A justiça da Graça é pela
fé em Cristo e a justiça da Lei é pelo cumprimento perfeito dos mandamentos da
Lei.
A justiça da Lei com seus sacerdotes,
sacrifícios de animais, cerimônias e obediência aos mandamentos, não são
suficientes e nem eficazes para satisfazer a justiça de Deus. Isto é feito
somente pela justiça da graça com a fé no sacrifício e sacerdócio de Cristo.
Somente Cristo poderia ser o sacrifício e o
sacerdote que convém a pecadores para que possam ser apresentados por Ele a
Deus.
Um sacerdote é uma pessoa pública, que lida
com um Deus ofendido em nome do culpado, pela reconciliação pelo sacrifício, que
ele oferece a Deus sobre um altar, sendo chamado por Deus para este ofício,
para que ele possa ser aceito. Então um sacerdote fala de uma relação com um altar, um altar
com um sacrifício pelo pecado.
Aqueles a quem Cristo representou na aliança
como pecadores, ele se tornou seu Sumo Sacerdote, aparecendo diante de Deus em
seu nome, para fazer expiação e reconciliação por eles.
Desde que o primeiro homem pecou, tornando-se
desagradável à justiça e santidade de Deus, dali em diante, todo aquele que
buscasse se arrepender do pecado e se aproximar de Deus deveria fazê-lo através
de um mediador que fosse sacerdote chamado por Deus para agir entre Ele e o
pecador, e isto foi feito na dispensação do Antigo Testamento, ou da Lei, com a
chamada de Abraão e seus descendentes para o exercício do sacerdócio, e somente
eles poderiam fazê-lo porque foram consagrados por Deus especialmente para este
ofício.
Tudo isto, no entanto, tipificava aquele
grande mediador e sacerdote por meio de quem a aproximação de pecadores era
possível diante de Deus, mesmo no período da Lei ou Antiga Aliança.
Somente isto seria considerado justo, porque
a Justiça divina não permite que haja aproximação para comunhão entre luz e
trevas, e de pecadores com um Deus santo.
O sacerdote que atenderia de fato às demandas
da justiça divina, deveria oferecer dons e um sacrifício que fosse idôneo para
realizar a satisfação completa da justiça, que exige a morte do transgressor da
Lei de Deus.
A transgressão do pecador não foi dirigida
contra criaturas mas contra o próprio Deus eterno, infinito e perfeito, de modo
que o sacerdócio e o sacrifício que se interporiam em favor de pecadores,
deveriam ser também de alguém que fosse eterno, infinito e perfeito, a saber,
somente o próprio Deus poderia fazê-lo, e como o Pai foi a parte diretamente
ofendida, o advogado do pecador deveria ser divino mas que pudesse reconciliar
a parte ofensora (pecador) com a ofendida (Deus Pai).
O Espírito Santo, sendo o operador na
Trindade de tudo quanto deva ser criado ou realizado, assim como se encontrava
sobre as águas no princípio da criação para gerar tudo o que foi ordenado pela
Palavra (Jesus), Ele também seria o continuador destas operações na nova
criação espiritual que seria gerada pelo Verbo, ou Palavra.
Então, por ordem na Trindade, Jesus deveria
ser designado o Sacerdote e Mediador desta nova criação.
Todo este arranjo da Graça é perfeitamente
justo, pois é por ele que se atende a todas as demandas da própria justiça
divina.
“Pois,
segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos
como que primícias das suas criaturas.” (Tiago 1.18).
“Pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas
de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.” (I
Pedro 1.23).
“Todo aquele
que é nascido de Deus não comete pecado; porque nele permanece a
sua semente; e ele não pode
pecar, porque ele nasceu de Deus” (1 João 3: 9).
A este poder vivificante da Palavra de Deus, mediante a eficácia
comunicada pela graça de Jesus aos que nEle creem, sendo assim justificados e
regenerados pelo Seu poder, referem-se várias passagens das Escrituras,
designando este fruto da Justiça como sendo uma Semente incorruptível, que
trazendo o tegumento da vida eterna, sempre gera vida e renova o crente, ainda
que haja momentos em que a vida espiritual pareça ter morrido nele para sempre.
Se a vida eterna dependesse da própria justiça do crente ele estaria de fato
irremediavelmente morto e perdido para sempre, mas como é decorrente da graça e
da iniciativa de Deus, segundo a Justiça de Jesus, Ele sempre o levantará deste
estado de morte espiritual, para o de vida, segundo o poder de vida que há
nesta semente divina que foi implantada nele desde a sua conversão inicial.
