Por
Silvio Dutra
Deus é o Senhor do tempo, pois é o criador do tempo, na medida em que
criou o espaço. Antes da criação dos anjos, do universo, da Terra e de tudo o
que contêm, havia apenas desde a eternidade, sem princípio, nem fim, num eterno
agora, apenas o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Nosso conceito de existência está muito ligado à noção de
tempo, porque, diferentemente de Deus, estamos fisicamente amarrados ao tempo,
pelas condições relativas a que fomos sujeitados pelo Criador. Por exemplo, não
estamos vivendo em um sistema solar em que a Terra gire em torno do seu eixo
com velocidade que seja o dobro ou mais da existente, e nem também a um
movimento de translação em volta do sol que fosse equivalente a esta nova
velocidade. O resultado disso seria que o espaço percorrido pela terra para
completar uma volta em torno do sol (que corresponde a um ano ou 365 dias),
seria duplicado ou mais, conforme o valor da velocidade que fosse aplicada. Assim,
em vez de uma ano, teríamos a experiência de dois ou mais anos, nas novas
condições apresentadas.
Este conhecimento em relação à existência de Deus na eternidade,
é muito importante, para vermos que tempo e espaço, não passam de condições relativas
que foram introduzidas pelo ato de criação divina, pelas diversas formas de velocidades
aplicadas aos diferentes corpos celestiais do universo.
Deus não é aumentado em anos, Ele não envelhece, é sempre o
mesmo, ontem, hoje e sempre.
As criaturas observam os eventos na medida em que eles vão
ocorrendo, mas Deus já viu tudo a partir de um ponto muito mais elevado e distante
daquele em que nos encontramos. De maneira que todas as coisas desembocarão
naquele resultado final previsto por Deus para elas, pois de outro modo, Ele não
seria o perfeito governante do universo e de todas as suas criaturas, como de
fato Ele é.
Quando somos chamados pela pregação do evangelho a sermos
coparticipantes da natureza divina, isto significa então que somos convidados a
dar o salto de um uma condição natural, para uma espiritual e eterna, que não
estará mais sujeitada a tempo e espaço, assim como Deus não está, e a plenitude
desta condição há de ser manifestada, conforme nos ensinam as Escrituras,
quando deixarmos este corpo físico, e formos admitidos na presença de Deus, em
espírito.
“Amados,
agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que
haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a
ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.” (I João 3.2).
Pelo amor, bondade e graça que existem na natureza divina, ao
lado de todos os Seus atributos, havia uma necessidade inerente em Deus de
comunicar todo o Seu amor e Sua bondade, os quais poderiam ser exibidos a
criaturas morais que fossem santas e perfeitas; bem como os de justiça,
misericórdia, paciência e longanimidade, às que caíssem em condição de miséria;
e os de ira e juízo às que vivessem em
pecado, além de toda a revelação de Seu poder, onipotência, onisciência e
onipresença na produção de todas as formas de seres, inclusive os não
espirituais, pela multiplicidade de faculdades atribuídas a cada um deles, para
serem a expressão típica da Sua própria glória e majestade.
Como a vida em Deus está sempre em movimento, na manifestação
do Seu amor, graça, glória e juízos, é de se esperar que Ele continue com Seus
planos de criação e governo pela eternidade afora, de modo que nunca haverá uma
ação finita, uma eternidade em tédio, como pode ser observado no próprio
universo e na Terra, onde tudo se movimenta, e se expande, e cresce e se
multiplica, indicando que não é de se admirar que Deus venha a criar um novo
céu e uma nova Terra, conforme tem profetizado e prometido em Sua Palavra
revelada.
A perfeição divina consiste em que nada do que ainda será,
jamais foi do seu desconhecimento. Tudo o que for trazido à existência por toda
a eternidade sem fim já é do conhecimento e planejado por Deus, de modo que
pode chamar todos os corpos celestes que criou, pelos nomes que lhes deu, como
Ele próprio o declara, e os quais, a propósito são trilhões de trilhões, muito
mais numerosos do que todos os grãos de areia de todas as praias da Terra.
Ele não somente os conhece pelo nome, como também lhes trouxe
à existência, simplesmente pela Sua Palavra de ordem, como vemos, por exemplo
no relato do livro de Gênesis.
Gênesis não foi revelado quanto à criação, nem tanto para o
estabelecimento de tempos de atos criativos, mas para demonstrar o causador e a
forma dessa criação, a saber, Deus, e pela Sua Palavra criativa autoritativa.
Contra a teoria louca de que tudo o que existe surgiu por
geração espontânea, sem o concurso da ação divina, há o testemunho da ordem,
das leis e de todo o plano lógico que governa o universo e todos os seres criados,
tanto em relação a si mesmos, quanto à interdependência entre eles. Para a
continuidade da vida física Deus proveu os alimentos específicos para cada uma
das espécies, segundo as suas necessidades respectivas. O próprio descrente
sabe que existe um equilíbrio ecológico que mantém a vida na Terra, e
certamente, nenhuma causa espontânea, não inteligente e racional, poderia ter
gerado isto.
