sábado, 26 de outubro de 2019

Salvação por Substituição




Para a salvação de pecadores haveria a necessidade da satisfação plena da justiça de Deus, para que houvesse o perdão da dívida do pecador e por conseguinte a sua justificação e regeneração para ser aceito como filho de Deus.
Isto foi feito pelo único modo pelo qual poderia ser realizado, a saber, por SUBSTITUIÇÃO, por Jesus ter assumido o lugar de pecadores..
Alguém que fosse completamente justo, idôneo e perfeito deveria ficar no lugar do homem para receber sobre si a penalização por sua culpa, e quitar completamente a dívida do seu pecado.
Nenhum homem poderia fazê-lo porque todos são pecadores.
Nenhum anjo seria apto também para este propósito porque não têm a natureza humana, e a lei da criação não permite que nenhuma criatura tenha a sua natureza alterada.
24 Disse também Deus: Produza a terra seres viventes, conforme a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim se fez.
25 E fez Deus os animais selváticos, segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os répteis da terra, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom.” (Gênesis 1.24,25).
O Substituto deveria portanto, possuir a natureza divina, e que assumindo também a natureza humana ao lado da divina, teria poder e qualificações suficientes para realizar as muitas e grandes operações envolvidas na salvação de pecadores, para as quais nenhuma criatura, por mais excelente que fosse, estaria qualificada.
A natureza original (divina) não seria extinta e nem mesmo poderia ser porque Deus não pode morrer, mas como também a natureza humana que ele receberia não poderia ser aniquilada porque é dotada de um espírito humano que não pode também ser aniquilado porque não é natural, deste mundo perecível, mas recebido do próprio Deus, todavia, esta lei não se aplica ao corpo físico humano que foi feito do pó da terra, e que de um modo ou outro deveria retornar para lá, para dar lugar ao corpo sobrenatural que não é de carne e osso, que deve ser recebido depois desta vida.
Assim, o que o Substituto ofereceria como sacrifício seria o seu corpo, para que este passasse por uma morte não natural ou acidental, mas penal, por condenação como um malfeitor, de modo a que desse cumprimento à sentença da Lei sobre os pecadores, uma vez que estes no dia do juízo não morrerão acidentalmente, mas pela execução da sentença penal da Lei e da justiça de Deus contra eles.
Uma vez executada a sentença da justiça divina sobre o Substituto, Ele recobraria o seu corpo do estado de morte, trazendo-o de volta à vida, porque Ele é espírito vivificado e dá vida a quem quer, pois sendo Deus não pode ser retido pela morte, e este poder não se refere a si mesmo, mas a todos os que quiser ressuscitar como seu viu em seu ministério terreno especialmente no caso de Lázaro.
17 Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir.
18 Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai.” (João 10.17,18).
Como a sentença da justiça divina para o pecador era a pena de morte, porque sendo a ofensa feita contra Aquele que é a vida em si mesmo, a pena não poderia ser diferente da pena capital de morte espiritual e eterna.
Como a imputação do pecado e da condenação do pecado foi feita com base na queda original do cabeça de toda a raça humana, a saber, Adão, isto foi feito deliberadamente por Deus, em Sua infinita sabedoria, para possibilitar a aplicação do plano de redenção pela via da substituição, pois ao condenar a todos em um, Ele seria justo em justificar a muitos que se unissem ao Substituto designado para ser a nova cabeça da raça, a cabeça de uma geração não natural, como no caso do primeiro Adão, mas espiritual, como de fato são espirituais, novas criaturas nascidas de novo pelo Espírito Santo em razão da fé em Cristo,
Uma vez que o trabalho da expiação do pecado fosse realizado pela morte do Substituto na forma designada, a saber, como maldito de Deus, carregando sobre Si a maldição da Lei que pairava sobre os redimidos, haveria necessidade que o próprio Substituto fosse justificado em Sua obra pela ressurreição, de modo a poder realizar a justificação destes redimidos.
Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória.” (I Timóteo 3.16).
24 mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor,
25 o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação.” (Romanos 4.24,25).
Aquele que redimisse o pecador, nos termos da aliança que fizera com Deus Pai, antes mesmo que houvesse mundo, deveria também se responsabilizar pelo aperfeiçoamento espiritual dos redimidos, pela santificação, até conduzi-los em segurança à glória, sem a perda de qualquer um deles.
Daí ser dito nas Escrituras que Cristo ressuscitou para a nossa justificação.
É somente quando há arrependimento e fé real em Cristo que a obra da redenção se consuma, porque até então, os eleitos permanecem mortos em delitos e pecados, de modo que a eficácia da obra do Substituto só pode ser consumada quando a fé nEle e na Sua obra se manifesta na eleito.
Até então, os benefícios do Substituto não poderiam ser aplicados, porque há esta necessidade de um novo nascimento do Espírito, que ocorre no momento mesmo em que a fé salvadora se manifesta, uma vez que Deus determinou que o justo viveria pela fé, ou seja, a  justiça seria imputada e implantada somente naquele que viesse a crer em Cristo, porque é nEle, na união espiritual com Ele, que se encontra a vida eterna e o perdão dos pecados.
Registramos a seguir algumas citações de Thomas Boston sobre este assunto.
Enquanto não havia pecado, não havia lugar para satisfação de pecado. Mas o novo pacto deveria ser estabelecido sob a condição de uma satisfação pelo pecado; porque a lei quebrada ou pacto de obras insistia nisto como condição de vida para os pecadores, em virtude de sua penalidade em que eles incorreram. No entanto, estava além do poder deles responder a essa exigência da lei. Se então o Mediador terá uma semente trazida do estado de morte, em um estado de vida e salvação, ele deve comprá-los da mão da justiça, estabelecendo um preço para cada alma deles, 1 Coríntios 6:20. 
Consequentemente, todos os pecados de cada um deles, desde o primeiro pecado a partir do nascimento deles, até o último pecado com o qual eles devem expirar, sendo previsto por Deus desde a eternidade, foram resumidos como tantas violações da lei ou pacto de obras: e foi feito outro artigo condicional da aliança da graça, "Que Cristo, como pessoa pública, deve satisfazer plena e completamente por todos eles." Isa. 53: 6, "O Senhor colocou sobre ele a iniquidade de todos nós”; comparado com Lev. 16:21, "Todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões em todos os seus pecados".
