Se
alguém deseja conhecer uma parte significativa do caráter de Deus, ouvindo o
próprio Deus falando, basta recorrer ao 11º capítulo do livro do profeta
Oseias, no qual Ele expressa Seus planos e sentimentos em relação a Israel.
Antes de tudo,
devemos entender que as promessas de bênçãos da profecia se referem sobretudo à
Igreja, que é o verdadeiro Israel de Deus, e que nos dias do Velho Testamento
estava tipificada na aliança de graça que o Senhor havia feito com o Israel
terreno, a saber, com os descendentes de Abraão, chamados em Jacó, seu neto.
Como sabemos que
muitos em Israel não amavam o Senhor porque não o conheciam e o temiam, pois
eram carnais, e não consideravam as Suas palavras para as colocarem em prática
com espírito voluntário, então quando se fala em amor eterno, em atração com
cordas de amor e laços humanos, e tratamento com brandura, é evidente que não é
a estes que a profecia se destina, senão àqueles que eram humildes de espírito
e buscavam andar nos caminhos de Deus, conforme podemos ver em muitas outras
passagens das Escrituras, como por
exemplo em:
“Tenho visto os seus caminhos e o sararei; também o
guiarei e lhe tornarei a dar consolação, a saber, aos que dele
choram.” (Isaías 57.18)
“1 O Espírito do
SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos
quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar
libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados;
2 a apregoar
o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que
choram
3 e a pôr sobre os
que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto,
veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem
carvalhos de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua glória.” (Isaías
61.1-3).
“3 Bem-aventurados
os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
4 Bem-aventurados
os que choram, porque serão consolados.” (Mateus 5.3,4).
É por causa desses que são quebrantados de espírito que Deus tolera com
grande longanimidade os réprobos e perversos que jamais o amarão, porque não
destina o mesmo tratamento para ambos, pois aos primeiros somente repreende e
corrige e não sujeita à condenação e destruição como os demais.
Deus pretendia demonstrar esta verdade com a eleição e formação da nação
de Israel e pelo modo como se revelou no seu relacionamento com o Seu povo,
para que fosse vista a distinção do Seu tratamento para com Israel e as demais
nações.
Israel jamais seria destinado à destruição final em razão da aliança de
graça que havia sido feita com Abraão, de que Israel permaneceria como nação
para sempre, e desfrutando dos benefícios e privilégios da aliança firmada.
Esta aliança com Abraão para o Israel terreno, tipificava a aliança
feita entre Deus Pai e Deus Filho para o Israel espiritual, formado por todos
aqueles que são nascidos de novo do Espírito.
Todavia, uma questão importante se interpõe em face de ser o povo de
Deus composto por pecadores, e como poderia o atributo da justiça divina ser
conciliado com o da misericórdia?
A Lei deve ser inflexível, segundo a justiça, e não pode fazer boas
promessas a rebeldes transgressores dos seus mandamentos, como vemos por
exemplo nas ameaças proferidas contra Israel no caso de transgressão da
aliança:
“19 ninguém que,
ouvindo as palavras desta maldição, se abençoe no seu íntimo,
dizendo: Terei paz, ainda que ande na perversidade do meu coração, para
acrescentar à sede a bebedice.
20 O SENHOR
não lhe quererá perdoar; antes, fumegará a ira do SENHOR e o seu zelo sobre tal
homem, e toda maldição escrita neste livro jazerá sobre ele; e o SENHOR lhe
apagará o nome de debaixo do céu.
21 O SENHOR o
separará de todas as tribos de Israel para calamidade, segundo todas as
maldições da aliança escrita neste Livro da Lei.
22 Então, dirá a geração
vindoura, os vossos filhos, que se levantarem depois de vós, e o
estrangeiro que virá de terras longínquas, vendo as pragas desta
terra e as suas doenças, com que o SENHOR a terá afligido,
23 e toda a
sua terra abrasada com enxofre e sal, de sorte que não será semeada,
e nada produzirá, nem crescerá nela erva
alguma, assim como foi a destruição de Sodoma e de Gomorra,
de Admá e de Zeboim, que o SENHOR destruiu na sua ira e no seu furor,
24 isto é, todas as
nações dirão: Por que fez o SENHOR assim com esta terra? Qual foi a causa do furor
de tamanha ira?
25 Então, se dirá: Porque
desprezaram a aliança que o SENHOR, Deus de seus pais, fez com eles, quando os
tirou do Egito;
26 e se
foram, e serviram a outros deuses, e os adoraram; deuses que não
conheceram e que ele não lhes havia designado.