Quando se chega então ao homem, que se distingue de tudo o
mais na criação, por ter sido o único ser criado à imagem e semelhança de Deus,
a qual é marcada por ser o único dotado de um espírito imortal, aí, deve ser
indagado aos defensores da teoria da evolução que negam a existência de Deus,
de onde surgiu este espírito que pode ter comunhão espiritual com os demais seres
espirituais, quando este espírito é vivificado por meio do poder de Jesus
Cristo, comunicando-lhes uma nova natureza espiritual, celestial e divina?
Todavia, jamais será por meio de argumentos persuasivos como este que alguém
poderá chegar ao conhecimento de Deus, pois isto é dado somente àqueles que são
eleitos por Ele, e que recebem o dom da fé, para que possam crer e conhecê-lo
em espírito.
Os que afirmam a teoria da evolução poderiam explicar qual é
o propósito da criação? A que se destina o universo visível? O que sucederá à
humanidade, e qual é o objetivo da sua existência? Qual é o curso determinado
para o homem seguir depois que o espírito deixa o corpo pela morte física?
Enfim, qual é o significado e o sentido da existência que não considera o plano
divino para a humanidade?
Quem governa o universo para o evolucionista?
Qual é o poder dominante que mantém as leis da natureza em
plena vigor?
É a própria criatura que é dependente de outras criaturas? É
quem está sujeito a tempo e a espaço, podendo prever-se então uma aniquilação
futura para todas as coisas?
A vida inteligente humana, seria nesses casos, dependente de
incertezas, de caprichos do destino, de sorte, ou coisas afins, em vez de se
estar debaixo de um Legislador e Governante eterno e poderoso, ao qual todos
devem prestar contas de seus atos, pensamentos e omissões.
Não estando sujeito a tempo e a espaço, porque Ele não é
parte da criação, Deus pode exercer domínio tanto sobre o tempo e o espaço,
como o demonstrou fazendo com que o sol se detivesse nos dias de Josué, e que
regredisse 15 graus nos dias do rei Ezequias, e quando abriu o Mar Vermelho,
transformou água em vinho; e multiplicou grandemente o azeite e a farinha de
uma vasilha etc. Em Seus juízos não podemos esquecer as águas do dilúvio e o
fogo consumidor em Sodoma e Gomorra. Mas, muitos outros sinais foram revelados
por Deus quanto à Sua onipotência e onisciência, para a Sua própria glória.
É portanto a um Jesus cósmico que servimos. Ele não é mero
ajudador de pecadores, mas a razão mesma de ser da criação, porque tudo foi
criado por meio dEle e para Ele. Tudo o que existe é sustentado pelo Seu
próprio poder. Ele é a cabeça da criação, especialmente da nova criação
espiritual que está sendo formada por meio da fé nEle. É por Sua manifestação e
revelação da essência da divindade, que o Pai é glorificado. Ele é a resposta
para o objetivo e propósito da criação, e especialmente da vida dos santos
redimidos.
“1 Havendo
Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas,
2 nestes últimos
dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo
qual também fez o universo.
3 Ele, que é o
resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as
coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos
pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas,
4 tendo-se
tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles.”
(Hebreus 1.1-4).
“Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira
que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.” (Hebreus 11.3).
“1 No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2 Ele estava
no princípio com Deus.
3 Todas as
coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que
foi feito se fez.
4 A vida
estava nele e a vida era a luz dos homens.
5 A luz
resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.”
(João 1.1-5).
Deus produz tanto a antiga quanto a nova criação por sua
Palavra e por seu Espírito. Por meio de sua fala ele chama todas as coisas à
existência a partir do nada (Gn 1; SI 33.6; João 1.3; Hb 1.3; 11.3); pela
palavra de seu poder ele novamente levanta o mundo caído. Ele pessoalmente
chama Adão (Gn 3.9), Abraão (Gn 12.1; Is 51.2), Israel (Is 41.9; 42.6; 43.1;
45.4; 49.1; Jr 31.3; Ez 16.6; Os 11.1) e, por meio de seus servos, faz o convite
ao arrependimento e à vida (Dt 30; 2Rs 17.13; Is 1.16; Jr 3; Ez 18; 33; Rm
8.28-29; 2Co 5.20; l Ts 2.12; 5.24; 2Ts 2.14; I Pe 2.9; 5.10; etc.). Como esse
chamado de Deus vem às pessoas no Filho e por meio dele, e Cristo é aquele que
obtém nossa salvação, ela é especialmente creditada a ele. Assim como o Pai
criou todas as coisas por meio dele e ele mesmo também é o Criador de todas as
coisas, assim também ele é aquele que chama (Mt 11.28; Mc 1.15; 2.17; Lc 5.32; 19.10),
que envia trabalhadores para sua vinha (Mt 20.1-7), chama convidados para as
bodas (Mt 22.2), reúne os filhos como a galinha reúne os pintinhos (Mt 23.37),
designa apóstolos e mestres (Mt 10; 28.19; Lc 10; E f 4.11), cuja voz se faz
ouvir por toda a terra (Rm 10.18). Portanto, embora o chamado do crente, essencialmente,
se origine com Deus ou Cristo, nesse sentido ele emprega pessoas, não somente
no sentido estrito de profetas e apóstolos, pastores e mestres, mas também pais
e parentes, professores e amigos em geral. Há até mesmo uma voz que nos fala, provindo
de todas as obras das mãos de Deus, dos movimentos da história e das direções e
das experiências de nossa vida.