Agora, neste artigo condicional da aliança da graça, havia três coisas estabelecidas.
Primeiro, "que Cristo, como pessoa pública, deve satisfazer por eles através do sofrimento", Lucas 24:26, "Cristo não deveria ter sofrido?", sendo passível de sofrer pela satisfação da justiça: e nada além de sofrer poderia ser aceito, como compensação do dano causado pelo pecado, à honra de Deus, na violação de sua santa lei. Milhares de carneiros, e dez milhares de rios de azeite estavam sob o comando do Mediador; toda prata e todo ouro, e as coisas preciosas da terra e dos mares, estavam à sua disposição, mas nada disso poderia ser útil nesta barganha; eles eram todos sem valor em um tratado para a redenção da alma, Miqueias 6: 6, 7, 8; 1 Pedro 1:18. Somente seu próprio sofrimento poderia ter valor aqui. Que o Filho de Deus deveria sofrer, foi de fato uma proposta incrível; mas era necessário, a fim de fazer satisfação à justiça divina pelo nosso pecado.
Segundo: "Que ele deveria sofrer a mesma punição que deveriam ter sofrido os eleitos em virtude da penalidade do pacto quebrado das obras"; e isso foi a morte em toda a sua latitude e extensão. Isso aparece na penalidade dessa aliança, da qual foi declarada a dívida de satisfação:
"No dia em que comeres, certamente morrerás", Gênesis 2:17; comparado com a morte de Cristo, isto é, no lugar de pecadores, tão frequentemente mencionados nas Escrituras, “6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
7 Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer.
8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.”, Romanos 5: 6-8.
9 porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo,
10 que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele.”,  1 Tes. 5:9,10. 
E está confirmado que a Escritura ensina: que todos por quem Cristo morreu morreram nele, 2 Coríntios. 5:14, "julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram."; ou então todos morreram, a saber, nele; assim quando eles pecaram e se tornaram passíveis de morte em Adão. 
Assim diz o apóstolo: "Eu estou crucificado com Cristo ", Gal. 2:20.
Para clarear esse propósito, duas coisas devem ser distinguidas nessa morte que foi a penalidade da aliança de obras. 
1. O que era essencial para ser envolvido na própria natureza da coisa chamada morte no estilo dessa aliança. E isso pode ser comprometido nestes dois:
(1) A maldição,
(2) execução infinita; o primeiro legalizando a morte, o segundo tornando-o real e satisfatório. 
2. O que lhe foi acidental, decorrente, não da natureza da coisa em si, mas da natureza da parte que morreu aquela morte. E isso é de dois tipos. 
(1.) Há algo surgindo da natureza do moribundo, como ele é uma mera criatura; tais como a eternidade do castigo e desespero da vida. 
(2.) Algo surgindo da natureza do moribundo, como ele é uma criatura pecaminosa ou sujeito de pecado inerente; como a extinção da relação de poupança entre Deus e a alma, despojando-a da imagem de Deus, e a corrupção e dissolução do corpo.
Agora, o essencial dessa morte que deveríamos ter sofrido em virtude da penalidade do pacto quebrado das obras, foram estabelecidas, como parte da condição da aliança da graça, em Jesus Cristo, a ser sofrida por ele, para nós. Pois ele foi "amaldiçoado por nós", Gal. 3:13, e "se entregou por uma oferta e um sacrifício a Deus por um aroma agradável ", Ef. 5: 2, isto é, um sacrifício igual à ofensa infinita decorrente do nosso pecado; donde dele é dito: "Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.", Hb 10:14. Mas os acidentes daquela morte não fizeram parte da condição da aliança imposta a ele: nem poderiam eles ter sido colocados nele; desde que ele não era um sujeito de pecado inerente, nem ainda uma mera criatura. No entanto, ainda era a mesma morte que deveríamos sofrer; na medida em que o essencial era o mesmo. 
Então, os corpos dos santos, que agora são fracos e corruptíveis, deverão alcançar a ressurreição que é poderosa e incorruptível, ainda assim os mesmos corpos; uma vez que essas qualidades são apenas acidentais ao corpo humano. Então, no caso de compensação da dívida, porém, o mutuário não poderia pagá-la, senão em grande
quantidade de dinheiro, e que avançou pouco a pouco por um longo tempo: o que também o arruinaria: ainda, se seu rico fiador pagasse tudo de uma vez, em um pouco de ouro; é evidente, seria o pagamento da mesma dívida, desde que igualasse totalmente o montante emprestado. Não, confinando nossa visão da própria morte, que é a noção geral apropriada
em questão, vamos colocar o caso, que dois homens, igualmente culpados do mesmo crime, são colocados sob uma e a mesma sentença de morte; e isso é executado sobre os dois: mas esse é por um milagre ressuscitado para a vida, o outro apodrece no túmulo. É evidente neste caso, que a morte que eles morreram, é a mesma morte, respondendo à mesma estimativa que a lei fez do crime; e que, portanto, a morte do primeiro satisfaz a lei, bem como a morte do último, de modo que não pode
alcançar sua vida novamente por esse crime: no entanto, não é menos evidente que há uma enorme diferença entre a morte de um e de outro, em coisas acidentais, particularmente na duração ou continuidade da mesma. Portanto, concluímos que, como Cristo deu a mesma obediência ativa à lei que deveríamos ter dado em virtude da condição da aliança de obras; então ele sofreu o mesmo castigo da morte que deveríamos ter sofrido em virtude da penalidade do pacto quebrado: na medida em que, qualquer diferença que houvesse em acidentes, o essencial era o mesmo; sendo imposta a ele, na nova aliança, sofrer a morte por nós, igualando a ofensa infinita decorrente de nossos pecados, sendo totalmente proporcional à estimativa que a lei e a justiça de Deus fizeram de nosso crime.
E assim, como se diz, dois grandes pontos foram estabelecidos na parte condicional da aliança.
1. "Que a maldição da lei que nos foi causada por nossos pecados seja transferida para o Substituto como o segundo Adão, nosso representante; pelo qual ele deveria ser instantaneamente um homem morto por sua semente." Ou eles , como os demais, devem suportar a maldição: pois está escrito: Maldito todo aquele que não continuar em todas as coisas escritas na lei. "Uma vez que Deus havia anexado a ameaça da morte à sua primeira aliança, dizendo: "No dia em que o comeres, certamente morrerás"; a verdade de Deus assegurou que a maldição ocorresse, tão logo que o pecado entrasse. Agora, eles não foram capazes de suportar, sem serem arruinados com isso. Mas para que pudessem suportar, e eles também serem salvos, foi providenciado, para que ele fosse colocado debaixo dela, em seu lugar; que, como ele foi feito pecado por eles, também deveria, em consequência disso ser amaldiçoada por eles, Gal. 3:13.
