Por
Wilhelmus à Brakel (1635-1711)
Traduzido,
Adaptado e
Editado por
Silvio Dutra
Deus, em Sua
sabedoria e bondade, tem o prazer de preservar e governar todas as coisas nesta
terra pelo uso de meios. Isso é verdade
tanto para a criação inanimada quanto para a animada. A vida de uma pessoa depende da de outro. Milhares de
pessoas estão envolvidas no bem-estar de uma pessoa; no entanto,
a natureza desse envolvimento é de modo que cada pessoa busque
seu próprio bem-estar. Quando ajuda é prestada a uma
pessoa carente, o único objetivo é (e de fato deveria ser) o bem-estar da
pessoa que está sendo ajudada; isto é, quando
alimentamos os famintos, damos bebida aos sedentos, vestimos os nus e prestamos
assistência aos pobres, doentes e fracos. Essa prática é referida
como compaixão, benevolência, liberalidade e bondade. Esta é uma virtude louvada por todos, praticada por poucos e praticada justamente
por menos ainda.
Em hebraico, temos a palavra rechem traduzida como misericórdia, que é expressiva de amor do tipo mais
terno - um amor que é o mais prontamente despertado. A delicada moção de uma mãe em direção ao fruto
do seu ventre é designada pela mesma palavra rechem. O apóstolo, portanto, expressa compaixão como as entranhas da misericórdia, Col 3:12, pois é a fonte da qual procede a compaixão. A palavra hebraica para compaixão, nedivah, significa
tanto quanto ser nobre e disposto a dar livremente, pois a doação da pessoa
compassiva não é obrigatória. Sua doação é motivada por
sua própria inclinação e disposição nobre. A
benevolência é expressada como chesed, que
significa misericórdia e bondade , pois
procede de um coração bom e benigno. O significado de liberalidade em hebraico é idêntico em nossa língua. Significa compartilhar; isto é, dividir o
que temos. Isso significa que mantemos uma
porção para nós mesmos e damos outra porção a outro, e assim, nesse sentido,
faz essa pessoa igual a nós mesmos. A palavra
grega eleos, ou misericórdia é indicativa de estado de miséria. É o resultado
da pessoa compassiva levar as necessidades da outra pessoa a sério, de tal
maneira que ela própria se considera nessa condição.
Compaixão é o movimento interior
de simpatia no coração de um crente, gerado por uma consideração da miséria da
outra pessoa, motivando, assim, o crente a ajudar o outro em muita ação. (Nota do
Tradutor: A benignidade e amor que os crentes têm em relação ao próximo é o
resultado de o crente ter a habitação do Espírito Santo que derrama o amor de
Deus em seu coração, e o faz compartilhar do mesmo sentimento que há na bondade
e amor da divindade por suas criaturas. Ora, se é assim com todo crente
autêntico, porque são ainda tão odiados pelo mundo? O que pode explicar
racionalmente toda a perseguição que o crente sofre, senão que estes ataques
são movidos pelo mundo espiritual da maldade que se opõe a Deus e o odeia, e a
tudo que se nomeie divino.)
Esta virtude é encontrada exclusivamente no crente. Externamente, uma pessoa não convertida pode executar o que
quer que seja que a pessoa piedosa execute. A distinção
é tão grande quanto a diferença entre o movimento artificial de um relógio e o
movimento de um ser vivo. O homem natural está morto em
pecados e transgressões e é, portanto, reprovado para toda
boa obra. Sua compaixão procede de
um coração natural, que na realidade é ter compaixão consigo mesmo, imaginando
dentro de si mesmo como seria se ele estivesse tão infeliz. Ele, portanto, por assim dizer, se entrega, exceto que ele tem um
coração que se esforça para ser recompensado com honra e amor. A pessoa piedosa, no entanto, tem vida espiritual em razão de sua fé em
Cristo. Desde que ele se tornou um
participante da natureza de Cristo como resultado dessa união, suas
ações são motivadas pelo amor a Deus e à Sua vontade. Daí procede o amor ao próximo, inclinando-se também a buscar
seu bem-estar espiritual para que Deus seja agradecido e glorificado pelo
destinatário de tal ajuda. É com tal disposição
que o crente ajuda à pessoa carente. O apóstolo,
portanto, limita a compaixão aos eleitos que são santos e
amados: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos
afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de
longanimidade.” (Cl 3:12). (Nota do Tradutor: Como o maior bem que uma pessoa pode
fazer a outra é o de orar por sua vida espiritual e conduzi-la ao conhecimento
salvador de Jesus Cristo, então os que não são convertidos não podem praticar
este tipo de bem, porque eles próprios estão necessitados dele, e não podemos dar
o que não temos, pois coisas espirituais só podem ser discernidas
espiritualmente por aqueles que têm a habitação do Espírito Santo. Então, toda
a benevolência que não tenha principalmente isto em visto, acabará por fim a
dar em nada, ou melhor dizendo, não será capaz de livrar aqueles que aliviamos
materialmente, da condenação eterna.)
O objeto da compaixão é uma necessidade dada. O amor se manifesta em relação ao próximo por ele
ser nosso vizinho, independentemente da condição em que ele esteja. No entanto,
a pessoa compassiva é movida em amor por seu próximo como uma pessoa carente. Pode haver uma necessidade espiritual - como quando uma pessoa não é convertida
e nós a observamos percorrendo o amplo caminho para a destruição. Ou pode pertencer a uma pessoa convertida que esteja em um estado de deserção
espiritual, conflito ou qualquer outro sofrimento de alma que ele possa ter. A pessoa compassiva está empenhada em ser de alguma ajuda
a essas pessoas - buscando levar um ao arrependimento e fortalecer e confortar
o outro. Também podem ter necessidades
corporais que podem ter uma variedade de causas, como doenças, percalços, perda
de entes queridos, pobreza, fome ou a privação de abrigo. A pessoa compassiva está empenhada em ajudar essa pessoa,
de acordo com a diversidade de sua perplexidade. Também neste
caso, a pessoa necessitada pode não ser convertida ou convertida. A pessoa compassiva está envolvida com ambos. No entanto, há a seguinte distinção: Ele está muito mais
envolvido com os piedosos, fazendo isso com afetos totalmente diferentes. No entanto, ele também não recusará sua ajuda a
outros. “Por isso, enquanto tivermos
oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da
família da fé.” (Gl 6:10). (Nota do Tradutor: Observe que não é dito “exclusivamente”, mas
“especialmente aos da família da fé”, pois o crente bem instruído pelas
Escrituras e pelo Espírito Santo, sabe que a humanidade é constituída de
diversas famílias, às quais ele é chamado a servir segundo a vontade de Deus,
cada uma no que lhe couber, pelas responsabilidades que lhes são atribuídas.
Assim, há a família nuclear composta pelos parentes com os quais se convive na
intimidade do lar, e no qual nem todos possam ser talvez, participantes da
família da fé, composta pelos que creem em Cristo. Há também a família do local
de trabalho em que os companheiros têm tarefas específicas para um objetivo
comum. Há a família da comunidade em que se vive, seja no condomínio, na cidade
ou na pátria. E por fim a grande família da humanidade composta por todos os
nossos semelhantes. Jesus nos tem ordenado a amar e fazer o bem a todos eles,
independentemente até mesmo de serem nossos inimigos por motivos
injustificados. E na verdade, qual motivo justificado teríamos para odiar a
quem nos ame e que busque o nosso bem eterno, conforme ele é desejado pelo
próprio Deus?)
Nossa compaixão também deve se
estender àqueles que nos odeiam. "Faça o bem aos
que te odeiam" (Mt 5:44); "Portanto, se o teu inimigo tiver fome,
alimente-o" (Rm 12:20). Entre todos
os relacionamentos naturais com as pessoas, nossos parentes estão mais próximos
de nós e devem ter preferência sobre todas as outras pessoas. “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e
especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente.” (1 Tim 5:
8).
A Essência da Compaixão
A essência da compaixão consiste
em ser interiormente movido à simpatia, que, se for correta, sempre será acompanhada
por uma inclinação e vontade de ajudar. Não consiste
em nos separar total ou parcialmente dos nossos pertences. "E embora eu conceda todos os meus bens para alimentar os pobres
... e não tenha amor, nada disso me aproveitará" (1 Cor 13: 3). Pelo contrário, deve haver:
(1) simpatia. Onde houver amor, também haverá simpatia
quando a pessoa amada estiver em necessidade. A pessoa
compassiva tomará nota da condição daqueles que vêm à mente. Se ele percebe circunstâncias desconcertantes ou tristeza, ele refletirá
e se concentrará nelas até que esteja plenamente consciente da necessidade da
pessoa, movido e tocado por ela, sofre por isso e, por assim dizer, sofre com
ele: “Chorai com os que choram” (Rm 12:15). Jó testemunha
de si mesmo: “Não chorei por quem estava com problemas? Minha alma não ficou triste pelos pobres?” (Jó 30:25).
O apóstolo Pedro nos exorta a ser
assim: “Finalmente ... tendo compaixão um pelo outro” (1 Pedro 3: 8).
(2) Movimentos
internos de compaixão, pelos quais a veracidade e
intensidade dessa simpatia são expressas, de modo que toca e
move o coração. Sim, uma pessoa compassiva pode
ser mais sensível ao sofrimento de outra pessoa do que essa pessoa é por si mesma. A misericórdia de Deus é expressa
desta maneira: "Pela misericórdia de nosso Deus" (Lucas 1:78). Isso também é afirmado em relação ao Senhor
Jesus: "E Jesus, movido de compaixão" (Marcos 1:41); "Eu tenho compaixão dessa multidão” (Mt 15:32).
(3) Uma inclinação, disposição e zelo
para ajudar a pessoa carente de acordo com
sua necessidade: “Porque, se há boa
vontade, será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem.” (2 Cor 8.
12). Observamos isso sempre que houver
menção feita à compaixão de Deus e de Cristo; isto é, resulta imediatamente
na prestação de ajuda. É também o caso dos
homens, pois, como não pode haver compaixão sem simpatia, da
mesma forma simpatia sem a inclinação e vontade de prestar assistência não é compaixão. Estes andam de mãos dadas e não podem ser
separados. Assim, a compaixão consiste
nos movimentos internos de simpatia, acompanhada pela inclinação e vontade de
ajudar. "Revesti-vos,
pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia,
de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade." (Col 3:12).