Todas as coisas falam de Deus ao crente. Embora o chamado, em
um sentido restrito, venha a nós também através da palavra do evangelho, esta
não pode ser separada daquilo que vem a nós através da natureza e da história.
A aliança da graça é sustentada pela aliança cósmica da natureza. Cristo, o
mediador da aliança da graça, é o mesmo Logos que criou todas as coisas, que,
como luz, brilha nas trevas e que ilumina todo ser humano que vem ao mundo. Ele
não deixa ninguém sem testemunho, mas desde o céu faz o bem e enche também o coração
dos gentios de alimento e alegria (SI 19.2-4; Mt 5.45; João 1.5, 9-10; At 14.16-17;
17.27; Rm 1.19-21; 2.14-15).
Vemos assim que Jesus não é apenas um reparador de brechas.
Ele não é apenas a solução para o problema do pecado que entrou no mundo, mas a
razão mesma da criação. Tudo está seguindo o que foi planejado por Deus Pai em
Seu conselho eterno, e tudo o que Cristo fez, faz e fará está relacionado à
realização deste planejamento divino.
É assim que deve ser vista a criação do universo, da Terra,
do homem natural, do homem espiritual, e de tudo o que foi, é e há de ser.
Ainda que a criação não esteja ligada em essência à natureza
de Deus, é por ela que se manifesta a própria existência divina. Assim, como
sabemos que há uma fonte de calor atuando quando algo está quente, sabemos que
tudo o que foi criado é apenas a emanação da vontade, do poder, da sabedoria, da
existência divina.
Se não houvesse Deus, não haveria criação. Tudo seria um
grande nada. Mas, como Deus existe, e tendo o poder de trazer realidades à
existência a partir do nada, pela palavra do Seu poder, então ainda que não
possamos provar como seja a essência da natureza de Deus, todavia podemos
conhecê-lo por meio das manifestações de tudo o que Ele revelou sobre Si mesmo.
De onde veio toda a moralidade que há no mundo, mesmo nas
nações que afirmam não crerem na existência divina, senão em tudo o que o
próprio Deus registrou nas consciências de suas criaturas morais, pelo que
revelou e ensinou através dos primeiros pais da humanidade, a partir de Adão,
quanto ao que é moralmente aprovado ou reprovado? Até mesmo através das
criaturas irracionais aprendemos muito sobre os atributos de Deus. Vemos Sua
beleza, fidelidade, lealdade, fragrância, elegância, em muitos animais, plantas
e pedras e metais preciosos. Quanto aprendemos pelo contraste da luz que Ele
criou em relação às trevas. Sem luz física não haveria vida natural, e sem luz
espiritual emanando de Cristo não haveria vida espiritual. A água é boa para
diversos propósitos se for limpa. Onde há sujeira há multiplicação de vários
organismos nocivos que prejudicam a saúde. Enfim, não podemos encerrar a lista
de revelações que encontramos da pessoa e existência de Deus na própria
natureza.
Assim como não podemos negar a existência do universo em
razão dos muitos corpos celestes que não podemos ainda observar diretamente, em
razão das grandes distâncias a que se encontram, pois sabemos que Ele existe
pelo que podemos observar, de igual modo não podemos negar a existência de
Deus, em razão de partes da Sua natureza e essência que Ele não nos revelou,
porque por diversos modos se revelou a nós, especialmente pelas Escrituras, as
quais confirmam a Sua veracidade, e que procedem de fato de Deus, quando
praticamos suas doutrinas. Sabemos que Deus é amor porque Ele nos capacita a
amar assim como Ele ama, suportando e sendo pacientes com todas as coisas,
sendo benignos, tudo crendo e esperando, e dispostos a dar nossa vida pelos
irmãos. Sabemos que Deus é perdoador, porque quando o conhecemos Ele também nos
capacita a perdoar até setenta vezes sete. Sabemos que Ele é santo, porque o
Espírito Santo e a Palavra nos purificam e nos inclinam para o que é
verdadeiro, puro e de boa fama. Enfim, pelos diversos testemunhos que
alcançamos pela prática das Escrituras, confirmamos em nossas próprias vidas a
existência divina, apesar de não o vermos com os olhos naturais, os quais, a
propósito, se possível, nos propiciariam apenas um conhecimento superficial e
imperfeito de uma visão de uma das formas pelas quais Deus poderia se
apresentar a nós. Este seria um conhecimento mais do que parcial, porque como
poderíamos conhecer em plenitude o Deus que é onipresente, e que preenche todas
as coisas? Como, sendo finitos, conheceríamos o que é infinito, e cujos planos
se desenvolverão pela eternidade afora à medida que Ele os conduzir à
realização, em conformidade com a Sua vontade e sabedoria?
