As Escrituras ensinam claramente que a única justiça
que agrada completamente a Deus é aquela decorrente da nossa união com Jesus.
Temos declarado
diretamente pelo Senhor Jesus que é por permanecermos nele que Ele permanece em
nós, e que é somente por esta condição que podemos ser atendidos por Deus em
tudo o que lhe pedirmos, e que seja segundo a Sua santa vontade.
“3 Vós já estais
limpos pela palavra que vos tenho falado;
4 permanecei
em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o
ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira,
assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.
5 Eu sou a
videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito
fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Se alguém não
permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo,
e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.
7 Se
permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis
o que quiserdes, e vos será feito.
8 Nisto é
glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.
9 Como o Pai
me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor.
10 Se
guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho
guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço.” (João
15.3-10).
Quando a alma se encontra em um bom estado em razão da operação de Deus
nela, pela presença de Jesus, pelo Espírito Santo, que a torna habilitada para
a comunhão com Deus, então há toda uma inclinação voluntária e amorosa para a
obediência a toda a vontade de Deus expressada em Seus mandamentos.
Não existe outro modo para se atingir este objetivo senão este único que
é ensinado claramente nas Escrituras.
Quando o crente vive deste modo, andando no Espírito e cumprindo os
mandamentos de Deus, há a manifestação das três pessoas da Trindade em Sua
vida, pois a consequência de tal modo obediente de viver pela justiça de Jesus
sempre há de operar este resultado.
“20 Naquele
dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim,
e eu, em vós.
21 Aquele que
tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama
será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.
22 Disse-lhe
Judas, não o Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a
nós e não ao mundo?
23 Respondeu
Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e
viremos para ele e faremos nele morada.
24 Quem não me ama não guarda
as minhas palavras; e a palavra que estais ouvindo não é minha,
mas do Pai, que me enviou.” (João 14.20-24).
Observe que Jesus abre as palavras deste discurso dizendo que o crente
saberá que “eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós.”
Há aqui uma unidade designada para o que crê com a unidade que há entre
Deus Pai e Deus Filho. E isto se tornou possível porque o crente foi
justificado pela graça, mediante a fé.
“1 Tendo
Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse:
Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a
ti,
2 assim como
lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida
eterna a todos os que lhe deste.
3 E a vida
eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
4 Eu te
glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer;
5 e, agora,
glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de
ti, antes que houvesse mundo.
6 Manifestei
o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e
eles têm guardado a tua palavra.
7 Agora,
eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti;
8 porque eu
lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e
verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste.
9 É por eles
que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus;
10 ora, todas
as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas;
e, neles, eu sou glorificado.
11 Já não estou no
mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai
santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como
nós.
12 Quando eu
estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum
deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.
13 Mas,
agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu
gozo completo em si mesmos.
14 Eu lhes
tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo,
como também eu não sou.
15 Não peço que os
tires do mundo, e sim que os guardes do mal.
16 Eles não são do
mundo, como também eu não sou.
17 Santifica-os
na verdade; a tua palavra é a verdade.
18 Assim como
tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
19 E a favor
deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam
santificados na verdade.
20 Não rogo
somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em
mim, por intermédio da sua palavra;
21 a fim de
que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em
mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para
que o mundo creia que tu me enviaste.
22 Eu lhes
tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como
nós o somos;
23 eu neles,
e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que
o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a
mim.
24 Pai, a
minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste,
para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da
fundação do mundo.
25 Pai justo,
o mundo não te conheceu; eu, porém, te conheci, e também estes
compreenderam que tu me enviaste.
26 Eu lhes
fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que
me amaste esteja neles, e eu neles esteja.” (João 17.1-26).
Observe que o tema central na oração sacerdotal de Jesus pelos crentes é
no sentido de que eles devem participar da unidade em amor que há na Trindade,
por meio da santificação de suas vidas.
Somente isto ode atender à demanda completa da justiça divina porque o
homem foi criado para ser à imagem e semelhança de Deus.
Nada que for menor do que isto poderá ser aceito por Deus para que Ele
esteja perfeitamente satisfeito com aqueles que criou para tal propósito.
