terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

O Ponto de Partida Correto


  
Para a determinação correta de causas de quaisquer realidades, sejam elas visíveis ou invisíveis; naturais ou sobrenaturais; temporais ou eternas, enfim, sob qualquer condição considerada, sempre será necessário estabelecer um ponto de partida adequado e verdadeiro, para daí prosseguir até a conclusão sobre a causa real do objeto em investigação.
Onde tudo começou? É a principal pergunta a ser feita. Qual foi o propósito original? Qual foi o propósito supremo? Que sentimentos e emoções estiveram envolvidos no princípio, e que determinaram tudo o que foi feito a seguir? Estas e outras indagações semelhantes devem também ser formuladas para chegarmos ao conhecimento da verdade.
Há cerca de mil e novecentos anos a revelação feita nas Escrituras foi fechada com a escrita do livro de Apocalipse em fins do primeiro século.
Esta revelação escrita foi iniciada cerca de 1.400 anos antes de Cristo, com o Pentateuco escrito por Moisés, e prosseguiu até cerca de 400 a.C, com o livro do profeta Malaquias, que foi o último livro do Velho Testamento. A escrita da revelação foi retomada com o advento de Jesus Cristo, mais propriamente com a epístola de Paulo aos Gálatas, em torno de 44 d.C. Isto nos dá um período de cerca de 1.100 anos para a produção da Bíblia, mas não temos aqui o nosso ponto de partida porque não se encontra no tempo e no espaço, pois foi estabelecido antes mesmo da criação do mundo e de tudo o que ele contém. Assim, nós sequer existíamos quando tudo foi designado no plano eterno que é segundo o propósito supremo do Criador. A Bíblia fala deste propósito mas nós não nos encontrávamos lá para vê-lo ou mesmo opinar sobre ele. Tudo foi criado pela vontade soberana do Criador e para um fim determinado independentemente da vontade de qualquer criatura, seja humana ou angélica.
A palavra pecado permeia quase todas as páginas da Bíblia. Em paralelo a ela vemos a palavra graça, entre outras que apontam para a justificação que é feita por meio da morte e ressurreição de Jesus. Ele é o Cordeiro de Deus que veio ao mundo com a principal missão de remover o pecado. Se fosse uma simples questão de melhorar a moral do homem e torná-lo mais educado e civilizado, isto poderia ser feito até mesmo pelo aumento do rigor da lei e do seu cumprimento por parte das autoridades das nações. Mas, o que está em jogo é algo muito mais vital e profundo, pois diz respeito ao coração humano, a tudo o que se refere à vontade, intenção, pensamento, sentimento e emoção que há no interior de cada pessoa. E sabemos por experiência que não temos de forma natural e espontânea um coração que se incline a tudo o que é puro e santo, e que se disponha a estar continuamente em comunhão com Deus.
Para que haveria necessidade de tantos séculos na revelação escrita da verdade, conforme produzida e inspirada pelo Espírito Santo, caso não houvesse algo tão vital em jogo? Se o problema do pecado não for tratado o resultado será o de morte eterna, de separação eterna de Deus, e de uma condenação para uma penalização horrível em um sofrimento eterno, pois assim decreta a justiça divina em relação a todo aquele que é escravo do pecado e que rejeita a salvação que é pela graça, mediante a fé em Jesus.
Questões como a do por quê da existência de tanto mal no mundo só podem ser respondidas adequadamente caso conheçamos de fato a natureza do propósito supremo divino.
Com isto não dizemos que Deus seja o autor do mal, nem mesmo que consinta com o mesmo, mas ele não somente previu que o pecado corromperia o primeiro casal humano que fora criado em inocência absoluta, e sujeitaria à corrupção não somente eles, mas toda a sua descendência, como também o que deveria ser feito para que a partir desta condição caída Ele criasse uma nova que lhe redundasse em glória.
No problem! Como dizem os ingleses. Não para Deus, que cumpriria um plano maior e melhor a partir desta condição problemática criada pela entrada do pecado no mundo.