Deus, a fonte da compaixão
A origem da compaixão não se encontra no próprio homem,
pois o homem é por natureza cheio de todo tipo de maldade, inveja, assassinato,
malignidade, sem afeição natural, e impiedoso (Rom 1: 29,31). No entanto, como a regeneração e vida espiritual dos filhos de Deus têm sua origem em Deus, isso também é verdade
para a virtude de compaixão. Essa propensão, tendo
sido infundida por Deus, é despertada pela consideração da
necessidade de algum outro. Se não houvesse
objetos para os quais isso pudesse ser exercido, essa virtude estaria presente
no crente como uma propensão, mas não
seria capaz de ser exercida. O Senhor
ordenou, no entanto, que ricos e pobres conheçam um ao outro e que haverá uma
abundância de objetos para o exercício da compaixão. No entanto, o sacerdote e o levita ignoraram a miséria do homem que
havia caído nas mãos de assassinos e passaram por ele.
No entanto, quando o samaritano
“o viu, teve compaixão dele” (Lucas 10:33). Quando uma
pessoa piedosa encontra uma pessoa carente, ele concentrará sua atenção nela e,
por essa observância, sua natureza compassiva é movida. Sempre que é feita menção à compaixão do Senhor
Jesus, está sempre escrito: “Jesus, vendo –a na multidão ... ”, o que prova que a compaixão é despertada pela
observância daqueles que precisam. Uma pessoa
compassiva tomará nota das pessoas necessitadas que encontrar e, se não
encontrar nenhuma, as procurará.
Os efeitos ou frutos da compaixão
Os efeitos ou
frutos da compaixão são caridade e prestação de assistência. “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas
de fato e de verdade.” (1 João 3:18). Consiste em:
(1) Fornecer abrigo para os pobres sem teto - especialmente os da
família da fé: “Porventura, não é também que
repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados,...?”(Is 58: 7).
(2) Alimentar os famintos e dar bebida aos sedentos: “se abrires
a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas
trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia.” (Is 58: 10).
(3) Vestir o nu: “...e, se
vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?” (Is 58:
7).
(4) Visitar os doentes que são
pobres, oferecer assistência monetária ou revigorá-los com um pouco de prazer.
Comida. O Senhor Jesus visitou os doentes em Betesda João 5: 5-6 e a
mãe da esposa de Pedro, que estava na cama com uma febre alta (Lucas 4:
38-39). Além disso, considere a lista
abrangente das obras de compaixão em (Mat 25:35). Assim, a generosidade manifesta-se em ser generosa.
Esta é a virtude que a Palavra de Deus tão frequentemente nos ordena a
praticar. Portanto, imprima isso em seu coração. “Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas
cidades, na tua terra que o SENHOR, teu Deus, te dá, não endurecerás o teu
coração, nem fecharás as mãos a teu irmão pobre; antes, lhe abrirás de todo
a mão e lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua
necessidade.” (Dt 15: 7,8).
Compaixão não é apenas para ser exercitada quando alguém entra em extrema
pobreza, mas também quando alguém ainda pode ficar à tona; isto é, se houver alguma probabilidade de que ele possa ganhar a vida. Se ele precisar de alguns bens ou mercadorias, é um ato de compaixão se
dermos um empréstimo generoso (se tivermos os meios para fazê-lo) a uma pessoa –
seja que ela retorne isso quando for capaz; que ele
nunca possa pagar de volta; que possa
pagar juros; ou que nenhum pagamento seja esperado. O Senhor Jesus nos ordena que façamos o seguinte: "Empreste, nada
esperando receber de volta" (Lucas 6:35). Acrescente a
isso a seguinte passagem: “Ele te declarou, ó homem, o
que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a
justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (Mq 6: 8). Toda piedade é compreendida nisto: andar humildemente
com Deus, e não apenas ser justo e compassivo com o próximo, mas também amar,
encontrar prazer em, procurar e desejar dar expressão a essas virtudes. Acrescente a isso as seguintes passagens: “Antes,
sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos
outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.” (Ef 4:32); “Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua
cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz.” (Hb 13:16). Aplique isso a a si mesmo como lhe foi dito. Portanto, não é verdade que a benevolência é seu dever?
A necessidade de autoexame
Agora vire-se para dentro e
observe-se no espelho que temos diante de você, delineando a natureza da compaixão. Você pertence aos compassivos? Existe
compaixão em seu coração fluindo da união com o
Senhor Jesus, tendo se tornado participante de Sua natureza amorosa pela fé? Existem movimentos de simpatia, misericórdia e compaixão a serem encontrados
dentro de você para párias, os pobres em geral - e particularmente para aqueles
que o odeiam e lhe desejam o mal? Você é
principalmente compassivo com os piedosos e com os membros da família da fé? Você leva a miséria a sério? Você os procura e se concentra na necessidade deles, para que possa ser
movido por compaixão e se tornar disposto e zeloso em ajudá-los? Você oferece abrigo para os pobres sem teto, alimenta os famintos, veste os
nus? Você visita e encoraja os doentes
que são pobres? Você ajuda e apoia aqueles
que chegaram ao seu fim e você lhes empresta sem esperar algo em troca? Quais são as suas respostas sobre estas questões? Se você precisar
responder negativamente, esteja convencido de que não está entre os
misericordiosos e os compassivos.
Existem vários tipos entre
aqueles que não têm compaixão.
Pessoas sem compaixão
identificadas
Primeiro, existem pessoas sem
amor natural - e, portanto, também sem compaixão. Eles são cruéis e quase
se livraram de toda a humanidade. Eles se reúnem e juntam
para si o máximo que podem e se apegam àquilo que eles possuem com todas as suas
forças. Ninguém pode se
beneficiar com isso, e eles dizem com Nabal: “Devo então tomar meu pão, e minha
água, e minha carne ... e dá aos homens, a quem não sei de onde são?” (1 Sm
25:11).
Eles não estão preocupados com os
pobres, nem são movidos interiormente por sua condição. Se eles virem alguém em necessidade, eles passarão por ele
como o sacerdote e levita fizeram.
Em segundo lugar, há pessoas que
temem ser movidas a dar algo e, assim, evitam tais oportunidades. Eles viram a cabeça, fecham as portas ou vão embora
quando veem alguém em necessidade. Eles já “cheiram” à
distância se alguém os visitar para defender a causa de uma pessoa pobre. Eles vão mudar de assunto na conversa, e seu coração se torna avesso a tais
pedidos de ajuda.
Em terceiro lugar, há pessoas que realmente se emocionam com compaixão,
mas que não gostam de dar. Portanto
eles se pacificam e endurecem seus corações; eles fazem
violência a si mesmos, para que não tenham que dar, e demitir os
pobres com uma palavra amigável. Tiago fala
do seguinte: “Se um irmão ou uma irmã estiverem
carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós
lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o
necessário para o corpo, qual é o proveito disso?” (Tiago 2: 15,16). Eles procurarão algumas razões pelas quais eles podem
se desculpar diante de outros que solicitam algo deles. Eles argumentam da seguinte maneira:
(1) Preciso disso para mim e para
meus entes queridos.
(2) Há muito a ser contribuído
por vários impostos e outras causas.
(3) há tantas pessoas pobres; eu não posso ajudar todos eles. Assim, eles
não ajudam ninguém.
(4) Não sei se meu donativo será
usado adequadamente, pois há tantas pessoas desonestas. Eles vão beber longe ou desperdiçar em gula pelo que trabalhei e guardei. Fui enganado tantas vezes que não mais posso ter compaixão pelos
pobres.
(5) Dou minha contribuição aos
diáconos que foram designados para cuidar dos pobres.
(6) Lembrei-me dos pobres em
minha vontade. Após a minha morte, eles receberão tal e tal
quantia de mim. São como os porcos que são inúteis durante a vida, mas são
benéficos após a morte.
(7) Quando estiver em melhores
circunstâncias e tiver um pouco mais de liberdade, darei. Então os pobres serão beneficiados, pois eu de fato, tenho
uma boa inclinação para ser compassivo.
Por esses e outros argumentos
semelhantes, eles se pacificarão, e isso culmina em não dar nada.
Quarto, há outros que de fato
dão, mas cuja compaixão não é do tipo certo.
(1) Alguns dão vergonha e não se
atrevem a dar. Eles fazem isso por compulsão, no
entanto, é como se, por assim dizer, fossem pressionados com força em seus
corações. Ao dar com a mão, há uma má inclinação
em seu coração.
(2) Alguns dão para serem
honrados e elogiados pelos homens. Eles
gostariam de tocar a trombeta quando estão prestes a dar algo aos pobres, para
que todos saibam disso. E, para que se saiba que eles são generosos,
eles abordam o assunto na conversa e frequentemente fingem ter dado dez vezes
mais do que realmente o caso.
(3) Alguns gastam dinheiro
indiscriminadamente e o dispersam aleatoriamente, sem serem movidos por
movimentos internos de amor e compaixão. De fato, os
pobres recebem algo, mas essa doação não é uma esmola.
Avarentos Repreendidos
Venha, seus avarentos que não têm
compaixão, ouçam o que Deus tem a dizer sobre vocês e para vocês. Que seja um meio para a sua conversão.
Primeiro, vocês são ladrões e
assassinos. Vocês são ladrões, pois
Deus lhe deu tudo o que vocês têm. Ele não apenas dá pessoalmente, mas Ele o fez com o comando expresso de que
isso seja compartilhado com os pobres de acordo com a sua capacidade. Se, portanto, você guardar isso para si mesmo, estará roubando os
pobres a quem essa ordenança pertence e a quem você está
financeiramente obrigado. Vocês também são assassinos, não
apenas devido à crueldade que é implícita na sua falta de compaixão, mas também
porque você é responsável pelos pobres que perecem pela fome e pela falta de abrigo. Se a vida deles é preservada, isso não se deve às suas ações, mas aos
esforços de outras pessoas que os ajudam. No entanto,
saiba que ladrões e assassinos não herdarão o reino dos céus - e isso,
portanto, também se aplica a você.