A maldição é a sentença da lei violada passada a uma pessoa, ligando-a à ira vingativa de Deus, para a satisfação plena de justiça. Então esse mistério terrível e tremendo está aqui. Cristo deve comparecer perante o tribunal da santa lei, como pecador; responsável por todos os pecados de todos os eleitos, em virtude de seu vínculo de fiança registrado no registro do céu: e sentença deve passar sobre ele, julgando e obrigando-o a sofrer toda a ira vingativa que seus pecados mereciam. O Cordeiro de Deus disse: "Eis que eu venho:" assim foi feito, ele foi feito uma maldição por nós. Como prova disso, ao ser convocado perante os judeus no Sinédrio, ele foi considerado um blasfemador e digno de morte; e diante de Pilatos, o governador romano, ele foi por ele condenado a morrer, e isso na cruz.
Eis o resultado estupendo dessa terrível transação, a transferência da a maldição sobre Cristo, o segundo Adão! 
1. Nisto foi separado da sociedade eleita, separado para o mal, como o imediato efeito da maldição é descrito, em Deut. 29:21. “O SENHOR o separará de todas as tribos de Israel para calamidade, segundo todas as maldições da aliança escrita neste Livro da Lei.”
Ele foi dedicado como cabeça, dedicado para pagar por todo o resto. Ele foi criado como o alvo contra o qual todas as flechas da ira vingativa devem ser apontadas. Ele foi designado para ser o receptáculo comum de todas as inundações de vingança, emitidas da justiça irada para com todo o corpo dos eleitos, para engoli-los; aqui a corrente de tudo isso foi mudada, que eles juntos fluirão sobre ele. Por isso, ele clama, Salmo 69: 2: "Estou atolado em profundo lamaçal, que não dá pé; estou nas profundezas das águas, e a corrente me submerge."
2. Por este meio ele se torno o local de descanso da justiça vingativa, onde estava a caça, até que deva estar satisfeita ao máximo; Isaías 53:10, " Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos." Em sinal disso, quando os oficiais vieram prendê-lo ele disse: "7 Jesus, de novo, lhes perguntou: A quem buscais? Responderam: A Jesus, o Nazareno.
8 Então, lhes disse Jesus: Já vos declarei que sou eu; se é a mim, pois, que buscais, deixai ir estes;
9 para se cumprir a palavra que dissera: Não perdi nenhum dos que me deste.” (João 18.7-9).
A Justiça deixa a perseguição da multidão rebelde, procura-lo, e somente ele; desde que ele foi feito uma maldição para eles. Assim, ele foi designado para ser o sacrifício de toda a sua semente, que o fogo da ira vingativa deve queimar, até emitir um aroma de cheiro doce, um sabor de descanso à justiça irritada de um Deus ofendido.
2. Outro ponto importante estabelecido aqui, foi: "Que a maldição transferida a ele, deveria ser infinitamente executada sobre ele como o segundo Adão, nosso representante; pelo qual ele deveria morrer realmente por sua semente, em máxima compensação de todos os danos causados ​​à honra de um Deus infinito, por todos os seus pecados. Vã é a maldição que não produz efeito: mas como a maldição da santa lei não era sem causa; portanto, não podia deixar de prosseguir, em seu peso infinito, para a satisfação da justiça. 
Agora, se fosse assim eles teriam sido eternamente satisfatórios, mas nunca poderiam ter terminado sua satisfação. Mas, vindo sobre ele, a igreja de Deus foi comprada com seu próprio sangue, Atos 20:28, e "o sangue de Jesus Cristo seu Filho nos purifica de todo pecado" 1 João 1: 7, a infinita dignidade da pessoa morrendo, fazendo com que a execução da maldição sobre ele até a morte seja infinita em valor, compensando totalmente o erro infinito, de acordo com a estimativa feita por lei e justiça.
E aqui foi estabelecido e acordado: "Que a maldição seja executada em todo o homem" sendo esse o seu devido; e, portanto, que ele deveria "tornar-se pobre" e "não ter onde repousar a cabeça", para que ele sofresse fome por falta de alimento; e sede, por falta de bebida: que seu nome e a reputação deve ser afundada, carregada de reprovações e calúnias vis; seus próprios amigos prestes a impor-lhe as mãos como um louco; que ele deve ser considerado um verme e nenhum homem; uma censura aos homens, e desprezado do povo: toda a sua porção no mundo deveria ser afligido, perseguido, e extremamente humilhado; e que no final, sendo despido de suas vestes, ele deve ser pendurado nu diante do sol, entre dois malfeitores, como se fosse o pior dos três.
Mais particularmente, aqui foi estipulado e acordado,
1º, "Que a maldição seja executada em seu corpo abençoado"; por isso como seus corpos estavam sujeitos a isso, como instrumentos de pecado e desonra a Deus: que ele seja pendurado em um madeiro, para que todo o mundo possa ler ali a ira de Deus contra a quebra da primeira aliança, quando foi comido o fruto da árvore proibida; e ser amaldiçoado por nós, já que está escrito: "Maldito todo aquele que é pendurado no madeiro;" que a maldição deve passar, e a morte passar por todas as partes daquele corpo abençoado: que sua cabeça deve ser vergonhosamente ferida com uma coroa de espinhos colocada sobre ele; seu rosto desfigurado mais do que qualquer homem; de costas para o carrasco; as faces dele para os que arrancavam os cabelos; seu rosto não se escondeu de vergonha e das cusparadas; a língua dele se apegou às mandíbulas; as mãos dele e pés foram perfurados, pregados a uma cruz; todos os seus ossos desconjuntados; seu coração como cera, derretia no meio de suas entranhas; seu sangue derramado; sua força secada; e que no final deveria expirar e morrer, sendo separado de sua alma, perfurado por uma lança e lançado no pó da morte.
2. "Para que seja executado em sua alma santa, de uma maneira especial"; porque suas almas eram os principais atores do pecado: que ele deferia sofrer a ira de Deus nela, sendo ao longo de sua vida um homem de dores, e familiarizado com a dor: e que, para esse fim, deve haver uma hora e poder das trevas, em que a malícia dos homens, o poder e raiva dos demônios, deveriam estar juntos contra ele, fazendo com que maiores esforços nele; e então as inundações completas da vingança e ira do céu devessem rolar sobre sua alma: para que eles a transbordem, para atingi-lo com grande espanto, todo ele com problemas, carregá-lo com peso, e sobrecarregá-lo com grande tristeza: que ali deve haver uma pressão da ira divina sobre sua alma santa, como deveria em agonia, até suando grandes gotas de sangue; e deveria trazer sobre ele um eclipse total de conforto e, como se fosse derretendo, dentro dele; que assim, enquanto ele estava sofrendo uma morte corporal na cruz, ele também poderia morrer uma morte espiritual, como uma alma mais pura e santa, era capaz.