Assim, o Senhor nos fala de Si mesmo, de diversos modos na natureza,
e como já dissemos, especialmente pelas Escrituras.
Portanto, temos, antes de tudo, que distinguir um chamado
real, que vem aos seres humanos não tanto em linguagem clara, mas nas coisas,
por meio da natureza, da história, do ambiente, de vários direcionamentos e
experiências. O meio pelo qual esse chamado é feito não é o evangelho, mas a lei,
e, por meio dela, ele ganha expressão na família, na sociedade e no estado, na
religião e na moralidade, no coração e na consciência, e chama os seres humanos
à obediência e os obriga a fazer o bem. Esse chamado é reconhecidamente
insuficiente para a salvação, porque nada sabe de Cristo e de sua graça e,
portanto, não pode levar ninguém ao Pai (João 14.6; At 4.12; Rm 1.16). Nem mesmo
com esse chamado o mundo, em sua loucura e em suas trevas, conheceu a Deus (João
1.5,10; Rm 1.2; I Cor 1.21; Ef 2.12). No entanto, ele é uma forma rica do
envolvimento de Deus com suas criaturas, um testemunho do Logos, uma ação do
Espírito de Deus de grande importância para a humanidade. Devemos a esse
chamado que, apesar da realidade do pecado, a humanidade continue a existir;
que ela tenha se organizado em famílias, sociedades e estados; que tenha permanecido
nela uma noção de religião e de moralidade; e que ela não tenha desaparecido em
um esgoto de bestialidade. Todas as coisas convergem em Cristo, que sustenta
todas as coisas pela palavra de seu poder (Cl 1.16; Hb 1.3).
Esse chamado também serve especificamente, tanto na vida de
povos quanto na de indivíduos, para pavimentar o caminho para o chamado melhor
e mais elevado do evangelho. Como Logos, por vários caminhos e meios, Cristo
lança o alicerce de sua obra de graça. Ele mesmo apareceu primeiro publicamente
apenas na plenitude do tempo. Quando o mundo, por sua própria sabedoria, não
conheceu a Deus, aprouve a Deus, através da loucura da pregação, salvar aqueles
que creem (I Cor 1.21). O evangelho não vem a todas as pessoas ao mesmo tempo,
mas, por muitos séculos, continua seu progresso pelo mundo.
Além disso, no caso de pessoas especiais, ele chega no
momento em que o próprio Deus providencialmente preparou e planejou.
Ora, por mais importante que seja essa vocação real, mais
elevada é a vocação verbal, que chega às pessoas não somente por meio da lei
revelada, mas especificamente por meio do evangelho. Esse chamado, embora não
anule o chamado que vem por meio da natureza e da história, incorpora-o em si
mesmo, confirma-o e, de fato, o transcende em muito. Ele é, afinal, um chamado
que procede não do Logos, mas especificamente de Cristo. Como seu meio real,
ele emprega não tanto a lei, mas o evangelho. Ele nos convida não pela
obediência à lei divina, mas pela fé na graça de Deus. Além disso, ele é sempre
acompanhado por uma ação e testemunho do Espírito, que Cristo derramou como seu
Espírito sobre a igreja (João 16.8-11; Mt 12.31; At 5.3; 7.51; Hb 6.4). Testemunho
esse do Espírito Santo com o espírito do crente de que agora ele foi tornado de
fato filho de Deus, é uma das maiores evidências da prova da existência de
Deus, pelo que pode ser observado de comum somente naqueles que são nascidos de
novo do Espírito Santo.
É importante observar que o Espírito Santo só foi derramado
em todas as nações a partir da morte e ressurreição de Jesus, dando-se
cumprimento à promessa feita aos profetas do seu derramamento. Até então, as
nações eram pagãs, sem o conhecimento de Deus conforme importa ser conhecido, a
saber, em Espírito e em verdade.
“28 E
acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos
filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens
terão visões;
29 até sobre os
servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito
naqueles dias.” (Joel 2.28,29).
A Escritura ordena que o convite à salvação pelo evangelho
seja feito a todos (Mt 28.19), e declara, além disso, que muitos que não vêm
são, contudo, chamados (Mt 22.14; Lc 14.16-18). Eles rejeitam o evangelho (João
3.36; At 13.46; 2Ts 1.8) e são, portanto, culpados de horroroso pecado e
incredulidade (Mt 10.15; 11.22-24; João 3.36; 16.8-9; 2 Ts 1.8; l João 5.10).