Em segundo lugar, você está entre os pecadores mais ímpios e
abomináveis. Você sabe que Sodoma e todos os seus habitantes
- pais e filhos - foram consumidos por Deus com fogo que caiu do céu e que Deus
tornou essas cidades um exemplo para aqueles que vivem vidas ímpias (2 Pedro 2:
6). Em que consistia sua impiedade, contudo? Foi falta de
compaixão pelos pobres - o pecado em que você está vivendo. “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de
pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre
e o necessitado.” (Ezequiel 16:49). Você também não faz isso e, portanto, é como ela; já que seu pecado é do
mesmo tipo, seu castigo também será como o dela.
Terceiro, não imagine que você
tenha fé e amor a Deus em seu coração, pois, se assim fosse, você também seria compassivo
e generoso - principalmente para os pobres entre os piedosos. Onde a compaixão está ausente, a fé está ausente.
“Assim, também a fé, se não tiver
obras, por si só está morta. Mas alguém dirá: Tu tens
fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as
obras, te mostrarei a minha fé.” (Tiago 2: 17,18).
Onde a compaixão está ausente, o amor de Deus está ausente. “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer
necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer
nele o amor de Deus?” (1 João 3:17).
Quarto, toda a sua religião é vã - mesmo o jejum e a oração. Deus não está satisfeito com isso nem ouvirá suas orações. “A religião pura e sem mácula, para
com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas
tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.” (Tiago
1:27). Os judeus eram muito religiosos,
buscavam a Deus diariamente, desejavam muito o conhecimento de Deus e jejuavam
com frequência, e ainda assim reclamavam que Deus não os ouvia (Is 58: 5). Deus revelou, no entanto, que Ele não estava satisfeito com eles, pois
não eram compassivos nem benevolentes com os pobres. " Seria este o jejum que escolhi,
que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o
junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e
dia aceitável ao SENHOR? Porventura, não é este o
jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as
ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces
todo jugo? Porventura, não é também que
repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e,
se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?”, Isa 58: 5-7. Você reclama que Deus não lhe ajuda nem ouve sua oração? Não é de admirar, pois você não ouve o clamor dos pobres. “Quem fecha os ouvidos ao clamor do pobre, ele também clamará, mas não
será ouvido” (Pv 21:13).
Em quinto lugar, os julgamentos e maldições de Deus - tanto temporais
quanto eternos - virão sobre os impiedosos. O Senhor os amaldiçoa
e a seus bens, e pode ser que, mesmo nesta vida, eles sejam reduzidos a um
pedaço de pão, experimentem que seus filhos terão que implorar e ficar felizes
por haver abrigos, orfanatos e pensões para os pobres.
E mesmo que tudo isso não aconteça com eles nesta vida, isso acontecerá
eternamente. Quão assustador será ouvir esta
terrível frase no último dia em que o Senhor Jesus lhes disser: “Então, o Rei
dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive
fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo
forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me
enfermo e preso, não fostes ver-me.”, Mateus 25: 41-43! Tome nota disso; não se iluda promovendo
expectativas sobre você mesmo que está tudo bem. Jesus, que é a própria
verdade, está dizendo isso. Ou você acha que no
dia do julgamento Jesus dirá: "Você fez tudo isso", enquanto ainda
não o fez? “Porque o juízo é sem
misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A
misericórdia triunfa sobre o juízo.” (Tiago 2:13).
Crentes Exortados a Serem
Compassivos
E vocês, crentes - nos quais o
princípio da compaixão deve ser encontrado - podem observar a partir daquilo
que foi dito quanto falta ainda no que diz respeito à manifestação de sua
natureza compassiva; o que é um pecado abominável é
ficar sem piedade e não exercer compaixão; e do que você
consequentemente merece.
Que você se envergonhe de Deus,
fique profundamente humilhado e se abomine; e pode ser
acompanhado com um alegre e agradecido reconhecimento de que o Senhor Jesus
também removeu esses pecados pelo Seu sangue. Possa a
misericórdia de Deus levá-lo a exercer mais compaixão.
Portanto, vocês que são piedosos,
“semeiam para si mesmos em justiça, colhem em misericórdia” (Os 10:12); "Guarda a piedade e o juízo, e espera no teu Deus continuamente” (Os
12: 6). A fim de mover você mais para
esse fim, preste atenção aos assuntos a seguir com um
coração obediente.
Primeiro, os preceitos ensinam,
mas os exemplos atraem. Portanto, observe as pessoas
compassivas que viveram antes de você e deixaram um exemplo. O exemplo mais perfeito é o Senhor Jesus, a quem você deve seguir
com alegria e de bom grado, já que Ele é totalmente amável para você. Leia apenas a história de Sua vida, os evangelhos, e você perceberá
que todos os Seus passos não passavam de misericórdia. Repetidas vezes, você lerá: “Jesus sendo
movido com compaixão ...” Ele não ficou apenas comovido, mas sua compaixão
culminou em ações. Ele curou os doentes, alimentou os
famintos, e curou os oprimidos e atravessou o país inteiro fazendo o bem. Ao fazê-lo, Ele deixou um exemplo, para seguirmos os Seus passos. Portanto, por amor a Ele, conduza-se como Ele.
Seu nome "cristão"
também obriga você a isso.
Além disso, adicione a isso o
exemplo de Jó. Quem pode ler sobre sua compaixão sem ser
movido a seguir o exemplo dele? “Eu era olhos
para os cegos, e pés para os coxos. Fui pai dos pobres” (Jó 29: 15-16).
"16 Se retive
o que os pobres desejavam ou fiz desfalecer os olhos da viúva;
17 ou, se
sozinho comi o meu bocado, e o órfão dele não
participou
18 (Porque
desde a minha mocidade cresceu comigo como se eu lhe fora o pai, e desde o
ventre da minha mãe fui o guia da viúva.);
19 se a alguém vi
perecer por falta de roupa e ao necessitado, por não ter
coberta;
20 se os seus
lombos não me abençoaram, se ele não se
aquentava com a lã dos meus cordeiros;” (Jó 31: 16-20).
Isso foi exemplar.
Adicione ao exemplo deste homem o
exemplo de uma mulher compassiva: Tabita ou
Dorcas . Observe o seguinte:
“36 Havia em
Jope uma discípula por nome Tabita, nome este que, traduzido, quer dizer Dorcas; era
ela notável pelas boas obras e esmolas que fazia.
37 Ora,
aconteceu, naqueles dias, que ela adoeceu e veio a morrer; e, depois de a lavarem,
puseram-na no cenáculo.
38 Como Lida
era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali,
enviaram-lhe dois homens que lhe pedissem: Não demores em vir ter
conosco.
39 Pedro
atendeu e foi com eles. Tendo chegado, conduziram-no para o cenáculo; e todas
as viúvas o cercaram, chorando e mostrando-lhe túnicas e vestidos que Dorcas
fizera enquanto estava com elas.” (Atos 9: 36-39). Ela era mãe para os pobres! Ocasionalmente, ela não fazia uma boa ação, mas
estava cheia e repleta de boas obras e esmolas (donativos que são a
manifestação de compaixão). A palavra
grega elémosúneis é uma palavra
composta e derivada de eleéo, que significa ter compaixão . Assim, ela não apenas deu,
mas ela deu, comovida. Primeiro o coração foi
movido, e o coração assim moveu, por sua vez a mão. Ela não só comprou material do qual fazia roupas, mas seu amor benevolente era tão
grande que era seu prazer em costurar ela mesma e vestir as viúvas com o
trabalho de suas próprias mãos.
Em segundo lugar, a compaixão é
muito agradável a Deus e ao homem. Deus ama
essas pessoas e se agrada de suas ações:
"Deus ama um doador alegre” (2 Cor 9: 7); “Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois,
com tais sacrifícios, Deus se compraz.” (Hb
13:16). Se você deseja ser
amado por Deus e experimentar o Seu amor, e se ainda deseja por favor Deus, que
seu coração e sua mão sejam compassivos. As pessoas têm estima e
amor por quem é generoso e irão abençoá-lo em seus corações. Além disso, o doador experimenta mais alegria do que aquele que recebe o
presente.
Terceiro, os pobres e suas
necessidades são motivos muito poderosos para despertar um coração compassivo. Quando você observa uma pessoa piedosa que é
pobre, considere que Deus o ama, que o Senhor Jesus morreu por amor a ele, que
ele vive no gozo da comunhão e amor de Deus, e que ele viverá eternamente em
glória com você. Considere além disso, que agrada
ao Senhor mantê-lo pobre nesta vida e faz com que ele o encontre, para que você
possa ter a oportunidade de exercitar amor e compaixão (mesmo que Deus não
precise do seu dom, pode rapidamente tornar os pobres pessoas ricas ou apoiá-los
sem a sua ajuda). Além disso, considere como ele está angustiado
em sua casa, como ele observa seus filhos com tristeza, como seu coração se
quebra quando ele testemunha a fome e a nudez de seus filhos, e como ele clama
a Deus por ajuda. Se você considerar
tudo isso, não será possível que seu coração permaneça imóvel se existe
apenas o menor princípio de vida lá. Em vez
disso, tudo o que está dentro de você será movido para
a compaixão e sua mão se abrirá para ser generoso.
Quarto, a compaixão glorifica a
Deus, pois quando uma pessoa pobre e piedosa, tendo sido ajudada por você, vai
à sua cabana, e lá se alegra diante da face do Senhor, graças a Deus, louva a
Sua misericórdia, e é despertada para depositar sua confiança em Deus, e ora a
Deus que Ele possa derramar uma bênção sobre você de acordo com a alma e o
corpo - como alguém pode considerar tudo isso e não ter um desejo veemente de
ser compassivo? Além disso, (mesmo que você não faça isso para
ser visto pelos homens, e pode não se abster de fazê-lo simplesmente porque
pode ser do conhecimento das pessoas) sua luz se acenderá através disso, pois
em nenhum lugar o amor é mais aparente do que na manifestação da benevolência. Os piedosos verão isso, glorificarão e agradecerão
a Deus por isso, e serão instigados a imitá-lo. Será um meio
pelo qual outros serão atraídos para a verdade e ao
arrependimento. Se, portanto, é seu desejo
que Deus seja glorificado, agradecido, louvado; que os
piedosos se alegrem no Senhor e serem despertados para a compaixão, que por sua
vez fará com que outras pessoas pobres se regozijem em Deus; aquele Deus ser agradecido por muitos; e que os não
convertidos sejam levados ao Senhor Jesus - se você deseja
isso, então exerça compaixão:
"Deixe sua luz resplandecer
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso
Pai que está nos céus” (Mat 5:16).
