terça-feira, 15 de outubro de 2019

Compaixão




Por Wilhelmus à Brakel (1635-1711)

Traduzido, Adaptado e
Editado por Silvio Dutra




Deus, em Sua sabedoria e bondade, tem o prazer de preservar e governar todas as coisas nesta terra pelo uso de meios. Isso é verdade tanto para a criação inanimada quanto para a animada. A vida de uma pessoa depende da de outro. Milhares de pessoas estão envolvidas no bem-estar de uma pessoa; no entanto, a natureza desse envolvimento é de modo que cada pessoa busque seu próprio bem-estar. Quando ajuda é prestada a uma pessoa carente, o único objetivo é (e de fato deveria ser) o bem-estar da pessoa que está sendo ajudada; isto é, quando alimentamos os famintos, damos bebida aos sedentos, vestimos os nus e prestamos assistência aos pobres, doentes e fracos. Essa prática é referida como compaixão, benevolência, liberalidade e bondade. Esta é uma virtude louvada por todos, praticada por poucos e praticada justamente por menos ainda.
Em hebraico, temos a palavra rechem traduzida como misericórdia, que é expressiva de amor do tipo mais terno - um amor que é o mais prontamente despertado. A delicada moção de uma mãe em direção ao fruto do seu ventre é designada pela mesma palavra rechem. O apóstolo, portanto, expressa compaixão como as entranhas da misericórdia, Col 3:12, pois é a fonte da qual procede a compaixão. A palavra hebraica para compaixão, nedivah, significa tanto quanto ser nobre e disposto a dar livremente, pois a doação da pessoa compassiva não é obrigatória. Sua doação é motivada por sua própria inclinação e disposição nobre. A benevolência é expressada como chesed, que significa misericórdia e bondade , pois procede de um coração bom e benigno. O significado de liberalidade em hebraico é idêntico em nossa língua. Significa compartilhar; isto é, dividir o que temos. Isso significa que mantemos uma porção para nós mesmos e damos outra porção a outro, e assim, nesse sentido, faz essa pessoa igual a nós mesmos. A palavra grega  eleos, ou misericórdia é indicativa de estado de miséria. É o resultado da pessoa compassiva levar as necessidades da outra pessoa a sério, de tal maneira que ela própria se considera nessa condição.
Compaixão é o movimento interior de simpatia no coração de um crente, gerado por uma consideração da miséria da outra pessoa, motivando, assim, o crente a ajudar o outro em muita ação. (Nota do Tradutor: A benignidade e amor que os crentes têm em relação ao próximo é o resultado de o crente ter a habitação do Espírito Santo que derrama o amor de Deus em seu coração, e o faz compartilhar do mesmo sentimento que há na bondade e amor da divindade por suas criaturas. Ora, se é assim com todo crente autêntico, porque são ainda tão odiados pelo mundo? O que pode explicar racionalmente toda a perseguição que o crente sofre, senão que estes ataques são movidos pelo mundo espiritual da maldade que se opõe a Deus e o odeia, e a tudo que se nomeie divino.)
Esta virtude é encontrada exclusivamente no crente. Externamente, uma pessoa não convertida pode executar o que quer que seja que a pessoa piedosa execute. A distinção é tão grande quanto a diferença entre o movimento artificial de um relógio e o movimento de um ser vivo. O homem natural está morto em pecados e transgressões e é, portanto, reprovado para toda boa obra. Sua compaixão procede de um coração natural, que na realidade é ter compaixão consigo mesmo, imaginando dentro de si mesmo como seria se ele estivesse tão infeliz. Ele, portanto, por assim dizer, se entrega, exceto que ele tem um coração que se esforça para ser recompensado com honra e amor. A pessoa piedosa, no entanto, tem vida espiritual em razão de sua fé em Cristo. Desde que ele se tornou um participante da natureza de Cristo como resultado dessa união, suas ações são motivadas pelo amor a Deus e à Sua vontade. Daí procede o amor ao próximo, inclinando-se também a buscar seu bem-estar espiritual para que Deus seja agradecido e glorificado pelo destinatário de tal ajuda. É com tal disposição que o crente ajuda à pessoa carente. O apóstolo, portanto, limita a compaixão aos eleitos que são santos e amados: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.” (Cl 3:12). (Nota do Tradutor: Como o maior bem que uma pessoa pode fazer a outra é o de orar por sua vida espiritual e conduzi-la ao conhecimento salvador de Jesus Cristo, então os que não são convertidos não podem praticar este tipo de bem, porque eles próprios estão necessitados dele, e não podemos dar o que não temos, pois coisas espirituais só podem ser discernidas espiritualmente por aqueles que têm a habitação do Espírito Santo. Então, toda a benevolência que não tenha principalmente isto em visto, acabará por fim a dar em nada, ou melhor dizendo, não será capaz de livrar aqueles que aliviamos materialmente, da condenação eterna.)
O objeto da compaixão é uma necessidade dada. O amor se manifesta em relação ao próximo por ele ser nosso vizinho, independentemente da condição em que ele esteja. No entanto, a pessoa compassiva é movida em amor por seu próximo como uma pessoa carente. Pode haver uma necessidade espiritual - como quando uma pessoa não é convertida e nós a observamos percorrendo o amplo caminho para a destruição. Ou pode pertencer a uma pessoa convertida que esteja em um estado de deserção espiritual, conflito ou qualquer outro sofrimento de alma que ele possa ter. A pessoa compassiva está empenhada em ser de alguma ajuda a essas pessoas - buscando levar um ao arrependimento e fortalecer e confortar o outro. Também podem ter necessidades corporais que podem ter uma variedade de causas, como doenças, percalços, perda de entes queridos, pobreza, fome ou a privação de abrigo. A pessoa compassiva está empenhada em ajudar essa pessoa, de acordo com a diversidade de sua perplexidade. Também neste caso, a pessoa necessitada pode não ser convertida ou convertida. A pessoa compassiva está envolvida com ambos. No entanto, há a seguinte distinção: Ele está muito mais envolvido com os piedosos, fazendo isso com afetos totalmente diferentes. No entanto, ele também não recusará sua ajuda a outros. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.” (Gl 6:10). (Nota do Tradutor: Observe que não é dito “exclusivamente”, mas “especialmente aos da família da fé”, pois o crente bem instruído pelas Escrituras e pelo Espírito Santo, sabe que a humanidade é constituída de diversas famílias, às quais ele é chamado a servir segundo a vontade de Deus, cada uma no que lhe couber, pelas responsabilidades que lhes são atribuídas. Assim, há a família nuclear composta pelos parentes com os quais se convive na intimidade do lar, e no qual nem todos possam ser talvez, participantes da família da fé, composta pelos que creem em Cristo. Há também a família do local de trabalho em que os companheiros têm tarefas específicas para um objetivo comum. Há a família da comunidade em que se vive, seja no condomínio, na cidade ou na pátria. E por fim a grande família da humanidade composta por todos os nossos semelhantes. Jesus nos tem ordenado a amar e fazer o bem a todos eles, independentemente até mesmo de serem nossos inimigos por motivos injustificados. E na verdade, qual motivo justificado teríamos para odiar a quem nos ame e que busque o nosso bem eterno, conforme ele é desejado pelo próprio Deus?)
Nossa compaixão também deve se estender àqueles que nos odeiam. "Faça o bem aos que te odeiam" (Mt 5:44); "Portanto, se o teu inimigo tiver fome, alimente-o" (Rm 12:20). Entre todos os relacionamentos naturais com as pessoas, nossos parentes estão mais próximos de nós e devem ter preferência sobre todas as outras pessoas. Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente.” (1 Tim 5: 8).
A Essência da Compaixão
A essência da compaixão consiste em ser interiormente movido à simpatia, que, se for correta, sempre será acompanhada por uma inclinação e vontade de ajudar. Não consiste em nos separar total ou parcialmente dos nossos pertences. "E embora eu conceda todos os meus bens para alimentar os pobres ... e não tenha amor, nada disso me aproveitará" (1 Cor 13: 3). Pelo contrário, deve haver:
(1) simpatia. Onde houver amor, também haverá simpatia quando a pessoa amada estiver em necessidade. A pessoa compassiva tomará nota da condição daqueles que vêm à mente. Se ele percebe circunstâncias desconcertantes ou tristeza, ele refletirá e se concentrará nelas até que esteja plenamente consciente da necessidade da pessoa, movido e tocado por ela, sofre por isso e, por assim dizer, sofre com ele: “Chorai com os que choram” (Rm 12:15). Jó testemunha de si mesmo: “Não chorei por quem estava com problemas? Minha alma não ficou triste pelos pobres?(Jó 30:25).
O apóstolo Pedro nos exorta a ser assim: “Finalmente ... tendo compaixão um pelo outro” (1 Pedro 3: 8).
(2) Movimentos internos de compaixão, pelos quais a veracidade e intensidade dessa simpatia são expressas, de modo que toca e move o coração. Sim, uma pessoa compassiva pode ser mais sensível ao sofrimento de outra pessoa do que essa pessoa é por si mesma. A misericórdia de Deus é expressa desta maneira: "Pela misericórdia de nosso Deus" (Lucas 1:78). Isso também é afirmado em relação ao Senhor Jesus: "E Jesus, movido de compaixão" (Marcos 1:41); "Eu tenho compaixão dessa multidão” (Mt 15:32).
(3) Uma inclinação, disposição e zelo para ajudar a pessoa carente de acordo com sua necessidade: Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem.” (2 Cor 8. 12). Observamos isso sempre que houver menção feita à compaixão de Deus e de Cristo; isto é, resulta imediatamente na prestação de ajuda. É também o caso dos homens, pois, como não pode haver compaixão sem simpatia, da mesma forma simpatia sem a inclinação e vontade de prestar assistência não é compaixão. Estes andam de mãos dadas e não podem ser separados. Assim, a compaixão consiste nos movimentos internos de simpatia, acompanhada pela inclinação e vontade de ajudar. "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade." (Col 3:12).
Deus, a fonte da compaixão
A origem da compaixão não se encontra no próprio homem, pois o homem é por natureza cheio de todo tipo de maldade, inveja, assassinato, malignidade, sem afeição natural, e impiedoso (Rom 1: 29,31). No entanto, como a regeneração e vida espiritual dos filhos de Deus têm sua origem em Deus, isso também é verdade para a virtude de compaixão. Essa propensão, tendo sido infundida por Deus, é despertada pela consideração da necessidade de algum outro. Se não houvesse objetos para os quais isso pudesse ser exercido, essa virtude estaria presente no crente como uma  propensão, mas não seria capaz de ser exercida. O Senhor ordenou, no entanto, que ricos e pobres conheçam um ao outro e que haverá uma abundância de objetos para o exercício da compaixão. No entanto, o sacerdote e o levita ignoraram a miséria do homem que havia caído nas mãos de assassinos e passaram por ele.
No entanto, quando o samaritano “o viu, teve compaixão dele” (Lucas 10:33). Quando uma pessoa piedosa encontra uma pessoa carente, ele concentrará sua atenção nela e, por essa observância, sua natureza compassiva é movida. Sempre que é feita menção à compaixão do Senhor Jesus, está sempre escrito: Jesus, vendo –a na multidão ... ”, o que prova que a compaixão é despertada pela observância daqueles que precisam. Uma pessoa compassiva tomará nota das pessoas necessitadas que encontrar e, se não encontrar nenhuma, as procurará.
Os efeitos ou frutos da compaixão
Os efeitos ou frutos da compaixão são caridade e prestação de assistência. Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.(1 João 3:18). Consiste em:
(1) Fornecer abrigo para os pobres sem teto - especialmente os da família da fé: “Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados,...?”(Is 58: 7).
(2) Alimentar os famintos e dar bebida aos sedentos: “se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia.” (Is 58: 10).
(3) Vestir o nu: “...e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?” (Is 58: 7).
(4) Visitar os doentes que são pobres, oferecer assistência monetária ou revigorá-los com um pouco de prazer.
Comida. O Senhor Jesus visitou os doentes em Betesda João 5: 5-6 e a mãe da esposa de Pedro, que estava na cama com uma febre alta (Lucas 4: 38-39). Além disso, considere a lista abrangente das obras de compaixão em (Mat 25:35). Assim, a generosidade manifesta-se em ser generosa.
Esta é a virtude que a Palavra de Deus tão frequentemente nos ordena a praticar. Portanto, imprima isso em seu coração. Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas cidades, na tua terra que o SENHOR, teu Deus, te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás as mãos a teu irmão pobre; antes, lhe abrirás de todo a mão e lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade.” (Dt 15: 7,8). 
Compaixão não é apenas para ser exercitada quando alguém entra em extrema pobreza, mas também quando alguém ainda pode ficar à tona; isto é, se houver alguma probabilidade de que ele possa ganhar a vida. Se ele precisar de alguns bens ou mercadorias, é um ato de compaixão se dermos um empréstimo generoso (se tivermos os meios para fazê-lo) a uma pessoa – seja que ela retorne isso quando for capaz; que ele nunca possa pagar de volta; que possa pagar juros; ou que nenhum pagamento seja esperado. O Senhor Jesus nos ordena que façamos o seguinte: "Empreste, nada esperando receber de volta" (Lucas 6:35). Acrescente a isso a seguinte passagem: Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (Mq 6: 8). Toda piedade é compreendida nisto: andar humildemente com Deus, e não apenas ser justo e compassivo com o próximo, mas também amar, encontrar prazer em, procurar e desejar dar expressão a essas virtudes. Acrescente a isso as seguintes passagens: “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.” (Ef 4:32); Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz. (Hb 13:16). Aplique isso a a si mesmo como lhe foi dito. Portanto, não é verdade que a benevolência é seu dever?
A necessidade de autoexame
Agora vire-se para dentro e observe-se no espelho que temos diante de você, delineando a natureza da compaixão. Você pertence aos compassivos? Existe compaixão em seu coração fluindo da união com o Senhor Jesus, tendo se tornado participante de Sua natureza amorosa pela fé? Existem movimentos de simpatia, misericórdia e compaixão a serem encontrados dentro de você para párias, os pobres em geral - e particularmente para aqueles que o odeiam e lhe desejam o mal? Você é principalmente compassivo com os piedosos e com os membros da família da fé? Você leva a miséria a sério? Você os procura e se concentra na necessidade deles, para que possa ser movido por compaixão e se tornar disposto e zeloso em ajudá-los? Você oferece abrigo para os pobres sem teto, alimenta os famintos, veste os nus? Você visita e encoraja os doentes que são pobres? Você ajuda e apoia aqueles que chegaram ao seu fim e você lhes empresta sem esperar algo em troca? Quais são as suas respostas sobre estas questões? Se você precisar responder negativamente, esteja convencido de que não está entre os misericordiosos e os compassivos.
Existem vários tipos entre aqueles que não têm compaixão.
Pessoas sem compaixão identificadas
Primeiro, existem pessoas sem amor natural - e, portanto, também sem compaixão. Eles são cruéis e quase se livraram de toda a humanidade. Eles se reúnem e juntam para si o máximo que podem e se apegam àquilo que eles possuem com todas as suas forças. Ninguém pode se beneficiar com isso, e eles dizem com Nabal: “Devo então tomar meu pão, e minha água, e minha carne ... e dá aos homens, a quem não sei de onde são?” (1 Sm 25:11).
Eles não estão preocupados com os pobres, nem são movidos interiormente por sua condição. Se eles virem alguém em necessidade, eles passarão por ele como o sacerdote e levita fizeram.
Em segundo lugar, há pessoas que temem ser movidas a dar algo e, assim, evitam tais oportunidades. Eles viram a cabeça, fecham as portas ou vão embora quando veem alguém em necessidade. Eles já “cheiram” à distância se alguém os visitar para defender a causa de uma pessoa pobre. Eles vão mudar de assunto na conversa, e seu coração se torna avesso a tais pedidos de ajuda.