A Escritura não deixa dúvida de que o evangelho pode e deve
ser pregado a todas as criaturas.
A norma de nossa conduta é apenas a vontade revelada de Deus.
Sobretudo no campo da moral, o correto é fazer o que é segundo a vontade
divina, e o incorreto, o que se opõe a ela. Mas, o real conhecimento divino é
mais do que ajuste à mera moralidade. Ele está atrelado à santidade, porque
Deus é santo, e importa que seja conhecido por aqueles que forem também santos.
De modo que a vocação de todo crente é para a santidade. Este é grande objetivo
da sua chamada. Deus não pode ser conhecido e ter comunhão com um coração
impuro. A árvore deve ser feita boa para que o fruto seja bom. Quanto mais
somos santificados pelo Espírito Santo e a Palavra, mais repelimos o pecado, e
mais nos inclinamos para as coisas que são do alto. Um coração santificado é a
maior prova da existência de Deus, porque não é possível ter um coração que
odeie toda forma de pecado, e que ame tudo o que está revelado nas Escrituras,
e que pratique de fato, por hábito, prazer, amor e alegria, tudo que se refira à
vontade divina.
Somente aqueles que conhecem a Deus por meio da fé em Jesus
Cristo, podem manifestar em suas vidas aquelas coisas que jamais podem ser
vistas nos que são incrédulos, como por exemplo: autonegação, caminhada por fé
e não por vista, oração e adoração no Espírito, pregação e ensino do evangelho,
amor ágape, comunhão com os santos etc.
Para Deus, o resultado da história do mundo não pode ser um
desapontamento. E, com o devido respeito, não é nossa tarefa, mas responsabilidade
de Deus, ajustar isso com o oferecimento universal da salvação. Só sabemos que
o resultado, de acordo com o decreto de Deus, está atrelado e é adquirido por
todas as formas e meios que foram determinadas para nós. É somente Deus, pelo
seu próprio poder, que pode trazer à existência todas as coisas relativas à
salvação: eleição, redenção, justificação, regeneração, santificação e
glorificação. Que criatura estaria capacitada a trazer estas realidades à existência?
Somente Deus o pode, e assim, isto também prova a Sua própria existência.
O evangelho é pregado aos seres humanos não como eleitos ou
réprobos, mas como pecadores, todos os quais precisam de redenção. Ministrado
por pessoas que não conhecem o conselho secreto de Deus, o evangelho só pode
ser universal em seu oferecimento. Assim como uma rede lançada no mar colhe peixes
bons e peixes ruins, assim como o sol brilha simultaneamente sobre o trigo e o
joio, assim como a semente cai não somente em solo bom, mas também em lugares
pedregosos e secos, assim também o evangelho, ao ser ministrado, alcança todas
as pessoas sem distinção.
Quando se pensa em Jesus apenas como Salvador, e não como
Juiz, comete-se um grande engano quanto ao significado completo da Sua Pessoa
Divina, uma vez que, se durante a dispensação da graça a Sua missão se
concentra principalmente em salvar e não em condenar o mundo, todavia, Sua
glória seria incompleta caso Ele não tivesse autoridade e a missão de julgar
todos aqueles que lhe resistem. Ele deixou muito claro mesmo em Seu ministério
terreno que foi a Ele que o Pai deu a autoridade para ser Juiz tanto de vivos
quanto de mortos. Por isso o evangelho deve ser pregado a todos, porque aqueles
que não crerem devem ser submetidos ao juízo futuro de Jesus por causa da
incredulidade deles. De modo que se diz:
“15 Porque nós somos
para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos
como nos que se perdem.
16 Para com
estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida.
Quem, porém, é suficiente para estas coisas?” (II Coríntios 2.15,16).
É por meio de Jesus que Deus Pai está revelando todos os Seus
atributos, tanto os que se manifestam em relação à vida, quanto os que se
manifestam em relação à morte; os que se manifestam em relação à salvação, e os
que se manifestam em relação ao juízo.
Deus não tem prazer na morte de ímpios, mas ainda que muitos
resistam à Sua vontade e não Lhe obedeçam, nem por isso Ele perde a Sua glória,
ou é frustrado em Seu propósito quanto à criação, antes, é nisto que este é
cumprido, porque tanto os salvos, quanto os anjos eleitos, aprendem
definitivamente que não é por nada neles próprios que permanecem firmes em
justiça diante de Deus, mas exclusivamente em razão da Sua graça que é
comunicada a eles, e que jamais se afastará deles, conforme tem prometido fazer
em relação aos que são eleitos.
No que tange aos réprobos, revela também que é justo Juiz,
que condena a todos aqueles que buscam a destruição do amor, da bondade, da
justiça e de tudo o que é necessário à harmonia eterna na criação.
Uma vez que este núcleo de aprendizado for concluído com a
consumação plena do propósito inicial divino para a restauração de todas as
coisas, isto poderá ter um efeito multiplicador usado por Ele, para todas as
dispensações novas e futuras que porventura venha a trazer à existência.