É muito comum de se ver mesmo entre os crentes a noção incorreta de que
eles sempre agradam a Deus independentemente da condição em que vivam, pelo
argumento de que foram salvos pela graça.
Este pensamento é alimentado pela ideia de que Jesus veio até eles pelo
Espírito Santo e os perdoou de seus pecados para sempre, e que agora tudo
quanto devem fazer é apenas afirmar que creem que ele é o salvador deles.
Este modo de pensar está baseado na imaginação de que a salvação
consistiu em uma vinda de Jesus até eles em determinado dia, tendo realizado a
salvação deles, e que e agora em diante tudo o que precisam é ir de vez em
quando a Ele sempre que tiverem alguma necessidade especial para ser atendida,
sobretudo nos momentos de aflição.
Mas permanência, constância, perseverança em estar unido em espírito a
Jesus é tudo o que se exige dos crentes para o agrado de Deus, e a conclusão da
sua obra de santificação em suas vidas.
A comunhão com Deus e a Sua vontade não podem ser realizadas sem esta
permanência, pois de outro modo, não é cumprida toda a justiça.
É certo que nossa justiça não vem de nós mesmos, pois é o próprio Jesus
Cristo a nossa justiça. Mas isto, em vez de nos conduzir à independência, ao
contrário, nos conduz à completa dependência dEle. Não é sem motivo que nos é
ordenado a orar sem cessar e a meditar na Palavra dia e noite, vigiando em todo
o tempo, porque a carne é fraca.
A prática do hábito da santificação deve ser aperfeiçoado a ponto de
podermos dizer juntamente com o apóstolo
Paulo:
“19 Porque eu,
mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou
crucificado com Cristo;
20 logo, já não sou eu
quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne,
vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.”
(Gálatas 2.19,20).
Está designado por Deus que o justo viverá pela sua fé, mas esta fé não
é algo nocional, mas um poder que nos é dado por Ele como um dom, para ser
aumentado e aperfeiçoado nas tribulações, de modo que o nosso ego seja
crucificado para que Jesus tome o inteiro comando de nossa mente e coração.
A vida de fé é uma vida de obediência e comunhão com Deus, assim como a
teve o nosso pai na fé, Abraão.
O Reino de Deus tem a sua justiça que é a única justiça que há de
prevalecer na Terra depois da volta de Jesus.
“buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas
estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6.33).
“17 Porque o
reino de Deus não é comida nem bebida, mas
justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
18 Aquele que
deste modo serve a Cristo é agradável a Deus
e aprovado pelos homens.” (Romanos 14.17,18).
Ainda que sejamos justificados pela graça, mediante a fé,
instantaneamente no dia mesmo da nossa primeira conversão a Jesus, sendo o ato
da justificação um ato declarativo, imputativo da justiça de Cristo sendo
atribuída a nós, para sermos aceitos como filhos de Deus, importa, entretanto caminhar
de modo justo pelo exercício da mesma graça e fé que nos justificou, para a
nossa santificação.
Esta é a razão de muitos crentes serem sujeitados a duras repreensões e
disciplina da parte de Deus, por não procederem segundo a justiça divina que os
salvou.
“1 De onde
procedem guerras e contendas que há entre vós? De
onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?
2 Cobiçais e nada
tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer
guerras. Nada tendes, porque não pedis;
3 pedis e não
recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.
4 Infiéis, não
compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele,
pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
5 Ou
supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o
Espírito, que ele fez habitar em nós?
6 Antes, ele
dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos,
mas dá graça aos humildes.
7 Sujeitai-vos,
portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
8 Chegai-vos
a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos,
pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração.
9 Afligi-vos,
lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em
tristeza.
10 Humilhai-vos
na presença do Senhor, e ele vos exaltará.” (Tiago 4.1-10).
Todo este empenho para viver em um procedimento santo não é para ser
justificado, porque isto já aconteceu na vida do crente no passado quando ele
se converteu, mas é para que se atenda ao propósito da justificação que é este
de que o crente viva de modo justo e santo a partir de então, crescendo em
graus cada vez maiores desta justiça e santificação, que é o resultado da
aplicação da Palavra em sua vida pelo Espírito Santo.
