemos entender que
não poucos crentes estão equivocados ou debaixo de um ensino incorreto sobre o
que é de fato um viver justo aos olhos de Deus.
Muitos se iludem
pensando que isto se refere unicamente ao fato de ter sido justificado pela fé
em Cristo. Se isto é verdadeiro para a
plena aceitação quanto à sua filiação a Deus, pelo simples ato da justificação,
todavia não o é quanto ao estar lhe agradando, porque isto demanda além da
justificação, uma real prática da justiça.
Se assim não fora,
não haveria razão para serem tantas as ordenanças bíblicas no sentido de que os
crentes busquem estar santificados, e fazerem progresso em santificação,
crescendo na graça e no conhecimento de Jesus.
As próprias correções
de Deus visam a isto, de modo que sejamos participantes de fato e em verdade da
Sua santidade, em termos experienciais e reais.
“12 Não reine,
portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas
paixões;
13 nem ofereçais cada
um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas
oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a
Deus, como instrumentos de justiça.” (Romanos 6.12,13)
“19 Falo como
homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos
membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade,
assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a
santificação.
20 Porque,
quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça.
21 Naquele
tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos
envergonhais; porque o fim delas é morte.
22 Agora, porém,
libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto
para a santificação e, por fim, a vida eterna;
23 porque o
salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida
eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 6.19-23)
“2 Amados,
agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que
haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a
ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.
3 E a si
mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim
como ele é puro.
4 Todo
aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque
o pecado é a transgressão da lei.
5 Sabeis
também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado.
6 Todo
aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que
vive pecando não o viu, nem o conheceu.
7 Filhinhos,
não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a
justiça é justo, assim como ele é justo.
8 Aquele que
pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o
princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do
diabo.
9 Todo
aquele que é nascido de Deus não vive na prática de
pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora,
esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.
10 Nisto são
manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica
justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão.
11 Porque a
mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros;”
(I João 3.2-11).
Em Cristo fomos feitos novas criaturas, porque a nova natureza não está satisfeita
em combater apenas um único pecado, mas ela quer a santidade em seu lugar. Como
trabalho e diligência são necessários para um, isto é igualmente verdadeiro
para o outro.
O fruto do exercício
da santificação é a santidade. É impossível para uma pessoa estar assim ocupada
e ainda ser sem frutos, e isso não pode ser de outra forma, mas que essa pessoa
se tornará mais santa e brilhará com ornamentos sagrados. A santidade é o mais
belo ornamento e a beleza mais magnífica que pode ser encontrada no homem. “A
santidade convém à tua casa, Senhor, para sempre.” (Salmo 93: 5); “o teu povo
se apresentará voluntariamente no dia do teu poder, nas belezas da santidade.”
(Salmo 110: 3).
Agora, certamente,
sem essa santidade de separação especial dos estilos de vida pecaminosos comuns
do mundo, não há visão de Deus no presente, nem qualquer fruição de Deus a
seguir: 2 Coríntios 6: 17-18: "Pelo que, saí vós do meio deles e
separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei; e eu
serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor
Todo-Poderoso." Deus não terá nenhuma comunhão com ninguém neste mundo que
não esteja separado das práticas pecaminosas do mundo. Deus não olhará para
nenhum, ele não vai possuir nenhum, ele não se deleitará com nenhum, ele não
reconhecerá nenhum, ele não receberá nenhum para seus filhos e filhas, senão os
separados de todos os vícios do mal e estilos de vida profanos.
Adequado a isto é
Isaías 52:11: "Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa
imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os vasos do
Senhor." Separe-se daqueles que estão afastados de Deus; nada tenha a ver
com aqueles que não têm nada a ver com Deus; separe-se daqueles que se
separaram de Deus; não tenha conversas deleitosas com aqueles que não têm
conversas deleitosas com Deus; não tenha comunhão com aqueles que não têm
comunhão com Deus.