Em quinto lugar, Deus faz
promessas eminentes aos que são compassivos.
(1) Deus considera que isso foi feito para com Ele, uma vez que foi
feito por amor a Ele; Ele vai ricamente recompensar o donativo
feito a ele. Embora os crentes tenham o
suficiente com a própria virtude e sejam mais motivados do
que a recompensa, eles devem, no entanto, deixar-se-ão levar por isso, pois
agrada a Deus despertá-los por meio de promessas. “Quem se
compadece do pobre ao SENHOR empresta, e este lhe paga o seu benefício.” (Pv
19:17); “Visto que você o fez a um
dos meus irmãos, você o fez para mim” (Mt 25:40).
(2) A recompensa será incomparavelmente maior que o seu donativo
insignificante: “E todo aquele que der para beber até um desses pequeninos, um
copo de água fria ... em verdade vos digo que ele nunca perderá sua recompensa”
(Mt 10:42); “dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida,
transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes
medido vos medirão também.” (Lucas 6:38); “O que semeia em abundância (isto é, de maneira
consistente e alegre) também ceifará abundantemente”
(2 Cor 9: 6).
(3) Você não precisa temer que sua genuína generosidade faça com que
você e seus filhos fiquem pobres. Se você acredita que
você estará tirando algo deles, considere que Deus os abençoará novamente em
resposta para a sua generosidade. Se isso não ocorrer da
maneira que você pensou que aconteceria, ocorrerá de maneira
diferente: “Quem der aos pobres nada lhe faltará” (Pv 28:27); “Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado,
nem a sua descendência a mendigar o pão. É sempre
compassivo e empresta, e a sua descendência será uma bênção.” (Sl 37: 25,26).
(4) O Senhor ajudará a pessoa compassiva quando experimentar dias de
angústia e ficar doente. "Bem-aventurado
o que acode ao necessitado; o SENHOR o livra no dia do mal. O SENHOR o protege,
preserva-lhe a vida e o faz feliz na terra; não o entrega à discrição dos seus
inimigos. O SENHOR o assiste no leito da enfermidade; na doença, tu lhe afofas
a cama.” (Sl 41: 1-3).
(5) Visto que a verdadeira compaixão é fruto da fé e do amor, a glória
eterna é prometida às pessoas compassivas. "Que
pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a
repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido
fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.” (1 Tim 6:
18,19).
“Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e
os cegos; e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem
eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a
receberás na ressurreição dos justos.” (Lucas 14: 13,14).
Oh, quão glorioso e agradável será no dia do julgamento ouvir esta voz
amável: “então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde,
benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me
destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes;
enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.” (Mt 25: 34-36). Quando tais pessoas compassivas, tendo feito o bem aos pobres entre os
piedosos que morreram antes deles, subsequentemente morrerem e chegarem ao céu,
os pobres que receberam sua benevolência os receberão no céu. “E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei
amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos
tabernáculos eternos.” (Lucas 16: 9).
Diretrizes para manifestar
compaixão
Tendo sido movido para ser
compassivo, é, portanto, necessário que você se comporte com sabedoria ao
manifestar compaixão. Para esse fim, é necessário observar
o seguinte:
Primeiro, as pessoas que devem
ser compassivas são os ricos, pessoas de meios moderados, pessoas de meios
limitados, assim como os pobres - ninguém é excluído. Todos devem ser movidos interiormente para a compaixão, que deve ser acompanhada
por uma pronta inclinação para prestar assistência. O donativo varia, no entanto; um dá muito, o
outro menos, e outro pouco. Cada um deve
dar de acordo com seus meios e consistentemente com a autoridade que ele tem
sobre certas posses. Alguém que não está sujeitado a
ninguém dá de uma certa maneira e alguém que é casado,
tendo filhos, de uma maneira diferente. As crianças podem dar
o que seus pais lhes dão para comprar algo bom ou delicioso. Eles o salvam total ou parcialmente, dando o que eles salvaram com um
coração generoso aos pobres.
Isso é agradável para Deus e o
homem. Os casados devem dar
esmolas individualmente. Não se pode deixar a mão esquerda
saber o que a mão direita está fazendo. Contudo, não
pode ser em detrimento da família. Em vez
disso, deve-se comer um pouco menos, fazer menos uma roupa ou usar uma certa
roupa um pouco mais de tempo para que a rotina da família seja mantida. Se, no entanto, é necessário dar uma medida maior, é necessário ser
discutido mutuamente. Se não for possível chegar a
um acordo, a doação não deve ser feita de todo, ou deve
ser reduzida até a parte resistente concordar. Se uma parte
for como Nabal, a outra parte deverá doar da maneira declarada.
Nesses assuntos, o marido tem
mais autoridade que a esposa. Quem não pode
compartilhar nenhum bem deve prestar assistência para quem precisa, e quem
não pode fazer isso deve orar com um coração compassivo para que o Senhor possa
ajudar os pobres.
Em segundo lugar, as pessoas a
quem devemos ser generosos são antes de tudo piedosas - e depois as não convertidas
entre os cidadãos, bem como as viúvas, os órfãos e os sem teto. Devemos ser particularmente generosos com aqueles que estão em exílio,
ou aqueles que devem fugir por causa da verdadeira religião. Os vagabundos comuns são geralmente bandidos que estariam
melhor numa casa de correção do que na rua. Se são saudáveis, a fome
talvez os ensine a trabalhar; ou, se forem inválidos, somos obrigados a lhes
dar um pedaço de pão.
Em terceiro lugar, o donativo deve proceder daquilo que é nosso e deve
ser dado de maneira justa. Dar
liberalmente enquanto se está profundamente endividado é roubo. É abominação diante de Deus dar uma porção aos
pobres daquilo que temos obtido por meios injustos ou por meio de jogos de azar,
para acalmar um pouco a consciência ou para expiar por uma transgressão. Isso não é mais agradável a Deus do que isto: “Não trarás salário de
prostituição nem preço de sodomita à Casa do
SENHOR, teu Deus, por qualquer voto; porque uma e outra coisa são igualmente
abomináveis ao SENHOR, teu Deus.”, Dt 23:18, Deus proibindo que
esses fundos entrassem no tesouro do templo.
Quarto, a maneira pela qual
esmolas devem ser dadas é:
(1) Com um coração simples: "... o que contribui, com
liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com
alegria." (Rm 12: 8). Assim, isso deve ser feito com um
coração verdadeiramente compassivo, uma mão gentil e sem buscar a própria honra,
para que o engajamento do coração e a mão, assim como o objetivo, devam estar
em harmonia e caracterizados pela sinceridade.
(2) Com alegria: "... quem
mostra misericórdia, com alegria" (Rm 12: 8); “... não de má vontade ou por necessidade: porque Deus ama quem dá com alegria” (2 Cor
9: 7). Isso significa que nos
regozijaremos por ter uma oportunidade tão boa, e portanto, devemos nos
engajar com os pobres com um semblante feliz e amigável. A doação de nossas esmolas então seja duplamente deleitável.
(3) Sabiamente; isto é, em relação a nós mesmos, de uma maneira em que não entregamos
tudo de uma só vez, nem enganamos nossa família. Pelo contrário, devemos
dar de uma maneira que possamos continuar a dar. No entanto,
em tempos extraordinários, algo extraordinário precisa ser feito. A sabedoria também deve ser exercida na medida em que as
pessoas estão preocupadas com quem damos. Alguns dos
pobres não administram bem seus negócios e não são diligentes
o suficiente. Os tais precisam ser ensinados a
serem prudentes por meio de uma exortação ou repreensão. É melhor contratá-los e ensinar-lhes a trabalhar; eles ganharão assim o que de outra forma lhes
damos. Não tem sentido dar dinheiro a
outras pessoas, pois eles não podem economizar bem ou têm tantas dívidas que
ficam imediatamente sem dinheiro novamente e, portanto, permanecerão igualmente
pobres. Nesses casos, às vezes é o curso de
ação mais prudente permitir que eles entrem na padaria uma vez por semana
para obter um pouco de pão e na mercearia uma quantidade semanal de grãos,
farinha, ervilhas e manteiga. Aqui nós devemos
fazer uma distinção entre pobres e pobres. Alguns têm muito
orgulho de admitir pobreza e, no entanto, sofrem falta.
No entanto, para isso, podemos
obter garantia dando-lhes dinheiro para que possam pagar suas dívidas
contraídas. Para os outros podemos pedir que
eles obtenham os bens enquanto pagam por eles mesmos. Devemos proceder da mesma maneira, tanto quanto com roupas estão em
causa. A abordagem mais prudente é comprar
pessoalmente linho e lã fortes, fazer as roupas, e depois
encaminhá-lo. Isso será muito mais
eficiente.
(4) Devemos ser firmes em nossa
generosidade. Não devemos fazê-lo com
pressa que se dissipa imediatamente, enquanto tudo termina em remorso por ter
dado tanto. Nossa doação deve ser
sempre proporcional à necessidade atual, fazendo portanto,
de acordo com nossas circunstâncias, e sem que isso prejudique nossa própria
situação. Não devemos estar cansados no
bem-estar, a compaixão culmina em receber a coroa. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles obterão misericórdia”(Mt
5: 7).
Nota do Tradutor:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da
nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam debaixo
de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual
eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei
determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento
substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que
seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi gerado
pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme
representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos
alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o
corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o
sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua
vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que
sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que
nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas
imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central
relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de
forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita
com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para garantir o
aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto venha a ser
somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a glória
celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que
busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois
tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo desta
condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que nos foi
dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem
perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por graça
e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios
desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós
mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a
aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais
poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo
Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo
sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote
foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação
eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para
este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito
Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
Compaixão
Por
Wilhelmus à Brakel (1635-1711)
Traduzido,
Adaptado e
Editado por
Silvio Dutra
Out/2019
A474
|
à Brakel,
Wilhelmus (1635-1711)
|
Compaixão / Wilhelmus à Brakel,
|
Tradução e adaptação Silvio Dutra Alves
–
Rio de Janeiro, 2019.
|
58p.; 14,8 x21cm
|
|
1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Fé. 4. Graça.
|
I.