“5 Porque, se
fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente,
o seremos também na semelhança da sua ressurreição,
6 sabendo
isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do
pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos;
7 porquanto
quem morreu está justificado do pecado.
8 Ora, se já morremos
com Cristo, cremos que também com ele viveremos,
9 sabedores
de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a
morte já não tem domínio sobre ele.
10 Pois,
quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto
a viver, vive para Deus.
11 Assim também vós
considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.
12 Não reine,
portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas
paixões;
13 nem ofereçais cada
um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas
oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a
Deus, como instrumentos de justiça.
14 Porque o
pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e
sim da graça.
15 E daí? Havemos
de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo
nenhum!
16 Não sabeis
que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a
quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a
justiça?
17 Mas graças a Deus
porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de
doutrina a que fostes entregues;
18 e, uma vez
libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.
19 Falo como
homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos
membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade,
assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a
santificação.
20 Porque,
quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça.
21 Naquele
tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos
envergonhais; porque o fim delas é morte.
22 Agora, porém,
libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto
para a santificação e, por fim, a vida eterna;
23 porque o
salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida
eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 6.5-23).
Destacamos a seguir algumas citações de Thomas Boston sobre este
assunto:
A lei
exigia a santidade da natureza como condição da vida, na medida em que
condenando o pecado original, diz: "Não cobiçarás", concluindo que
todos os homens por natureza são filhos da ira. Por Deus ser
essencialmente santo, por necessidade da natureza, nada pode ser tão contrário
a Deus como uma natureza profana; porque, embora pessoas
ou coisas de natureza semelhante possam ser contrárias em alguns pontos, ainda
assim eles nunca podem ser tão contrários um ao outro, como aqueles de
naturezas opostas. Mas as partes contratadas na aliança da
graça, tendo sua natureza totalmente corrompida e sendo incapaz de purificá-la
ou de limpar seu coração, Prov. 20: 9; é evidente, que eles não
poderiam de maneira alguma responder a essa exigência da lei por si mesmos.
Portanto, para a satisfação da lei neste
ponto, foi estabelecida como um artigo condicional da aliança da graça, que
Cristo, o segundo Adão, representando-os, deveria ser um homem perfeitamente
santo, puro e de natureza imaculada, respondendo por eles pela santidade e
perfeição de natureza exigida pela lei.
O artigo contém duas cláusulas.
I. "Que ele, como o segundo Adão, deve
ser concebido e nascido santo, por e em vez deles corruptos em sua natureza,
concebidos e nascidos em pecado ".
Havia uma natureza santa dada a Adão como a
raiz da humanidade, para ser mantida e transmitida à sua posteridade, no
caminho da geração natural. E com base nisso, a lei exige que todos os
homens nasçam santos, declarando-os impuros e filhos da ira, pelo contrário, Jó
14: 4; Efésios 2: 3. Mas como essa demanda
poderia ser atendida por pecadores? Eles nascem em pecado:
eles não podem entrar novamente
nos ventres, e nascer uma segunda vez, sem pecado. Não, eles não podem: e ainda a lei
não retira essa demanda por vida. Portanto, é previsto que Cristo,
como pessoa pública, representando sua semente espiritual, deve nascer
perfeitamente santo; que, enquanto eles trouxeram uma natureza
corrupta pecaminosa para o mundo com eles, ele deve trazer uma natureza humana
sagrada para o mundo com ele. E então ele foi o último Adão, 1 Cor. 15:45, santo e
imaculado, Heb. 7:26, "aquele ente santo nasceu",
Lucas 1:35. E o efeito disso com respeito a essa
exigência de lei para a vida é que todos os crentes têm um acerto de contas na
lei, sendo nascidos santos no segundo Adão, assim como eles foram criados
santos no primeiro Adão. Por isso se diz expressamente que ele foi
crucificado nele, Colossenses 2:11, o que pressupõe claramente que nasceram
nele. E é em virtude de terem nascido legalmente
santos em Cristo, quando ele nasceu, que, estando unidos a ele no tempo dos
amores, eles realmente nascem de novo, e são aperfeiçoados; mesmo em virtude de
serem legalmente contaminados em Adão, quando ele pecou, eles são realmente contaminados em suas próprias
pessoas, vindo ao mundo: a natureza santa sendo realmente comunicada a eles de
Cristo, sua cabeça espiritual, em quem eles nasceram legalmente piedosos; mesmo quando a corrupção da natureza lhes é transmitida de fato em
Adão, sua cabeça natural, em quem pecaram, segundo as leis.