Em terceiro lugar, há pessoas que realmente se emocionam com compaixão, mas que não gostam de dar. Portanto eles se pacificam e endurecem seus corações; eles fazem violência a si mesmos, para que não tenham que dar, e demitir os pobres com uma palavra amigável. Tiago fala do seguinte: Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?(Tiago 2: 15,16). Eles procurarão algumas razões pelas quais eles podem se desculpar diante de outros que solicitam algo deles. Eles argumentam da seguinte maneira:
(1) Preciso disso para mim e para meus entes queridos.
(2) Há muito a ser contribuído por vários impostos e outras causas.
(3) há tantas pessoas pobres; eu não posso ajudar todos eles. Assim, eles não ajudam ninguém.
(4) Não sei se meu donativo será usado adequadamente, pois há tantas pessoas desonestas. Eles vão beber longe ou desperdiçar em gula pelo que trabalhei e guardei. Fui enganado tantas vezes que não mais posso ter compaixão pelos pobres.
(5) Dou minha contribuição aos diáconos que foram designados para cuidar dos pobres.
(6) Lembrei-me dos pobres em minha vontade. Após a minha morte, eles receberão tal e tal quantia de mim. São como os porcos que são inúteis durante a vida, mas são benéficos após a morte.
(7) Quando estiver em melhores circunstâncias e tiver um pouco mais de liberdade, darei. Então os pobres serão beneficiados, pois eu de fato, tenho uma boa inclinação para ser compassivo.
Por esses e outros argumentos semelhantes, eles se pacificarão, e isso culmina em não dar nada.
Quarto, há outros que de fato dão, mas cuja compaixão não é do tipo certo.
(1) Alguns dão vergonha e não se atrevem a dar. Eles fazem isso por compulsão, no entanto, é como se, por assim dizer, fossem pressionados com força em seus corações. Ao dar com a mão, há uma má inclinação em seu coração.
(2) Alguns dão para serem honrados e elogiados pelos homens. Eles gostariam de tocar a trombeta quando estão prestes a dar algo aos pobres, para que todos saibam disso. E, para que se saiba que eles são generosos, eles abordam o assunto na conversa e frequentemente fingem ter dado dez vezes mais do que realmente o caso.
(3) Alguns gastam dinheiro indiscriminadamente e o dispersam aleatoriamente, sem serem movidos por movimentos internos de amor e compaixão. De fato, os pobres recebem algo, mas essa doação não é uma esmola.
Avarentos Repreendidos
Venha, seus avarentos que não têm compaixão, ouçam o que Deus tem a dizer sobre vocês e para vocês. Que seja um meio para a sua conversão.
Primeiro, vocês são ladrões e assassinos. Vocês são ladrões, pois Deus lhe deu tudo o que vocês têm. Ele não apenas dá pessoalmente, mas Ele o fez com o comando expresso de que isso seja compartilhado com os pobres de acordo com a sua capacidade. Se, portanto, você guardar isso para si mesmo, estará roubando os pobres a quem essa ordenança pertence e a quem você está financeiramente obrigado. Vocês também são assassinos, não apenas devido à crueldade que é implícita na sua falta de compaixão, mas também porque você é responsável pelos pobres que perecem pela fome e pela falta de abrigo. Se a vida deles é preservada, isso não se deve às suas ações, mas aos esforços de outras pessoas que os ajudam. No entanto, saiba que ladrões e assassinos não herdarão o reino dos céus - e isso, portanto, também se aplica a você.
Em segundo lugar, você está entre os pecadores mais ímpios e abomináveis. Você sabe que Sodoma e todos os seus habitantes - pais e filhos - foram consumidos por Deus com fogo que caiu do céu e que Deus tornou essas cidades um exemplo para aqueles que vivem vidas ímpias (2 Pedro 2: 6). Em que consistia sua impiedade, contudo? Foi falta de compaixão pelos pobres - o pecado em que você está vivendo. Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre e o necessitado.” (Ezequiel 16:49). Você também não faz isso e, portanto, é como ela; já que seu pecado é do mesmo tipo, seu castigo também será como o dela.
Terceiro, não imagine que você tenha fé e amor a Deus em seu coração, pois, se assim fosse, você também seria compassivo e generoso - principalmente para os pobres entre os piedosos. Onde a compaixão está ausente, a fé está ausente.
Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé.” (Tiago 2: 17,18).
Onde a compaixão está ausente, o amor de Deus está ausente. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (1 João 3:17).
Quarto, toda a sua religião é vã - mesmo o jejum e a oração. Deus não está satisfeito com isso nem ouvirá suas orações. A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.” (Tiago 1:27). Os judeus eram muito religiosos, buscavam a Deus diariamente, desejavam muito o conhecimento de Deus e jejuavam com frequência, e ainda assim reclamavam que Deus não os ouvia (Is 58: 5). Deus revelou, no entanto, que Ele não estava satisfeito com eles, pois não eram compassivos nem benevolentes com os pobres. " Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao SENHOR? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?”, Isa 58: 5-7. Você reclama que Deus não lhe ajuda nem ouve sua oração? Não é de admirar, pois você não ouve o clamor dos pobres. Quem fecha os ouvidos ao clamor do pobre, ele também clamará, mas não será ouvido” (Pv 21:13).
Em quinto lugar, os julgamentos e maldições de Deus - tanto temporais quanto eternos - virão sobre os impiedosos. O Senhor os amaldiçoa e a seus bens, e pode ser que, mesmo nesta vida, eles sejam reduzidos a um pedaço de pão, experimentem que seus filhos terão que implorar e ficar felizes por haver abrigos, orfanatos e pensões para os pobres.
E mesmo que tudo isso não aconteça com eles nesta vida, isso acontecerá eternamente. Quão assustador será ouvir esta terrível frase no último dia em que o Senhor Jesus lhes disser: “Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;  sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me.”, Mateus 25: 41-43! Tome nota disso; não se iluda promovendo expectativas sobre você mesmo que está tudo bem. Jesus, que é a própria verdade, está dizendo isso. Ou você acha que no dia do julgamento Jesus dirá: "Você fez tudo isso", enquanto ainda não o fez? Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.” (Tiago 2:13).
Crentes Exortados a Serem Compassivos
E vocês, crentes - nos quais o princípio da compaixão deve ser encontrado - podem observar a partir daquilo que foi dito quanto falta ainda no que diz respeito à manifestação de sua natureza compassiva; o que é um pecado abominável é ficar sem piedade e não exercer compaixão; e do que você consequentemente merece.
Que você se envergonhe de Deus, fique profundamente humilhado e se abomine; e pode ser acompanhado com um alegre e agradecido reconhecimento de que o Senhor Jesus também removeu esses pecados pelo Seu sangue. Possa a misericórdia de Deus levá-lo a exercer mais compaixão.
Portanto, vocês que são piedosos, “semeiam para si mesmos em justiça, colhem em misericórdia” (Os 10:12); "Guarda a piedade e o juízo, e espera no teu Deus continuamente” (Os 12: 6). A fim de mover você mais para esse fim, preste atenção aos assuntos a seguir com um coração obediente.
Primeiro, os preceitos ensinam, mas os exemplos atraem. Portanto, observe as pessoas compassivas que viveram antes de você e deixaram um exemplo. O exemplo mais perfeito é o Senhor Jesus, a quem você deve seguir com alegria e de bom grado, já que Ele é totalmente amável para você. Leia apenas a história de Sua vida, os evangelhos, e você perceberá que todos os Seus passos não passavam de misericórdia. Repetidas vezes, você lerá: Jesus sendo movido com compaixão ...” Ele não ficou apenas comovido, mas sua compaixão culminou em ações. Ele curou os doentes, alimentou os famintos, e curou os oprimidos e atravessou o país inteiro fazendo o bem. Ao fazê-lo, Ele deixou um exemplo, para seguirmos os Seus passos. Portanto, por amor a Ele, conduza-se como Ele.
Seu nome "cristão" também obriga você a isso.
Além disso, adicione a isso o exemplo de Jó. Quem pode ler sobre sua compaixão sem ser movido a seguir o exemplo dele? Eu era olhos para os cegos, e pés para os coxos. Fui pai dos pobres(Jó 29: 15-16).
"16 Se retive o que os pobres desejavam ou fiz desfalecer os olhos da viúva;
17 ou, se sozinho comi o meu bocado, e o órfão dele não participou