Título.
|
CDD 252
|
Deus, em Sua
sabedoria e bondade, tem o prazer de preservar e governar todas as coisas nesta
terra pelo uso de meios. Isso é verdade
tanto para a criação inanimada quanto para a animada. A vida de uma pessoa depende da de outro. Milhares de
pessoas estão envolvidas no bem-estar de uma pessoa; no entanto,
a natureza desse envolvimento é de modo que cada pessoa busque
seu próprio bem-estar. Quando ajuda é prestada a uma
pessoa carente, o único objetivo é (e de fato deveria ser) o bem-estar da
pessoa que está sendo ajudada; isto é, quando
alimentamos os famintos, damos bebida aos sedentos, vestimos os nus e prestamos
assistência aos pobres, doentes e fracos. Essa prática é referida
como compaixão, benevolência, liberalidade e bondade. Esta é uma virtude louvada por todos, praticada por poucos e praticada justamente
por menos ainda.
Em hebraico, temos a palavra rechem traduzida como misericórdia, que é expressiva de amor do tipo mais
terno - um amor que é o mais prontamente despertado. A delicada moção de uma mãe em direção ao fruto
do seu ventre é designada pela mesma palavra rechem. O apóstolo, portanto, expressa compaixão como as entranhas da misericórdia, Col 3:12, pois é a fonte da qual procede a compaixão. A palavra hebraica para compaixão, nedivah, significa
tanto quanto ser nobre e disposto a dar livremente, pois a doação da pessoa
compassiva não é obrigatória. Sua doação é motivada por
sua própria inclinação e disposição nobre. A
benevolência é expressada como chesed, que
significa misericórdia e bondade , pois
procede de um coração bom e benigno. O significado de liberalidade em hebraico é idêntico em nossa língua. Significa compartilhar; isto é, dividir o
que temos. Isso significa que mantemos uma
porção para nós mesmos e damos outra porção a outro, e assim, nesse sentido,
faz essa pessoa igual a nós mesmos. A palavra
grega eleos, ou misericórdia é indicativa de estado de miséria. É o resultado
da pessoa compassiva levar as necessidades da outra pessoa a sério, de tal
maneira que ela própria se considera nessa condição.
Compaixão é o movimento interior
de simpatia no coração de um crente, gerado por uma consideração da miséria da
outra pessoa, motivando, assim, o crente a ajudar o outro em muita ação. (Nota do
Tradutor: A benignidade e amor que os crentes têm em relação ao próximo é o
resultado de o crente ter a habitação do Espírito Santo que derrama o amor de
Deus em seu coração, e o faz compartilhar do mesmo sentimento que há na bondade
e amor da divindade por suas criaturas. Ora, se é assim com todo crente
autêntico, porque são ainda tão odiados pelo mundo? O que pode explicar
racionalmente toda a perseguição que o crente sofre, senão que estes ataques
são movidos pelo mundo espiritual da maldade que se opõe a Deus e o odeia, e a
tudo que se nomeie divino.)
Esta virtude é encontrada exclusivamente no crente. Externamente, uma pessoa não convertida pode executar o que
quer que seja que a pessoa piedosa execute. A distinção
é tão grande quanto a diferença entre o movimento artificial de um relógio e o
movimento de um ser vivo. O homem natural está morto em
pecados e transgressões e é, portanto, reprovado para toda
boa obra. Sua compaixão procede de
um coração natural, que na realidade é ter compaixão consigo mesmo, imaginando
dentro de si mesmo como seria se ele estivesse tão infeliz. Ele, portanto, por assim dizer, se entrega, exceto que ele tem um
coração que se esforça para ser recompensado com honra e amor. A pessoa piedosa, no entanto, tem vida espiritual em razão de sua fé em
Cristo. Desde que ele se tornou um
participante da natureza de Cristo como resultado dessa união, suas
ações são motivadas pelo amor a Deus e à Sua vontade. Daí procede o amor ao próximo, inclinando-se também a buscar
seu bem-estar espiritual para que Deus seja agradecido e glorificado pelo
destinatário de tal ajuda. É com tal disposição
que o crente ajuda à pessoa carente. O apóstolo,
portanto, limita a compaixão aos eleitos que são santos e
amados: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos
afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de
longanimidade.” (Cl 3:12). (Nota do Tradutor: Como o maior bem que uma pessoa pode
fazer a outra é o de orar por sua vida espiritual e conduzi-la ao conhecimento
salvador de Jesus Cristo, então os que não são convertidos não podem praticar
este tipo de bem, porque eles próprios estão necessitados dele, e não podemos dar
o que não temos, pois coisas espirituais só podem ser discernidas
espiritualmente por aqueles que têm a habitação do Espírito Santo. Então, toda
a benevolência que não tenha principalmente isto em visto, acabará por fim a
dar em nada, ou melhor dizendo, não será capaz de livrar aqueles que aliviamos
materialmente, da condenação eterna.)
O objeto da compaixão é uma necessidade dada. O amor se manifesta em relação ao próximo por ele
ser nosso vizinho, independentemente da condição em que ele esteja. No entanto,
a pessoa compassiva é movida em amor por seu próximo como uma pessoa carente. Pode haver uma necessidade espiritual - como quando uma pessoa não é convertida
e nós a observamos percorrendo o amplo caminho para a destruição. Ou pode pertencer a uma pessoa convertida que esteja em um estado de deserção
espiritual, conflito ou qualquer outro sofrimento de alma que ele possa ter. A pessoa compassiva está empenhada em ser de alguma ajuda
a essas pessoas - buscando levar um ao arrependimento e fortalecer e confortar
o outro. Também podem ter necessidades
corporais que podem ter uma variedade de causas, como doenças, percalços, perda
de entes queridos, pobreza, fome ou a privação de abrigo. A pessoa compassiva está empenhada em ajudar essa pessoa,
de acordo com a diversidade de sua perplexidade. Também neste
caso, a pessoa necessitada pode não ser convertida ou convertida. A pessoa compassiva está envolvida com ambos. No entanto, há a seguinte distinção: Ele está muito mais
envolvido com os piedosos, fazendo isso com afetos totalmente diferentes. No entanto, ele também não recusará sua ajuda a
outros. “Por isso, enquanto tivermos
oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da
família da fé.” (Gl 6:10). (Nota do Tradutor: Observe que não é dito “exclusivamente”, mas
“especialmente aos da família da fé”, pois o crente bem instruído pelas
Escrituras e pelo Espírito Santo, sabe que a humanidade é constituída de
diversas famílias, às quais ele é chamado a servir segundo a vontade de Deus,
cada uma no que lhe couber, pelas responsabilidades que lhes são atribuídas.
Assim, há a família nuclear composta pelos parentes com os quais se convive na
intimidade do lar, e no qual nem todos possam ser talvez, participantes da
família da fé, composta pelos que creem em Cristo. Há também a família do local
de trabalho em que os companheiros têm tarefas específicas para um objetivo
comum. Há a família da comunidade em que se vive, seja no condomínio, na cidade
ou na pátria. E por fim a grande família da humanidade composta por todos os
nossos semelhantes. Jesus nos tem ordenado a amar e fazer o bem a todos eles,
independentemente até mesmo de serem nossos inimigos por motivos
injustificados. E na verdade, qual motivo justificado teríamos para odiar a
quem nos ame e que busque o nosso bem eterno, conforme ele é desejado pelo
próprio Deus?)
Nossa compaixão também deve se
estender àqueles que nos odeiam. "Faça o bem aos
que te odeiam" (Mt 5:44); "Portanto, se o teu inimigo tiver fome,
alimente-o" (Rm 12:20). Entre todos
os relacionamentos naturais com as pessoas, nossos parentes estão mais próximos
de nós e devem ter preferência sobre todas as outras pessoas. “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e
especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente.” (1 Tim 5:
8).
A Essência da Compaixão
A essência da compaixão consiste
em ser interiormente movido à simpatia, que, se for correta, sempre será acompanhada
por uma inclinação e vontade de ajudar. Não consiste
em nos separar total ou parcialmente dos nossos pertences. "E embora eu conceda todos os meus bens para alimentar os pobres
... e não tenha amor, nada disso me aproveitará" (1 Cor 13: 3). Pelo contrário, deve haver:
(1) simpatia. Onde houver amor, também haverá simpatia
quando a pessoa amada estiver em necessidade. A pessoa
compassiva tomará nota da condição daqueles que vêm à mente. Se ele percebe circunstâncias desconcertantes ou tristeza, ele refletirá
e se concentrará nelas até que esteja plenamente consciente da necessidade da
pessoa, movido e tocado por ela, sofre por isso e, por assim dizer, sofre com
ele: “Chorai com os que choram” (Rm 12:15). Jó testemunha
de si mesmo: “Não chorei por quem estava com problemas? Minha alma não ficou triste pelos pobres?” (Jó 30:25).
O apóstolo Pedro nos exorta a ser
assim: “Finalmente ... tendo compaixão um pelo outro” (1 Pedro 3: 8).
(2) Movimentos
internos de compaixão, pelos quais a veracidade e
intensidade dessa simpatia são expressas, de modo que toca e
move o coração. Sim, uma pessoa compassiva pode
ser mais sensível ao sofrimento de outra pessoa do que essa pessoa é por si mesma. A misericórdia de Deus é expressa
desta maneira: "Pela misericórdia de nosso Deus" (Lucas 1:78). Isso também é afirmado em relação ao Senhor
Jesus: "E Jesus, movido de compaixão" (Marcos 1:41); "Eu tenho compaixão dessa multidão” (Mt 15:32).
(3) Uma inclinação, disposição e zelo
para ajudar a pessoa carente de acordo com
sua necessidade: “Porque, se há boa
vontade, será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem.” (2 Cor 8.