Você deve manter-se
puro e limpo das impurezas dos outros, como você se livrará dos castigos dos
outros. Aquele que imitará os outros nos seus pecados - certamente participará
com os outros nas suas dores. É verdade que podemos viver com homens perversos
em suas cidades - mas é tão verdadeiro, que não devemos mentir com homens
perversos em suas falsidades.
Não é possível haver comunhão entre luz e trevas. Não é possível
participar da mesa do Senhor ao mesmo tempo que se participa da dos demônios. O
que é carnal não pode ter comunhão com o que é espiritual. De modo que se
alguém é um verdadeiro adorador de Deus deve fazê-lo em espírito, ou seja,
sendo espiritual, e não carnal, pois Deus é Espírito, e importa que os seus
adoradores o adorem em espírito e em verdade.
Ao assim falarmos, que na verdade, não somos nós que falamos, mas a
Palavra da verdade, não há qualquer indicativo de uma chamada a um viver
eminentemente místico, que considera o que é espiritual apenas do ponto de
vista do que é sobrenatural e transmitido e comunicado por sonhos, visões,
êxtases e intuições. O nosso culto é também racional, ou seja, há uma
participação do uso da nossa razão na compreensão do que seja ou não da vontade
de Deus, e no exercício de nossas faculdades mentais para a sua execução.
A santificação não visa somente à recepção de mensagens espirituais, mas
principalmente à real transformação de nossas vidas em vidas santificadas.
Se assim não fora, Balaão poderia ser considerado alguém que se
encontrava santificado. Com ele, o rei Saul, por ter profetizado, e tanto
outros, que a par de terem tido revelações da parte de Deus não desfrutavam de
qualquer comunhão com Ele, porque não eram de fato santificados.
Se assim não fora, por que seria recomendado que fôssemos vigilantes,
sóbrios, disciplinados? Como seria lícito orar com a mente além de se orar com
o espírito? Para que propósito nos seria ordenado a sermos aplicados no estudo
e no ensino da Palavra?
Estas indagações não encerram os inumeráveis usos de nossas faculdades,
uma vez tendo sido santificadas, quer as referentes ao corpo, à alma e ao
espírito, em conjunto com as direções e operações do Espírito Santo.
Deus não anula as faculdades e os espíritos de seus profetas para
usá-los, antes os mantém sujeitos a eles. Não são desligados enquanto o
Espírito Santo os usa. Antes os santifica por sua graça.
Por tudo o que foi exposto, podemos responder à indagação feita no
título deste livro, que não há limite de grau na medida da nossa santificação,
porque sendo Jesus o nosso paradigma, e sendo ele infinito e eterno, assim
também a nossa santificação, mas deve ser dito que há um grau de maturidade,
chamado na Palavra por perfeição, que pode e deve ser atingido ainda neste
mundo, e para que sendo confirmados em toda boa palavra e obra, sejamos achados
úteis para a obra do ministério. Uma vez tendo chegado à maturidade espiritual
não chegamos, no entanto à perfeição total em santificação, e isto será
atingido somente no por vir.
Não poderíamos deixar de apresentar no final deste trabalho, alguns
textos bíblicos que discorrem sobre as coisas práticas que devem ser cumpridas
por nós, para que por elas, possamos preservar a nossa santificação.
“5 Fazei,
pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva,
desejo maligno e a avareza, que é idolatria;
6 por estas
coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência].
7 Ora,
nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro
tempo, quando vivíeis nelas.
8 Agora, porém,
despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação,
maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar.
9 Não mintais
uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos
10 e vos
revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a
imagem daquele que o criou;
11 no qual não pode
haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro,
cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos.
12 Revesti-vos,
pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia,
de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.
13 Suportai-vos
uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha
motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também
perdoai vós;
14 acima de
tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da
perfeição.
15 Seja a paz
de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual,
também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.
16 Habite,
ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente
em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos
espirituais, com gratidão, em vosso coração.
17 E tudo o
que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do
Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.
18 Esposas,
sede submissas ao próprio marido, como convém no
Senhor.
19 Maridos,
amai vossa esposa e não a trateis com amargura.