Aqui foi a morte determinada na aliança, pelo segundo Adão, nosso representante e substituto; uma morte em virtude da maldição transferida sobre ele, duradoura e requintada, para a plena satisfação da justiça vingativa. 
(1.) foi uma morte duradoura. Ele estava morrendo, no estilo da aliança de obras, não apenas na cruz, mas durante todo o tempo de sua vida; a morte foi a penalidade dessa aliança, trabalhando nele desde o ventre, até deitá-lo na sepultura. Portanto, ele decidiu ser concebido com uma mulher de baixa propriedade; e nascido no estábulo de uma estalagem, não há espaço para ele na própria pousada; deitado em uma manjedoura, sem berço para recebê-lo; seu sangue infantil derramado em sua circuncisão, como se tivesse sido um pecador; sim, em sua vida infantil foi procurado por um perseguidor cruel, e sua mãe obrigada a deixar seu país com ele e fugir para o Egito. Voltando, ele decidiu viver uma vida obscura em um lugar obscuro, do qual nada de bom era esperado, João 1:46; e saindo de sua obscuridade, para ser estabelecido como objeto de má vontade e desprezo do mundo, sujeito a maus-tratos, até pela mão de judeus e gentios, ele foi morto na cruz. 
(2.) Foi uma morte requintada. Sem piedade, nada sendo poupador nela: mas a maldição levou-a ao tom mais alto. Não poupado de um Deus irado, Romanos 8:32. Sem poupadores de homens perversos soltos sobre ele, empurrando-o como touros, rugindo sobre ele devorando-o como leões e rasgando-o como cães, quando uma vez chegou a hora do poder das trevas, Salmo 22:12, 13, 16. Nenhuma boa palavra foi falada a ele no meio de seus tormentos, por aqueles que estavam ali; mas foi cruelmente zombado e insultado por eles. Muito menos uma boa ação foi feita a ele. Não era permitido beber água, mas o vinagre lhe foi oferecido, em sua sede causada pelo fogo da ira divina, bebendo seu espírito e umidade. Não, o próprio rosto dos céus estava baixo: o sol não deve dar a ele sua luz, mas esconder-se dele na escuridão; porque "a luz é doce e é agradável contemplar o sol".
Por fim, neste artigo foi estabelecido: "Que ele sofra tudo isso voluntariamente, submissa e resignadamente, em relação às injustiças feitas à honra de Deus." Por conseguinte, falando de sua vida, ele disse: "Nenhum homem a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; "João 10:18, compare Salmos 40: 6, 7, 8. Esta lei exigia daqueles por quem ele sofria, condenando todos os murmúrios e impaciência, e vinculando-os a obediência e sofrimento em conjunto. Mas como ele pudera suportar tanta carga de ira vingativa, e que não poderia manifestar uma murmuração sequer ou algum grau de impaciência aos olhos da santa lei? Portanto foi estabelecido que Cristo, como seu representante, deveria suportar a punição voluntariamente e com perfeita paciência e resignação: que ele deveria ir "como um cordeiro para o matadouro", renunciando silenciosamente sua própria vontade à vontade divina; e demonstrando obediência em seus sofrimentos, como conspícuo como seus próprios sofrimentos: que, no meio da extremidade de seus tormentos, ele não deveria ter o mínimo pensamento impróprio de Deus, mas reconhecê-lo santo em todos eles, Salmo 22: 3: nem ainda o menor rancor contra seus assassinos; em sinal de que, ele orou por eles enquanto ele estava na cruz, dizendo: "Pai, perdoa-os; porque eles não sabem o que eles fazem", Lucas 23:34.
Até aqui as palavras de Thomas Boston, que traduzimos do original inglês em domínio público.
Agora, à vista de tudo o que é dito nas Escrituras e que se comprova na realidade prática de nossas vidas, como poderia ainda alguém, sendo instruído por esta verdade, levantar-se em seu próprio nome, capacidade e poder para tentar obter a salvação de sua alma por meio de suas obras? Está bastante claro que não pode haver salvação senão pela obra e Pessoa do grande Substituto que foi designado por Deus Pai para executá-la em nosso favor, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo.
Para que soubéssemos que o perdão dos nossos pecados somente poderia ser feito através de substituição, Deus revelou e instituiu abundantemente na Lei que deu a Moisés vários tipos de sacrifícios de animais que apontavam todos eles para o Grande Sacrifício de Jesus Cristo.
Aqueles sacrifícios eram apenas tipos do único sacrifício que pode tirar o pecado do mundo, de modo que deveriam ser renovados sempre que alguém pecasse, e por toda a nação deveriam ser sempre renovados no Dia da Expiação Nacional.
Mas, Jesus oferecendo um sacrifício eterno e eficaz, apresentou-o de uma vez para sempre para que todos aqueles que nEle creem sejam perfeitamente perdoados de seus pecados.
11 Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação,
12 não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção.
13 Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne,
14 muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!
15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados.
16 Porque, onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador;
17 pois um testamento só é confirmado no caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem força de lei enquanto vive o testador.
18 Pelo que nem a primeira aliança foi sancionada sem sangue;
19 porque, havendo Moisés proclamado todos os mandamentos segundo a lei a todo o povo, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, e lã tinta de escarlate, e hissopo e aspergiu não só o próprio livro, como também sobre todo o povo,
20 dizendo: Este é o sangue da aliança, a qual Deus prescreveu para vós outros.
21 Igualmente também aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os utensílios do serviço sagrado.
22 Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão.
23 Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores.
24 Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus;
25 nem ainda para se oferecer a si mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos com sangue alheio.
26 Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado.
27 E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,
28 assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.” (Hebreus 9.11-28).