12). Observamos isso sempre que houver
menção feita à compaixão de Deus e de Cristo; isto é, resulta imediatamente
na prestação de ajuda. É também o caso dos
homens, pois, como não pode haver compaixão sem simpatia, da
mesma forma simpatia sem a inclinação e vontade de prestar assistência não é compaixão. Estes andam de mãos dadas e não podem ser
separados. Assim, a compaixão consiste
nos movimentos internos de simpatia, acompanhada pela inclinação e vontade de
ajudar. "Revesti-vos,
pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia,
de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade." (Col 3:12).
Deus, a fonte da compaixão
A origem da compaixão não se encontra no próprio homem,
pois o homem é por natureza cheio de todo tipo de maldade, inveja, assassinato,
malignidade, sem afeição natural, e impiedoso (Rom 1: 29,31). No entanto, como a regeneração e vida espiritual dos filhos de Deus têm sua origem em Deus, isso também é verdade
para a virtude de compaixão. Essa propensão, tendo
sido infundida por Deus, é despertada pela consideração da
necessidade de algum outro. Se não houvesse
objetos para os quais isso pudesse ser exercido, essa virtude estaria presente
no crente como uma propensão, mas não
seria capaz de ser exercida. O Senhor
ordenou, no entanto, que ricos e pobres conheçam um ao outro e que haverá uma
abundância de objetos para o exercício da compaixão. No entanto, o sacerdote e o levita ignoraram a miséria do homem que
havia caído nas mãos de assassinos e passaram por ele.
No entanto, quando o samaritano
“o viu, teve compaixão dele” (Lucas 10:33). Quando uma
pessoa piedosa encontra uma pessoa carente, ele concentrará sua atenção nela e,
por essa observância, sua natureza compassiva é movida. Sempre que é feita menção à compaixão do Senhor
Jesus, está sempre escrito: “Jesus, vendo –a na multidão ... ”, o que prova que a compaixão é despertada pela
observância daqueles que precisam. Uma pessoa
compassiva tomará nota das pessoas necessitadas que encontrar e, se não
encontrar nenhuma, as procurará.
Os efeitos ou frutos da compaixão
Os efeitos ou
frutos da compaixão são caridade e prestação de assistência. “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas
de fato e de verdade.” (1 João 3:18). Consiste em:
(1) Fornecer abrigo para os pobres sem teto - especialmente os da
família da fé: “Porventura, não é também que
repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados,...?”(Is 58: 7).
(2) Alimentar os famintos e dar bebida aos sedentos: “se abrires
a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas
trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia.” (Is 58: 10).
(3) Vestir o nu: “...e, se
vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?” (Is 58:
7).
(4) Visitar os doentes que são
pobres, oferecer assistência monetária ou revigorá-los com um pouco de prazer.
Comida. O Senhor Jesus visitou os doentes em Betesda João 5: 5-6 e a
mãe da esposa de Pedro, que estava na cama com uma febre alta (Lucas 4:
38-39). Além disso, considere a lista
abrangente das obras de compaixão em (Mat 25:35). Assim, a generosidade manifesta-se em ser generosa.
Esta é a virtude que a Palavra de Deus tão frequentemente nos ordena a
praticar. Portanto, imprima isso em seu coração. “Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas
cidades, na tua terra que o SENHOR, teu Deus, te dá, não endurecerás o teu
coração, nem fecharás as mãos a teu irmão pobre; antes, lhe abrirás de todo
a mão e lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua
necessidade.” (Dt 15: 7,8).
Compaixão não é apenas para ser exercitada quando alguém entra em extrema
pobreza, mas também quando alguém ainda pode ficar à tona; isto é, se houver alguma probabilidade de que ele possa ganhar a vida. Se ele precisar de alguns bens ou mercadorias, é um ato de compaixão se
dermos um empréstimo generoso (se tivermos os meios para fazê-lo) a uma pessoa –
seja que ela retorne isso quando for capaz; que ele
nunca possa pagar de volta; que possa
pagar juros; ou que nenhum pagamento seja esperado. O Senhor Jesus nos ordena que façamos o seguinte: "Empreste, nada
esperando receber de volta" (Lucas 6:35). Acrescente a
isso a seguinte passagem: “Ele te declarou, ó homem, o
que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a
justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (Mq 6: 8). Toda piedade é compreendida nisto: andar humildemente
com Deus, e não apenas ser justo e compassivo com o próximo, mas também amar,
encontrar prazer em, procurar e desejar dar expressão a essas virtudes. Acrescente a isso as seguintes passagens: “Antes,
sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos
outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.” (Ef 4:32); “Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua
cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz.” (Hb 13:16). Aplique isso a a si mesmo como lhe foi dito. Portanto, não é verdade que a benevolência é seu dever?
A necessidade de autoexame
Agora vire-se para dentro e
observe-se no espelho que temos diante de você, delineando a natureza da compaixão. Você pertence aos compassivos? Existe
compaixão em seu coração fluindo da união com o
Senhor Jesus, tendo se tornado participante de Sua natureza amorosa pela fé? Existem movimentos de simpatia, misericórdia e compaixão a serem encontrados
dentro de você para párias, os pobres em geral - e particularmente para aqueles
que o odeiam e lhe desejam o mal? Você é
principalmente compassivo com os piedosos e com os membros da família da fé? Você leva a miséria a sério? Você os procura e se concentra na necessidade deles, para que possa ser
movido por compaixão e se tornar disposto e zeloso em ajudá-los? Você oferece abrigo para os pobres sem teto, alimenta os famintos, veste os
nus? Você visita e encoraja os doentes
que são pobres? Você ajuda e apoia aqueles
que chegaram ao seu fim e você lhes empresta sem esperar algo em troca? Quais são as suas respostas sobre estas questões? Se você precisar
responder negativamente, esteja convencido de que não está entre os
misericordiosos e os compassivos.
Existem vários tipos entre
aqueles que não têm compaixão.
Pessoas sem compaixão
identificadas
Primeiro, existem pessoas sem
amor natural - e, portanto, também sem compaixão. Eles são cruéis e quase
se livraram de toda a humanidade. Eles se reúnem e juntam
para si o máximo que podem e se apegam àquilo que eles possuem com todas as suas
forças. Ninguém pode se
beneficiar com isso, e eles dizem com Nabal: “Devo então tomar meu pão, e minha
água, e minha carne ... e dá aos homens, a quem não sei de onde são?” (1 Sm
25:11).
Eles não estão preocupados com os
pobres, nem são movidos interiormente por sua condição. Se eles virem alguém em necessidade, eles passarão por ele
como o sacerdote e levita fizeram.
Em segundo lugar, há pessoas que
temem ser movidas a dar algo e, assim, evitam tais oportunidades. Eles viram a cabeça, fecham as portas ou vão embora
quando veem alguém em necessidade. Eles já “cheiram” à
distância se alguém os visitar para defender a causa de uma pessoa pobre. Eles vão mudar de assunto na conversa, e seu coração se torna avesso a tais
pedidos de ajuda.
Em terceiro lugar, há pessoas que realmente se emocionam com compaixão,
mas que não gostam de dar. Portanto
eles se pacificam e endurecem seus corações; eles fazem
violência a si mesmos, para que não tenham que dar, e demitir os
pobres com uma palavra amigável. Tiago fala
do seguinte: “Se um irmão ou uma irmã estiverem
carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós
lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o
necessário para o corpo, qual é o proveito disso?” (Tiago 2: 15,16). Eles procurarão algumas razões pelas quais eles podem
se desculpar diante de outros que solicitam algo deles. Eles argumentam da seguinte maneira:
(1) Preciso disso para mim e para
meus entes queridos.
(2) Há muito a ser contribuído
por vários impostos e outras causas.
(3) há tantas pessoas pobres; eu não posso ajudar todos eles. Assim, eles
não ajudam ninguém.
(4) Não sei se meu donativo será
usado adequadamente, pois há tantas pessoas desonestas. Eles vão beber longe ou desperdiçar em gula pelo que trabalhei e guardei. Fui enganado tantas vezes que não mais posso ter compaixão pelos
pobres.
(5) Dou minha contribuição aos
diáconos que foram designados para cuidar dos pobres.
(6) Lembrei-me dos pobres em
minha vontade. Após a minha morte, eles receberão tal e tal
quantia de mim. São como os porcos que são inúteis durante a vida, mas são
benéficos após a morte.
(7) Quando estiver em melhores
circunstâncias e tiver um pouco mais de liberdade, darei. Então os pobres serão beneficiados, pois eu de fato, tenho
uma boa inclinação para ser compassivo.
Por esses e outros argumentos
semelhantes, eles se pacificarão, e isso culmina em não dar nada.
Quarto, há outros que de fato
dão, mas cuja compaixão não é do tipo certo.
(1) Alguns dão vergonha e não se
atrevem a dar. Eles fazem isso por compulsão, no
entanto, é como se, por assim dizer, fossem pressionados com força em seus
corações. Ao dar com a mão, há uma má inclinação
em seu coração.
(2) Alguns dão para serem
honrados e elogiados pelos homens. Eles
gostariam de tocar a trombeta quando estão prestes a dar algo aos pobres, para
que todos saibam disso. E, para que se saiba que eles são generosos,
eles abordam o assunto na conversa e frequentemente fingem ter dado dez vezes
mais do que realmente o caso.
(3) Alguns gastam dinheiro
indiscriminadamente e o dispersam aleatoriamente, sem serem movidos por
movimentos internos de amor e compaixão. De fato, os
pobres recebem algo, mas essa doação não é uma esmola.
Avarentos Repreendidos
Venha, seus avarentos que não têm
compaixão, ouçam o que Deus tem a dizer sobre vocês e para vocês. Que seja um meio para a sua conversão.
Primeiro, vocês são ladrões e
assassinos. Vocês são ladrões, pois
Deus lhe deu tudo o que vocês têm. Ele não apenas dá pessoalmente, mas Ele o fez com o comando expresso de que
isso seja compartilhado com os pobres de acordo com a sua capacidade. Se, portanto, você guardar isso para si mesmo, estará roubando os
pobres a quem essa ordenança pertence e a quem você está
financeiramente obrigado. Vocês também são assassinos, não
apenas devido à crueldade que é implícita na sua falta de compaixão, mas também
porque você é responsável pelos pobres que perecem pela fome e pela falta de abrigo. Se a vida deles é preservada, isso não se deve às suas ações, mas aos
esforços de outras pessoas que os ajudam. No entanto,
saiba que ladrões e assassinos não herdarão o reino dos céus - e isso,
portanto, também se aplica a você.