Para a realização deste propósito de trazer o bem a partir do mal, ele planejou um modo diferente para a criação da humanidade em relação àquele que havia feito relativamente aos anjos, que foram criados a um só tempo.
Bilhões descenderiam daquela cabeça dada à humanidade natural, Adão, e como se resgataria a muitos destes da condição caída em que se encontrariam em razão do pecado?
Sabemos que pecar é muito mais do que simplesmente errar o alvo, pois neste caso pode ser atingido até mesmo por acaso, como se costuma dizer: por sorte. Mas na condição moral e espiritual do homem não se poderia agir com o fator do acaso ou sorte para que este seja resgatado.
Um plano seguro e justo deveria ser estabelecido. E não poderia ser de outra maneira, porque a justiça de Deus é exígua e demanda uma perfeita conformação à sua santidade da parte de todo ser moral.
E sabemos que esta justiça não existe em ninguém da humanidade, uma vez que o pecado sendo residente em todos, dispõe a uma inclinação contínua de resistência a Deus e a tudo o que seja da Sua vontade.
Esta inclinação deveria ser vencida para que toda resistência fosse trazida cativa à obediência de Cristo, a cabeça espiritual designada para os que seriam resgatados.
Então há justiça na redenção porque se todos foram encerrados no pecado em razão do pecado de um só, a saber da cabeça da humanidade natural, é justo que agora aqueles que são trazidos a estar debaixo e em união com a cabeça espiritual, Cristo, sejam encerrados na santidade que produz a vida, uma vez que Ele carregou sobre Si, na cruz do Calvário, a nossa culpa relativa ao nosso pecado.
Se pelo pecado de Adão fomos trazidos a uma condição de condenação, pela obediência e justiça de Cristo, somos trazidos à de salvação,
Assim, o plano eterno de Deus continua em plena operação durante todas as gerações da humanidade.
Para vários propósitos e especialmente para o de nos ensinar acerca da Sua soberania, Deus planejou modos diferentes de comportamento específicos em toda a existência dos demais seres vivos, sejam eles vegetais ou animais, para que soubéssemos que tudo na criação segue fielmente o modo determinado por Deus, e nós nos apresentamos como exceção a essa regra geral, não porque isto seja da Sua vontade e consentimento, mas por nos encontrarmos em uma condição ruim de alma que não se sujeita voluntariamente em alegre obediência e gratidão a Deus, e nem mesmo isto se encontra em nosso poder para fazê-lo por nós mesmos, sem a assistência e operação da graça divina.
Aqui está mais um ponto de partida para a solução do enigma da existência, para a compreensão de nossa real condição: se uma planta ou animal irracional pode existir e agir independentemente de buscar em Deus graça e poder para isto, pois lhes é concedido natural e continuamente, nós, por termos um espírito, necessitamos estar ligados e ir continuamente à fonte de toda graça, o próprio Senhor Jesus Cristo, e negando o nosso ego, submetermos a nossa vontade à dEle, senão, caímos e morremos espiritualmente. Daí Ele ter dito que sem Ele nada podemos fazer. A razão disso é que Ele foi designado pelo Pai para ser o Senhor, o Redentor, o Salvador, o Justificador, o Regenerador, Renovador e Santificador, além de seus muitos outros ofícios, para todos aqueles que lhes foram dados pelo Pai. Tudo foi Criado por Jesus e para Ele. Fora dEle não há vida, senão morte. Esta é a grande lição que aprendemos em um mundo que ficou sujeito ao pecado. De outro modo não poderíamos chegar ao conhecimento experiencial desta verdade.
Quanto mal e destruição o pecado produz em toda a face da Terra! Quanto tem abundado e crescido à medida que o tempo avança! Não fosse pela superabundância da graça, já não haveria qualquer tipo de bem no mundo!