Não é dito em I João 3.9: “Eles não podem
pecar se conservarem a semente de Deus e se continuarem a nascer de Deus.” Em
vez disso, está escrito: “ ... porque a semente de Deus permanece neles e
porque eles são nascidos de Deus.” Aqui temos uma proposição absoluta: eles não
pecam e não podem pecar. Esta proposição é confirmada
por argumentos que são absolutos e estabelecidos: pois a semente de Deus permanece nele, pois ele nasceu de Deus.
A condição que foi alcançada pelo crente em Cristo é ao que se refere
ter a habitação da divina semente, pois foi salvo exclusivamente pela graça,
mediante a fé, mas para o propósito de ser santificado pelo Espírito, e isto é
a semente de vida que nele permanece, pois Deus certamente haverá de concluir a
obra que iniciou na conversão, e o crente jamais perderá a condição alcançada
de filho de Deus.
Wilhelmus à Brakel se refere a esta verdade nos seguintes termos:
“Negamos veementemente que os verdadeiros crentes possam ficar sujeitos a
pecados reinantes. A passagem: “Aquele que não ama a seu irmão
permanece na morte”, 1 João 3:14, não é prova disso. A referência aqui é ao não convertido, e eles são assim distinguidos
dos verdadeiramente convertidos que amam os irmãos. É dito que os que
não amam os irmãos permanecem na morte e, assim, nunca
foram trazidos à vida. De fato, admitimos que os
verdadeiros crentes podem cair em grandes pecados; no entanto, o pecado não tem domínio sobre
eles. Existe e permanece uma guerra, e
mesmo que o homem regenerado fosse subjugado por uma temporada, ele, no
entanto, não lhe obedece como seu senhor. Ele sempre se
levantará e a semente de Deus permanecerá.”
Uma justiça que fosse segundo as obras da Lei, jamais alcançaria esta
condição retrorreferida, pois, neste caso o que haveria seria a justiça do
próprio homem, e não a divina que é atribuída e implantada nele pela graça,
mediante a fé, e como já temos dito anteriormente, não há justiça que possa satisfazer
à de Deus, senão a própria justiça perfeita de Jesus em nós.
Além disso, antes de podermos nos aplicar à prática das obras da justiça
eterna e celestial, por sermos todos pecadores, necessitamos de uma operação de
expiação da nossa culpa, de modo que possamos ser aceitáveis a Deus, e isto,
somente Jesus pode fazer por meio do seu sacerdócio e sacrifício.
Qual foi o motivo de os ímpios de Israel terem sido conduzidos por Deus
ao cativeiro nos dias dos profetas no Velho Testamento, e depois terem sido
espalhados pelas nações nos dias apostólicos, senão que eles haviam sido
rebeldes à antiga aliança e recusaram a nova aliança que estava sendo oferecida
a eles em Jesus Cristo, respectivamente? Estes que se recusam a entrar em
aliança com Deus, para temê-lo, amá-lo e servi-lo, são por Ele rejeitados, pois
não podem atender ao requisito básico da comunhão em santidade com o Altíssimo,
o qual só pode ser cumprido por aqueles que são nascidos de novo do Espírito, e
nos quais permanece a divina semente que lhes impede de se afastarem de Deus. E
estes, quando pecam são corrigidos e disciplinados por Ele, mas não deixa de
ser misericordioso para com eles, porque o laço de amor entre Pai e filhos é
indissolúvel e eterno.
A necessidade de um sacrifício na segunda
aliança surgiu da justiça de Deus exigindo a execução da maldição da primeira
aliança quebrada; pela qual o pecador deve cair em sacrifício por seu pecado,
de acordo com isso.
A maldição não pode ser removida porque é
segundo a justiça divina em razão do pecado, mas o pecador poderia ser
resgatado de debaixo da dela, se este Substituto perfeito, eterno e infinito se
fizesse maldição em seu lugar.
“13 Cristo nos
resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar
(porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),
14 para que a
bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim
de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.” (Gálatas 3.13,14).
Se a justiça exige tal satisfação à Lei quebrada, para o resgate da sua
maldição, então jamais poderíamos realizar tal satisfação por nossos próprios
méritos e obras, os quais são finitos e imperfeitos.