20 Filhos, em
tudo obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é grato
diante do Senhor.
21 Pais, não irriteis
os vossos filhos, para que não fiquem desanimados.
22 Servos,
obedecei em tudo ao vosso Senhor segundo a carne, não servindo apenas sob
vigilância, visando tão-somente agradar homens, mas em singeleza de coração,
temendo ao Senhor.
23 Tudo
quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não
para homens,
24 cientes de
que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que
estais servindo;
25 pois
aquele que faz injustiça receberá em troca a injustiça
feita; e nisto não há acepção de pessoas.” (Colossenses 3.5-25).
“1 Senhores,
tratai os servos com justiça e com equidade, certos de que também vós tendes
Senhor no céu.
2 Perseverai
na oração, vigiando com ações de graças.
3 Suplicai,
ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra
porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual
também estou algemado;
4 para que
eu o manifeste, como devo fazer.
5 Portai-vos
com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as
oportunidades.
6 A vossa
palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como
deveis responder a cada um.” (Colossenses 4.1-6)
“1 Finalmente,
irmãos, nós vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, como de nós recebestes,
quanto à maneira por que deveis viver e agradar a Deus, e efetivamente estais
fazendo, continueis progredindo cada vez mais;
2 porque
estais inteirados de quantas instruções vos demos da parte do
Senhor Jesus.
3 Pois esta é a vontade
de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da
prostituição;
4 que cada
um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra,
5 não com o
desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus;
6 e que,
nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque
o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos
claramente, é o vingador,
7 porquanto
Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação.
8 Desta
forma, quem rejeita estas coisas não rejeita o homem, e sim a
Deus, que também vos dá o seu Espírito Santo.
9 No tocante
ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos
escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que
deveis amar-vos uns aos outros;
10 e, na
verdade, estais praticando isso mesmo para com todos os irmãos em toda a
Macedônia. Contudo, vos exortamos, irmãos, a progredirdes cada vez mais
11 e a
diligenciardes por viver tranquilamente, cuidar do que é vosso e trabalhar com
as próprias mãos, como vos ordenamos;
12 de modo
que vos porteis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar.”
(I Tessalonicenses 4.1,2)
“14 Exortamo-vos,
também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis
os fracos e sejais longânimos para com todos.
15 Evitai que
alguém retribua a outrem mal por mal; pelo contrário, segui
sempre o bem entre vós e para com todos.
16 Regozijai-vos
sempre.
17 Orai sem
cessar.
18 Em tudo,
dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.
19 Não apagueis
o Espírito.
20 Não
desprezeis as profecias;
21 julgai
todas as coisas, retende o que é bom;
22 abstende-vos
de toda forma de mal.
23 O mesmo
Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam
conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
24 Fiel é o que vos
chama, o qual também o fará.” (I Tessalonicenses
5.12-24)
“4 Porque
assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os
membros têm a mesma função,
5 assim também nós,
conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos
outros,
6 tendo, porém,
diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia,
seja segundo a proporção da fé;
7 se ministério,
dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo;
8 ou o que
exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que
preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com
alegria.
9 O amor
seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem.
10 Amai-vos
cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos
outros.
11 No zelo, não sejais
remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor;
12 regozijai-vos
na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração,
perseverantes;
13 compartilhai
as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade;
14 abençoai os que
vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis.
15 Alegrai-vos
com os que se alegram e chorai com os que choram.
16 Tende o
mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos,
condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos.
17 Não torneis
a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante
todos os homens;
18 se possível,
quanto depender de vós, tende paz com todos os homens;
19 não vos
vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito:
A mim me pertence a vingança; eu é que
retribuirei, diz o Senhor.
20 Pelo contrário, se o
teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber;
porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça.
21 Não te
deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (Romanos 12.4-21)
Mateus
– 5
1 Vendo
Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse,
aproximaram-se os seus discípulos;
2 e ele
passou a ensiná-los, dizendo:
3 Bem-aventurados
os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
4 Bem-aventurados
os que choram, porque serão consolados.