18 (Porque desde a minha mocidade cresceu comigo como se eu lhe fora o pai, e desde o ventre da minha mãe fui o guia da viúva.);
19 se a alguém vi perecer por falta de roupa e ao necessitado, por não ter coberta;
20 se os seus lombos não me abençoaram, se ele não se aquentava com a lã dos meus cordeiros;” (Jó 31: 16-20).
Isso foi exemplar.
Adicione ao exemplo deste homem o exemplo de uma mulher compassiva: Tabita ou Dorcas . Observe o seguinte:
36 Havia em Jope uma discípula por nome Tabita, nome este que, traduzido, quer dizer Dorcas; era ela notável pelas boas obras e esmolas que fazia.
37 Ora, aconteceu, naqueles dias, que ela adoeceu e veio a morrer; e, depois de a lavarem, puseram-na no cenáculo.
38 Como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, enviaram-lhe dois homens que lhe pedissem: Não demores em vir ter conosco.
39 Pedro atendeu e foi com eles. Tendo chegado, conduziram-no para o cenáculo; e todas as viúvas o cercaram, chorando e mostrando-lhe túnicas e vestidos que Dorcas fizera enquanto estava com elas.” (Atos 9: 36-39). Ela era mãe para os pobres! Ocasionalmente, ela não fazia uma boa ação, mas estava cheia e repleta de boas obras e esmolas (donativos que são a manifestação de compaixão). A palavra grega elémosúneis   é uma palavra composta e derivada de eleéo, que significa ter compaixão . Assim, ela não apenas deu, mas ela deu, comovida. Primeiro o coração foi movido, e o coração assim moveu, por sua vez a mão. Ela não só comprou material do qual fazia roupas, mas seu amor benevolente era tão grande que era seu prazer em costurar ela mesma e vestir as viúvas com o trabalho de suas próprias mãos.
Em segundo lugar, a compaixão é muito agradável a Deus e ao homem. Deus ama essas pessoas e se agrada de suas ações:
"Deus ama um doador alegre” (2 Cor 9: 7); Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz.” (Hb 13:16). Se você deseja ser amado por Deus e experimentar o Seu amor, e se ainda deseja por favor Deus, que seu coração e sua mão sejam compassivos. As pessoas têm estima e amor por quem é generoso e irão abençoá-lo em seus corações. Além disso, o doador experimenta mais alegria do que aquele que recebe o presente.
Terceiro, os pobres e suas necessidades são motivos muito poderosos para despertar um coração compassivo. Quando você observa uma pessoa piedosa que é pobre, considere que Deus o ama, que o Senhor Jesus morreu por amor a ele, que ele vive no gozo da comunhão e amor de Deus, e que ele viverá eternamente em glória com você. Considere além disso, que agrada ao Senhor mantê-lo pobre nesta vida e faz com que ele o encontre, para que você possa ter a oportunidade de exercitar amor e compaixão (mesmo que Deus não precise do seu dom, pode rapidamente tornar os pobres pessoas ricas ou apoiá-los sem a sua ajuda). Além disso, considere como ele está angustiado em sua casa, como ele observa seus filhos com tristeza, como seu coração se quebra quando ele testemunha a fome e a nudez de seus filhos, e como ele clama a Deus por ajuda. Se você considerar tudo isso, não será possível que seu coração permaneça imóvel se existe apenas o menor princípio de vida lá. Em vez disso, tudo o que está dentro de você será movido para a compaixão e sua mão se abrirá para ser generoso.
Quarto, a compaixão glorifica a Deus, pois quando uma pessoa pobre e piedosa, tendo sido ajudada por você, vai à sua cabana, e lá se alegra diante da face do Senhor, graças a Deus, louva a Sua misericórdia, e é despertada para depositar sua confiança em Deus, e ora a Deus que Ele possa derramar uma bênção sobre você de acordo com a alma e o corpo - como alguém pode considerar tudo isso e não ter um desejo veemente de ser compassivo? Além disso, (mesmo que você não faça isso para ser visto pelos homens, e pode não se abster de fazê-lo simplesmente porque pode ser do conhecimento das pessoas) sua luz se acenderá através disso, pois em nenhum lugar o amor é mais aparente do que na manifestação da benevolência. Os piedosos verão isso, glorificarão e agradecerão a Deus por isso, e serão instigados a imitá-lo. Será um meio pelo qual outros serão atraídos para a verdade e ao arrependimento. Se, portanto, é seu desejo que Deus seja glorificado, agradecido, louvado; que os piedosos se alegrem no Senhor e serem despertados para a compaixão, que por sua vez fará com que outras pessoas pobres se regozijem em Deus; aquele Deus ser agradecido por muitos; e que os não convertidos sejam levados ao Senhor Jesus - se você deseja isso, então exerça compaixão:
"Deixe sua luz resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mat 5:16).
Em quinto lugar, Deus faz promessas eminentes aos que são compassivos.
(1) Deus considera que isso foi feito para com Ele, uma vez que foi feito por amor a Ele; Ele vai ricamente recompensar o donativo feito a ele. Embora os crentes tenham o suficiente com a própria virtude e sejam mais motivados do que a recompensa, eles devem, no entanto, deixar-se-ão levar por isso, pois agrada a Deus despertá-los por meio de promessas. Quem se compadece do pobre ao SENHOR empresta, e este lhe paga o seu benefício.” (Pv 19:17); Visto que você o fez a um dos meus irmãos, você o fez para mim” (Mt 25:40).
(2) A recompensa será incomparavelmente maior que o seu donativo insignificante: “E todo aquele que der para beber até um desses pequeninos, um copo de água fria ... em verdade vos digo que ele nunca perderá sua recompensa” (Mt 10:42); “dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.” (Lucas 6:38); O que semeia em abundância (isto é, de maneira consistente e alegre) também ceifará abundantemente” (2 Cor 9: 6).
(3) Você não precisa temer que sua genuína generosidade faça com que você e seus filhos fiquem pobres. Se você acredita que você estará tirando algo deles, considere que Deus os abençoará novamente em resposta para a sua generosidade. Se isso não ocorrer da maneira que você pensou que aconteceria, ocorrerá de maneira diferente: “Quem der aos pobres nada lhe faltará” (Pv 28:27); Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão. É sempre compassivo e empresta, e a sua descendência será uma bênção.” (Sl 37: 25,26).
(4) O Senhor ajudará a pessoa compassiva quando experimentar dias de angústia e ficar doente. "Bem-aventurado o que acode ao necessitado; o SENHOR o livra no dia do mal. O SENHOR o protege, preserva-lhe a vida e o faz feliz na terra; não o entrega à discrição dos seus inimigos. O SENHOR o assiste no leito da enfermidade; na doença, tu lhe afofas a cama.” (Sl 41: 1-3).
(5) Visto que a verdadeira compaixão é fruto da fé e do amor, a glória eterna é prometida às pessoas compassivas. "Que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.” (1 Tim 6: 18,19).
Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos.” (Lucas 14: 13,14).
Oh, quão glorioso e agradável será no dia do julgamento ouvir esta voz amável: “então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.” (Mt 25: 34-36). Quando tais pessoas compassivas, tendo feito o bem aos pobres entre os piedosos que morreram antes deles, subsequentemente morrerem e chegarem ao céu, os pobres que receberam sua benevolência os receberão no céu. E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos.” (Lucas 16: 9).
Diretrizes para manifestar compaixão
Tendo sido movido para ser compassivo, é, portanto, necessário que você se comporte com sabedoria ao manifestar compaixão. Para esse fim, é necessário observar o seguinte:
Primeiro, as pessoas que devem ser compassivas são os ricos, pessoas de meios moderados, pessoas de meios limitados, assim como os pobres - ninguém é excluído. Todos devem ser movidos interiormente para a compaixão, que deve ser acompanhada por uma pronta inclinação para prestar assistência. O donativo varia, no entanto; um dá muito, o outro menos, e outro pouco. Cada um deve dar de acordo com seus meios e consistentemente com a autoridade que ele tem sobre certas posses. Alguém que não está sujeitado a ninguém dá de uma certa maneira e alguém que é casado, tendo filhos, de uma maneira diferente. As crianças podem dar o que seus pais lhes dão para comprar algo bom ou delicioso. Eles o salvam total ou parcialmente, dando o que eles salvaram com um coração generoso aos pobres.
Isso é agradável para Deus e o homem. Os casados ​​devem dar esmolas individualmente. Não se pode deixar a mão esquerda saber o que a mão direita está fazendo. Contudo, não pode ser em detrimento da família. Em vez disso, deve-se comer um pouco menos, fazer menos uma roupa ou usar uma certa roupa um pouco mais de tempo para que a rotina da família seja mantida. Se, no entanto, é necessário dar uma medida maior, é necessário ser discutido mutuamente. Se não for possível chegar a um acordo, a doação não deve ser feita de todo, ou deve ser reduzida até a parte resistente concordar. Se uma parte for como Nabal, a outra parte deverá doar da maneira declarada.
Nesses assuntos, o marido tem mais autoridade que a esposa. Quem não pode compartilhar nenhum bem deve prestar assistência para quem precisa, e quem não pode fazer isso deve orar com um coração compassivo para que o Senhor possa ajudar os pobres.
Em segundo lugar, as pessoas a quem devemos ser generosos são antes de tudo piedosas - e depois as não convertidas entre os cidadãos, bem como as viúvas, os órfãos e os sem teto. Devemos ser particularmente generosos com aqueles que estão em exílio, ou aqueles que devem fugir por causa da verdadeira religião. Os vagabundos comuns são geralmente bandidos que estariam melhor numa casa de correção do que na rua. Se são saudáveis, a fome talvez os ensine a trabalhar; ou, se forem inválidos, somos obrigados a lhes dar um pedaço de pão.
Em terceiro lugar, o donativo deve proceder daquilo que é nosso e deve ser dado de maneira justa. Dar liberalmente enquanto se está profundamente endividado é roubo. É abominação diante de Deus dar uma porção aos pobres daquilo que temos obtido por meios injustos ou por meio de jogos de azar, para acalmar um pouco a consciência ou para expiar por uma transgressão. Isso não é mais agradável a Deus do que isto: Não trarás salário de prostituição nem preço de sodomita à Casa do SENHOR, teu Deus, por qualquer voto; porque uma e outra coisa são igualmente abomináveis ao SENHOR, teu Deus.”, Dt 23:18, Deus proibindo que esses fundos entrassem no tesouro do templo.
Quarto, a maneira pela qual esmolas devem ser dadas é:
(1) Com um coração simples: "... o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria." (Rm 12: 8). Assim, isso deve ser feito com um coração verdadeiramente compassivo, uma mão gentil e sem buscar a própria honra, para que o engajamento do coração e a mão, assim como o objetivo, devam estar em harmonia e caracterizados pela sinceridade.
(2) Com alegria: "... quem mostra misericórdia, com alegria" (Rm 12: 8); ... não de má vontade ou por necessidade: porque Deus ama quem dá com alegria” (2 Cor 9: 7). Isso significa que nos regozijaremos por ter uma oportunidade tão boa, e portanto, devemos nos engajar com os pobres com um semblante feliz e amigável. A doação de nossas esmolas então seja duplamente deleitável.
(3) Sabiamente; isto é, em relação a nós mesmos, de uma maneira em que não entregamos tudo de uma só vez, nem enganamos nossa família. Pelo contrário, devemos dar de uma maneira que possamos continuar a dar. No entanto, em tempos extraordinários, algo extraordinário precisa ser feito. A sabedoria também deve ser exercida na medida em que as pessoas estão preocupadas com quem damos. Alguns dos pobres não administram bem seus negócios e não são diligentes o suficiente. Os tais precisam ser ensinados a serem prudentes por meio de uma exortação ou repreensão. É melhor contratá-los e ensinar-lhes a trabalhar; eles ganharão assim o que de outra forma lhes damos. Não tem sentido dar dinheiro a outras pessoas, pois eles não podem economizar bem ou têm tantas dívidas que ficam imediatamente sem dinheiro novamente e, portanto, permanecerão igualmente pobres. Nesses casos, às vezes é o curso de ação mais prudente permitir que eles entrem na padaria uma vez por semana para obter um pouco de pão e na mercearia uma quantidade semanal de grãos, farinha, ervilhas e manteiga. Aqui nós devemos fazer uma distinção entre pobres e pobres. Alguns têm muito orgulho de admitir pobreza e, no entanto, sofrem falta.
No entanto, para isso, podemos obter garantia dando-lhes dinheiro para que possam pagar suas dívidas contraídas. Para os outros podemos pedir que eles obtenham os bens enquanto pagam por eles mesmos. Devemos proceder da mesma maneira, tanto quanto com roupas estão em causa. A abordagem mais prudente é comprar pessoalmente linho e lã fortes, fazer as roupas, e depois encaminhá-lo. Isso será muito mais eficiente.
(4) Devemos ser firmes em nossa generosidade. Não devemos fazê-lo com pressa que se dissipa imediatamente, enquanto tudo termina em remorso por ter dado tanto. Nossa doação deve ser sempre proporcional à necessidade atual, fazendo portanto, de acordo com nossas circunstâncias, e sem que isso prejudique nossa própria situação. Não devemos estar cansados no bem-estar, a compaixão culmina em receber a coroa. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles obterão misericórdia”(Mt 5: 7).









