sexta-feira, 25 de outubro de 2019

A Justiça da Graça e a Justiça da Lei




A justiça da Graça é pela fé em Cristo e a justiça da Lei é pelo cumprimento perfeito dos mandamentos da Lei.
A justiça da Lei com seus sacerdotes, sacrifícios de animais, cerimônias e obediência aos mandamentos, não são suficientes e nem eficazes para satisfazer a justiça de Deus. Isto é feito somente pela justiça da graça com a fé no sacrifício e sacerdócio de Cristo. 
Somente Cristo poderia ser o sacrifício e o sacerdote que convém a pecadores para que possam ser apresentados por Ele a Deus.
Um sacerdote é uma pessoa pública, que lida com um Deus ofendido em nome do culpado, pela reconciliação pelo sacrifício, que ele oferece a Deus sobre um altar, sendo chamado por Deus para este ofício, para que ele possa ser aceito. Então um sacerdote fala de uma relação com um altar, um altar com um sacrifício pelo pecado.
Aqueles a quem Cristo representou na aliança como pecadores, ele se tornou seu Sumo Sacerdote, aparecendo diante de Deus em seu nome, para fazer expiação e reconciliação por eles.
Desde que o primeiro homem pecou, tornando-se desagradável à justiça e santidade de Deus, dali em diante, todo aquele que buscasse se arrepender do pecado e se aproximar de Deus deveria fazê-lo através de um mediador que fosse sacerdote chamado por Deus para agir entre Ele e o pecador, e isto foi feito na dispensação do Antigo Testamento, ou da Lei, com a chamada de Abraão e seus descendentes para o exercício do sacerdócio, e somente eles poderiam fazê-lo porque foram consagrados por Deus especialmente para este ofício.
Tudo isto, no entanto, tipificava aquele grande mediador e sacerdote por meio de quem a aproximação de pecadores era possível diante de Deus, mesmo no período da Lei ou Antiga Aliança.
Somente isto seria considerado justo, porque a Justiça divina não permite que haja aproximação para comunhão entre luz e trevas, e de pecadores com um Deus santo.
O sacerdote que atenderia de fato às demandas da justiça divina, deveria oferecer dons e um sacrifício que fosse idôneo para realizar a satisfação completa da justiça, que exige a morte do transgressor da Lei de Deus.
A transgressão do pecador não foi dirigida contra criaturas mas contra o próprio Deus eterno, infinito e perfeito, de modo que o sacerdócio e o sacrifício que se interporiam em favor de pecadores, deveriam ser também de alguém que fosse eterno, infinito e perfeito, a saber, somente o próprio Deus poderia fazê-lo, e como o Pai foi a parte diretamente ofendida, o advogado do pecador deveria ser divino mas que pudesse reconciliar a parte ofensora (pecador) com a ofendida (Deus Pai).
O Espírito Santo, sendo o operador na Trindade de tudo quanto deva ser criado ou realizado, assim como se encontrava sobre as águas no princípio da criação para gerar tudo o que foi ordenado pela Palavra (Jesus), Ele também seria o continuador destas operações na nova criação espiritual que seria gerada pelo Verbo, ou Palavra.
Então, por ordem na Trindade, Jesus deveria ser designado o Sacerdote e Mediador desta nova criação. 
Todo este arranjo da Graça é perfeitamente justo, pois é por ele que se atende a todas as demandas da própria justiça divina.
Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas.” (Tiago 1.18).
“Pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.” (I Pedro 1.23).
“Todo aquele que é nascido de Deus não comete pecado; porque nele permanece a sua semente; e ele não pode pecar, porque ele nasceu de Deus” (1 João 3: 9).