Daí dizer o apóstolo:
“13 Cristo nos
resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar
(porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),
14 para que a
bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim
de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.” (Filipenses 3: 8, 90.
“sabendo,
contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em
Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos
justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei,
ninguém será justificado.” (Gálatas 2.16).
“21 Mas agora,
sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos
profetas;
22 justiça de Deus
mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há
distinção,
23 pois todos
pecaram e carecem da glória de Deus,
24 sendo
justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo
Jesus,
25 a quem
Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para
manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância,
deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
26 tendo em
vista a manifestação da sua justiça no tempo
presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.
27 Onde,
pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo
contrário, pela lei da fé.
28 Concluímos, pois,
que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da
lei.” (Romanos 3.21-28).
Uma justiça que respondesse somente ao cumprimento da Lei por parte de
pecadores que são por natureza imperfeitos, jamais poderia ser uma justiça
perfeita, e a razão disso é muito simples e clara, uma vez que sendo Deus
perfeitamente justo e santo, importa que aquele que for justificado seja
habilitado para isto, e a única forma de obter tal perfeição é somente pela fé
do evangelho, que nos introduz na esperança da salvação em Cristo, de que
seremos aperfeiçoados até a Sua plena estatura, quando atingirmos o estado de
glória, conforme prometido na Palavra, e comprovado pelo crescimento espiritual
progressivo que fazemos ainda nesta vida, sendo transformados de glória em
glória e de fé em fé, pelo recebimento de medidas maiores da graça de Deus em
nossa santificação.
Como tudo isso se refere à vida do próprio Cristo que é infundida em
nós, e que se manifesta mediante a nossa fé nEle, então é dito nas Escrituras
ser o próprio Cristo a nossa justiça.
“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus,
sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,” (I Cor
1.30).
“Nos seus dias, Judá será salvo, e
Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado:
SENHOR, Justiça Nossa.” (Jeremias 23.6).
A justiça que é segundo Deus não decorre somente de punição de
transgressões ou restituições feitas às partes ofendidas, mas a um caráter
verdadeiramente justo, a um estado santo e bom da alma, que possa estar em
perfeita e completa obediência e amor a Ele.
Como alguém poderia obter isto sem ser redimido e aperfeiçoado por Jesus
Cristo?
Como poderíamos ser espirituais e não carnais, de modo a atender em tudo
a Deus que é Espírito?
Necessitávamos de Alguém que além de fazer a expiação da nossa culpa e
pecados, fosse também espírito vivificador para nós, para que pudéssemos nascer
de novo, por um nascimento espiritual, que nos tornasse novas criaturas para
Deus.
Como é somente isto que atende ao plano eterno de Deus, e a tudo o que
Ele é em Sua pessoa e caráter, então somente disto pode ser dito ser justo perante
Ele.
“15
E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de Melquisedeque, se
levanta outro sacerdote,
16 constituído não conforme
a lei de mandamento carnal, mas segundo o poder de vida indissolúvel.”
(Hebreus 7.15,16).
Observe bem esta expressão usada pelo apóstolo: “poder de vida
indissolúvel”, com o qual Jesus foi constituído sumo sacerdote eterno por Deus
Pai.
A Lei constituía sacerdotes que não tinham este poder de comunicar a
vida celestial, espiritual e divina aos crentes, porque eram homens pecadores
tanto quanto aqueles aos quais oficiavam. Mas nosso Senhor, sendo mais elevado
do que os céus, Deus de Deus, é espírito vivificante, e esta vida que há nEle é
implantada em nós em graus cada vez maiores, na medida da nossa comunhão com
Ele e fidelidade a um andar nos Seus caminhos.
Esta questão de justiça da lei e justiça da graça, não é portanto um
mero assunto de se ter ou não um proceder justo segundo os homens, mas em se
ter esta vida do céu, conforme a mesma é comunicada a nós, transformando-nos de
glória em glória, à própria imagem e semelhança do Senhor.
Cristo é a nossa justiça, e o fim da Lei é Cristo para todo aquele que
crê.
A Lei não pode operar tudo o que a justiça exige.
A Lei não opera pela fé, senão somente a graça. E como somos salvos pela
graça, importa que esta salvação seja pela fé, e não pelas obras da Lei.
A Lei é letra e a graça é poder. O que a letra da Lei não pode fazer
para vencer o pecado, a graça não somente o vence como passa a exercer o
domínio na vida do crente em seu lugar.
