Para a
determinação correta de causas de quaisquer realidades, sejam elas visíveis ou
invisíveis; naturais ou sobrenaturais; temporais ou eternas, enfim, sob
qualquer condição considerada, sempre será necessário estabelecer um ponto de
partida adequado e verdadeiro, para daí prosseguir até a conclusão sobre a causa
real do objeto em investigação.
Onde tudo começou? É a principal
pergunta a ser feita. Qual foi o propósito original? Qual foi o propósito
supremo? Que sentimentos e emoções estiveram envolvidos no princípio, e que
determinaram tudo o que foi feito a seguir? Estas e outras indagações
semelhantes devem também ser formuladas para chegarmos ao conhecimento da
verdade.
Há cerca de mil e novecentos anos
a revelação feita nas Escrituras foi fechada com a escrita do livro de
Apocalipse em fins do primeiro século.
Esta revelação escrita foi
iniciada cerca de 1.400 anos antes de Cristo, com o Pentateuco escrito por
Moisés, e prosseguiu até cerca de 400 a.C, com o livro do profeta Malaquias,
que foi o último livro do Velho Testamento. A escrita da revelação foi retomada
com o advento de Jesus Cristo, mais propriamente com a epístola de Paulo aos
Gálatas, em torno de 44 d.C. Isto nos dá um período de cerca de 1.100 anos para
a produção da Bíblia, mas não temos aqui o nosso ponto de partida porque não se
encontra no tempo e no espaço, pois foi estabelecido antes mesmo da criação do
mundo e de tudo o que ele contém. Assim, nós sequer existíamos quando tudo foi
designado no plano eterno que é segundo o propósito supremo do Criador. A
Bíblia fala deste propósito mas nós não nos encontrávamos lá para vê-lo ou
mesmo opinar sobre ele. Tudo foi criado pela vontade soberana do Criador e para
um fim determinado independentemente da vontade de qualquer criatura, seja
humana ou angélica.
A palavra pecado permeia quase
todas as páginas da Bíblia. Em paralelo a ela vemos a palavra graça, entre
outras que apontam para a justificação que é feita por meio da morte e
ressurreição de Jesus. Ele é o Cordeiro de Deus que veio ao mundo com a
principal missão de remover o pecado. Se fosse uma simples questão de melhorar
a moral do homem e torná-lo mais educado e civilizado, isto poderia ser feito
até mesmo pelo aumento do rigor da lei e do seu cumprimento por parte das
autoridades das nações. Mas, o que está em jogo é algo muito mais vital e
profundo, pois diz respeito ao coração humano, a tudo o que se refere à
vontade, intenção, pensamento, sentimento e emoção que há no interior de cada
pessoa. E sabemos por experiência que não temos de forma natural e espontânea
um coração que se incline a tudo o que é puro e santo, e que se disponha a
estar continuamente em comunhão com Deus.
Para que haveria necessidade de tantos
séculos na revelação escrita da verdade, conforme produzida e inspirada pelo
Espírito Santo, caso não houvesse algo tão vital em jogo? Se o problema do
pecado não for tratado o resultado será o de morte eterna, de separação eterna
de Deus, e de uma condenação para uma penalização horrível em um sofrimento
eterno, pois assim decreta a justiça divina em relação a todo aquele que é
escravo do pecado e que rejeita a salvação que é pela graça, mediante a fé em
Jesus.
Questões como a do por quê da
existência de tanto mal no mundo só podem ser respondidas adequadamente caso
conheçamos de fato a natureza do propósito supremo divino.
Com isto não dizemos que Deus
seja o autor do mal, nem mesmo que consinta com o mesmo, mas ele não somente
previu que o pecado corromperia o primeiro casal humano que fora criado em
inocência absoluta, e sujeitaria à corrupção não somente eles, mas toda a sua
descendência, como também o que deveria ser feito para que a partir desta
condição caída Ele criasse uma nova que lhe redundasse em glória.
No problem! Como dizem os
ingleses. Não para Deus, que cumpriria um plano maior e melhor a partir desta
condição problemática criada pela entrada do pecado no mundo.