2. A outra cláusula é: "Que Cristo, como
o segundo Adão, retenha a santidade da natureza inviolada até o fim, para eles
e em seu nome ".
A lei, ou pacto de obras, exigia, como
condição da vida, que a santidade da natureza, dada à humanidade em Adão, deve
ser preservada pura e incorrupta. Mas estava perdida: e
colocando o caso, que havia sido restaurada, eles não poderiam tê-lo retido, em
suas próprias pessoas, sem manchas em meio a muitas armadilhas. Portanto, para
satisfazer a demanda legal neste ponto, foi desde que, no homem Cristo, como
pessoa pública representativa de sua semente, sua natureza deve ser mantida
perfeitamente santa até o fim, sem a menor mancha ou contaminação: Isa. 42: 4, "Ele não falhará;" ou "ele não deve ser fraco",
ou ter rugas, como a pele quando a umidade é esgotada.
Aí o primeiro Adão falhou. Ele brilhou na pureza da
natureza, quando veio das mãos do Criador: mas ele falhou, ficou fraco; a santidade de sua
natureza foi esgotada pelo pecado, toda a humanidade nele perdeu sua
espiritualidade, beleza e ficou enrugada.
Mas agora que o segundo Adão não falhou, mas preservou
a santidade da natureza humana até o fim de sua vida; os restos da corrupção
da natureza dos crentes não lhes é
imputada, Romanos 4: 8; mas tão contaminados quanto
eles estão em si mesmos, através daqueles restos que se apegam a eles, ainda
que em Cristo, sua beleza é fresca, e não estragada, de acordo com Cantares 4: 7: "Tu és toda
formosa, meu amor, não há ruga em ti."
Isto também a lei insistia como condição de
vida; e justamente: porque Deus deu a Adão, e toda
a humanidade nele, uma lei a ser obedecida em todos os pontos; não apenas em
virtude do vínculo do dever natural, mas em virtude do vínculo de uma aliança
para a vida: mas que nunca foi cumprida por eles.
O primeiro Adão começou de fato, o curso da obediência; mas ele rapidamente caiu
disso, com toda a sua semente natural nele. Agora, sendo
inconsistente com a honra da lei, que o prêmio, a saber, a vida eterna, deve
ser obtido sem a corrida que foi executada; ele ainda insistia,
dizendo: "Se você
deseja entrar na vida, guarde os mandamentos", Mateus 19:17. No entanto,
éramos fracos, imóveis, sem força para correr essa corrida. Portanto, foi
estabelecido como outro artigo condicional da aliança entre o Pai e o Filho,
"Que Cristo, como pessoa pública, representada por quem ele contratou,
deveria começar e aperfeiçoar o curso da obediência à lei na justiça da
vida." E consequentemente, ele se tornou obediente até a morte, Filipenses 2: 8.
A lei, que era a regra dessa obediência,
exigida dele, era a mesma lei dos dez mandamentos, que foi dada a Adão, e era
vinculativa a nós como debaixo dela: porque ele foi criado sob a lei, para
resgatar os que estavam sob a lei, Gal. 4: 4, 5.
“4 vindo, porém, a
plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a
lei,
5 para
resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a
adoção de filhos.” (Gálatas 4.4,5).
Para que possamos compreender mais claramente
este artigo condicional da aliança da graça, pode ser observado que ele
compreende estas três coisas seguintes.