A obediência da fé foi a única obediência pela qual a condição da
aliança da graça foi realizada; e assim pecadores teriam vida, não por nenhum trabalho
pessoal ou ação deles, mas pela obediência do próprio Cristo, nosso
representante a quem Deus graciosamente fez a promessa da vida.
Assim,
a aliança da graça exclui nossa vanglória. Isso está claro em Romanos 3:27, "Onde,
pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo
contrário, pela lei da fé.”
Portanto, uma vez que a aliança da graça é
tão estruturada, que não deixa terreno para nossa vanglória, nenhuma obra
nossa, senão a obediência perfeita de Cristo à Lei, cumpre toda a justiça.
“Não por
obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele
nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito
Santo.” (Tito 3: 5)
“8 Porque
pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de
Deus;
9 não de
obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2.8,9).
Ainda que o homem não tivesse caído no pecado, ele não teria motivo para
se gloriar por ser justo, porque isto seria nele o resultado da operação da
graça divina. A mesma graça que está operando agora nos eleitos.
É justo que Deus exija conformidade absoluta à Sua pessoa, santidade e
caráter porque o homem foi criado para ser à Sua exata imagem e semelhança. E
onde isto falta, não se cumpre o propósito divino, e por conseguinte não há
satisfação da justiça.
Então
alguém dirá: “Se os crentes não são perfeitamente justos neste mundo, como
podem ser considerados aptos para o céu e para a comunhão com Deus, uma vez que
é inegável que há a presença de pecados que remanescem neles?”
A isto
respondemos que tendo pela fé em Jesus para ser a Justiça deles, são
considerados por Deus como mortos com Cristo e tendo sua culpa e pecados
perdoados, porque Cristo os tomou sobre Si em sua morte na cruz. Quanto à
prática das obras de justiça e de um procedimento justo e santo, Deus poderia
lhes conceder isto de forma total e absoluta, como é concedido aos anjos
eleitos no céu, no momento mesmo da conversão inicial deles, mas para o
atendimento de propósitos específicos, conforme a Sua eterna sabedoria, permite
que tenham ainda que lutar com muitos pecados, para o exercício da fé.
Aí vem
a réplica: “Mas a questão permanece de pé, porque se a justiça exige perfeição
absoluta, como podem ser aceitos e recebidos por Deus na condição de
imperfeição em que ainda se encontram?”
De
novo respondemos: Não pode ser esquecido que os que são salvos foram eleitos
para a salvação antes mesmo da criação do mundo. Eles ainda não existiam e
foram conhecidos por Deus em Sua presciência e amados por Ele, e dados ao Seu
Filho Jesus Cristo para se encarregar da salvação e do aperfeiçoamento completo
deles na justiça e santidade. Só que isto seria feito por etapas. Primeiro,
eleição, depois chamada, depois justificação e regeneração, depois santificação
e finalmente glorificação. Tudo isto é feito no tempo conhecido e determinado
por Deus para cada um dos eleitos.
Ele os
recebe perfeitos no céu, mas trabalha a perfeição deles a partir da Terra,
enquanto caminham aqui embaixo.
Eles
jamais se apartarão do Senhor, porque Ele prometeu fazer isto neles, e tem sido
e será sempre cabalmente cumprido, porque nenhum dos projetos de Deus pode ser
frustrado.
Jesus
é a garantia do cumprimento da aliança da graça. Ele é o fiador de todos os
crentes, para suprir todas as deficiências deles. Pela fé que os uniu a Ele,
sempre permanecerão ligados à cabeça e nada poderá retirá-los desta posição.
“31 Que
diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
32 Aquele que
não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele
todas as coisas?
33 Quem
intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
34 Quem os
condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita
de Deus e também intercede por nós.
35 Quem nos
separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou
perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
36 Como está escrito:
Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos
considerados como ovelhas para o matadouro.
37 Em todas
estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele
que nos amou.
38 Porque eu
estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes,
39 nem a
altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá
separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos
8.31-39).
“38 Eles serão o meu
povo, e eu serei o seu Deus.
39 Dar-lhes-ei
um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para
seu bem e bem de seus filhos.
40 Farei com
eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o
bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se
apartem de mim.” (Jeremias 32.38-40).