27 Pelo que a
ira do SENHOR se acendeu contra esta terra, trazendo sobre ela toda a maldição
que está escrita neste livro.
28 O SENHOR
os arrancou, com ira, de sua terra, mas também com indignação e grande furor, e
os lançou para outra terra, como hoje se vê.” (Deuteronômio 29.19-28).
Observe que as cidades de Admá e Zeboim são citadas ao lado de Sodoma e
Gomorra, porque sofreram a mesma destruição pelo fogo que tornou todo aquele
território em enxofre e sal, de modo que não poderia sustentar qualquer
lavoura. De campinas verdejantes que eram, elas se tornaram terra arrasada,
para servirem de exemplo a todos aqueles que andam contrariamente ao Senhor.
Se o Israel terreno e carnal seguisse nos mesmos passos daquelas
cidades, ele também seria sujeito ao mesmo juízo, ainda que não vindo fogo do
céu sobre eles para uma destruição total, uma vez que a promessa da aliança é a
de que seriam preservados, mas não seriam poupados do castigo que mereciam.
O juízo implacável da Lei, segundo a justiça divina, seria vencido pela
misericórdia, sem que a justiça fosse desonrada. Um sacrifício eterno seria
oferecido por Cristo, e a misericórdia poderia triunfar em juízo, de modo que
ainda que Israel merecesse a mesma desolação final que foi dada às cidades de
Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, a maldição da Lei não seria cumprida sobre eles
na forma rigorosa em que fora declarada.
Deus requer dos crentes que eles tenham a mesma misericórdia que Ele.
Isto deve ser aprendido e exercitado de modo prático.
Veja o que Wilhelmus à Brakel disse a respeito da causa da destruição de
Sodoma e Gomorra, e das demais cidades da campina, entre as quais se incluam Admá
e Zeboim:
“Você sabe que Sodoma e todos os seus habitantes - pais e filhos - foram
consumidos por Deus com fogo que caiu do céu e que Deus tornou essas cidades um
exemplo para aqueles que vivem vidas ímpias (2 Pedro 2: 6). Em que consistia sua impiedade, contudo? Foi falta de
compaixão pelos pobres - o pecado em que você está vivendo. “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de
pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre
e o necessitado.” (Ezequiel 16:49).
O pecado de Israel se assemelhava também ao das cidades destruídas pelo
fogo, porque não tinham compaixão e amor pelo próximo, por seus próprios irmãos
israelitas, e assim, estavam provocando a ira do Senhor.
Deve ser lembrado sempre que em Seus juízos Deus sabe como livrar o
piedoso enquanto sujeita o ímpio ao castigo, conforme foi visto no caso de Ló,
sobrinho de Abraão.
Onde o Espírito Santo está, aí há liberdade de todo juízo, e vida eterna
é gerada, mas onde Ele não passa, porque os corações são como terrenos
pantanosos que não servem para a lavoura de Deus, em vez de vida, serão aterrados
com sal para nunca mais poderem vir a ser utilizados, conforme se vê na
profecia de Ezequiel:
“1 Depois
disto, o homem me fez voltar à entrada do templo, e eis que saíam águas de
debaixo do limiar do templo, para o oriente; porque a face da casa dava para o
oriente, e as águas vinham de baixo, do lado direito da casa, do lado sul do
altar.
2 Ele me
levou pela porta do norte e me fez dar uma volta por fora, até à porta
exterior, que olha para o oriente; e eis que corriam as águas ao lado direito.
3 Saiu
aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; mediu
mil côvados e me fez passar pelas águas, águas que
me davam pelos tornozelos.
4 Mediu mais
mil e me fez passar pelas águas, águas que
me davam pelos joelhos; mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que
me davam pelos lombos.
5 Mediu
ainda outros mil, e era já um rio que eu não podia
atravessar, porque as águas tinham crescido, águas que
se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar.
6 E me
disse: Viste isto, filho do homem? Então, me levou e me tornou a
trazer à margem do rio.
7 Tendo eu
voltado, eis que à margem do rio havia grande abundância de árvores, de
um e de outro lado.
8 Então, me
disse: Estas águas saem para a região oriental, e descem à campina, e entram no mar
Morto, cujas águas ficarão saudáveis.
9 Toda
criatura vivente que vive em enxames viverá por onde quer que passe
este rio, e haverá muitíssimo peixe, e, aonde
chegarem estas águas, tornarão
saudáveis as do mar, e tudo viverá por onde quer que passe este rio.
10 Junto a
ele se acharão pescadores; desde En-Gedi até En-Eglaim haverá lugar
para se estenderem redes; o seu peixe, segundo as suas espécies, será como o
peixe do mar Grande, em multidão excessiva.