Romanos –  5

1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança;
4 e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.
5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.
6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
7 Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer.
8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.
10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida;
11 e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.
12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.
13 Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei.
14 Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.
15 Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos.
16 O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou; porque o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça transcorre de muitas ofensas, para a justificação.
17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.
18 Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.
19 Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.
20 Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça,
21 a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor.










APÊNDICE:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual eternas. 
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores, assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado, eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício, Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes, para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus, mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante, de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia, para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa, capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina, no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação, inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho, porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa: de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva. Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo da salvação.        
É de uma preciosidade tão grande este plano e aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento) que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião, totalmente perdidos  e mortos em transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia, isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção, sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a nossa chegada à glória celestial.
Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).









Salvação por Substituição




Por
Silvio Dutra




Out/2019










 
















A474
    Alves, Silvio Dutra         
          Salvação por substituição         
          Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro, 2019.               
          51p.; 14,8 x21cm       

    1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Fé      
I. Título.

                                                             CDD 252          




Para a salvação de pecadores haveria a necessidade da satisfação plena da justiça de Deus, para que houvesse o perdão da dívida do pecador e por conseguinte a sua justificação e regeneração para ser aceito como filho de Deus.
Isto foi feito pelo único modo pelo qual poderia ser realizado, a saber, por SUBSTITUIÇÃO, por Jesus ter assumido o lugar de pecadores..
Alguém que fosse completamente justo, idôneo e perfeito deveria ficar no lugar do homem para receber sobre si a penalização por sua culpa, e quitar completamente a dívida do seu pecado.
Nenhum homem poderia fazê-lo porque todos são pecadores.
Nenhum anjo seria apto também para este propósito porque não têm a natureza humana, e a lei da criação não permite que nenhuma criatura tenha a sua natureza alterada.
24 Disse também Deus: Produza a terra seres viventes, conforme a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim se fez.
25 E fez Deus os animais selváticos, segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os répteis da terra, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom.” (Gênesis 1.24,25).
O Substituto deveria portanto, possuir a natureza divina, e que assumindo também a natureza humana ao lado da divina, teria poder e qualificações suficientes para realizar as muitas e grandes operações envolvidas na salvação de pecadores, para as quais nenhuma criatura, por mais excelente que fosse, estaria qualificada.
A natureza original (divina) não seria extinta e nem mesmo poderia ser porque Deus não pode morrer, mas como também a natureza humana que ele receberia não poderia ser aniquilada porque é dotada de um espírito humano que não pode também ser aniquilado porque não é natural, deste mundo perecível, mas recebido do próprio Deus, todavia, esta lei não se aplica ao corpo físico humano que foi feito do pó da terra, e que de um modo ou outro deveria retornar para lá, para dar lugar ao corpo sobrenatural que não é de carne e osso, que deve ser recebido depois desta vida.
Assim, o que o Substituto ofereceria como sacrifício seria o seu corpo, para que este passasse por uma morte não natural ou acidental, mas penal, por condenação como um malfeitor, de modo a que desse cumprimento à sentença da Lei sobre os pecadores, uma vez que estes no dia do juízo não morrerão acidentalmente, mas pela execução da sentença penal da Lei e da justiça de Deus contra eles.
Uma vez executada a sentença da justiça divina sobre o Substituto, Ele recobraria o seu corpo do estado de morte, trazendo-o de volta à vida, porque Ele é espírito vivificado e dá vida a quem quer, pois sendo Deus não pode ser retido pela morte, e este poder não se refere a si mesmo, mas a todos os que quiser ressuscitar como seu viu em seu ministério terreno especialmente no caso de Lázaro.
17 Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir.
18 Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai.” (João 10.17,18).
Como a sentença da justiça divina para o pecador era a pena de morte, porque sendo a ofensa feita contra Aquele que é a vida em si mesmo, a pena não poderia ser diferente da pena capital de morte espiritual e eterna.
Como a imputação do pecado e da condenação do pecado foi feita com base na queda original do cabeça de toda a raça humana, a saber, Adão, isto foi feito deliberadamente por Deus, em Sua infinita sabedoria, para possibilitar a aplicação do plano de redenção pela via da substituição, pois ao condenar a todos em um, Ele seria justo em justificar a muitos que se unissem ao Substituto designado para ser a nova cabeça da raça, a cabeça de uma geração não natural, como no caso do primeiro Adão, mas espiritual, como de fato são espirituais, novas criaturas nascidas de novo pelo Espírito Santo em razão da fé em Cristo,
Uma vez que o trabalho da expiação do pecado fosse realizado pela morte do Substituto na forma designada, a saber, como maldito de Deus, carregando sobre Si a maldição da Lei que pairava sobre os redimidos, haveria necessidade que o próprio Substituto fosse justificado em Sua obra pela ressurreição, de modo a poder realizar a justificação destes redimidos.
Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória.” (I Timóteo 3.16).
24 mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor,
25 o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação.” (Romanos 4.24,25).
Aquele que redimisse o pecador, nos termos da aliança que fizera com Deus Pai, antes mesmo que houvesse mundo, deveria também se responsabilizar pelo aperfeiçoamento espiritual dos redimidos, pela santificação, até conduzi-los em segurança à glória, sem a perda de qualquer um deles.
Daí ser dito nas Escrituras que Cristo ressuscitou para a nossa justificação.
É somente quando há arrependimento e fé real em Cristo que a obra da redenção se consuma, porque até então, os eleitos permanecem mortos em delitos e pecados, de modo que a eficácia da obra do Substituto só pode ser consumada quando a fé nEle e na Sua obra se manifesta na eleito.