A este poder vivificante da Palavra de Deus, mediante a eficácia comunicada pela graça de Jesus aos que nEle creem, sendo assim justificados e regenerados pelo Seu poder, referem-se várias passagens das Escrituras, designando este fruto da Justiça como sendo uma Semente incorruptível, que trazendo o tegumento da vida eterna, sempre gera vida e renova o crente, ainda que haja momentos em que a vida espiritual pareça ter morrido nele para sempre. Se a vida eterna dependesse da própria justiça do crente ele estaria de fato irremediavelmente morto e perdido para sempre, mas como é decorrente da graça e da iniciativa de Deus, segundo a Justiça de Jesus, Ele sempre o levantará deste estado de morte espiritual, para o de vida, segundo o poder de vida que há nesta semente divina que foi implantada nele desde a sua conversão inicial.
Não é dito em I João 3.9: Eles não podem pecar se conservarem a semente de Deus e se continuarem a nascer de Deus.” Em vez disso, está escrito: “ ... porque a semente de Deus permanece neles e porque eles são nascidos de Deus.” Aqui temos uma proposição absoluta: eles não pecam e não podem pecar. Esta proposição é confirmada por argumentos que são absolutos e estabelecidos: pois a semente de Deus permanece nele, pois ele nasceu de Deus. 
A condição que foi alcançada pelo crente em Cristo é ao que se refere ter a habitação da divina semente, pois foi salvo exclusivamente pela graça, mediante a fé, mas para o propósito de ser santificado pelo Espírito, e isto é a semente de vida que nele permanece, pois Deus certamente haverá de concluir a obra que iniciou na conversão, e o crente jamais perderá a condição alcançada de filho de Deus.
Wilhelmus à Brakel se refere a esta verdade nos seguintes termos:
Negamos veementemente que os verdadeiros crentes possam ficar sujeitos a pecados reinantes. A passagem: Aquele que não ama a seu irmão permanece na morte”, 1 João 3:14, não é prova disso. A referência aqui é ao não convertido, e eles são assim distinguidos dos verdadeiramente convertidos que amam os irmãos. É dito que os que não amam os irmãos permanecem na morte e, assim, nunca foram trazidos à vida. De fato, admitimos que os verdadeiros crentes podem cair em grandes pecados; no entanto, o pecado não tem domínio sobre eles. Existe e permanece uma guerra, e mesmo que o homem regenerado fosse subjugado por uma temporada, ele, no entanto, não lhe obedece como seu senhor. Ele sempre se levantará e a semente de Deus permanecerá.”
Uma justiça que fosse segundo as obras da Lei, jamais alcançaria esta condição retrorreferida, pois, neste caso o que haveria seria a justiça do próprio homem, e não a divina que é atribuída e implantada nele pela graça, mediante a fé, e como já temos dito anteriormente, não há justiça que possa satisfazer à de Deus, senão a própria justiça perfeita de Jesus em nós.
Além disso, antes de podermos nos aplicar à prática das obras da justiça eterna e celestial, por sermos todos pecadores, necessitamos de uma operação de expiação da nossa culpa, de modo que possamos ser aceitáveis a Deus, e isto, somente Jesus pode fazer por meio do seu sacerdócio e sacrifício.
Qual foi o motivo de os ímpios de Israel terem sido conduzidos por Deus ao cativeiro nos dias dos profetas no Velho Testamento, e depois terem sido espalhados pelas nações nos dias apostólicos, senão que eles haviam sido rebeldes à antiga aliança e recusaram a nova aliança que estava sendo oferecida a eles em Jesus Cristo, respectivamente? Estes que se recusam a entrar em aliança com Deus, para temê-lo, amá-lo e servi-lo, são por Ele rejeitados, pois não podem atender ao requisito básico da comunhão em santidade com o Altíssimo, o qual só pode ser cumprido por aqueles que são nascidos de novo do Espírito, e nos quais permanece a divina semente que lhes impede de se afastarem de Deus. E estes, quando pecam são corrigidos e disciplinados por Ele, mas não deixa de ser misericordioso para com eles, porque o laço de amor entre Pai e filhos é indissolúvel e eterno.