Nota do Tradutor:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual eternas. 
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores, assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado, eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício, Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes, para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus, mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante, de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia, para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa, capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina, no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação, inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho, porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa: de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva. Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo da salvação.        
É de uma preciosidade tão grande este plano e aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento) que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião, totalmente perdidos  e mortos em transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia, isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção, sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a nossa chegada à glória celestial.
Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).








Compaixão




Por Wilhelmus à Brakel (1635-1711)

Traduzido, Adaptado e
Editado por Silvio Dutra




Out/2019










 






A474
     à Brakel, Wilhelmus (1635-1711)      
          Compaixão / Wilhelmus  à Brakel,              
          Tradução e adaptação Silvio Dutra Alves –
     Rio de Janeiro, 2019.    
          58p.; 14,8 x21cm

    1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Fé.  4. Graça.     
I. Título.
                                                              CDD 252          






Deus, em Sua sabedoria e bondade, tem o prazer de preservar e governar todas as coisas nesta terra pelo uso de meios. Isso é verdade tanto para a criação inanimada quanto para a animada. A vida de uma pessoa depende da de outro. Milhares de pessoas estão envolvidas no bem-estar de uma pessoa; no entanto, a natureza desse envolvimento é de modo que cada pessoa busque seu próprio bem-estar. Quando ajuda é prestada a uma pessoa carente, o único objetivo é (e de fato deveria ser) o bem-estar da pessoa que está sendo ajudada; isto é, quando alimentamos os famintos, damos bebida aos sedentos, vestimos os nus e prestamos assistência aos pobres, doentes e fracos. Essa prática é referida como compaixão, benevolência, liberalidade e bondade. Esta é uma virtude louvada por todos, praticada por poucos e praticada justamente por menos ainda.
Em hebraico, temos a palavra rechem traduzida como misericórdia, que é expressiva de amor do tipo mais terno - um amor que é o mais prontamente despertado. A delicada moção de uma mãe em direção ao fruto do seu ventre é designada pela mesma palavra rechem. O apóstolo, portanto, expressa compaixão como as entranhas da misericórdia, Col 3:12, pois é a fonte da qual procede a compaixão. A palavra hebraica para compaixão, nedivah, significa tanto quanto ser nobre e disposto a dar livremente, pois a doação da pessoa compassiva não é obrigatória. Sua doação é motivada por sua própria inclinação e disposição nobre. A benevolência é expressada como chesed, que significa misericórdia e bondade , pois procede de um coração bom e benigno. O significado de liberalidade em hebraico é idêntico em nossa língua. Significa compartilhar; isto é, dividir o que temos. Isso significa que mantemos uma porção para nós mesmos e damos outra porção a outro, e assim, nesse sentido, faz essa pessoa igual a nós mesmos. A palavra grega  eleos, ou misericórdia é indicativa de estado de miséria. É o resultado da pessoa compassiva levar as necessidades da outra pessoa a sério, de tal maneira que ela própria se considera nessa condição.
Compaixão é o movimento interior de simpatia no coração de um crente, gerado por uma consideração da miséria da outra pessoa, motivando, assim, o crente a ajudar o outro em muita ação. (Nota do Tradutor: A benignidade e amor que os crentes têm em relação ao próximo é o resultado de o crente ter a habitação do Espírito Santo que derrama o amor de Deus em seu coração, e o faz compartilhar do mesmo sentimento que há na bondade e amor da divindade por suas criaturas. Ora, se é assim com todo crente autêntico, porque são ainda tão odiados pelo mundo? O que pode explicar racionalmente toda a perseguição que o crente sofre, senão que estes ataques são movidos pelo mundo espiritual da maldade que se opõe a Deus e o odeia, e a tudo que se nomeie divino.)
Esta virtude é encontrada exclusivamente no crente. Externamente, uma pessoa não convertida pode executar o que quer que seja que a pessoa piedosa execute. A distinção é tão grande quanto a diferença entre o movimento artificial de um relógio e o movimento de um ser vivo. O homem natural está morto em pecados e transgressões e é, portanto, reprovado para toda boa obra. Sua compaixão procede de um coração natural, que na realidade é ter compaixão consigo mesmo, imaginando dentro de si mesmo como seria se ele estivesse tão infeliz. Ele, portanto, por assim dizer, se entrega, exceto que ele tem um coração que se esforça para ser recompensado com honra e amor. A pessoa piedosa, no entanto, tem vida espiritual em razão de sua fé em Cristo. Desde que ele se tornou um participante da natureza de Cristo como resultado dessa união, suas ações são motivadas pelo amor a Deus e à Sua vontade. Daí procede o amor ao próximo, inclinando-se também a buscar seu bem-estar espiritual para que Deus seja agradecido e glorificado pelo destinatário de tal ajuda. É com tal disposição que o crente ajuda à pessoa carente. O apóstolo, portanto, limita a compaixão aos eleitos que são santos e amados: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.” (Cl 3:12). (Nota do Tradutor: Como o maior bem que uma pessoa pode fazer a outra é o de orar por sua vida espiritual e conduzi-la ao conhecimento salvador de Jesus Cristo, então os que não são convertidos não podem praticar este tipo de bem, porque eles próprios estão necessitados dele, e não podemos dar o que não temos, pois coisas espirituais só podem ser discernidas espiritualmente por aqueles que têm a habitação do Espírito Santo. Então, toda a benevolência que não tenha principalmente isto em visto, acabará por fim a dar em nada, ou melhor dizendo, não será capaz de livrar aqueles que aliviamos materialmente, da condenação eterna.)
O objeto da compaixão é uma necessidade dada. O amor se manifesta em relação ao próximo por ele ser nosso vizinho, independentemente da condição em que ele esteja. No entanto, a pessoa compassiva é movida em amor por seu próximo como uma pessoa carente. Pode haver uma necessidade espiritual - como quando uma pessoa não é convertida e nós a observamos percorrendo o amplo caminho para a destruição. Ou pode pertencer a uma pessoa convertida que esteja em um estado de deserção espiritual, conflito ou qualquer outro sofrimento de alma que ele possa ter. A pessoa compassiva está empenhada em ser de alguma ajuda a essas pessoas - buscando levar um ao arrependimento e fortalecer e confortar o outro. Também podem ter necessidades corporais que podem ter uma variedade de causas, como doenças, percalços, perda de entes queridos, pobreza, fome ou a privação de abrigo. A pessoa compassiva está empenhada em ajudar essa pessoa, de acordo com a diversidade de sua perplexidade. Também neste caso, a pessoa necessitada pode não ser convertida ou convertida. A pessoa compassiva está envolvida com ambos. No entanto, há a seguinte distinção: Ele está muito mais envolvido com os piedosos, fazendo isso com afetos totalmente diferentes. No entanto, ele também não recusará sua ajuda a outros. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.” (Gl 6:10). (Nota do Tradutor: Observe que não é dito “exclusivamente”, mas “especialmente aos da família da fé”, pois o crente bem instruído pelas Escrituras e pelo Espírito Santo, sabe que a humanidade é constituída de diversas famílias, às quais ele é chamado a servir segundo a vontade de Deus, cada uma no que lhe couber, pelas responsabilidades que lhes são atribuídas. Assim, há a família nuclear composta pelos parentes com os quais se convive na intimidade do lar, e no qual nem todos possam ser talvez, participantes da família da fé, composta pelos que creem em Cristo. Há também a família do local de trabalho em que os companheiros têm tarefas específicas para um objetivo comum. Há a família da comunidade em que se vive, seja no condomínio, na cidade ou na pátria. E por fim a grande família da humanidade composta por todos os nossos semelhantes. Jesus nos tem ordenado a amar e fazer o bem a todos eles, independentemente até mesmo de serem nossos inimigos por motivos injustificados. E na verdade, qual motivo justificado teríamos para odiar a quem nos ame e que busque o nosso bem eterno, conforme ele é desejado pelo próprio Deus?)