Em segundo lugar, você está entre os pecadores mais ímpios e
abomináveis. Você sabe que Sodoma e todos os seus habitantes
- pais e filhos - foram consumidos por Deus com fogo que caiu do céu e que Deus
tornou essas cidades um exemplo para aqueles que vivem vidas ímpias (2 Pedro 2:
6). Em que consistia sua impiedade, contudo? Foi falta de
compaixão pelos pobres - o pecado em que você está vivendo. “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de
pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre
e o necessitado.” (Ezequiel 16:49). Você também não faz isso e, portanto, é como ela; já que seu pecado é do
mesmo tipo, seu castigo também será como o dela.
Terceiro, não imagine que você
tenha fé e amor a Deus em seu coração, pois, se assim fosse, você também seria compassivo
e generoso - principalmente para os pobres entre os piedosos. Onde a compaixão está ausente, a fé está ausente.
“Assim, também a fé, se não tiver
obras, por si só está morta. Mas alguém dirá: Tu tens
fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as
obras, te mostrarei a minha fé.” (Tiago 2: 17,18).
Onde a compaixão está ausente, o amor de Deus está ausente. “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer
necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer
nele o amor de Deus?” (1 João 3:17).
Quarto, toda a sua religião é vã - mesmo o jejum e a oração. Deus não está satisfeito com isso nem ouvirá suas orações. “A religião pura e sem mácula, para
com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas
tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.” (Tiago
1:27). Os judeus eram muito religiosos,
buscavam a Deus diariamente, desejavam muito o conhecimento de Deus e jejuavam
com frequência, e ainda assim reclamavam que Deus não os ouvia (Is 58: 5). Deus revelou, no entanto, que Ele não estava satisfeito com eles, pois
não eram compassivos nem benevolentes com os pobres. " Seria este o jejum que escolhi,
que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o
junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e
dia aceitável ao SENHOR? Porventura, não é este o
jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as
ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces
todo jugo? Porventura, não é também que
repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e,
se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?”, Isa 58: 5-7. Você reclama que Deus não lhe ajuda nem ouve sua oração? Não é de admirar, pois você não ouve o clamor dos pobres. “Quem fecha os ouvidos ao clamor do pobre, ele também clamará, mas não
será ouvido” (Pv 21:13).
Em quinto lugar, os julgamentos e maldições de Deus - tanto temporais
quanto eternos - virão sobre os impiedosos. O Senhor os amaldiçoa
e a seus bens, e pode ser que, mesmo nesta vida, eles sejam reduzidos a um
pedaço de pão, experimentem que seus filhos terão que implorar e ficar felizes
por haver abrigos, orfanatos e pensões para os pobres.
E mesmo que tudo isso não aconteça com eles nesta vida, isso acontecerá
eternamente. Quão assustador será ouvir esta
terrível frase no último dia em que o Senhor Jesus lhes disser: “Então, o Rei
dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive
fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo
forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me
enfermo e preso, não fostes ver-me.”, Mateus 25: 41-43! Tome nota disso; não se iluda promovendo
expectativas sobre você mesmo que está tudo bem. Jesus, que é a própria
verdade, está dizendo isso. Ou você acha que no
dia do julgamento Jesus dirá: "Você fez tudo isso", enquanto ainda
não o fez? “Porque o juízo é sem
misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A
misericórdia triunfa sobre o juízo.” (Tiago 2:13).
Crentes Exortados a Serem
Compassivos
E vocês, crentes - nos quais o
princípio da compaixão deve ser encontrado - podem observar a partir daquilo
que foi dito quanto falta ainda no que diz respeito à manifestação de sua
natureza compassiva; o que é um pecado abominável é
ficar sem piedade e não exercer compaixão; e do que você
consequentemente merece.
Que você se envergonhe de Deus,
fique profundamente humilhado e se abomine; e pode ser
acompanhado com um alegre e agradecido reconhecimento de que o Senhor Jesus
também removeu esses pecados pelo Seu sangue. Possa a
misericórdia de Deus levá-lo a exercer mais compaixão.
Portanto, vocês que são piedosos,
“semeiam para si mesmos em justiça, colhem em misericórdia” (Os 10:12); "Guarda a piedade e o juízo, e espera no teu Deus continuamente” (Os
12: 6). A fim de mover você mais para
esse fim, preste atenção aos assuntos a seguir com um
coração obediente.
Primeiro, os preceitos ensinam,
mas os exemplos atraem. Portanto, observe as pessoas
compassivas que viveram antes de você e deixaram um exemplo. O exemplo mais perfeito é o Senhor Jesus, a quem você deve seguir
com alegria e de bom grado, já que Ele é totalmente amável para você. Leia apenas a história de Sua vida, os evangelhos, e você perceberá
que todos os Seus passos não passavam de misericórdia. Repetidas vezes, você lerá: “Jesus sendo
movido com compaixão ...” Ele não ficou apenas comovido, mas sua compaixão
culminou em ações. Ele curou os doentes, alimentou os
famintos, e curou os oprimidos e atravessou o país inteiro fazendo o bem. Ao fazê-lo, Ele deixou um exemplo, para seguirmos os Seus passos. Portanto, por amor a Ele, conduza-se como Ele.
Seu nome "cristão"
também obriga você a isso.
Além disso, adicione a isso o
exemplo de Jó. Quem pode ler sobre sua compaixão sem ser
movido a seguir o exemplo dele? “Eu era olhos
para os cegos, e pés para os coxos. Fui pai dos pobres” (Jó 29: 15-16).
"16 Se retive
o que os pobres desejavam ou fiz desfalecer os olhos da viúva;
17 ou, se
sozinho comi o meu bocado, e o órfão dele não
participou
18 (Porque
desde a minha mocidade cresceu comigo como se eu lhe fora o pai, e desde o
ventre da minha mãe fui o guia da viúva.);
19 se a alguém vi
perecer por falta de roupa e ao necessitado, por não ter
coberta;
20 se os seus
lombos não me abençoaram, se ele não se
aquentava com a lã dos meus cordeiros;” (Jó 31: 16-20).
Isso foi exemplar.
Adicione ao exemplo deste homem o
exemplo de uma mulher compassiva: Tabita ou
Dorcas . Observe o seguinte:
“36 Havia em
Jope uma discípula por nome Tabita, nome este que, traduzido, quer dizer Dorcas; era
ela notável pelas boas obras e esmolas que fazia.
37 Ora,
aconteceu, naqueles dias, que ela adoeceu e veio a morrer; e, depois de a lavarem,
puseram-na no cenáculo.
38 Como Lida
era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali,
enviaram-lhe dois homens que lhe pedissem: Não demores em vir ter
conosco.
39 Pedro
atendeu e foi com eles. Tendo chegado, conduziram-no para o cenáculo; e todas
as viúvas o cercaram, chorando e mostrando-lhe túnicas e vestidos que Dorcas
fizera enquanto estava com elas.” (Atos 9: 36-39). Ela era mãe para os pobres! Ocasionalmente, ela não fazia uma boa ação, mas
estava cheia e repleta de boas obras e esmolas (donativos que são a
manifestação de compaixão). A palavra
grega elémosúneis é uma palavra
composta e derivada de eleéo, que significa ter compaixão . Assim, ela não apenas deu,
mas ela deu, comovida. Primeiro o coração foi
movido, e o coração assim moveu, por sua vez a mão. Ela não só comprou material do qual fazia roupas, mas seu amor benevolente era tão
grande que era seu prazer em costurar ela mesma e vestir as viúvas com o
trabalho de suas próprias mãos.
Em segundo lugar, a compaixão é
muito agradável a Deus e ao homem. Deus ama
essas pessoas e se agrada de suas ações:
"Deus ama um doador alegre” (2 Cor 9: 7); “Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois,
com tais sacrifícios, Deus se compraz.” (Hb
13:16). Se você deseja ser
amado por Deus e experimentar o Seu amor, e se ainda deseja por favor Deus, que
seu coração e sua mão sejam compassivos. As pessoas têm estima e
amor por quem é generoso e irão abençoá-lo em seus corações. Além disso, o doador experimenta mais alegria do que aquele que recebe o
presente.
Terceiro, os pobres e suas
necessidades são motivos muito poderosos para despertar um coração compassivo. Quando você observa uma pessoa piedosa que é
pobre, considere que Deus o ama, que o Senhor Jesus morreu por amor a ele, que
ele vive no gozo da comunhão e amor de Deus, e que ele viverá eternamente em
glória com você. Considere além disso, que agrada
ao Senhor mantê-lo pobre nesta vida e faz com que ele o encontre, para que você
possa ter a oportunidade de exercitar amor e compaixão (mesmo que Deus não
precise do seu dom, pode rapidamente tornar os pobres pessoas ricas ou apoiá-los
sem a sua ajuda). Além disso, considere como ele está angustiado
em sua casa, como ele observa seus filhos com tristeza, como seu coração se
quebra quando ele testemunha a fome e a nudez de seus filhos, e como ele clama
a Deus por ajuda. Se você considerar
tudo isso, não será possível que seu coração permaneça imóvel se existe
apenas o menor princípio de vida lá. Em vez
disso, tudo o que está dentro de você será movido para
a compaixão e sua mão se abrirá para ser generoso.
Quarto, a compaixão glorifica a
Deus, pois quando uma pessoa pobre e piedosa, tendo sido ajudada por você, vai
à sua cabana, e lá se alegra diante da face do Senhor, graças a Deus, louva a
Sua misericórdia, e é despertada para depositar sua confiança em Deus, e ora a
Deus que Ele possa derramar uma bênção sobre você de acordo com a alma e o
corpo - como alguém pode considerar tudo isso e não ter um desejo veemente de
ser compassivo? Além disso, (mesmo que você não faça isso para
ser visto pelos homens, e pode não se abster de fazê-lo simplesmente porque
pode ser do conhecimento das pessoas) sua luz se acenderá através disso, pois
em nenhum lugar o amor é mais aparente do que na manifestação da benevolência. Os piedosos verão isso, glorificarão e agradecerão
a Deus por isso, e serão instigados a imitá-lo. Será um meio
pelo qual outros serão atraídos para a verdade e ao
arrependimento. Se, portanto, é seu desejo
que Deus seja glorificado, agradecido, louvado; que os
piedosos se alegrem no Senhor e serem despertados para a compaixão, que por sua
vez fará com que outras pessoas pobres se regozijem em Deus; aquele Deus ser agradecido por muitos; e que os não
convertidos sejam levados ao Senhor Jesus - se você deseja
isso, então exerça compaixão:
"Deixe sua luz resplandecer
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso
Pai que está nos céus” (Mat 5:16).