11 Mas os
seus charcos e os seus pântanos não serão feitos
saudáveis; serão deixados para o sal.” (Ezequiel 47.1-11).
Quando se pensa em nação ou povo de Deus, não se deve pensar em termos
de nações terrenas, mas de pessoas salvas, nascidas de novo, e santificadas
pelo Espírito. Deus as vê desde antes da fundação do mundo, e as traz à
existência nas épocas e locais determinados pela Sua exclusiva soberania. Estes
não estão destinados para o enxofre e o sal, mas para terem vida, e vida em
abundância em Jesus Cristo.
Deus os amou com amor eterno, e os atrai para Si, e não pode fazer deles
o que fez a Zeboim e a Admá, pois é movido em direção a eles com amor, bondade
e misericórdia. Ele os elegeu em Seu coração para serem filhos amados, e isto,
para sempre, e então jamais os deixará ou abandonará ainda que tenha que
corrigi-los.
Muitos daqueles israelitas que foram espalhados por todas as nações da
Terra, mesmo os do Reino do Norte, viriam a ter descendentes em todas as
gerações que seriam alcançados pela promessa de Deus de lhes fazer bem para
sempre.
Há ímpios que se perdem eternamente, mas geram filhos neste mundo que
virão a ser salvos, e esta é também uma razão dentre muitas porque Deus os
tolera com grande longanimidade por muito tempo.
É o próprio Deus que se refere a toda esta verdade relativa ao Seu
caráter, conforme podemos ver no 11º capítulo de Oséias:
“1 Quando
Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho.
2 Quanto
mais eu os chamava, tanto mais se iam da minha presença;
sacrificavam a baalins e queimavam incenso às imagens de escultura.
3 Todavia,
eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os nos meus braços, mas não atinaram
que eu os curava.
4 Atraí-os com
cordas humanas, com laços de amor; fui para eles como quem alivia o jugo de
sobre as suas queixadas e me inclinei para dar-lhes de comer.
5 Não voltarão para a
terra do Egito, mas o assírio será seu rei, porque recusam
converter-se.
6 A espada
cairá sobre as suas cidades, e consumirá os seus ferrolhos, e as devorará, por
causa dos seus caprichos.
7 Porque o
meu povo é inclinado a desviar-se de mim; se é concitado a dirigir-se
acima, ninguém o faz.
8 Como te
deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Como te faria como
a Admá? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração está comovido dentro de mim, as
minhas compaixões, à uma, se acendem.
9 Não
executarei o furor da minha ira; não tornarei para destruir a
Efraim, porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti;
não voltarei em ira.
10 Andarão após o
SENHOR; este bramará como leão, e, bramando, os filhos, tremendo, virão do
Ocidente;
11 tremendo,
virão, como passarinhos, os do Egito, e, como pombas, os da terra da Assíria, e os
farei habitar em suas próprias casas, diz o SENHOR.
12 Efraim me
cercou por meio de mentiras, e a casa de Israel, com engano; mas Judá ainda
domina com Deus e é fiel com o Santo.”
Deus não pode inocentar o culpado, conforme exigido pelo atributo da
justiça, mas pode perdoá-lo caso se arrependa e se converta a Ele.
O apóstolo Paulo compara o Israel terreno com o espiritual em Gálatas 4,
e explica em Romanos 9 como se aplicam aos eleitos as palavras que lemos em
Oseias 11, quanto ao amor eletivo de Deus a eles, que são poupados por Sua misericórdia,
e quanto à destinação para a condenação eterna, daqueles que são os objetos da
Sua ira.
“1 Digo a
verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no Espírito
Santo, a minha própria consciência:
2 tenho
grande tristeza e incessante dor no coração;
3 porque eu
mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus
compatriotas, segundo a carne.
4 São
israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a
glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas;
5 deles são os patriarcas,
e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre
todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!
6 E não pensemos
que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato,
israelitas;
7 nem por
serem descendentes de Abraão são todos
seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.
8 Isto é, estes
filhos de Deus não são propriamente os da carne,
mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa.
9 Porque a
palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho.
10 E não ela
somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque,
nosso pai.
11 E ainda não eram os
gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito
de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que
chama),
12 já fora dito
a ela: O mais velho será servo do mais moço.
13 Como está escrito:
Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú.
14 Que
diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!
15 Pois ele
diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e
compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão.
16 Assim,
pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua
misericórdia.
17 Porque a
Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em
ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra.
18 Logo, tem
ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz.