Para a realização deste propósito
de trazer o bem a partir do mal, ele planejou um modo diferente para a criação
da humanidade em relação àquele que havia feito relativamente aos anjos, que
foram criados a um só tempo.
Bilhões descenderiam daquela
cabeça dada à humanidade natural, Adão, e como se resgataria a muitos destes da
condição caída em que se encontrariam em razão do pecado?
Sabemos que pecar é muito mais do
que simplesmente errar o alvo, pois neste caso pode ser atingido até mesmo por
acaso, como se costuma dizer: por sorte. Mas na condição moral e espiritual do
homem não se poderia agir com o fator do acaso ou sorte para que este seja
resgatado.
Um plano seguro e justo deveria
ser estabelecido. E não poderia ser de outra maneira, porque a justiça de Deus
é exígua e demanda uma perfeita conformação à sua santidade da parte de todo
ser moral.
E sabemos que esta justiça não
existe em ninguém da humanidade, uma vez que o pecado sendo residente em todos,
dispõe a uma inclinação contínua de resistência a Deus e a tudo o que seja da
Sua vontade.
Esta inclinação deveria ser
vencida para que toda resistência fosse trazida cativa à obediência de Cristo,
a cabeça espiritual designada para os que seriam resgatados.
Então há justiça na redenção
porque se todos foram encerrados no pecado em razão do pecado de um só, a saber
da cabeça da humanidade natural, é justo que agora aqueles que são trazidos a
estar debaixo e em união com a cabeça espiritual, Cristo, sejam encerrados na
santidade que produz a vida, uma vez que Ele carregou sobre Si, na cruz do
Calvário, a nossa culpa relativa ao nosso pecado.
Se pelo pecado de Adão fomos
trazidos a uma condição de condenação, pela obediência e justiça de Cristo,
somos trazidos à de salvação,
Assim, o plano eterno de Deus
continua em plena operação durante todas as gerações da humanidade.
Para vários propósitos e
especialmente para o de nos ensinar acerca da Sua soberania, Deus planejou
modos diferentes de comportamento específicos em toda a existência dos demais
seres vivos, sejam eles vegetais ou animais, para que soubéssemos que tudo na criação
segue fielmente o modo determinado por Deus, e nós nos apresentamos como
exceção a essa regra geral, não porque isto seja da Sua vontade e
consentimento, mas por nos encontrarmos em uma condição ruim de alma que não se
sujeita voluntariamente em alegre obediência e gratidão a Deus, e nem mesmo
isto se encontra em nosso poder para fazê-lo por nós mesmos, sem a assistência
e operação da graça divina.
Aqui está mais um ponto de
partida para a solução do enigma da existência, para a compreensão de nossa real
condição: se uma planta ou animal irracional pode existir e agir
independentemente de buscar em Deus graça e poder para isto, pois lhes é
concedido natural e continuamente, nós, por termos um espírito, necessitamos
estar ligados e ir continuamente à fonte de toda graça, o próprio Senhor Jesus
Cristo, e negando o nosso ego, submetermos a nossa vontade à dEle, senão,
caímos e morremos espiritualmente. Daí Ele ter dito que sem Ele nada podemos
fazer. A razão disso é que Ele foi designado pelo Pai para ser o Senhor, o
Redentor, o Salvador, o Justificador, o Regenerador, Renovador e Santificador,
além de seus muitos outros ofícios, para todos aqueles que lhes foram dados
pelo Pai. Tudo foi Criado por Jesus e para Ele. Fora dEle não há vida, senão
morte. Esta é a grande lição que aprendemos em um mundo que ficou sujeito ao
pecado. De outro modo não poderíamos chegar ao conhecimento experiencial desta
verdade.
Quanto mal e destruição o pecado
produz em toda a face da Terra! Quanto tem abundado e crescido à medida que o
tempo avança! Não fosse pela superabundância da graça, já não haveria qualquer
tipo de bem no mundo!
É por tudo isso que somos
insistentemente ordenados por Deus nas Escrituras a não nos sujeitarmos a um
viver pecaminoso, mas, ao contrário, consagrarmos toda a nossa vida à prática
da justiça, e buscando para isto, revestirmo-nos diariamente da graça que está
em nosso Senhor Jesus Cristo, para sermos confirmados na fé.