A necessidade de um sacrifício na segunda aliança surgiu da justiça de Deus exigindo a execução da maldição da primeira aliança quebrada; pela qual o pecador deve cair em sacrifício por seu pecado, de acordo com isso.
A maldição não pode ser removida porque é segundo a justiça divina em razão do pecado, mas o pecador poderia ser resgatado de debaixo da dela, se este Substituto perfeito, eterno e infinito se fizesse maldição em seu lugar.
13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),
14 para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.” (Gálatas 3.13,14).
Se a justiça exige tal satisfação à Lei quebrada, para o resgate da sua maldição, então jamais poderíamos realizar tal satisfação por nossos próprios méritos e obras, os quais são finitos e imperfeitos.
Daí dizer o apóstolo:
13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),
14 para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.” (Filipenses 3: 8, 90.
sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.” (Gálatas 2.16).
21 Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;
22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há distinção,
23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,
24 sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,
25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
26 tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.
27 Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé.
28 Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei.” (Romanos 3.21-28).
Uma justiça que respondesse somente ao cumprimento da Lei por parte de pecadores que são por natureza imperfeitos, jamais poderia ser uma justiça perfeita, e a razão disso é muito simples e clara, uma vez que sendo Deus perfeitamente justo e santo, importa que aquele que for justificado seja habilitado para isto, e a única forma de obter tal perfeição é somente pela fé do evangelho, que nos introduz na esperança da salvação em Cristo, de que seremos aperfeiçoados até a Sua plena estatura, quando atingirmos o estado de glória, conforme prometido na Palavra, e comprovado pelo crescimento espiritual progressivo que fazemos ainda nesta vida, sendo transformados de glória em glória e de fé em fé, pelo recebimento de medidas maiores da graça de Deus em nossa santificação.
Como tudo isso se refere à vida do próprio Cristo que é infundida em nós, e que se manifesta mediante a nossa fé nEle, então é dito nas Escrituras ser o próprio Cristo a nossa justiça.
“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,” (I Cor 1.30).
“Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa.” (Jeremias 23.6).
A justiça que é segundo Deus não decorre somente de punição de transgressões ou restituições feitas às partes ofendidas, mas a um caráter verdadeiramente justo, a um estado santo e bom da alma, que possa estar em perfeita e completa obediência e amor a Ele.
Como alguém poderia obter isto sem ser redimido e aperfeiçoado por Jesus Cristo?
Como poderíamos ser espirituais e não carnais, de modo a atender em tudo a Deus que é Espírito?
Necessitávamos de Alguém que além de fazer a expiação da nossa culpa e pecados, fosse também espírito vivificador para nós, para que pudéssemos nascer de novo, por um nascimento espiritual, que nos tornasse novas criaturas para Deus.
Como é somente isto que atende ao plano eterno de Deus, e a tudo o que Ele é em Sua pessoa e caráter, então somente disto pode ser dito ser justo perante Ele.
15 E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de Melquisedeque, se levanta outro sacerdote,
16 constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas segundo o poder de vida indissolúvel.” (Hebreus 7.15,16).
Observe bem esta expressão usada pelo apóstolo: “poder de vida indissolúvel”, com o qual Jesus foi constituído sumo sacerdote eterno por Deus Pai.
A Lei constituía sacerdotes que não tinham este poder de comunicar a vida celestial, espiritual e divina aos crentes, porque eram homens pecadores tanto quanto aqueles aos quais oficiavam. Mas nosso Senhor, sendo mais elevado do que os céus, Deus de Deus, é espírito vivificante, e esta vida que há nEle é implantada em nós em graus cada vez maiores, na medida da nossa comunhão com Ele e fidelidade a um andar nos Seus caminhos.
Esta questão de justiça da lei e justiça da graça, não é portanto um mero assunto de se ter ou não um proceder justo segundo os homens, mas em se ter esta vida do céu, conforme a mesma é comunicada a nós, transformando-nos de glória em glória, à própria imagem e semelhança do Senhor.