Todos serão ensinados por aqueles que experimentaram em suas
próprias vidas os efeitos, tanto do afastamento da graça divina, quanto da sua
operação neles, a saber, aqueles que foram chamados para serem um reino de
sacerdotes. Eles serão príncipes e governantes com e para Cristo, para
ensinarem a vontade de Deus a outros, por meio da própria experiência deles com
a graça, tanto para vencer o pecado, quanto para permanecerem em santificação.
“Eis aí está que
reinará um rei com justiça, e em retidão governarão
príncipes.” (Isaías 32.1).
“Mas os santos do Altíssimo receberão o reino
e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade.” (Daniel 7.18).
“O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu
serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e
todos os domínios o servirão e lhe obedecerão.” (Daniel 7.27).
“9 e entoavam
novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe
os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que
procedem de toda tribo, língua, povo e nação
10 e para o
nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a
terra.” (Apocalipse 5.9,10).
“Então, já não haverá noite, nem precisam
eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre
eles, e reinarão pelos séculos dos séculos.” (Apocalipse 22.5)
“11 Fiel é esta
palavra: Se já morremos com ele, também viveremos com ele;
12 se
perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos
negará;” (II Timóteo 2.11,12).
Tão profunda, rica e extensa como o universo é a graça, e ainda mais do
que tudo o que foi criado de maneira quase infinita, porque a graça tem a ver
com a pessoa infinita, eterna, onipotente, onisciente do próprio Deus.
Ele tudo cria e governa. Nada é comparável à Sua sabedoria, amor e
poder. Nada Lhe é impossível.
Temos ouvido falar da existência de um quasar numa galáxia muito
distante da Via Láctea, que contém água em forma gasosa que é trilhões de vezes
maior do que a quantidade de água de todos os oceanos da Terra.
Quantas maravilhas insondáveis existem no Universo, e lá estão, criadas
e fixadas pelo próprio Deus. Todavia, tudo o que existe no mundo material foi
criado a partir de uma estrutura invisível chamada átomo, que se une para
formar moléculas, e estas se unem como as estruturas mínimas das quais todos os
corpos na Terra e no Universo são formados. Nosso corpo é formado por células
de diâmetro menor do que a poeira. Então tudo é feito de partes minúsculas, que
a grosso modo nos leva a afirmar que tudo foi feito a partir da estrutura do
pó. Somente Deus é uno, indivisível, sem partes. Ele tudo ocupa sem ser ocupado
por nada. Não se pode diminuir ou aumentar aquilo que Ele é. Está perfeito em
todos os Seus atributos que coexistem nele em perfeita unidade, sendo emanações
do Seu próprio Ser.
O erro essencial de Tomé foi o de tentar associar a fé à visão natural. E
este é o erro de muitos que pretendem chegar ao conhecimento de Deus pela
vista. Como Seus atributos e caráter seriam conhecidos por uma visão externa? Podemos
conhecer o caráter de uma pessoa por simplesmente olhar para ela? Isto não
somente não é um conhecimento real pessoal, como também não há o mínimo
interesse do Deus verdadeiro nisto.
Além de tudo, deve ser considerado que é totalmente impossível uma
observação completa da Pessoa de Deus em Sua essência, uma vez que Ele é maior
do que o próprio universo que criou, que chega às raias do infinito, e Ele
excede o céu dos céus, ou seja, o terceiro céu, lugar da sua habitação, que é tão
extenso ou ainda maior do que o universo visível.
Importa portanto, conhecer a Deus somente em espírito, e pela iluminação
do entendimento segundo a revelação que Ele faz de Si mesmo a nós, através da
instrução do Espírito Santo.
Acrescente-se que em decorrência disto, que aquele que não nascer de
novo do Espírito, não pode ver o Reino de Deus. Ele jamais poderá chegar ao
conhecimento das coisas relativas a Deus, que são celestiais e espirituais.
Então, sabemos que Deus existe, porque no novo nascimento, não está
envolvido nada que seja natural, deste mundo, pois tudo que é gerado nos vem
pelo agir sobrenatural do Espírito Santo, que implanta em nós, uma nova
natureza espiritual, pela qual possamos viver de modo agradável a Deus.
“10 O Verbo
estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele,
mas o mundo não o conheceu.
11 Veio para
o que era seu, e os seus não o receberam.
12 Mas, a
todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a
saber, aos que creem no seu nome;
13 os quais não nasceram
do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (João
1.10-13).
A velha criação, não no sentido de que se tornou decrépita, mas no de
ter sido a inicial, está destinada nos conselhos eternos de Deus a se tornar
completamente nova na sua maneira de existência, pois, Deus está providenciando
que todas as coisas sejam novas, como Ele mesmo afirma: “Eis que faço novas
todas as coisas”, e a isto o apóstolo acrescenta o seu testemunho dizendo que
em Cristo há uma nova criação que faz com que as coisas antigas sejam passadas,
e que tudo se faça novo.