19 Tu, porém, me dirás: De que
se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua
vontade?
20 Quem és tu, ó homem,
para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez:
Por que me fizeste assim?
21 Ou não tem o
oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e
outro, para desonra?
22 Que
diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu
poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a
perdição,
23 a fim de
que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em
vasos de misericórdia, que para glória
preparou de antemão,
24 os quais
somos nós, a quem também chamou, não só dentre os
judeus, mas também dentre os gentios?
25 Assim como
também diz em Oseias: Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à
que não era amada;
26 e no lugar
em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo
serão chamados filhos do Deus vivo.
27 Mas,
relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos
filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.
28 Porque o
Senhor cumprirá a sua palavra sobre a terra, cabalmente e em breve;
29 como Isaías já disse: Se
o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, ter-nos-íamos
tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra.
30 Que diremos,
pois? Que os gentios, que não buscavam a justificação, vieram
a alcançá-la, todavia, a que decorre da fé;
31 e Israel,
que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa lei.
32 Por quê? Porque não decorreu
da fé, e sim como que das obras. Tropeçaram na pedra de tropeço,
33 como está escrito:
Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e rocha
de escândalo, e aquele que nela crê não será confundido.” (Romanos 9.1-33).
Israel sempre foi surdo
e desobedientes à voz de Deus. Ele
falou com eles por seus mensageiros, Moisés e seus outros
profetas, os chamaram de seus pecados, os chamaram a si mesmos, a seu trabalho
e dever; mas quando eles os chamaram, eles foram
embora; eles
se rebelaram nos casos particulares em que foram advertidos; quanto mais prementes e importunos os profetas eram
com eles, para persuadi-los àquilo que era bom,
mais refratários eles eram e mais resolutos em seus maus
caminhos, desobedecendo a Deus.
Eles gostavam de ídolos
e os adoravam. Eles sacrificaram a Baalins, primeiro um Baal e depois outro, e queimaram incenso a imagens de
escultura, apesar
de terem sido chamados pelos profetas do Senhor repetidamente para não fazerem tal
coisa abominável que ele odiava. A
idolatria era o pecado que, desde o início, e o tempo todo, mais
facilmente os assolara.
Eles eram
independentes de Deus e de seus favores para eles: “não sabiam que eu os curava”. Eles olhavam apenas para Moisés e Arão,
os instrumentos de seu alívio, e, quando algo estava errado, brigavam com eles,
mas não olhavam através deles para Deus que os empregava. Ou, quando Deus os corrigiu e os manteve sob uma
disciplina severa, eles não entenderam que era para o bem deles, e que Deus os curava, e que era necessário para o
aperfeiçoamento de sua cura, caso contrário, eles teriam uma melhor
reconciliação aos métodos que Deus adotou.
Eles estavam
fortemente inclinados à apostasia. Este é o artigo mais
obscuro da acusação em Oseias 11.7: “Meu povo está inclinado a se afastar de
mim”. Cada
palavra aqui é agravante.
(1) Eles recuam. Não há domínio neles, nem firmeza; eles parecem avançar em direção
a Deus, mas rapidamente recuam de novo
e são como um arco enganoso.
(2.) Eles se afastam de mim, de Deus, o principal bem, a fonte da
vida e das águas vivas, do seu Deus que nunca se afastou deles.
(3.) Eles são dados a retroceder; eles estão prontos para pecar; existe em sua natureza uma propensão
ao que é mau; na
melhor das hipóteses, ficam em suspense entre Deus e o mundo, de
modo que uma pequena coisa serve para atraí-los para o caminho errado; eles estão ansiosos para
fechar com toda tentação. Também
sugere que eles são resolutos no pecado; seus corações estão totalmente dispostos neles para fazer o
mal; e
eles persistem em seus desvios, seja o que for dito ou feito para detê-los; e, ainda assim,
(4.) "Eles são,
na profissão, “meu
povo”. Eles
são “chamados pelo meu nome” e professam relação comigo; são meus,
pelos quais tenho feito muito e espero muito, a quem nutri e criei,
como filhos, e
ainda assim eles se afastam de
mim. "
Em nosso
arrependimento não devemos lamentar apenas nossas desvantagens, mas também
nossas inclinações para nos desviarmos, não apenas nossas transgressões reais,
mas nossa corrupção original, o pecado que habita em nós, a nossa mente carnal.
Eles eram
estranhamente avessos ao arrependimento e à reforma. Aqui estão duas expressões
de sua obstinação:
(1.) Eles se recusaram a retornar. Tanto eles se inclinaram a retroceder que, embora não
pudessem deixar de experimentar, na provação, a loucura de seus
desvios, e que, quando abandonaram a Deus, mudaram para pior, mas continuaram em
seu mau caminho.