Para que houvesse esta completa certeza da segurança eterna da salvação
dos eleitos, a aliança foi feita entre Deus Pai e Jesus Cristo antes mesmo da
fundação do mundo, para que Jesus se encarregasse de tudo o que fosse
necessário para a perfeita salvação deles, conforme seria revelado em várias
profecias até que Ele se manifestasse em Seu ministério terreno.
Deus
não permita portanto, que justifiquemos a fé e a obediência fora da aliança da
graça: aqueles que o fazem em princípio ou prática, assim justificam-se fora do
reino dos céus: Mateus 5:19,
"Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e
assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele,
porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos
céus",
isto é, ele será tratado como ele tratou qualquer um desses mandamentos
divinos, ele será julgado indigno da comunhão daquele reino, porque se exige
dos seus cidadãos que sejam perfeitos assim como o Pai deles é perfeito, e que
tenham total amor aos Seus mandamentos assim como Ele os ama, pois nada preza
mais do que a Sua própria Palavra.
Agora,
como alguém obteria um coração e mente que amasse a Deus com toda a sua mente,
alma e força, a não ser por meio da fé em Jesus, que é aquele que nos capacita
para isto?
Ainda
que um crente autêntico venha a cometer pecados dos quais ele esteja consciente
que são contrários à vontade de Deus, ele se entristecerá por isto, e buscará
confessá-los e arrepender-se de seu mau caminhar, porque em Cristo passou a
odiar todo e qualquer pecado, e não há alguém ou algo que Ele mais ame do que a
Deus e à Sua Palavra.
Este
amor e ligação é operado pelo Espírito Santo que habita no crente, porque mais
do que ter seus pecados perdoados e esquecidos pela promessa da aliança, Deus prometeu
inscrever sua lei na mente e coração de seus filhos, e isto é feito pela
habitação do Espírito Santo neles.
“31 Eis aí vêm dias,
diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de
Judá.
32 Não conforme
a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar
da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os
haver desposado, diz o SENHOR.
33 Porque
esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois
daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também
no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
34 Não ensinará jamais
cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão,
dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao
maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus
pecados jamais me lembrarei.” (Jeremias 31.31-34).
Os judeus, até o dia de hoje, em sua grande maioria, por terem rejeitado
crer em Cristo para ser o Messias e Salvador deles, permanecem endurecidos por
buscarem ser justos diante de Deus por meio das obras da Lei, e nisto se
aplicam as palavras que o apóstolo registrou em relação a eles:
“3 Porquanto,
desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se
sujeitaram à que vem de Deus.
4 Porque o
fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.
5 Ora, Moisés escreveu
que o homem que praticar a justiça decorrente da lei viverá por ela.
6 Mas a justiça
decorrente da fé assim diz: Não
perguntes em teu coração: Quem subirá ao céu?, isto é, para
trazer do alto a Cristo;
7 ou: Quem
descerá ao abismo?, isto é, para levantar Cristo dentre os mortos.
8 Porém que se
diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a
palavra da fé que pregamos.
9 Se, com a
tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o
ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
10 Porque com
o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.
11 Porquanto
a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será
confundido.
12 Pois não
há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico
para com todos os que o invocam.
13 Porque:
Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Romanos 10.3-13).
A fé é necessária para nos salvar em
Jesus Cristo, a cabeça da aliança: e ninguém pode alcançar a felicidade eterna,
sem acreditar de verdade, pois os que não creem não podem ter o Espírito de fé habitando neles.
Pela fé, abraçamos pessoalmente o
pacto, consentimos e descansamos na condição da aliança cumprida por Cristo; e assim somos justificados e levados a
um estado de salvação:
" Eu sou a
porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem.", João 10: 9.
“Mas, a
todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a
saber, aos que creem no seu nome;”, João 1:12.
“Porque
Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo o que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna.”, João 3:16.
“Respondeu-lhe
Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao
Pai senão por mim.”, João 14: 6.
Deus
nos predestinou para a vida eterna, e portanto, a justiça não poderá ficar
satisfeita com nada que seja diferente disto. Se não tivermos vida eterna, nada
temos, para que possamos agradar a Deus, de modo que a aliança da graça trata
de uma questão de vida, e não de mera realização de obras religiosas. Esta vida
eterna está somente em Jesus Cristo e naqueles que nEle creem. Ele é a fonte da
vida eterna, e não a acharemos em qualquer outra fonte.
Se é
pela fé que o justo vive conforme declarado na Palavra de Deus, então sem fé é
impossível não apenas ser justo, mas também ter vida eterna. De modo que sem fé
é impossível agradarmos a Deus.