5 Bem-aventurados
os mansos, porque herdarão a terra.
6 Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.
7 Bem-aventurados
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
8 Bem-aventurados
os limpos de coração, porque verão a Deus.
9 Bem-aventurados
os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
10 Bem-aventurados
os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino
dos céus.
11 Bem-aventurados
sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo,
disserem todo mal contra vós.
12 Regozijai-vos
e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois
assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.
13 Vós sois o
sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o
sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora,
ser pisado pelos homens.
14 Vós sois a
luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um
monte;
15 nem se
acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia
a todos os que se encontram na casa.
16 Assim
brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.
17 Não penseis
que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim
para cumprir.
18 Porque em
verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um
i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.
19 Aquele,
pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar
aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os
observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus.
20 Porque vos
digo que, se a vossa justiça não exceder
em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.
21 Ouvistes
que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem
matar estará sujeito a julgamento.
22 Eu, porém, vos
digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a
julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento
do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.
23 Se, pois,
ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem
alguma coisa contra ti,
24 deixa
perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então,
voltando, faze a tua oferta.
25 Entra em
acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele
a caminho, para que o adversário não te
entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão.
26 Em verdade
te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último
centavo.
27 Ouvistes
que foi dito: Não adulterarás.
28 Eu, porém, vos
digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já
adulterou com ela.
29 Se o teu
olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti;
pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja
todo o teu corpo lançado no inferno.
30 E, se a
tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que
se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno.
31 Também foi
dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
32 Eu, porém, vos
digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais
ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada
comete adultério.
33 Também ouvistes
que foi dito aos antigos: Não jurarás falso,
mas cumprirás rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos.
34 Eu, porém, vos
digo: de modo algum jureis; nem pelo céu, por ser o trono de Deus;
35 nem pela
terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser
cidade do grande Rei;
36 nem jures
pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.
37 Seja, porém, a tua
palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem
do maligno.
38 Ouvistes
que foi dito: Olho por olho, dente por dente.
39 Eu, porém, vos
digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita,
volta-lhe também a outra;
40 e, ao que
quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa.
41 Se alguém te
obrigar a andar uma milha, vai com ele duas.
42 Dá a quem te
pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.
43 Ouvistes
que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.
44 Eu, porém, vos
digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;
45 para que
vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre
maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.
46 Porque, se
amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os
publicanos também o mesmo?
47 E, se
saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os
gentios também o mesmo?
48 Portanto,
sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.
Mateus
– 6
1 Guardai-vos
de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes
vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste.
2 Quando,
pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os
hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens.
Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa.
3 Tu, porém, ao
dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita;
4 para que a
tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em
secreto, te recompensará.
5 E, quando
orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e
nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que
eles já receberam a recompensa.
6 Tu, porém, quando
orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu
Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
7 E, orando,
não useis de vãs repetições, como os gentios; porque
presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos.
8 Não vos
assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes
necessidade, antes que lho peçais.
9 Portanto,
vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus,
santificado seja o teu nome;
10 venha o
teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;
11 o pão nosso de
cada dia dá-nos hoje;
12 e
perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos
devedores;
13 e não nos
deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o reino,
o poder e a glória para sempre. Amém]!
14 Porque, se
perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos
perdoará;
15 se, porém, não
perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas
ofensas.
16 Quando
jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas;
porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em
verdade vos digo que eles já receberam a recompensa.
17 Tu, porém, quando
jejuares, unge a cabeça e lava o rosto,
18 com o fim
de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu
Pai, que vê em secreto, te recompensará.
19 Não
acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a
ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam;
20 mas
ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem
ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam;
21 porque,
onde está o teu tesouro, aí estará também o teu
coração.
22 São os olhos
a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso;
23 se, porém, os teus
olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso
a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!
24 Ninguém pode
servir a dois Senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou
se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
25 Por isso,
vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou
beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais
do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?
26 Observai
as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo,
vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as
aves?
27 Qual de vós, por
ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?