É por tudo isso que somos insistentemente ordenados por Deus nas Escrituras a não nos sujeitarmos a um viver pecaminoso, mas, ao contrário, consagrarmos toda a nossa vida à prática da justiça, e buscando para isto, revestirmo-nos diariamente da graça que está em nosso Senhor Jesus Cristo, para sermos confirmados na fé.
Todavia, nunca devemos esquecer que não é por nossa própria justiça que somos tornados agradáveis a Deus, mas por causa de Jesus que se tornou para nós, da parte dEle, a nossa justiça. Tanto que a aliança da graça foi feita antes da fundação do mundo entre o Pai e Ele, para que fosse não somente a nossa justiça, redenção, sabedoria e santificação, mas também o nosso Fiador, pois é Ele que responde perante o Pai por todas as nossas falhas, com o sacrifício que ofereceu de Si mesmo em nosso lugar. É pela oferta que Ele apresentou que a justiça divina foi plenamente satisfeita, de modo que nenhum daqueles que estão ligados a Jesus pela fé, poderão ser condenados e sequer acusados em juízo para serem afastados permanentemente de Deus.
A obediência que é requerida de nossa parte não é para a nossa justificação porque esta foi feita de uma vez para sempre pelo próprio Jesus. Esta é requerida porque não há outro modo de nos apresentarmos diante de Deus senão o de sermos santificados. E até mesmo nesta santificação Jesus responde por nós, aplicando pela Sua graça, a Palavra de Deus em nossas vidas pelo poder do Espírito Santo.
Adeus para sempre teoria da evolução! Como uma evolução natural pode responder a todas estas verdades? Se o que é natural deve evoluir sim, mas não para outra condição natural, mas sobrenatural, porque foi planejado primeiro criação natural para o propósito final de criação espiritual, como poderíamos nos acomodar a  uma teoria que resume tudo a uma condição natural, quando sabemos que somos sobretudo seres espirituais dotados de um corpo, pela condição diferenciada de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus, que é espírito?
Pode um ser que seja simplesmente natural responder à comunhão com Deus que é espírito? Pode a galinha saber que um dia ela morrerá, e mais do que isso, partir para uma nova condição, por um novo nascimento espiritual pelo Espírito Santo, assim como é dado e ordenado aos homens?
Pode um ser transmutar a sua própria natureza terrena de ser vegetal para animal ou vice-versa? Seria dado ao coqueiro poder gerar homens, e aos homens produzir em si mesmos cocos em vez de outros seres de carne e sangue?
Aquele que determinou o que deveria ser cada um em sua própria espécie, também determinou o que deveriam ser no plano espiritual e eterno.
Aquele que nos fez ser neste mundo homens ou mulheres, nos dotou de todo um aparato de órgãos diferenciados para a reprodução, e para o cumprimento de papéis específicos no casamento e no mundo. Deve ser assim aqui embaixo porque esta é a sua vontade até que se galgue à condição assexuada dos anjos na eternidade. O que ultrapassa isto, como vimos antes, é a condição de rebelião contra Ele determinada pelo pecado.
E quanto à motivação que deve nos mover a esta obediência, não apenas em relação a isto, mas a todos os demais deveres ordenados para seguirmos a ordem da natureza e da nossa criação, devemos voltar a indagar sobre o ponto de partida correto que não somente aqui mas em   tudo o mais, que é o de tudo fazer por amor a Deus e para a Sua exclusiva glória. O que fica aquém disso será tido por pecaminoso por conter a intenção ou sentimento errados.
Jesus nos foi dado para que pudéssemos viver do modo adequado conforme planejado por Ele junto com o Pai e o Espírito Santo, antes mesmo de nos trazer à existência., pela eficácia da Sua própria vida operando em nós.
Bem-aventurados são todos aqueles que dão a devida atenção e consideração a estas verdades, conforme podem ser atestadas pela própria razão, mas que não dependem dela para serem confirmadas, uma vez que podem ser somente conhecidas e experimentadas por meio da fé que é o dom de Deus concedido aos que se arrependem do pecado e o buscam para serem salvos por meio de Jesus Cristo.
Por Silvio Dutra



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