Nossa compaixão também deve se estender àqueles que nos odeiam. "Faça o bem aos que te odeiam" (Mt 5:44); "Portanto, se o teu inimigo tiver fome, alimente-o" (Rm 12:20). Entre todos os relacionamentos naturais com as pessoas, nossos parentes estão mais próximos de nós e devem ter preferência sobre todas as outras pessoas. Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente.” (1 Tim 5: 8).
A Essência da Compaixão
A essência da compaixão consiste em ser interiormente movido à simpatia, que, se for correta, sempre será acompanhada por uma inclinação e vontade de ajudar. Não consiste em nos separar total ou parcialmente dos nossos pertences. "E embora eu conceda todos os meus bens para alimentar os pobres ... e não tenha amor, nada disso me aproveitará" (1 Cor 13: 3). Pelo contrário, deve haver:
(1) simpatia. Onde houver amor, também haverá simpatia quando a pessoa amada estiver em necessidade. A pessoa compassiva tomará nota da condição daqueles que vêm à mente. Se ele percebe circunstâncias desconcertantes ou tristeza, ele refletirá e se concentrará nelas até que esteja plenamente consciente da necessidade da pessoa, movido e tocado por ela, sofre por isso e, por assim dizer, sofre com ele: “Chorai com os que choram” (Rm 12:15). Jó testemunha de si mesmo: “Não chorei por quem estava com problemas? Minha alma não ficou triste pelos pobres?(Jó 30:25).
O apóstolo Pedro nos exorta a ser assim: “Finalmente ... tendo compaixão um pelo outro” (1 Pedro 3: 8).
(2) Movimentos internos de compaixão, pelos quais a veracidade e intensidade dessa simpatia são expressas, de modo que toca e move o coração. Sim, uma pessoa compassiva pode ser mais sensível ao sofrimento de outra pessoa do que essa pessoa é por si mesma. A misericórdia de Deus é expressa desta maneira: "Pela misericórdia de nosso Deus" (Lucas 1:78). Isso também é afirmado em relação ao Senhor Jesus: "E Jesus, movido de compaixão" (Marcos 1:41); "Eu tenho compaixão dessa multidão” (Mt 15:32).
(3) Uma inclinação, disposição e zelo para ajudar a pessoa carente de acordo com sua necessidade: Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem.” (2 Cor 8. 12). Observamos isso sempre que houver menção feita à compaixão de Deus e de Cristo; isto é, resulta imediatamente na prestação de ajuda. É também o caso dos homens, pois, como não pode haver compaixão sem simpatia, da mesma forma simpatia sem a inclinação e vontade de prestar assistência não é compaixão. Estes andam de mãos dadas e não podem ser separados. Assim, a compaixão consiste nos movimentos internos de simpatia, acompanhada pela inclinação e vontade de ajudar. "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade." (Col 3:12).
Deus, a fonte da compaixão
A origem da compaixão não se encontra no próprio homem, pois o homem é por natureza cheio de todo tipo de maldade, inveja, assassinato, malignidade, sem afeição natural, e impiedoso (Rom 1: 29,31). No entanto, como a regeneração e vida espiritual dos filhos de Deus têm sua origem em Deus, isso também é verdade para a virtude de compaixão. Essa propensão, tendo sido infundida por Deus, é despertada pela consideração da necessidade de algum outro. Se não houvesse objetos para os quais isso pudesse ser exercido, essa virtude estaria presente no crente como uma  propensão, mas não seria capaz de ser exercida. O Senhor ordenou, no entanto, que ricos e pobres conheçam um ao outro e que haverá uma abundância de objetos para o exercício da compaixão. No entanto, o sacerdote e o levita ignoraram a miséria do homem que havia caído nas mãos de assassinos e passaram por ele.
No entanto, quando o samaritano “o viu, teve compaixão dele” (Lucas 10:33). Quando uma pessoa piedosa encontra uma pessoa carente, ele concentrará sua atenção nela e, por essa observância, sua natureza compassiva é movida. Sempre que é feita menção à compaixão do Senhor Jesus, está sempre escrito: Jesus, vendo –a na multidão ... ”, o que prova que a compaixão é despertada pela observância daqueles que precisam. Uma pessoa compassiva tomará nota das pessoas necessitadas que encontrar e, se não encontrar nenhuma, as procurará.
Os efeitos ou frutos da compaixão
Os efeitos ou frutos da compaixão são caridade e prestação de assistência. Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.(1 João 3:18). Consiste em:
(1) Fornecer abrigo para os pobres sem teto - especialmente os da família da fé: “Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados,...?”(Is 58: 7).
(2) Alimentar os famintos e dar bebida aos sedentos: “se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia.” (Is 58: 10).
(3) Vestir o nu: “...e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?” (Is 58: 7).
(4) Visitar os doentes que são pobres, oferecer assistência monetária ou revigorá-los com um pouco de prazer.
Comida. O Senhor Jesus visitou os doentes em Betesda João 5: 5-6 e a mãe da esposa de Pedro, que estava na cama com uma febre alta (Lucas 4: 38-39). Além disso, considere a lista abrangente das obras de compaixão em (Mat 25:35). Assim, a generosidade manifesta-se em ser generosa.
Esta é a virtude que a Palavra de Deus tão frequentemente nos ordena a praticar. Portanto, imprima isso em seu coração. Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas cidades, na tua terra que o SENHOR, teu Deus, te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás as mãos a teu irmão pobre; antes, lhe abrirás de todo a mão e lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade.” (Dt 15: 7,8). 
Compaixão não é apenas para ser exercitada quando alguém entra em extrema pobreza, mas também quando alguém ainda pode ficar à tona; isto é, se houver alguma probabilidade de que ele possa ganhar a vida. Se ele precisar de alguns bens ou mercadorias, é um ato de compaixão se dermos um empréstimo generoso (se tivermos os meios para fazê-lo) a uma pessoa – seja que ela retorne isso quando for capaz; que ele nunca possa pagar de volta; que possa pagar juros; ou que nenhum pagamento seja esperado. O Senhor Jesus nos ordena que façamos o seguinte: "Empreste, nada esperando receber de volta" (Lucas 6:35). Acrescente a isso a seguinte passagem: Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (Mq 6: 8). Toda piedade é compreendida nisto: andar humildemente com Deus, e não apenas ser justo e compassivo com o próximo, mas também amar, encontrar prazer em, procurar e desejar dar expressão a essas virtudes. Acrescente a isso as seguintes passagens: “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.” (Ef 4:32); Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz. (Hb 13:16). Aplique isso a a si mesmo como lhe foi dito. Portanto, não é verdade que a benevolência é seu dever?
A necessidade de autoexame
Agora vire-se para dentro e observe-se no espelho que temos diante de você, delineando a natureza da compaixão. Você pertence aos compassivos? Existe compaixão em seu coração fluindo da união com o Senhor Jesus, tendo se tornado participante de Sua natureza amorosa pela fé? Existem movimentos de simpatia, misericórdia e compaixão a serem encontrados dentro de você para párias, os pobres em geral - e particularmente para aqueles que o odeiam e lhe desejam o mal? Você é principalmente compassivo com os piedosos e com os membros da família da fé? Você leva a miséria a sério? Você os procura e se concentra na necessidade deles, para que possa ser movido por compaixão e se tornar disposto e zeloso em ajudá-los? Você oferece abrigo para os pobres sem teto, alimenta os famintos, veste os nus? Você visita e encoraja os doentes que são pobres? Você ajuda e apoia aqueles que chegaram ao seu fim e você lhes empresta sem esperar algo em troca? Quais são as suas respostas sobre estas questões? Se você precisar responder negativamente, esteja convencido de que não está entre os misericordiosos e os compassivos.
Existem vários tipos entre aqueles que não têm compaixão.
Pessoas sem compaixão identificadas
Primeiro, existem pessoas sem amor natural - e, portanto, também sem compaixão. Eles são cruéis e quase se livraram de toda a humanidade. Eles se reúnem e juntam para si o máximo que podem e se apegam àquilo que eles possuem com todas as suas forças. Ninguém pode se beneficiar com isso, e eles dizem com Nabal: “Devo então tomar meu pão, e minha água, e minha carne ... e dá aos homens, a quem não sei de onde são?” (1 Sm 25:11).