Cristo é a nossa justiça, e o fim da Lei é Cristo para todo aquele que crê.
A Lei não pode operar tudo o que a justiça exige.
A Lei não opera pela fé, senão somente a graça. E como somos salvos pela graça, importa que esta salvação seja pela fé, e não pelas obras da Lei.
A Lei é letra e a graça é poder. O que a letra da Lei não pode fazer para vencer o pecado, a graça não somente o vence como passa a exercer o domínio na vida do crente em seu lugar.
A obediência da fé foi a única obediência pela qual a condição da aliança da graça foi realizada; e assim pecadores teriam vida, não por nenhum trabalho pessoal ou ação deles, mas pela obediência do próprio Cristo, nosso representante a quem Deus graciosamente fez a promessa da vida.
Assim, a aliança da graça exclui nossa vanglória. Isso está claro em Romanos 3:27, "Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé.”
Portanto, uma vez que a aliança da graça é tão estruturada, que não deixa terreno para nossa vanglória, nenhuma obra nossa, senão a obediência perfeita de Cristo à Lei, cumpre toda a justiça.
Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo.” (Tito 3: 5)
8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
9 não de obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2.8,9).
Ainda que o homem não tivesse caído no pecado, ele não teria motivo para se gloriar por ser justo, porque isto seria nele o resultado da operação da graça divina. A mesma graça que está operando agora nos eleitos.
É justo que Deus exija conformidade absoluta à Sua pessoa, santidade e caráter porque o homem foi criado para ser à Sua exata imagem e semelhança. E onde isto falta, não se cumpre o propósito divino, e por conseguinte não há satisfação da justiça.
Então alguém dirá: “Se os crentes não são perfeitamente justos neste mundo, como podem ser considerados aptos para o céu e para a comunhão com Deus, uma vez que é inegável que há a presença de pecados que remanescem neles?”
A isto respondemos que tendo pela fé em Jesus para ser a Justiça deles, são considerados por Deus como mortos com Cristo e tendo sua culpa e pecados perdoados, porque Cristo os tomou sobre Si em sua morte na cruz. Quanto à prática das obras de justiça e de um procedimento justo e santo, Deus poderia lhes conceder isto de forma total e absoluta, como é concedido aos anjos eleitos no céu, no momento mesmo da conversão inicial deles, mas para o atendimento de propósitos específicos, conforme a Sua eterna sabedoria, permite que tenham ainda que lutar com muitos pecados, para o exercício da fé.
Aí vem a réplica: “Mas a questão permanece de pé, porque se a justiça exige perfeição absoluta, como podem ser aceitos e recebidos por Deus na condição de imperfeição em que ainda se encontram?”
De novo respondemos: Não pode ser esquecido que os que são salvos foram eleitos para a salvação antes mesmo da criação do mundo. Eles ainda não existiam e foram conhecidos por Deus em Sua presciência e amados por Ele, e dados ao Seu Filho Jesus Cristo para se encarregar da salvação e do aperfeiçoamento completo deles na justiça e santidade. Só que isto seria feito por etapas. Primeiro, eleição, depois chamada, depois justificação e regeneração, depois santificação e finalmente glorificação. Tudo isto é feito no tempo conhecido e determinado por Deus para cada um dos eleitos.
Ele os recebe perfeitos no céu, mas trabalha a perfeição deles a partir da Terra, enquanto caminham aqui embaixo.
Eles jamais se apartarão do Senhor, porque Ele prometeu fazer isto neles, e tem sido e será sempre cabalmente cumprido, porque nenhum dos projetos de Deus pode ser frustrado.
Jesus é a garantia do cumprimento da aliança da graça. Ele é o fiador de todos os crentes, para suprir todas as deficiências deles. Pela fé que os uniu a Ele, sempre permanecerão ligados à cabeça e nada poderá retirá-los desta posição.