Jesus disse de um vinho novo sendo colocado em odres novos. E que Ele
está realizando este trabalho para a glória de Deus.
Ora, não é difícil entender isto, quando vemos o método geral de Deus
para criar as coisas. Ele começa com o que é pequeno. Ele usa um, para dele
trazer muitos à existência.
A humanidade foi formada a partir de um primeiro homem que Deus criou, a
saber, Adão.
Para abençoar todas as nações, começou com uma nação, a saber, Israel.
(“Dias virão em que Jacó lançará raízes,
florescerá e brotará Israel, e encherão de fruto
o mundo.” – Isaías 27.6).
De uma semente germinada surge uma árvore que pode dar muitos frutos por
um longo tempo.
Um ser humano completamente maduro é no início de sua existência apenas
uma célula, que formará um embrião do qual tudo mais se seguirá.
A nova criação espiritual possui apenas uma cabeça, um Salvador, um
Senhor, um Redentor, um Rei, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo. A partir dEle
muitos têm sido tornados filhos de Deus.
O evangelho é um só e começou pequeno com Jesus, um grupo de apóstolos,
e está destinado a ser como a semente de mostarda que gerou uma grande árvore
espiritual.
Tudo isto nos leva à fé em um só Deus e Criador. Sendo somente Ele digno
da nossa adoração. Pois dá a conhecer-se a nós falando através da criação, e de
que tudo aponta para uma causa inicial e comum única, a saber, Ele mesmo, o
único Deus verdadeiro.
“Teus são os céus, tua, a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste.” (Salmo
89.11).
“O SENHOR fez a terra pelo seu poder; estabeleceu o mundo por sua
sabedoria e com a sua inteligência estendeu os céus.” (Jeremias 10.12).
Este imenso universo, com trilhões de estrelas, planetas, cometas etc,
possui apenas um planeta habitado com vida – a Terra. Este nosso planeta,
comparado em dimensões com a Via Láctea, galáxia na qual se encontra, não
passa, comparativamente falando, menos do que a cabeça de um alfinete. Todavia,
é a partir dele que Deus povoará os mundos no porvir. É nEle que se encontram
as esperanças de serem povoadas as galáxias do universo, pelas novas condições
geradas por Deus, pelo Seu poder, propícias à vida, onde e quando Ele desejar.
O que determinou que o universo manifeste a Sua glória e poder, pode fazer o
que for do Seu agrado, pois nada lhe é impossível, como bem já demonstrou
trazendo todos estes corpos celestiais à existência, e fazendo habitar na terra
uma multiplicidade de vida, em plantas, animais e minerais, como não
encontradas em nenhum outro ponto do universo.
Além disso, deve ser considerado que Ele fez também o céu dos céus, ou
seja, o lugar da Sua habitação eterna com os anjos e santos aperfeiçoados.
Temos aprendido na prática histórica, que Deus conduz os Seus planos à
realização, através de dispensações, as quais duram, em geral, por séculos
seguidos, demonstrando que Seu Conselho eterno opera a longo prazo.
Então, não estamos falando de coisas de pouca monta quando nos referimos
ao Criador.
“Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as
coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11.36).
“Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos.” (Atos 17.28).
“2 O SENHOR
me respondeu e disse: Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa
ler até quem passa correndo.
3 Porque a
visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se
apressa para o fim e não falhará; se tardar, espera-o, porque, certamente,
virá, não tardará.” (Habacuque 2.2,3).
“3 tendo em
conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão
escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões
4 e dizendo:
Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as
coisas permanecem como desde o princípio da criação.
5 Porque,
deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve céus bem
como terra, a qual surgiu da água e através da água pela
palavra de Deus,
6 pela qual
veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água.
7 Ora, os céus que
agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo,
estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios.
8 Há, todavia,
uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia
é como mil anos, e mil anos, como um dia.
9 Não retarda
o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é
longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos
cheguem ao arrependimento.
10 Virá,
entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão
com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra
e as obras que nela existem serão atingidas.
11 Visto que
todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como
os que vivem em santo procedimento e piedade,
12 esperando
e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus,
incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se
derreterão.
13 Nós, porém, segundo
a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais
habita justiça.” (II Pedro 2.3-13).
Agora, a grandeza e majestade de Deus deve ser medida por Seu amor, Sua
justiça e bondade, e não pela régua da soberba do ímpio, uma vez que o Seu
Reino não é como os reinos deste mundo, cujo príncipe é Satanás.
Na busca de grandeza, o homem sempre segue o atalho da cobiça, que o
conduz à soberba, e desta à dissensão e disputa uns com os outros, na busca de
se subjugar o suposto ou real oponente. Observe o mundo e você verá isto em
todos os escalões, a partir dos próprios políticos e magistrados, que quando
não se devoram mutuamente, este desejo permanece incontido dentro deles pela
busca de uma supremacia, da qual eles não podem se livrar, porque é gerada pelo
pecado e insuflada e ampliada pelo diabo, assim como ele agiu em relação ao primeiro
homem criado, desde o princípio, levando-o a tentar entrar em competição com o
próprio Deus, para igualar-se a Ele em conhecimento e poder.