Até então, os benefícios do Substituto não poderiam ser aplicados, porque há esta necessidade de um novo nascimento do Espírito, que ocorre no momento mesmo em que a fé salvadora se manifesta, uma vez que Deus determinou que o justo viveria pela fé, ou seja, a  justiça seria imputada e implantada somente naquele que viesse a crer em Cristo, porque é nEle, na união espiritual com Ele, que se encontra a vida eterna e o perdão dos pecados.
Registramos a seguir algumas citações de Thomas Boston sobre este assunto.
Enquanto não havia pecado, não havia lugar para satisfação de pecado. Mas o novo pacto deveria ser estabelecido sob a condição de uma satisfação pelo pecado; porque a lei quebrada ou pacto de obras insistia nisto como condição de vida para os pecadores, em virtude de sua penalidade em que eles incorreram. No entanto, estava além do poder deles responder a essa exigência da lei. Se então o Mediador terá uma semente trazida do estado de morte, em um estado de vida e salvação, ele deve comprá-los da mão da justiça, estabelecendo um preço para cada alma deles, 1 Coríntios 6:20. 
Consequentemente, todos os pecados de cada um deles, desde o primeiro pecado a partir do nascimento deles, até o último pecado com o qual eles devem expirar, sendo previsto por Deus desde a eternidade, foram resumidos como tantas violações da lei ou pacto de obras: e foi feito outro artigo condicional da aliança da graça, "Que Cristo, como pessoa pública, deve satisfazer plena e completamente por todos eles." Isa. 53: 6, "O Senhor colocou sobre ele a iniquidade de todos nós”; comparado com Lev. 16:21, "Todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões em todos os seus pecados".
Agora, neste artigo condicional da aliança da graça, havia três coisas estabelecidas.
Primeiro, "que Cristo, como pessoa pública, deve satisfazer por eles através do sofrimento", Lucas 24:26, "Cristo não deveria ter sofrido?", sendo passível de sofrer pela satisfação da justiça: e nada além de sofrer poderia ser aceito, como compensação do dano causado pelo pecado, à honra de Deus, na violação de sua santa lei. Milhares de carneiros, e dez milhares de rios de azeite estavam sob o comando do Mediador; toda prata e todo ouro, e as coisas preciosas da terra e dos mares, estavam à sua disposição, mas nada disso poderia ser útil nesta barganha; eles eram todos sem valor em um tratado para a redenção da alma, Miqueias 6: 6, 7, 8; 1 Pedro 1:18. Somente seu próprio sofrimento poderia ter valor aqui. Que o Filho de Deus deveria sofrer, foi de fato uma proposta incrível; mas era necessário, a fim de fazer satisfação à justiça divina pelo nosso pecado.
Segundo: "Que ele deveria sofrer a mesma punição que deveriam ter sofrido os eleitos em virtude da penalidade do pacto quebrado das obras"; e isso foi a morte em toda a sua latitude e extensão. Isso aparece na penalidade dessa aliança, da qual foi declarada a dívida de satisfação:
"No dia em que comeres, certamente morrerás", Gênesis 2:17; comparado com a morte de Cristo, isto é, no lugar de pecadores, tão frequentemente mencionados nas Escrituras, “6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
7 Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer.
8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.”, Romanos 5: 6-8.
9 porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo,
10 que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele.”,  1 Tes. 5:9,10. 
E está confirmado que a Escritura ensina: que todos por quem Cristo morreu morreram nele, 2 Coríntios. 5:14, "julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram."; ou então todos morreram, a saber, nele; assim quando eles pecaram e se tornaram passíveis de morte em Adão. 
Assim diz o apóstolo: "Eu estou crucificado com Cristo ", Gal. 2:20.
Para clarear esse propósito, duas coisas devem ser distinguidas nessa morte que foi a penalidade da aliança de obras. 
1. O que era essencial para ser envolvido na própria natureza da coisa chamada morte no estilo dessa aliança. E isso pode ser comprometido nestes dois:
(1) A maldição,
(2) execução infinita; o primeiro legalizando a morte, o segundo tornando-o real e satisfatório. 
2. O que lhe foi acidental, decorrente, não da natureza da coisa em si, mas da natureza da parte que morreu aquela morte. E isso é de dois tipos. 
(1.) Há algo surgindo da natureza do moribundo, como ele é uma mera criatura; tais como a eternidade do castigo e desespero da vida. 
(2.) Algo surgindo da natureza do moribundo, como ele é uma criatura pecaminosa ou sujeito de pecado inerente; como a extinção da relação de poupança entre Deus e a alma, despojando-a da imagem de Deus, e a corrupção e dissolução do corpo.
Agora, o essencial dessa morte que deveríamos ter sofrido em virtude da penalidade do pacto quebrado das obras, foram estabelecidas, como parte da condição da aliança da graça, em Jesus Cristo, a ser sofrida por ele, para nós. Pois ele foi "amaldiçoado por nós", Gal. 3:13, e "se entregou por uma oferta e um sacrifício a Deus por um aroma agradável ", Ef. 5: 2, isto é, um sacrifício igual à ofensa infinita decorrente do nosso pecado; donde dele é dito: "Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.", Hb 10:14. Mas os acidentes daquela morte não fizeram parte da condição da aliança imposta a ele: nem poderiam eles ter sido colocados nele; desde que ele não era um sujeito de pecado inerente, nem ainda uma mera criatura. No entanto, ainda era a mesma morte que deveríamos sofrer; na medida em que o essencial era o mesmo. 
Então, os corpos dos santos, que agora são fracos e corruptíveis, deverão alcançar a ressurreição que é poderosa e incorruptível, ainda assim os mesmos corpos; uma vez que essas qualidades são apenas acidentais ao corpo humano. Então, no caso de compensação da dívida, porém, o mutuário não poderia pagá-la, senão em grande
quantidade de dinheiro, e que avançou pouco a pouco por um longo tempo: o que também o arruinaria: ainda, se seu rico fiador pagasse tudo de uma vez, em um pouco de ouro; é evidente, seria o pagamento da mesma dívida, desde que igualasse totalmente o montante emprestado. Não, confinando nossa visão da própria morte, que é a noção geral apropriada
em questão, vamos colocar o caso, que dois homens, igualmente culpados do mesmo crime, são colocados sob uma e a mesma sentença de morte; e isso é executado sobre os dois: mas esse é por um milagre ressuscitado para a vida, o outro apodrece no túmulo. É evidente neste caso, que a morte que eles morreram, é a mesma morte, respondendo à mesma estimativa que a lei fez do crime; e que, portanto, a morte do primeiro satisfaz a lei, bem como a morte do último, de modo que não pode
alcançar sua vida novamente por esse crime: no entanto, não é menos evidente que há uma enorme diferença entre a morte de um e de outro, em coisas acidentais, particularmente na duração ou continuidade da mesma. Portanto, concluímos que, como Cristo deu a mesma obediência ativa à lei que deveríamos ter dado em virtude da condição da aliança de obras; então ele sofreu o mesmo castigo da morte que deveríamos ter sofrido em virtude da penalidade do pacto quebrado: na medida em que, qualquer diferença que houvesse em acidentes, o essencial era o mesmo; sendo imposta a ele, na nova aliança, sofrer a morte por nós, igualando a ofensa infinita decorrente de nossos pecados, sendo totalmente proporcional à estimativa que a lei e a justiça de Deus fizeram de nosso crime.
E assim, como se diz, dois grandes pontos foram estabelecidos na parte condicional da aliança.