31 Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?
33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.
35 Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
36 Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro.
37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.
38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 8.31-39).
38 Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
39 Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos.
40 Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim.” (Jeremias 32.38-40).
Para que houvesse esta completa certeza da segurança eterna da salvação dos eleitos, a aliança foi feita entre Deus Pai e Jesus Cristo antes mesmo da fundação do mundo, para que Jesus se encarregasse de tudo o que fosse necessário para a perfeita salvação deles, conforme seria revelado em várias profecias até que Ele se manifestasse em Seu ministério terreno.
Deus não permita portanto, que justifiquemos a fé e a obediência fora da aliança da graça: aqueles que o fazem em princípio ou prática, assim justificam-se fora do reino dos céus: Mateus 5:19,  "Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus", isto é, ele será tratado como ele tratou qualquer um desses mandamentos divinos, ele será julgado indigno da comunhão daquele reino, porque se exige dos seus cidadãos que sejam perfeitos assim como o Pai deles é perfeito, e que tenham total amor aos Seus mandamentos assim como Ele os ama, pois nada preza mais do que a Sua própria Palavra. 
Agora, como alguém obteria um coração e mente que amasse a Deus com toda a sua mente, alma e força, a não ser por meio da fé em Jesus, que é aquele que nos capacita para isto?
Ainda que um crente autêntico venha a cometer pecados dos quais ele esteja consciente que são contrários à vontade de Deus, ele se entristecerá por isto, e buscará confessá-los e arrepender-se de seu mau caminhar, porque em Cristo passou a odiar todo e qualquer pecado, e não há alguém ou algo que Ele mais ame do que a Deus e à Sua Palavra.
Este amor e ligação é operado pelo Espírito Santo que habita no crente, porque mais do que ter seus pecados perdoados e esquecidos pela promessa da aliança, Deus prometeu inscrever sua lei na mente e coração de seus filhos, e isto é feito pela habitação do Espírito Santo neles.
31 Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá.
32 Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR.
33 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.” (Jeremias 31.31-34).
Os judeus, até o dia de hoje, em sua grande maioria, por terem rejeitado crer em Cristo para ser o Messias e Salvador deles, permanecem endurecidos por buscarem ser justos diante de Deus por meio das obras da Lei, e nisto se aplicam as palavras que o apóstolo registrou em relação a eles:
3 Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus.
4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.
5 Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça decorrente da lei viverá por ela.
6 Mas a justiça decorrente da fé assim diz: Não perguntes em teu coração: Quem subirá ao céu?, isto é, para trazer do alto a Cristo;
7 ou: Quem descerá ao abismo?, isto é, para levantar Cristo dentre os mortos.
8 Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos.
9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.
11 Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será confundido.
12 Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.
13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Romanos 10.3-13).
A fé é necessária para nos salvar em Jesus Cristo, a cabeça da aliança: e ninguém pode alcançar a felicidade eterna, sem acreditar de verdade, pois os que não creem não podem ter o Espírito de fé habitando neles.
Pela fé, abraçamos pessoalmente o pacto, consentimos e descansamos na condição da aliança cumprida por Cristo; e assim somos justificados e levados a um estado de salvação:
" Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem.", João 10: 9.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome;”, João 1:12.
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”, João 3:16.
Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”, João 14: 6. 
Deus nos predestinou para a vida eterna, e portanto, a justiça não poderá ficar satisfeita com nada que seja diferente disto. Se não tivermos vida eterna, nada temos, para que possamos agradar a Deus, de modo que a aliança da graça trata de uma questão de vida, e não de mera realização de obras religiosas. Esta vida eterna está somente em Jesus Cristo e naqueles que nEle creem. Ele é a fonte da vida eterna, e não a acharemos em qualquer outra fonte.
Se é pela fé que o justo vive conforme declarado na Palavra de Deus, então sem fé é impossível não apenas ser justo, mas também ter vida eterna. De modo que sem fé é impossível agradarmos a Deus.