Este sentimento de vanglória é o que antecede a própria corrupção,
porque esta é praticada para dar sustentação à vanglória que está arraigada no
coração.
Associado a tudo isto há ainda fetiches, volúpias, desejos carnais
incontidos, e um sentimento de ostentação sem limites que conduz à necessidade
de obtenção de riquezas ainda que seja por meios ilícitos, e tudo para
alimentar o sentimento ilusório e enganoso de grandeza e poder que habitou
primeiro no diabo, quando Ele foi expulso do céu, e que agora, ele busca
multiplicar e disseminar entre os homens.
Esta é a razão de aos crentes ser ordenado em não raras passagens
bíblicas, que sejam símplices como as pombas, que se amoldem às coisas humildes
e que se contentem com o pouco que eles tiverem, não andando ansiosos por coisa
alguma. Que fujam do orgulho, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça
aos humildes. Que sejam submissos uns aos outros, assim como há submissão na
própria trindade divina. Uma vez que estas ordenanças sejam negligenciadas, é
possível tornar-se facilmente presa do diabo.
“1 Se há, pois,
alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se
há entranhados afetos e misericórdias,
2 completai
a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor,
sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento.
3 Nada façais por
partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros
superiores a si mesmo.
4 Não tenha
cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada
qual o que é dos outros.
5 Tende em vós o mesmo
sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6 pois ele,
subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser
igual a Deus;
7 antes, a
si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de
homens; e, reconhecido em figura humana,
8 a si mesmo
se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.
9 Pelo que
também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de
todo nome,
10 para que
ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da
terra,
11 e toda língua
confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.”
(Filipenses 2.1-11).
“1 De onde
procedem guerras e contendas que há entre vós? De
onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?
2 Cobiçais e nada
tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer
guerras. Nada tendes, porque não pedis;
3 pedis e não
recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.
4 Infiéis, não
compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele,
pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
5 Ou
supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o
Espírito, que ele fez habitar em nós?
6 Antes, ele
dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos,
mas dá graça aos humildes.
7 Sujeitai-vos,
portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
8 Chegai-vos
a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos,
pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração.
9 Afligi-vos,
lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em
tristeza.
10 Humilhai-vos
na presença do Senhor, e ele vos exaltará.” (Tiago 4.1-10).
Se para o crente é difícil
alcançar e manter um viver em paz uns com os outros, pelo cultivo das virtudes
cristãs que promovem a paz; para os ímpios isto é totalmente impossível, como o
próprio Deus o declara que para os ímpios não há paz, pois são como o mar
bravio que não pode ser aquietado.
E não somente na questão relativa à paz, mas a tudo o que se refira à
santidade e piedade, nenhum ímpio pode ter participação nisto, caso não se
converta, pois os que são santos tendem a se santificarem ainda mais, assim
como os ímpios tendem a aumentar em impiedade.
“10 Disse-me ainda: Não seles as palavras da
profecia deste livro, porque o tempo está próximo.
11 Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo
ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se.
12 E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para
retribuir a cada um segundo as suas obras.
13 Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim.
14 Bem-aventurados aqueles que lavam as suas
vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem
na cidade pelas portas.
15 Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os
assassinos, os idólatras
e todo aquele que ama e pratica a mentira.
16 Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos
testificar estas coisas às
igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã.
17 O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve,
diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida.”
(Apocalipse 22.10-17).
“Quanto ao mais, irmãos, adeus! Aperfeiçoai-vos,
consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz
estará convosco.” (II Coríntios 13.11).
Se não fosse pela existência de Deus, como poderiam viver alguns em paz
e em amor, em meio a um mundo pecador, sujeito ao diabo?
Como a criação seguiria o seu curso normal, e tendo as profecias
bíblicas se cumprindo, caso não houvesse o poder divino por detrás de tudo
isso, garantindo a sua continuidade?
Como se explica a existência de todos os recursos necessários,
renováveis e não renováveis, em nosso planeta, de modo a sustentar a vida de
bilhões de pessoas ao longo de uma história de mais de seis mil anos, a não ser
por terem sido criados por um Deus sábio, onipotente e onisciente?
Como explicar a transformação instantânea, operada pela conversão a
Cristo, senão por um poder divino operante, quando pessoas que mais parecem
demônios, passam a ser santas?
E milhões de outras questões não podem ser
respondidas senão apenas pela existência de Deus, que sendo espírito e
invisível, não nos deixou sem testemunho de Si, tendo se revelado de diversas
formas, até mesmo na forma de homem como apareceu a Adão e a Abraão, e na de um
anjo, de uma pomba, e na melhor de todas elas na pessoa de Jesus Cristo, por
quem tem operado a nossa salvação.
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