1. "Que ele, como o segundo Adão, deve
obedecer a toda a lei, em nome daqueles que ele representava." Esta era
uma dívida devida por todos eles; e foi exigida deles pela lei, como condição
de vida: Gal. 3:10. "Maldito é todo aquele que não
continua em todas as coisas que estão escritas no livro da lei para
fazê-las."
Mas a resposta a essa demanda foi bastante
além do seu alcance. O homem, na queda no pecado, tendo perdido
muito de seu conhecimento da lei, havia perdido de vista muitos dos deveres exigidos
nela: no entanto, a ignorância da lei não dispensa homem algum. Seu coração era avesso e estava em
inimizade contra a lei, Romanos 8: 7. E ele estava sem força para desempenhar as
funções nela exigidas, cap. 5: 6. De modo que, pela razão de ignorância, aversão
e impotência nesse assunto, a obediência de toda a lei não era para ser deles. Portanto, foi fornecido,
que Cristo, como seu representante, deve obedecer por todo o mundo a lei para
eles; que ambas as tábuas da lei e cada mandamento
delas, deve ter a devida obediência dele; que a lei está sendo
estabelecida diante dele em sua espiritualidade e extensão total, ele deve
responder plenamente, em obediência interna e externa, em sua mente, vontade e
afetos, em pensamento, palavra e ação; que ele deveria se
conformar com toda a lei natural e a todas as instituições divinas, cerimoniais
ou políticas, de modo a ser circuncidado, guardar a páscoa, ser batizado, ser
servo ou sujeito a governantes, prestar homenagem a quem fosse devido, e
similares: em uma palavra, que ele deve realizar toda a vontade de Deus,
significada em sua lei; para que, com a segurança da honra da lei, seu povo
possa ter vida.
No que o primeiro Adão falhou, o segundo Adão
cumpriu. E isso eu tomo ser representado para nós, no caso
do primeiro e do segundo rei de Israel, ou seja, Saul e Davi, Atos 13:22. "Encontrei Davi,
filho de Jessé, um homem segundo o meu coração, que cumprirá toda a minha
vontade." No qual há uma visão clara de Saul, que era parcial em sua
obediência à vontade de Deus (1 Sam. 15) e, nesse ponto, perdeu o reino para si
e para os dele.
2. "Que toda parte dessa obediência seja
levada ao mais alto tom e grau. " Isto a lei exigia deles, como condição
de vida; como o próprio Senhor mostrou ao doutor da lei em Lucas 10:27:
"Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma, e
com toda a tua força e com toda a tua mente; e teu próximo como a ti
mesmo." Verso 28, "Faça isso, e você viverá." Mas era uma demanda que
eles nunca poderiam ter respondido, já que Adão havia desperdiçado seu estoque
de habilidades, e deixou-os sem força.
Por isso foi acordado que Cristo deveria, em
seu nome, obedecer à lei nessa perfeição, sendo feito sob a lei, como estava
sob ela, Gal. 4: 4, 5; que toda sua ação
deveria suportar, não apenas a bondade do assunto, mas também e com perfeição; que o amor a Deus e ao
homem deveria acender a chama em sua santa alma humana, ao máximo tom exigido
pela lei; e para que a dívida devida por sua semente possa ser liquidada por
ele, atuando como homem público em seu nome.
3. Por fim, "que tudo isso deve
continuar até o fim, sem a mínima falha em um ou dois trechos ou graus de
obediência". Essa também foi uma condição de vida declarada no primeiro
pacto; Gal. 3:10, "Maldito seja
todo aquele que não continua em todas as coisas que estão escritas no livro da
lei para fazê-las." Mas era uma exigência a que eles não podiam de forma
alguma responder; a natureza do homem está tão viciada pela queda, que se mil
infernos fossem deitados sobre ele, o melhor da terra não poderia manter-se
perfeitamente certo uma hora.
Portanto, foi acordado que o segundo Adão
deveria, em nome daqueles que ele representou, continuar em todas as coisas
escritas na lei para fazê-las, até o fim; que ele não deve falhar em seu
curso iniciado de obediência,
mas correr até o final da corrida diante dele; que desde o útero até a sepultura, seu
coração e sua vida devem brilhar na perfeição da santidade. Tudo o que ele cumpriu,
sendo obediente até a morte, Filipenses 2: 8.