28 E por que
andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do
campo: eles não trabalham, nem fiam.
29 Eu,
contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se
vestiu como qualquer deles.
30 Ora, se
Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no
forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?
31 Portanto,
não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos
vestiremos?
32 Porque os
gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que
necessitais de todas elas;
33 buscai,
pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas
estas coisas vos serão acrescentadas.
34 Portanto,
não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus
cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.
Mateus
– 7
1 Não
julgueis, para que não sejais julgados.
2 Pois, com
o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes
medido, vos medirão também.
3 Por que vês tu o
argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas
na trave que está no teu próprio?
4 Ou como
dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho,
quando tens a trave no teu?
5 Hipócrita!
Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o
argueiro do olho de teu irmão.
6 Não deis aos
cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas,
para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem.
7 Pedi, e
dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.
8 Pois todo
o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á.
9 Ou qual
dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra?
10 Ou, se lhe
pedir um peixe, lhe dará uma cobra?
11 Ora, se vós, que
sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto
mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas
coisas aos que lhe pedirem?
12 Tudo
quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a
eles; porque esta é a Lei e os Profetas.
13 Entrai
pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o
caminho que conduz para a perdição, e são muitos
os que entram por ela),
14 porque
estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os
que acertam com ela.
15 Acautelai-vos
dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em
ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores.
16 Pelos seus
frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos
abrolhos?
17 Assim,
toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz
frutos maus.
18 Não pode a árvore boa
produzir frutos maus, nem a árvore má produzir
frutos bons.
19 Toda árvore que
não produz bom fruto é cortada e lançada ao
fogo.
20 Assim,
pois, pelos seus frutos os conhecereis.
21 Nem todo o
que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus.
22 Muitos,
naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em
teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos
muitos milagres?
23 Então, lhes
direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a
iniquidade.
24 Todo
aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um
homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha;
25 e caiu a
chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto
contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha.
26 E todo
aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um
homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia;
27 e caiu a
chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto
contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína.
28 Quando
Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões
maravilhadas da sua doutrina;
29 porque ele
as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.
Todas estas ordenanças são de caráter espiritual e só podem ser devida e
corretamente cumpridas por pessoas espirituais, ou seja, que nasceram de novo
do Espírito Santo, pois é somente pelo poder do Espírito Santo operando em nós,
que podemos cumpri-las.
Todavia, grande empenho em disciplina, vigilância, oração, exercício em
piedade, se exige de nós, de modo a não seguirmos a inclinação da velha
natureza que ainda remanesce em nós, e sim, a da nova, que é espiritual e santa.
De modo que ainda que nada fizemos na justificação e regeneração, senão
somente nos arrependermos do pecado e crermos em Cristo, aqui, no caso da
santificação, além da fé, há necessidade de toda a nossa diligência em atenção
às coisas que nos são ordenadas pelo Senhor em Sua Palavra, das quais
apresentamos anteriormente uma boa parte das mesmas, para sermos incentivados a
pesquisar as demais, de modo que não sejamos faltosos em coisa alguma. O que é
misericordioso deve ser também longânimo. O que tem fé, deve ter também amor. O
que é fervoroso deve ser também moderado. O zeloso, paciente. O disciplinador,
terno e perdoador. O que dirige, como servo de todos. O que ensina, como quem
aprende. O que administra, liberal. E
quanto mais devem ser todos os servos de Deus na fixação de um testemunho fiel
diante de todos os homens, para que na observação de nossas obras de justiça,
Deus seja por elas glorificado, uma vez que, não propriamente nós, mas a Sua
graça, é quem tudo realiza, segundo a Sua boa vontade.
Quando nos exercitamos nestas coisas, mais e mais recebemos graça da
parte de Deus, e somos capacitados para coisas ainda maiores, de modo que o jugo
da obediência devida a Jesus, e o fardo do serviço que devemos lhe prestar
neste mundo, são de fato, respectivamente, leve e suave, e é toda a nossa
alegria ser achados dignos de ter a honra de servir a tão grande e bondoso
Mestre.
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