Eles não estão preocupados com os pobres, nem são movidos interiormente por sua condição. Se eles virem alguém em necessidade, eles passarão por ele como o sacerdote e levita fizeram.
Em segundo lugar, há pessoas que temem ser movidas a dar algo e, assim, evitam tais oportunidades. Eles viram a cabeça, fecham as portas ou vão embora quando veem alguém em necessidade. Eles já “cheiram” à distância se alguém os visitar para defender a causa de uma pessoa pobre. Eles vão mudar de assunto na conversa, e seu coração se torna avesso a tais pedidos de ajuda.
Em terceiro lugar, há pessoas que realmente se emocionam com compaixão, mas que não gostam de dar. Portanto eles se pacificam e endurecem seus corações; eles fazem violência a si mesmos, para que não tenham que dar, e demitir os pobres com uma palavra amigável. Tiago fala do seguinte: Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?(Tiago 2: 15,16). Eles procurarão algumas razões pelas quais eles podem se desculpar diante de outros que solicitam algo deles. Eles argumentam da seguinte maneira:
(1) Preciso disso para mim e para meus entes queridos.
(2) Há muito a ser contribuído por vários impostos e outras causas.
(3) há tantas pessoas pobres; eu não posso ajudar todos eles. Assim, eles não ajudam ninguém.
(4) Não sei se meu donativo será usado adequadamente, pois há tantas pessoas desonestas. Eles vão beber longe ou desperdiçar em gula pelo que trabalhei e guardei. Fui enganado tantas vezes que não mais posso ter compaixão pelos pobres.
(5) Dou minha contribuição aos diáconos que foram designados para cuidar dos pobres.
(6) Lembrei-me dos pobres em minha vontade. Após a minha morte, eles receberão tal e tal quantia de mim. São como os porcos que são inúteis durante a vida, mas são benéficos após a morte.
(7) Quando estiver em melhores circunstâncias e tiver um pouco mais de liberdade, darei. Então os pobres serão beneficiados, pois eu de fato, tenho uma boa inclinação para ser compassivo.
Por esses e outros argumentos semelhantes, eles se pacificarão, e isso culmina em não dar nada.
Quarto, há outros que de fato dão, mas cuja compaixão não é do tipo certo.
(1) Alguns dão vergonha e não se atrevem a dar. Eles fazem isso por compulsão, no entanto, é como se, por assim dizer, fossem pressionados com força em seus corações. Ao dar com a mão, há uma má inclinação em seu coração.
(2) Alguns dão para serem honrados e elogiados pelos homens. Eles gostariam de tocar a trombeta quando estão prestes a dar algo aos pobres, para que todos saibam disso. E, para que se saiba que eles são generosos, eles abordam o assunto na conversa e frequentemente fingem ter dado dez vezes mais do que realmente o caso.
(3) Alguns gastam dinheiro indiscriminadamente e o dispersam aleatoriamente, sem serem movidos por movimentos internos de amor e compaixão. De fato, os pobres recebem algo, mas essa doação não é uma esmola.
Avarentos Repreendidos
Venha, seus avarentos que não têm compaixão, ouçam o que Deus tem a dizer sobre vocês e para vocês. Que seja um meio para a sua conversão.
Primeiro, vocês são ladrões e assassinos. Vocês são ladrões, pois Deus lhe deu tudo o que vocês têm. Ele não apenas dá pessoalmente, mas Ele o fez com o comando expresso de que isso seja compartilhado com os pobres de acordo com a sua capacidade. Se, portanto, você guardar isso para si mesmo, estará roubando os pobres a quem essa ordenança pertence e a quem você está financeiramente obrigado. Vocês também são assassinos, não apenas devido à crueldade que é implícita na sua falta de compaixão, mas também porque você é responsável pelos pobres que perecem pela fome e pela falta de abrigo. Se a vida deles é preservada, isso não se deve às suas ações, mas aos esforços de outras pessoas que os ajudam. No entanto, saiba que ladrões e assassinos não herdarão o reino dos céus - e isso, portanto, também se aplica a você.
Em segundo lugar, você está entre os pecadores mais ímpios e abomináveis. Você sabe que Sodoma e todos os seus habitantes - pais e filhos - foram consumidos por Deus com fogo que caiu do céu e que Deus tornou essas cidades um exemplo para aqueles que vivem vidas ímpias (2 Pedro 2: 6). Em que consistia sua impiedade, contudo? Foi falta de compaixão pelos pobres - o pecado em que você está vivendo. Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre e o necessitado.” (Ezequiel 16:49). Você também não faz isso e, portanto, é como ela; já que seu pecado é do mesmo tipo, seu castigo também será como o dela.
Terceiro, não imagine que você tenha fé e amor a Deus em seu coração, pois, se assim fosse, você também seria compassivo e generoso - principalmente para os pobres entre os piedosos. Onde a compaixão está ausente, a fé está ausente.
Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé.” (Tiago 2: 17,18).
Onde a compaixão está ausente, o amor de Deus está ausente. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (1 João 3:17).
Quarto, toda a sua religião é vã - mesmo o jejum e a oração. Deus não está satisfeito com isso nem ouvirá suas orações. A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.” (Tiago 1:27). Os judeus eram muito religiosos, buscavam a Deus diariamente, desejavam muito o conhecimento de Deus e jejuavam com frequência, e ainda assim reclamavam que Deus não os ouvia (Is 58: 5). Deus revelou, no entanto, que Ele não estava satisfeito com eles, pois não eram compassivos nem benevolentes com os pobres. " Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao SENHOR? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?”, Isa 58: 5-7. Você reclama que Deus não lhe ajuda nem ouve sua oração? Não é de admirar, pois você não ouve o clamor dos pobres. Quem fecha os ouvidos ao clamor do pobre, ele também clamará, mas não será ouvido” (Pv 21:13).
Em quinto lugar, os julgamentos e maldições de Deus - tanto temporais quanto eternos - virão sobre os impiedosos. O Senhor os amaldiçoa e a seus bens, e pode ser que, mesmo nesta vida, eles sejam reduzidos a um pedaço de pão, experimentem que seus filhos terão que implorar e ficar felizes por haver abrigos, orfanatos e pensões para os pobres.
E mesmo que tudo isso não aconteça com eles nesta vida, isso acontecerá eternamente. Quão assustador será ouvir esta terrível frase no último dia em que o Senhor Jesus lhes disser: “Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;  sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me.”, Mateus 25: 41-43! Tome nota disso; não se iluda promovendo expectativas sobre você mesmo que está tudo bem. Jesus, que é a própria verdade, está dizendo isso. Ou você acha que no dia do julgamento Jesus dirá: "Você fez tudo isso", enquanto ainda não o fez? Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.” (Tiago 2:13).
Crentes Exortados a Serem Compassivos
E vocês, crentes - nos quais o princípio da compaixão deve ser encontrado - podem observar a partir daquilo que foi dito quanto falta ainda no que diz respeito à manifestação de sua natureza compassiva; o que é um pecado abominável é ficar sem piedade e não exercer compaixão; e do que você consequentemente merece.
Que você se envergonhe de Deus, fique profundamente humilhado e se abomine; e pode ser acompanhado com um alegre e agradecido reconhecimento de que o Senhor Jesus também removeu esses pecados pelo Seu sangue. Possa a misericórdia de Deus levá-lo a exercer mais compaixão.
Portanto, vocês que são piedosos, “semeiam para si mesmos em justiça, colhem em misericórdia” (Os 10:12); "Guarda a piedade e o juízo, e espera no teu Deus continuamente” (Os 12: 6). A fim de mover você mais para esse fim, preste atenção aos assuntos a seguir com um coração obediente.
Primeiro, os preceitos ensinam, mas os exemplos atraem. Portanto, observe as pessoas compassivas que viveram antes de você e deixaram um exemplo. O exemplo mais perfeito é o Senhor Jesus, a quem você deve seguir com alegria e de bom grado, já que Ele é totalmente amável para você. Leia apenas a história de Sua vida, os evangelhos, e você perceberá que todos os Seus passos não passavam de misericórdia. Repetidas vezes, você lerá: Jesus sendo movido com compaixão ...” Ele não ficou apenas comovido, mas sua compaixão culminou em ações. Ele curou os doentes, alimentou os famintos, e curou os oprimidos e atravessou o país inteiro fazendo o bem. Ao fazê-lo, Ele deixou um exemplo, para seguirmos os Seus passos. Portanto, por amor a Ele, conduza-se como Ele.
Seu nome "cristão" também obriga você a isso.
Além disso, adicione a isso o exemplo de Jó. Quem pode ler sobre sua compaixão sem ser movido a seguir o exemplo dele? Eu era olhos para os cegos, e pés para os coxos. Fui pai dos pobres(Jó 29: 15-16).
"16 Se retive o que os pobres desejavam ou fiz desfalecer os olhos da viúva;
17 ou, se sozinho comi o meu bocado, e o órfão dele não participou