1. "Que a maldição da lei que nos foi causada por nossos pecados seja transferida para o Substituto como o segundo Adão, nosso representante; pelo qual ele deveria ser instantaneamente um homem morto por sua semente." Ou eles , como os demais, devem suportar a maldição: pois está escrito: Maldito todo aquele que não continuar em todas as coisas escritas na lei. "Uma vez que Deus havia anexado a ameaça da morte à sua primeira aliança, dizendo: "No dia em que o comeres, certamente morrerás"; a verdade de Deus assegurou que a maldição ocorresse, tão logo que o pecado entrasse. Agora, eles não foram capazes de suportar, sem serem arruinados com isso. Mas para que pudessem suportar, e eles também serem salvos, foi providenciado, para que ele fosse colocado debaixo dela, em seu lugar; que, como ele foi feito pecado por eles, também deveria, em consequência disso ser amaldiçoada por eles, Gal. 3:13.
A maldição é a sentença da lei violada passada a uma pessoa, ligando-a à ira vingativa de Deus, para a satisfação plena de justiça. Então esse mistério terrível e tremendo está aqui. Cristo deve comparecer perante o tribunal da santa lei, como pecador; responsável por todos os pecados de todos os eleitos, em virtude de seu vínculo de fiança registrado no registro do céu: e sentença deve passar sobre ele, julgando e obrigando-o a sofrer toda a ira vingativa que seus pecados mereciam. O Cordeiro de Deus disse: "Eis que eu venho:" assim foi feito, ele foi feito uma maldição por nós. Como prova disso, ao ser convocado perante os judeus no Sinédrio, ele foi considerado um blasfemador e digno de morte; e diante de Pilatos, o governador romano, ele foi por ele condenado a morrer, e isso na cruz.
Eis o resultado estupendo dessa terrível transação, a transferência da a maldição sobre Cristo, o segundo Adão! 
1. Nisto foi separado da sociedade eleita, separado para o mal, como o imediato efeito da maldição é descrito, em Deut. 29:21. “O SENHOR o separará de todas as tribos de Israel para calamidade, segundo todas as maldições da aliança escrita neste Livro da Lei.”
Ele foi dedicado como cabeça, dedicado para pagar por todo o resto. Ele foi criado como o alvo contra o qual todas as flechas da ira vingativa devem ser apontadas. Ele foi designado para ser o receptáculo comum de todas as inundações de vingança, emitidas da justiça irada para com todo o corpo dos eleitos, para engoli-los; aqui a corrente de tudo isso foi mudada, que eles juntos fluirão sobre ele. Por isso, ele clama, Salmo 69: 2: "Estou atolado em profundo lamaçal, que não dá pé; estou nas profundezas das águas, e a corrente me submerge."
2. Por este meio ele se torno o local de descanso da justiça vingativa, onde estava a caça, até que deva estar satisfeita ao máximo; Isaías 53:10, " Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos." Em sinal disso, quando os oficiais vieram prendê-lo ele disse: "7 Jesus, de novo, lhes perguntou: A quem buscais? Responderam: A Jesus, o Nazareno.
8 Então, lhes disse Jesus: Já vos declarei que sou eu; se é a mim, pois, que buscais, deixai ir estes;
9 para se cumprir a palavra que dissera: Não perdi nenhum dos que me deste.” (João 18.7-9).
A Justiça deixa a perseguição da multidão rebelde, procura-lo, e somente ele; desde que ele foi feito uma maldição para eles. Assim, ele foi designado para ser o sacrifício de toda a sua semente, que o fogo da ira vingativa deve queimar, até emitir um aroma de cheiro doce, um sabor de descanso à justiça irritada de um Deus ofendido.
2. Outro ponto importante estabelecido aqui, foi: "Que a maldição transferida a ele, deveria ser infinitamente executada sobre ele como o segundo Adão, nosso representante; pelo qual ele deveria morrer realmente por sua semente, em máxima compensação de todos os danos causados ​​à honra de um Deus infinito, por todos os seus pecados. Vã é a maldição que não produz efeito: mas como a maldição da santa lei não era sem causa; portanto, não podia deixar de prosseguir, em seu peso infinito, para a satisfação da justiça. 
Agora, se fosse assim eles teriam sido eternamente satisfatórios, mas nunca poderiam ter terminado sua satisfação. Mas, vindo sobre ele, a igreja de Deus foi comprada com seu próprio sangue, Atos 20:28, e "o sangue de Jesus Cristo seu Filho nos purifica de todo pecado" 1 João 1: 7, a infinita dignidade da pessoa morrendo, fazendo com que a execução da maldição sobre ele até a morte seja infinita em valor, compensando totalmente o erro infinito, de acordo com a estimativa feita por lei e justiça.
E aqui foi estabelecido e acordado: "Que a maldição seja executada em todo o homem" sendo esse o seu devido; e, portanto, que ele deveria "tornar-se pobre" e "não ter onde repousar a cabeça", para que ele sofresse fome por falta de alimento; e sede, por falta de bebida: que seu nome e a reputação deve ser afundada, carregada de reprovações e calúnias vis; seus próprios amigos prestes a impor-lhe as mãos como um louco; que ele deve ser considerado um verme e nenhum homem; uma censura aos homens, e desprezado do povo: toda a sua porção no mundo deveria ser afligido, perseguido, e extremamente humilhado; e que no final, sendo despido de suas vestes, ele deve ser pendurado nu diante do sol, entre dois malfeitores, como se fosse o pior dos três.
Mais particularmente, aqui foi estipulado e acordado,
1º, "Que a maldição seja executada em seu corpo abençoado"; por isso como seus corpos estavam sujeitos a isso, como instrumentos de pecado e desonra a Deus: que ele seja pendurado em um madeiro, para que todo o mundo possa ler ali a ira de Deus contra a quebra da primeira aliança, quando foi comido o fruto da árvore proibida; e ser amaldiçoado por nós, já que está escrito: "Maldito todo aquele que é pendurado no madeiro;" que a maldição deve passar, e a morte passar por todas as partes daquele corpo abençoado: que sua cabeça deve ser vergonhosamente ferida com uma coroa de espinhos colocada sobre ele; seu rosto desfigurado mais do que qualquer homem; de costas para o carrasco; as faces dele para os que arrancavam os cabelos; seu rosto não se escondeu de vergonha e das cusparadas; a língua dele se apegou às mandíbulas; as mãos dele e pés foram perfurados, pregados a uma cruz; todos os seus ossos desconjuntados; seu coração como cera, derretia no meio de suas entranhas; seu sangue derramado; sua força secada; e que no final deveria expirar e morrer, sendo separado de sua alma, perfurado por uma lança e lançado no pó da morte.
2. "Para que seja executado em sua alma santa, de uma maneira especial"; porque suas almas eram os principais atores do pecado: que ele deferia sofrer a ira de Deus nela, sendo ao longo de sua vida um homem de dores, e familiarizado com a dor: e que, para esse fim, deve haver uma hora e poder das trevas, em que a malícia dos homens, o poder e raiva dos demônios, deveriam estar juntos contra ele, fazendo com que maiores esforços nele; e então as inundações completas da vingança e ira do céu devessem rolar sobre sua alma: para que eles a transbordem, para atingi-lo com grande espanto, todo ele com problemas, carregá-lo com peso, e sobrecarregá-lo com grande tristeza: que ali deve haver uma pressão da ira divina sobre sua alma santa, como deveria em agonia, até suando grandes gotas de sangue; e deveria trazer sobre ele um eclipse total de conforto e, como se fosse derretendo, dentro dele; que assim, enquanto ele estava sofrendo uma morte corporal na cruz, ele também poderia morrer uma morte espiritual, como uma alma mais pura e santa, era capaz.
Aqui foi a morte determinada na aliança, pelo segundo Adão, nosso representante e substituto; uma morte em virtude da maldição transferida sobre ele, duradoura e requintada, para a plena satisfação da justiça vingativa. 
(1.) foi uma morte duradoura. Ele estava morrendo, no estilo da aliança de obras, não apenas na cruz, mas durante todo o tempo de sua vida; a morte foi a penalidade dessa aliança, trabalhando nele desde o ventre, até deitá-lo na sepultura. Portanto, ele decidiu ser concebido com uma mulher de baixa propriedade; e nascido no estábulo de uma estalagem, não há espaço para ele na própria pousada; deitado em uma manjedoura, sem berço para recebê-lo; seu sangue infantil derramado em sua circuncisão, como se tivesse sido um pecador; sim, em sua vida infantil foi procurado por um perseguidor cruel, e sua mãe obrigada a deixar seu país com ele e fugir para o Egito. Voltando, ele decidiu viver uma vida obscura em um lugar obscuro, do qual nada de bom era esperado, João 1:46; e saindo de sua obscuridade, para ser estabelecido como objeto de má vontade e desprezo do mundo, sujeito a maus-tratos, até pela mão de judeus e gentios, ele foi morto na cruz. 