Em quinto lugar, Deus faz
promessas eminentes aos que são compassivos.
(1) Deus considera que isso foi feito para com Ele, uma vez que foi
feito por amor a Ele; Ele vai ricamente recompensar o donativo
feito a ele. Embora os crentes tenham o
suficiente com a própria virtude e sejam mais motivados do
que a recompensa, eles devem, no entanto, deixar-se-ão levar por isso, pois
agrada a Deus despertá-los por meio de promessas. “Quem se
compadece do pobre ao SENHOR empresta, e este lhe paga o seu benefício.” (Pv
19:17); “Visto que você o fez a um
dos meus irmãos, você o fez para mim” (Mt 25:40).
(2) A recompensa será incomparavelmente maior que o seu donativo
insignificante: “E todo aquele que der para beber até um desses pequeninos, um
copo de água fria ... em verdade vos digo que ele nunca perderá sua recompensa”
(Mt 10:42); “dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida,
transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes
medido vos medirão também.” (Lucas 6:38); “O que semeia em abundância (isto é, de maneira
consistente e alegre) também ceifará abundantemente”
(2 Cor 9: 6).
(3) Você não precisa temer que sua genuína generosidade faça com que
você e seus filhos fiquem pobres. Se você acredita que
você estará tirando algo deles, considere que Deus os abençoará novamente em
resposta para a sua generosidade. Se isso não ocorrer da
maneira que você pensou que aconteceria, ocorrerá de maneira
diferente: “Quem der aos pobres nada lhe faltará” (Pv 28:27); “Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado,
nem a sua descendência a mendigar o pão. É sempre
compassivo e empresta, e a sua descendência será uma bênção.” (Sl 37: 25,26).
(4) O Senhor ajudará a pessoa compassiva quando experimentar dias de
angústia e ficar doente. "Bem-aventurado
o que acode ao necessitado; o SENHOR o livra no dia do mal. O SENHOR o protege,
preserva-lhe a vida e o faz feliz na terra; não o entrega à discrição dos seus
inimigos. O SENHOR o assiste no leito da enfermidade; na doença, tu lhe afofas
a cama.” (Sl 41: 1-3).
(5) Visto que a verdadeira compaixão é fruto da fé e do amor, a glória
eterna é prometida às pessoas compassivas. "Que
pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a
repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido
fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.” (1 Tim 6:
18,19).
“Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e
os cegos; e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem
eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a
receberás na ressurreição dos justos.” (Lucas 14: 13,14).
Oh, quão glorioso e agradável será no dia do julgamento ouvir esta voz
amável: “então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde,
benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me
destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes;
enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.” (Mt 25: 34-36). Quando tais pessoas compassivas, tendo feito o bem aos pobres entre os
piedosos que morreram antes deles, subsequentemente morrerem e chegarem ao céu,
os pobres que receberam sua benevolência os receberão no céu. “E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei
amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos
tabernáculos eternos.” (Lucas 16: 9).
Diretrizes para manifestar
compaixão
Tendo sido movido para ser
compassivo, é, portanto, necessário que você se comporte com sabedoria ao
manifestar compaixão. Para esse fim, é necessário observar
o seguinte:
Primeiro, as pessoas que devem
ser compassivas são os ricos, pessoas de meios moderados, pessoas de meios
limitados, assim como os pobres - ninguém é excluído. Todos devem ser movidos interiormente para a compaixão, que deve ser acompanhada
por uma pronta inclinação para prestar assistência. O donativo varia, no entanto; um dá muito, o
outro menos, e outro pouco. Cada um deve
dar de acordo com seus meios e consistentemente com a autoridade que ele tem
sobre certas posses. Alguém que não está sujeitado a
ninguém dá de uma certa maneira e alguém que é casado,
tendo filhos, de uma maneira diferente. As crianças podem dar
o que seus pais lhes dão para comprar algo bom ou delicioso. Eles o salvam total ou parcialmente, dando o que eles salvaram com um
coração generoso aos pobres.
Isso é agradável para Deus e o
homem. Os casados devem dar
esmolas individualmente. Não se pode deixar a mão esquerda
saber o que a mão direita está fazendo. Contudo, não
pode ser em detrimento da família. Em vez
disso, deve-se comer um pouco menos, fazer menos uma roupa ou usar uma certa
roupa um pouco mais de tempo para que a rotina da família seja mantida. Se, no entanto, é necessário dar uma medida maior, é necessário ser
discutido mutuamente. Se não for possível chegar a
um acordo, a doação não deve ser feita de todo, ou deve
ser reduzida até a parte resistente concordar. Se uma parte
for como Nabal, a outra parte deverá doar da maneira declarada.
Nesses assuntos, o marido tem
mais autoridade que a esposa. Quem não pode
compartilhar nenhum bem deve prestar assistência para quem precisa, e quem
não pode fazer isso deve orar com um coração compassivo para que o Senhor possa
ajudar os pobres.
Em segundo lugar, as pessoas a
quem devemos ser generosos são antes de tudo piedosas - e depois as não convertidas
entre os cidadãos, bem como as viúvas, os órfãos e os sem teto. Devemos ser particularmente generosos com aqueles que estão em exílio,
ou aqueles que devem fugir por causa da verdadeira religião. Os vagabundos comuns são geralmente bandidos que estariam
melhor numa casa de correção do que na rua. Se são saudáveis, a fome
talvez os ensine a trabalhar; ou, se forem inválidos, somos obrigados a lhes
dar um pedaço de pão.
Em terceiro lugar, o donativo deve proceder daquilo que é nosso e deve
ser dado de maneira justa. Dar
liberalmente enquanto se está profundamente endividado é roubo. É abominação diante de Deus dar uma porção aos
pobres daquilo que temos obtido por meios injustos ou por meio de jogos de azar,
para acalmar um pouco a consciência ou para expiar por uma transgressão. Isso não é mais agradável a Deus do que isto: “Não trarás salário de
prostituição nem preço de sodomita à Casa do
SENHOR, teu Deus, por qualquer voto; porque uma e outra coisa são igualmente
abomináveis ao SENHOR, teu Deus.”, Dt 23:18, Deus proibindo que
esses fundos entrassem no tesouro do templo.
Quarto, a maneira pela qual
esmolas devem ser dadas é:
(1) Com um coração simples: "... o que contribui, com
liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com
alegria." (Rm 12: 8). Assim, isso deve ser feito com um
coração verdadeiramente compassivo, uma mão gentil e sem buscar a própria honra,
para que o engajamento do coração e a mão, assim como o objetivo, devam estar
em harmonia e caracterizados pela sinceridade.
(2) Com alegria: "... quem
mostra misericórdia, com alegria" (Rm 12: 8); “... não de má vontade ou por necessidade: porque Deus ama quem dá com alegria” (2 Cor
9: 7). Isso significa que nos
regozijaremos por ter uma oportunidade tão boa, e portanto, devemos nos
engajar com os pobres com um semblante feliz e amigável. A doação de nossas esmolas então seja duplamente deleitável.
(3) Sabiamente; isto é, em relação a nós mesmos, de uma maneira em que não entregamos
tudo de uma só vez, nem enganamos nossa família. Pelo contrário, devemos
dar de uma maneira que possamos continuar a dar. No entanto,
em tempos extraordinários, algo extraordinário precisa ser feito. A sabedoria também deve ser exercida na medida em que as
pessoas estão preocupadas com quem damos. Alguns dos
pobres não administram bem seus negócios e não são diligentes
o suficiente. Os tais precisam ser ensinados a
serem prudentes por meio de uma exortação ou repreensão. É melhor contratá-los e ensinar-lhes a trabalhar; eles ganharão assim o que de outra forma lhes
damos. Não tem sentido dar dinheiro a
outras pessoas, pois eles não podem economizar bem ou têm tantas dívidas que
ficam imediatamente sem dinheiro novamente e, portanto, permanecerão igualmente
pobres. Nesses casos, às vezes é o curso de
ação mais prudente permitir que eles entrem na padaria uma vez por semana
para obter um pouco de pão e na mercearia uma quantidade semanal de grãos,
farinha, ervilhas e manteiga. Aqui nós devemos
fazer uma distinção entre pobres e pobres. Alguns têm muito
orgulho de admitir pobreza e, no entanto, sofrem falta.
No entanto, para isso, podemos
obter garantia dando-lhes dinheiro para que possam pagar suas dívidas
contraídas. Para os outros podemos pedir que
eles obtenham os bens enquanto pagam por eles mesmos. Devemos proceder da mesma maneira, tanto quanto com roupas estão em
causa. A abordagem mais prudente é comprar
pessoalmente linho e lã fortes, fazer as roupas, e depois
encaminhá-lo. Isso será muito mais
eficiente.
(4) Devemos ser firmes em nossa
generosidade. Não devemos fazê-lo com
pressa que se dissipa imediatamente, enquanto tudo termina em remorso por ter
dado tanto. Nossa doação deve ser
sempre proporcional à necessidade atual, fazendo portanto,
de acordo com nossas circunstâncias, e sem que isso prejudique nossa própria
situação. Não devemos estar cansados no
bem-estar, a compaixão culmina em receber a coroa. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles obterão misericórdia”(Mt
5: 7).
Nota do Tradutor:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da
nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam debaixo
de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual
eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei
determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento
substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que
seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi gerado
pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme
representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos
alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o
corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o
sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua
vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que
sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que
nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas
imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central
relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de
forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita
com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para garantir o
aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto venha a ser
somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a glória
celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que
busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois
tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo desta
condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que nos foi
dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem
perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por graça
e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios
desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós
mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a
aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais
poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo
Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo
sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote
foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação
eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para
este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito
Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
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