Todavia, nunca devemos esquecer
que não é por nossa própria justiça que somos tornados agradáveis a Deus, mas
por causa de Jesus que se tornou para nós, da parte dEle, a nossa justiça.
Tanto que a aliança da graça foi feita antes da fundação do mundo entre o Pai e
Ele, para que fosse não somente a nossa justiça, redenção, sabedoria e santificação,
mas também o nosso Fiador, pois é Ele que responde perante o Pai por todas as
nossas falhas, com o sacrifício que ofereceu de Si mesmo em nosso lugar. É pela
oferta que Ele apresentou que a justiça divina foi plenamente satisfeita, de
modo que nenhum daqueles que estão ligados a Jesus pela fé, poderão ser
condenados e sequer acusados em juízo para serem afastados permanentemente de
Deus.
A obediência que é requerida de
nossa parte não é para a nossa justificação porque esta foi feita de uma vez
para sempre pelo próprio Jesus. Esta é requerida porque não há outro modo de
nos apresentarmos diante de Deus senão o de sermos santificados. E até mesmo
nesta santificação Jesus responde por nós, aplicando pela Sua graça, a Palavra
de Deus em nossas vidas pelo poder do Espírito Santo.
Adeus para sempre teoria da
evolução! Como uma evolução natural pode responder a todas estas verdades? Se o
que é natural deve evoluir sim, mas não para outra condição natural, mas
sobrenatural, porque foi planejado primeiro criação natural para o propósito
final de criação espiritual, como poderíamos nos acomodar a uma teoria que resume tudo a uma condição
natural, quando sabemos que somos sobretudo seres espirituais dotados de um
corpo, pela condição diferenciada de termos sido criados à imagem e semelhança
de Deus, que é espírito?
Pode um ser que seja simplesmente
natural responder à comunhão com Deus que é espírito? Pode a galinha saber que
um dia ela morrerá, e mais do que isso, partir para uma nova condição, por um
novo nascimento espiritual pelo Espírito Santo, assim como é dado e ordenado
aos homens?
Pode um ser transmutar a sua
própria natureza terrena de ser vegetal para animal ou vice-versa? Seria dado
ao coqueiro poder gerar homens, e aos homens produzir em si mesmos cocos em vez
de outros seres de carne e sangue?
Aquele que determinou o que
deveria ser cada um em sua própria espécie, também determinou o que deveriam
ser no plano espiritual e eterno.
Aquele que nos fez ser neste
mundo homens ou mulheres, nos dotou de todo um aparato de órgãos diferenciados
para a reprodução, e para o cumprimento de papéis específicos no casamento e no
mundo. Deve ser assim aqui embaixo porque esta é a sua vontade até que se
galgue à condição assexuada dos anjos na eternidade. O que ultrapassa isto,
como vimos antes, é a condição de rebelião contra Ele determinada pelo pecado.
E quanto à motivação que deve nos
mover a esta obediência, não apenas em relação a isto, mas a todos os demais
deveres ordenados para seguirmos a ordem da natureza e da nossa criação,
devemos voltar a indagar sobre o ponto de partida correto que não somente aqui
mas em tudo o mais, que é o de tudo
fazer por amor a Deus e para a Sua exclusiva glória. O que fica aquém disso
será tido por pecaminoso por conter a intenção ou sentimento errados.
Jesus nos foi dado para que
pudéssemos viver do modo adequado conforme planejado por Ele junto com o Pai e
o Espírito Santo, antes mesmo de nos trazer à existência., pela eficácia da Sua
própria vida operando em nós.
Bem-aventurados são todos aqueles
que dão a devida atenção e consideração a estas verdades, conforme podem ser
atestadas pela própria razão, mas que não dependem dela para serem confirmadas,
uma vez que podem ser somente conhecidas e experimentadas por meio da fé que é
o dom de Deus concedido aos que se arrependem do pecado e o buscam para serem
salvos por meio de Jesus Cristo.
Por Silvio Dutra
Nenhum comentário:
Postar um comentário