Esta vida eterna é santa e se manifesta na prática de obras de justiça e do perfeito cumprimento dos deveres de adoração e culto a Deus.
De modo que somos eleitos para atingirmos este propósito santo conforme estabelecido por Deus antes mesmo da fundação do mundo.
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (I Pedro 2.9).
“Nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.” (Romanos 6.13).
1 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12.1,2).
“Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (Miqueias 6.8).
A justiça divina exige que creiamos em Cristo para ser o nosso Senhor e Salvador. Não apenas Salvador, porque isto é necessário para que efetivamente possa ser o Senhor de nossas vidas, para que estejamos sujeitos a Ele, especialmente no trabalho de transformação que realizará para que sejamos à Sua imagem.
Por isso que, em relação à nossa salvação, tudo apontava para Cristo desde o tempo do Antigo Testamento, até mesmo no princípio da formação de Adão, quando somos informados não apenas da existência da Árvore da Vida, mas também da promessa da Semente bendita que se levantaria para esmagar a cabeça da serpente.
A promessa da vinda desta Semente ou Descendente foi reafirmada a Abraão. E dela falaram os profetas como sendo o Servo, o Justo, o Messias, o Rei, o Profeta, o Sacerdote, o Salvador, o Senhor que conduziria todo o Israel de Deus à condição de glória, uma vez tendo realizado a purificação dos seus pecados.
E uma vez tendo chegado o tempo do cumprimento da promessa com a manifestação de Jesus ao mundo, tudo o que temos escrito no Novo Testamento aponta para a aliança da graça que foi feita pelo Pai com Ele, e da qual somos beneficiados por meio da fé nEle.
É pela pregação e ensino desta aliança de graça, do evangelho, que pecadores são salvos.
De Adão recebemos uma herança natural e nos encontramos ligados a ele por ser a cabeça de toda a raça humana, porque todos descenderam dele, e por esta ligação fomos sujeitados à morte espiritual em que todos nos encontrávamos antes de sermos vivificados em Cristo.
Agora podemos ser vivificados por Cristo, porque Deus decretou que por graça, e mediante a fé nEle, seríamos não apenas perdoados, mas reconciliados com Ele, por meio da nossa união espiritual com Cristo, uma vez que todos os que nEle creem, nascem de novo do Espírito, recebem uma nova natureza que é a própria vida de Cristo implantada neles.
Somente o que é de Cristo permanecerá neles, inclusive o próprio novo corpo glorificado que receberão no dia do arrebatamento da Igreja.
Jamais isto poderia ser obtido por meio de uma justiça que fosse decorrente de nossa própria obediência à Lei. Se devemos dar a devida consideração à Lei, todavia não é por meio dela que somos justificados, porque, na verdade, ninguém poderia ser.
Deus somente pode nos justificar mediante uma justiça perfeita, e é somente pela graça, mediante a fé, que podemos encontrar esta justiça em Cristo.
22 Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.
23 Por mim mesmo tenho jurado; da minha boca saiu o que é justo, e a minha palavra não tornará atrás. Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua.
24 De mim se dirá: Tão-somente no SENHOR há justiça e força; até ele virão e serão envergonhados todos os que se irritarem contra ele.
25 Mas no SENHOR será justificada toda a descendência de Israel e nele se gloriará.” (Isaías 45.22-25).
11 Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si.
12 Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu.” (Isaías 53.11,12).

APÊNDICE:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual eternas. 
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores, assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado, eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício, Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes, para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus, mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante, de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia, para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa, capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina, no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação, inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho, porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa: de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva. Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo da salvação.        
É de uma preciosidade tão grande este plano e aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento) que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião, totalmente perdidos  e mortos em transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia, isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção, sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a nossa chegada à glória celestial.
Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).







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