18 (Porque desde a minha mocidade cresceu comigo como se eu lhe fora o pai, e desde o ventre da minha mãe fui o guia da viúva.);
19 se a alguém vi perecer por falta de roupa e ao necessitado, por não ter coberta;
20 se os seus lombos não me abençoaram, se ele não se aquentava com a lã dos meus cordeiros;” (Jó 31: 16-20).
Isso foi exemplar.
Adicione ao exemplo deste homem o exemplo de uma mulher compassiva: Tabita ou Dorcas . Observe o seguinte:
36 Havia em Jope uma discípula por nome Tabita, nome este que, traduzido, quer dizer Dorcas; era ela notável pelas boas obras e esmolas que fazia.
37 Ora, aconteceu, naqueles dias, que ela adoeceu e veio a morrer; e, depois de a lavarem, puseram-na no cenáculo.
38 Como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, enviaram-lhe dois homens que lhe pedissem: Não demores em vir ter conosco.
39 Pedro atendeu e foi com eles. Tendo chegado, conduziram-no para o cenáculo; e todas as viúvas o cercaram, chorando e mostrando-lhe túnicas e vestidos que Dorcas fizera enquanto estava com elas.” (Atos 9: 36-39). Ela era mãe para os pobres! Ocasionalmente, ela não fazia uma boa ação, mas estava cheia e repleta de boas obras e esmolas (donativos que são a manifestação de compaixão). A palavra grega elémosúneis   é uma palavra composta e derivada de eleéo, que significa ter compaixão . Assim, ela não apenas deu, mas ela deu, comovida. Primeiro o coração foi movido, e o coração assim moveu, por sua vez a mão. Ela não só comprou material do qual fazia roupas, mas seu amor benevolente era tão grande que era seu prazer em costurar ela mesma e vestir as viúvas com o trabalho de suas próprias mãos.
Em segundo lugar, a compaixão é muito agradável a Deus e ao homem. Deus ama essas pessoas e se agrada de suas ações:
"Deus ama um doador alegre” (2 Cor 9: 7); Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz.” (Hb 13:16). Se você deseja ser amado por Deus e experimentar o Seu amor, e se ainda deseja por favor Deus, que seu coração e sua mão sejam compassivos. As pessoas têm estima e amor por quem é generoso e irão abençoá-lo em seus corações. Além disso, o doador experimenta mais alegria do que aquele que recebe o presente.
Terceiro, os pobres e suas necessidades são motivos muito poderosos para despertar um coração compassivo. Quando você observa uma pessoa piedosa que é pobre, considere que Deus o ama, que o Senhor Jesus morreu por amor a ele, que ele vive no gozo da comunhão e amor de Deus, e que ele viverá eternamente em glória com você. Considere além disso, que agrada ao Senhor mantê-lo pobre nesta vida e faz com que ele o encontre, para que você possa ter a oportunidade de exercitar amor e compaixão (mesmo que Deus não precise do seu dom, pode rapidamente tornar os pobres pessoas ricas ou apoiá-los sem a sua ajuda). Além disso, considere como ele está angustiado em sua casa, como ele observa seus filhos com tristeza, como seu coração se quebra quando ele testemunha a fome e a nudez de seus filhos, e como ele clama a Deus por ajuda. Se você considerar tudo isso, não será possível que seu coração permaneça imóvel se existe apenas o menor princípio de vida lá. Em vez disso, tudo o que está dentro de você será movido para a compaixão e sua mão se abrirá para ser generoso.
Quarto, a compaixão glorifica a Deus, pois quando uma pessoa pobre e piedosa, tendo sido ajudada por você, vai à sua cabana, e lá se alegra diante da face do Senhor, graças a Deus, louva a Sua misericórdia, e é despertada para depositar sua confiança em Deus, e ora a Deus que Ele possa derramar uma bênção sobre você de acordo com a alma e o corpo - como alguém pode considerar tudo isso e não ter um desejo veemente de ser compassivo? Além disso, (mesmo que você não faça isso para ser visto pelos homens, e pode não se abster de fazê-lo simplesmente porque pode ser do conhecimento das pessoas) sua luz se acenderá através disso, pois em nenhum lugar o amor é mais aparente do que na manifestação da benevolência. Os piedosos verão isso, glorificarão e agradecerão a Deus por isso, e serão instigados a imitá-lo. Será um meio pelo qual outros serão atraídos para a verdade e ao arrependimento. Se, portanto, é seu desejo que Deus seja glorificado, agradecido, louvado; que os piedosos se alegrem no Senhor e serem despertados para a compaixão, que por sua vez fará com que outras pessoas pobres se regozijem em Deus; aquele Deus ser agradecido por muitos; e que os não convertidos sejam levados ao Senhor Jesus - se você deseja isso, então exerça compaixão:
"Deixe sua luz resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mat 5:16).
Em quinto lugar, Deus faz promessas eminentes aos que são compassivos.
(1) Deus considera que isso foi feito para com Ele, uma vez que foi feito por amor a Ele; Ele vai ricamente recompensar o donativo feito a ele. Embora os crentes tenham o suficiente com a própria virtude e sejam mais motivados do que a recompensa, eles devem, no entanto, deixar-se-ão levar por isso, pois agrada a Deus despertá-los por meio de promessas. Quem se compadece do pobre ao SENHOR empresta, e este lhe paga o seu benefício.” (Pv 19:17); Visto que você o fez a um dos meus irmãos, você o fez para mim” (Mt 25:40).
(2) A recompensa será incomparavelmente maior que o seu donativo insignificante: “E todo aquele que der para beber até um desses pequeninos, um copo de água fria ... em verdade vos digo que ele nunca perderá sua recompensa” (Mt 10:42); “dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.” (Lucas 6:38); O que semeia em abundância (isto é, de maneira consistente e alegre) também ceifará abundantemente” (2 Cor 9: 6).
(3) Você não precisa temer que sua genuína generosidade faça com que você e seus filhos fiquem pobres. Se você acredita que você estará tirando algo deles, considere que Deus os abençoará novamente em resposta para a sua generosidade. Se isso não ocorrer da maneira que você pensou que aconteceria, ocorrerá de maneira diferente: “Quem der aos pobres nada lhe faltará” (Pv 28:27); Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão. É sempre compassivo e empresta, e a sua descendência será uma bênção.” (Sl 37: 25,26).
(4) O Senhor ajudará a pessoa compassiva quando experimentar dias de angústia e ficar doente. "Bem-aventurado o que acode ao necessitado; o SENHOR o livra no dia do mal. O SENHOR o protege, preserva-lhe a vida e o faz feliz na terra; não o entrega à discrição dos seus inimigos. O SENHOR o assiste no leito da enfermidade; na doença, tu lhe afofas a cama.” (Sl 41: 1-3).
(5) Visto que a verdadeira compaixão é fruto da fé e do amor, a glória eterna é prometida às pessoas compassivas. "Que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.” (1 Tim 6: 18,19).
Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos.” (Lucas 14: 13,14).
Oh, quão glorioso e agradável será no dia do julgamento ouvir esta voz amável: “então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.” (Mt 25: 34-36). Quando tais pessoas compassivas, tendo feito o bem aos pobres entre os piedosos que morreram antes deles, subsequentemente morrerem e chegarem ao céu, os pobres que receberam sua benevolência os receberão no céu. E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos.” (Lucas 16: 9).
Diretrizes para manifestar compaixão
Tendo sido movido para ser compassivo, é, portanto, necessário que você se comporte com sabedoria ao manifestar compaixão. Para esse fim, é necessário observar o seguinte:
Primeiro, as pessoas que devem ser compassivas são os ricos, pessoas de meios moderados, pessoas de meios limitados, assim como os pobres - ninguém é excluído. Todos devem ser movidos interiormente para a compaixão, que deve ser acompanhada por uma pronta inclinação para prestar assistência. O donativo varia, no entanto; um dá muito, o outro menos, e outro pouco. Cada um deve dar de acordo com seus meios e consistentemente com a autoridade que ele tem sobre certas posses. Alguém que não está sujeitado a ninguém dá de uma certa maneira e alguém que é casado, tendo filhos, de uma maneira diferente. As crianças podem dar o que seus pais lhes dão para comprar algo bom ou delicioso. Eles o salvam total ou parcialmente, dando o que eles salvaram com um coração generoso aos pobres.
Isso é agradável para Deus e o homem. Os casados ​​devem dar esmolas individualmente. Não se pode deixar a mão esquerda saber o que a mão direita está fazendo. Contudo, não pode ser em detrimento da família. Em vez disso, deve-se comer um pouco menos, fazer menos uma roupa ou usar uma certa roupa um pouco mais de tempo para que a rotina da família seja mantida. Se, no entanto, é necessário dar uma medida maior, é necessário ser discutido mutuamente. Se não for possível chegar a um acordo, a doação não deve ser feita de todo, ou deve ser reduzida até a parte resistente concordar. Se uma parte for como Nabal, a outra parte deverá doar da maneira declarada.
Nesses assuntos, o marido tem mais autoridade que a esposa. Quem não pode compartilhar nenhum bem deve prestar assistência para quem precisa, e quem não pode fazer isso deve orar com um coração compassivo para que o Senhor possa ajudar os pobres.
Em segundo lugar, as pessoas a quem devemos ser generosos são antes de tudo piedosas - e depois as não convertidas entre os cidadãos, bem como as viúvas, os órfãos e os sem teto. Devemos ser particularmente generosos com aqueles que estão em exílio, ou aqueles que devem fugir por causa da verdadeira religião. Os vagabundos comuns são geralmente bandidos que estariam melhor numa casa de correção do que na rua. Se são saudáveis, a fome talvez os ensine a trabalhar; ou, se forem inválidos, somos obrigados a lhes dar um pedaço de pão.
Em terceiro lugar, o donativo deve proceder daquilo que é nosso e deve ser dado de maneira justa. Dar liberalmente enquanto se está profundamente endividado é roubo. É abominação diante de Deus dar uma porção aos pobres daquilo que temos obtido por meios injustos ou por meio de jogos de azar, para acalmar um pouco a consciência ou para expiar por uma transgressão. Isso não é mais agradável a Deus do que isto: Não trarás salário de prostituição nem preço de sodomita à Casa do SENHOR, teu Deus, por qualquer voto; porque uma e outra coisa são igualmente abomináveis ao SENHOR, teu Deus.”, Dt 23:18, Deus proibindo que esses fundos entrassem no tesouro do templo.
Quarto, a maneira pela qual esmolas devem ser dadas é:
(1) Com um coração simples: "... o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria." (Rm 12: 8). Assim, isso deve ser feito com um coração verdadeiramente compassivo, uma mão gentil e sem buscar a própria honra, para que o engajamento do coração e a mão, assim como o objetivo, devam estar em harmonia e caracterizados pela sinceridade.
(2) Com alegria: "... quem mostra misericórdia, com alegria" (Rm 12: 8); ... não de má vontade ou por necessidade: porque Deus ama quem dá com alegria” (2 Cor 9: 7). Isso significa que nos regozijaremos por ter uma oportunidade tão boa, e portanto, devemos nos engajar com os pobres com um semblante feliz e amigável. A doação de nossas esmolas então seja duplamente deleitável.
(3) Sabiamente; isto é, em relação a nós mesmos, de uma maneira em que não entregamos tudo de uma só vez, nem enganamos nossa família. Pelo contrário, devemos dar de uma maneira que possamos continuar a dar. No entanto, em tempos extraordinários, algo extraordinário precisa ser feito. A sabedoria também deve ser exercida na medida em que as pessoas estão preocupadas com quem damos. Alguns dos pobres não administram bem seus negócios e não são diligentes o suficiente. Os tais precisam ser ensinados a serem prudentes por meio de uma exortação ou repreensão. É melhor contratá-los e ensinar-lhes a trabalhar; eles ganharão assim o que de outra forma lhes damos. Não tem sentido dar dinheiro a outras pessoas, pois eles não podem economizar bem ou têm tantas dívidas que ficam imediatamente sem dinheiro novamente e, portanto, permanecerão igualmente pobres. Nesses casos, às vezes é o curso de ação mais prudente permitir que eles entrem na padaria uma vez por semana para obter um pouco de pão e na mercearia uma quantidade semanal de grãos, farinha, ervilhas e manteiga. Aqui nós devemos fazer uma distinção entre pobres e pobres. Alguns têm muito orgulho de admitir pobreza e, no entanto, sofrem falta.
No entanto, para isso, podemos obter garantia dando-lhes dinheiro para que possam pagar suas dívidas contraídas. Para os outros podemos pedir que eles obtenham os bens enquanto pagam por eles mesmos. Devemos proceder da mesma maneira, tanto quanto com roupas estão em causa. A abordagem mais prudente é comprar pessoalmente linho e lã fortes, fazer as roupas, e depois encaminhá-lo. Isso será muito mais eficiente.
(4) Devemos ser firmes em nossa generosidade. Não devemos fazê-lo com pressa que se dissipa imediatamente, enquanto tudo termina em remorso por ter dado tanto. Nossa doação deve ser sempre proporcional à necessidade atual, fazendo portanto, de acordo com nossas circunstâncias, e sem que isso prejudique nossa própria situação. Não devemos estar cansados no bem-estar, a compaixão culmina em receber a coroa. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles obterão misericórdia”(Mt 5: 7).









Nota do Tradutor:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual eternas. 
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores, assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado, eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício, Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes, para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus, mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante, de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia, para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa, capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina, no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação, inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho, porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa: de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva. Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo da salvação.        
É de uma preciosidade tão grande este plano e aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento) que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião, totalmente perdidos  e mortos em transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia, isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção, sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a nossa chegada à glória celestial.
Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).





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