(2.) Foi uma morte requintada. Sem piedade, nada sendo poupador nela: mas a maldição levou-a ao tom mais alto. Não poupado de um Deus irado, Romanos 8:32. Sem poupadores de homens perversos soltos sobre ele, empurrando-o como touros, rugindo sobre ele devorando-o como leões e rasgando-o como cães, quando uma vez chegou a hora do poder das trevas, Salmo 22:12, 13, 16. Nenhuma boa palavra foi falada a ele no meio de seus tormentos, por aqueles que estavam ali; mas foi cruelmente zombado e insultado por eles. Muito menos uma boa ação foi feita a ele. Não era permitido beber água, mas o vinagre lhe foi oferecido, em sua sede causada pelo fogo da ira divina, bebendo seu espírito e umidade. Não, o próprio rosto dos céus estava baixo: o sol não deve dar a ele sua luz, mas esconder-se dele na escuridão; porque "a luz é doce e é agradável contemplar o sol".
Por fim, neste artigo foi estabelecido: "Que ele sofra tudo isso voluntariamente, submissa e resignadamente, em relação às injustiças feitas à honra de Deus." Por conseguinte, falando de sua vida, ele disse: "Nenhum homem a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; "João 10:18, compare Salmos 40: 6, 7, 8. Esta lei exigia daqueles por quem ele sofria, condenando todos os murmúrios e impaciência, e vinculando-os a obediência e sofrimento em conjunto. Mas como ele pudera suportar tanta carga de ira vingativa, e que não poderia manifestar uma murmuração sequer ou algum grau de impaciência aos olhos da santa lei? Portanto foi estabelecido que Cristo, como seu representante, deveria suportar a punição voluntariamente e com perfeita paciência e resignação: que ele deveria ir "como um cordeiro para o matadouro", renunciando silenciosamente sua própria vontade à vontade divina; e demonstrando obediência em seus sofrimentos, como conspícuo como seus próprios sofrimentos: que, no meio da extremidade de seus tormentos, ele não deveria ter o mínimo pensamento impróprio de Deus, mas reconhecê-lo santo em todos eles, Salmo 22: 3: nem ainda o menor rancor contra seus assassinos; em sinal de que, ele orou por eles enquanto ele estava na cruz, dizendo: "Pai, perdoa-os; porque eles não sabem o que eles fazem", Lucas 23:34.
Até aqui as palavras de Thomas Boston, que traduzimos do original inglês em domínio público.
Agora, à vista de tudo o que é dito nas Escrituras e que se comprova na realidade prática de nossas vidas, como poderia ainda alguém, sendo instruído por esta verdade, levantar-se em seu próprio nome, capacidade e poder para tentar obter a salvação de sua alma por meio de suas obras? Está bastante claro que não pode haver salvação senão pela obra e Pessoa do grande Substituto que foi designado por Deus Pai para executá-la em nosso favor, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo.
Para que soubéssemos que o perdão dos nossos pecados somente poderia ser feito através de substituição, Deus revelou e instituiu abundantemente na Lei que deu a Moisés vários tipos de sacrifícios de animais que apontavam todos eles para o Grande Sacrifício de Jesus Cristo.
Aqueles sacrifícios eram apenas tipos do único sacrifício que pode tirar o pecado do mundo, de modo que deveriam ser renovados sempre que alguém pecasse, e por toda a nação deveriam ser sempre renovados no Dia da Expiação Nacional.
Mas, Jesus oferecendo um sacrifício eterno e eficaz, apresentou-o de uma vez para sempre para que todos aqueles que nEle creem sejam perfeitamente perdoados de seus pecados.
11 Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação,
12 não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção.
13 Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne,
14 muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!
15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados.
16 Porque, onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador;
17 pois um testamento só é confirmado no caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem força de lei enquanto vive o testador.
18 Pelo que nem a primeira aliança foi sancionada sem sangue;
19 porque, havendo Moisés proclamado todos os mandamentos segundo a lei a todo o povo, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, e lã tinta de escarlate, e hissopo e aspergiu não só o próprio livro, como também sobre todo o povo,
20 dizendo: Este é o sangue da aliança, a qual Deus prescreveu para vós outros.
21 Igualmente também aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os utensílios do serviço sagrado.
22 Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão.
23 Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores.
24 Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus;
25 nem ainda para se oferecer a si mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos com sangue alheio.
26 Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado.
27 E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,
28 assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.” (Hebreus 9.11-28).

Romanos –  5

1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança;
4 e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.
5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.
6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
7 Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer.
8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.
10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida;
11 e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.
12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.
13 Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei.
14 Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.
15 Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos.
16 O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou; porque o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça transcorre de muitas ofensas, para a justificação.
17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.
18 Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.
19 Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.
20 Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça,
21 a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor.










APÊNDICE:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual eternas. 
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores, assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado, eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício, Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes, para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus, mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante, de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia, para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa, capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina, no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação, inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho, porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa: de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva. Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo da salvação.        
É de uma preciosidade tão grande este plano e aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento) que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião, totalmente perdidos  e mortos em transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia, isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção, sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a nossa chegada à glória celestial.
Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).





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