Até aqui as palavras de Thomas Boston.
Nós entendemos pela exigência do acordo da
aliança da graça feita entre o Pai e o Filho, antes mesmo da fundação do mundo,
para a salvação de pecadores, que Cristo, como o representante e última cabeça
da raça humana, designado para ser o gerador de uma nova natureza espiritual
nos que creem, deveria ser obediente até o fim, e permanecer em santidade
eternamente para poder sustentar as vidas de todos os eleitos nele, como sendo
o maior argumento para a própria permanência, constância e perseverança dos
eleitos em santidade de vida. Ainda que eles venham a falhar nisto, todavia não
cairão da aliança, porque Cristo é o Fiador deles e quem responde por todas as
falhas deles perante o Pai, pois, na aliança, Ele é o Substituto deles em todas
as coisas. Jamais foi previsto na nova aliança feita entre o Pai e o Filho que
eles permaneceriam como filhos somente no caso de apresentarem uma obediência
permanente e perfeita, porque jamais poderiam fazê-lo por si mesmos, de modo
que isto foi designado ao Filho para cumpri-lo como exigência no lugar deles.
Em assim sendo, em qualquer condição ou
circunstância, a justiça do crente sempre será contada por sua permanência em
Cristo e não por suas próprias obras, porque Jesus foi designado na aliança
para ser a justiça de todos os que nele creem.
Não é sem motivo que somente as boas obras
que são feitas nEle e por Ele, trazem glória ao nome de Deus Pai.
Ninguém será aceito ou aprovado pelo Pai a
não ser por meio de Jesus, que é o único Mediador entre Deus e os homens.
Por isso todas as nossas orações devem ser
feitas em nome de Jesus, pois sem este fundamento jamais serão atendidas pelo
Pai, porque assim como o Filho Honra o Pai, o Pai em tudo honra o Filho.
Agora, isto não deve ser entendido que
podemos ter um viver descuidado uma vez que nos encontramos salvos por uma
aliança de graça, porque o ato de permanecer em Jesus significa sobretudo
permanecer em santificação, pois sem santidade de vida, não é possível
permanecer em comunhão com Ele.
Se vivermos segundo a carne, e não segundo o
Espírito, entristecemos o Espírito Santo e apagamos a sua atuação em nós, e não
recebemos a habitação do Espírito Santo quando cremos em Cristo, para que
vivêssemos em pecado. Ao contrário, Ele nos foi dado não somente para nos
regenerar, como também para nos santificar.
Então, somos advertidos pelo Senhor, quando
cremos nEle, a não nos descuidarmos da vida de oração e de vigilância, para que
não sejamos vencidos pela carne que é fraca.
Assim como não é possível permanecermos em
comunhão com Jesus, a não ser pela operação do Espírito Santo em nós, de igual
modo, esta permanência não é possível caso não nos esforcemos em exercitar as
nossas graças com vistas ao nosso aperfeiçoamento espiritual.
Daí nos exortar o apóstolo dizendo que os
crentes que vivem no Espírito Santo, devem também andar no Espírito, ou seja,
ter todo o seu procedimento instruído e dirigido por Ele. (Gál 5.25).
APÊNDICE:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Isto nos levou a tomar a iniciativa de apresentar a
seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da nossa
salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam
debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual
eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do seu sangue, porque a lei determina
que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que
seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi
gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que partimos
na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme representado pelo
vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos alimentarmos dEle. Por
isso somos ordenados a comer o pão, que representa o corpo de Jesus, que é
verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que é
verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que
sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que
nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da salvação
que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas
imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central
relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de
forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi
feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para
garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a
glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que
busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessadas em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois
tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo
desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que
nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e assim
sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem
perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nossos aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por
graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios
desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós
mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a
aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais
poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nosso Sumo Sacerdote e
Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum ofertante ou
oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo sacerdote escolhido
por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai
para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação eternas, senão somente
nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para este ofício.
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