Esta
vida eterna é santa e se manifesta na prática de obras de justiça e do perfeito
cumprimento dos deveres de adoração e culto a Deus.
De
modo que somos eleitos para atingirmos este propósito santo conforme
estabelecido por Deus antes mesmo da fundação do mundo.
“Vós, porém, sois raça eleita,
sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de
proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz.” (I Pedro 2.9).
“Nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado,
como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos
dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.”
(Romanos 6.13).
“1 Rogo-vos,
pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo
por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2 E não vos
conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12.1,2).
“Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que
é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a
misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (Miqueias 6.8).
A justiça divina exige que creiamos em Cristo
para ser o nosso Senhor e Salvador. Não apenas Salvador, porque isto é
necessário para que efetivamente possa ser o Senhor de nossas vidas, para que
estejamos sujeitos a Ele, especialmente no trabalho de transformação que
realizará para que sejamos à Sua imagem.
Por isso que, em relação à nossa salvação,
tudo apontava para Cristo desde o tempo do Antigo Testamento, até mesmo no
princípio da formação de Adão, quando somos informados não apenas da existência
da Árvore da Vida, mas também da promessa da Semente bendita que se levantaria
para esmagar a cabeça da serpente.
A promessa da vinda desta Semente ou
Descendente foi reafirmada a Abraão. E dela falaram os profetas como sendo o
Servo, o Justo, o Messias, o Rei, o Profeta, o Sacerdote, o Salvador, o Senhor
que conduziria todo o Israel de Deus à condição de glória, uma vez tendo realizado
a purificação dos seus pecados.
E uma vez tendo chegado o tempo do
cumprimento da promessa com a manifestação de Jesus ao mundo, tudo o que temos
escrito no Novo Testamento aponta para a aliança da graça que foi feita pelo
Pai com Ele, e da qual somos beneficiados por meio da fé nEle.
É pela pregação e ensino desta aliança de
graça, do evangelho, que pecadores são salvos.
De Adão recebemos uma herança natural e nos
encontramos ligados a ele por ser a cabeça de toda a raça humana, porque todos
descenderam dele, e por esta ligação fomos sujeitados à morte espiritual em que
todos nos encontrávamos antes de sermos vivificados em Cristo.
Agora podemos ser vivificados por Cristo,
porque Deus decretou que por graça, e mediante a fé nEle, seríamos não apenas
perdoados, mas reconciliados com Ele, por meio da nossa união espiritual com
Cristo, uma vez que todos os que nEle creem, nascem de novo do Espírito,
recebem uma nova natureza que é a própria vida de Cristo implantada neles.
Somente o que é de Cristo permanecerá neles,
inclusive o próprio novo corpo glorificado que receberão no dia do
arrebatamento da Igreja.
Jamais isto poderia ser obtido por meio de
uma justiça que fosse decorrente de nossa própria obediência à Lei. Se devemos
dar a devida consideração à Lei, todavia não é por meio dela que somos
justificados, porque, na verdade, ninguém poderia ser.
Deus somente pode nos justificar mediante uma
justiça perfeita, e é somente pela graça, mediante a fé, que podemos encontrar
esta justiça em Cristo.
“22 Olhai para
mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, e não há
outro.
23 Por mim
mesmo tenho jurado; da minha boca saiu o que é justo, e
a minha palavra não tornará atrás. Diante
de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua.
24 De mim se
dirá: Tão-somente no SENHOR há justiça e força; até ele virão e serão
envergonhados todos os que se irritarem contra ele.
25 Mas no
SENHOR será justificada toda a descendência de Israel e nele se gloriará.”
(Isaías 45.22-25).
“11 Ele verá o fruto
do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o
Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as
iniquidades deles levará sobre si.
12 Por isso,
eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo,
porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores;
contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu.”
(Isaías 53.11,12).
APÊNDICE:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da
nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam
debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual
eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei
determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento
substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que
seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi
gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme
representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos
alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o
corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o
sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua
vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que
sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que
nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas imperfeições
e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central
relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de
forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi
feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para
garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a
glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que
busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a nenhum
deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para a sua
salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça que os
salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois
tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo
desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que
nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem
perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em transgressões
e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por
graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios
desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós
mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a
aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais
poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo
Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo
sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote
foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação
eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para
este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito
Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
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