(2.) Os profetas e
ministros de Deus os chamaram para retornar ao Deus contra quem haviam se
revoltado, ao Deus Altíssimo, de quem haviam mergulhado nessa degenerescência
miserável; eles os chamavam da
adoração dos ídolos, que estavam
muito abaixo deles, e cuja adoração era, portanto, sua depreciação, ao Deus
verdadeiro, que estava muito acima deles, e cuja adoração era, portanto, a sua
preferência; eles os chamaram
desta terra para coisas altas e celestiais; mas
eles chamaram em vão. Ninguém o exaltaria. Embora ele seja o Deus Altíssimo, eles
não o reconheceriam, não fariam nada para honrá-lo nem lhe dariam a glória
devida ao seu nome. Ou, eles não o exaltariam, não se levantariam daquele estado de
apostasia e miséria em que se precipitaram; mas
ali, eles permaneceriam contentes, não levantando a cabeça
nem erguendo a alma. Note que os fiéis
ministros de Deus fizeram um grande esforço, sem propósito,
com os filhos desviados, os chamaram ao Altíssimo; mas ninguém se mexia, nem o exaltava.
Aqui está
Deus muito irado, e com justiça, com Israel; veja quais são os sinais do descontentamento de
Deus com os quais eles são aqui ameaçados.
1. Deus, que os tirou
do Egito, para torná-los um povo para Si, e uma vez que não
seriam fiéis a ele, os colocaria em uma condição
pior do que a princípio os encontrou: "Ele não
voltará para a terra do Egito” (Oseias
11.5), apesar
de já ter sido uma casa de servidão grave o suficiente; mas ele deve prestar um
serviço mais difícil, pois o
assírio será seu rei, que
o usará pior do que o faraó.
Não voltarão ao Egito, que fica
próximo, onde podem ouvir com frequência
de seu próprio país e de onde esperam
voltar em breve a ele; mas serão
levados para a Assíria, que fica muito mais longe, e onde
serão afastados de toda correspondência
com sua própria terra e de todas as esperanças
de retornar a ela, e com justiça, porque se recusaram a voltar. Note que aqueles que não retornam aos
deveres que deixaram não podem esperar retornar aos confortos que perderam.
2. Deus, que lhes deu
Canaã, aquela boa terra, e um assentamento muito seguro
e confortável nela, trará seus julgamentos
sobre eles lá, o que tornará sua habitação
insegura e desconfortável (Oseias 11.6): A
espada virá
sobre eles, a espada da guerra, a espada de um inimigo estrangeiro,
prevalecendo contra eles e triunfando sobre eles.
(1) Este julgamento
deve se espalhar para longe. A
espada se apegará às suas cidades, àqueles ninhos de pessoas e armazéns de
riqueza; da mesma forma, alcançará
seus ramos, as aldeias do país (alguns), os
próprios cidadãos (outros) ou os bares (de acordo com a palavra) e os portões
de sua cidade, ou todos os ramos de sua receita e riqueza, ou seus filhos, os
ramos de suas famílias.
(2.) Durará
muito: permanecerá em suas
cidades. Davi
pensou que três meses antes de seus inimigos serem o único
julgamento dos três que deveriam ser excluídos; mas
esta espada permanecerá por mais de três meses nas
cidades de Israel. Eles continuaram suas
rebeliões contra Deus e, portanto, Deus continuaria seus
julgamentos sobre eles.
(3) Deve haver um fim cabal: Deve consumir
os seus ramos, e devorá-los, e
colocar todos os resíduos, e isto por
causa dos seus próprios conselhos, isto
é, porque eles têm seus próprios projetos, que Deus, portanto, em um caminho de
julgamento justo, os entregou. Note
que a confusão dos pecadores é devida à
sua invenção. Os
conselhos de Deus os teriam salvado, mas seus próprios conselhos os arruinaram.
Este é o quadro dos
juízos ameaçados pela boca do próprio Deus através do profeta Oseias, contra os
pecados grosseiros de idolatria do Reino do Norte, que seriam cumpridos não
muito tempo depois de tê-los proferido.
Mas, o duro castigo
não significa que Israel seria abandonado para sempre, pois havia uma aliança
de misericórdia que havia sido feita com Abraão, mesmo para a sua descendência
terrena, não espiritual, não convertida, pois o caráter da aliança feita foi
dito perpétuo pelo próprio Senhor.
Vemos então, na
continuidade da profecia de Oseias 11 (versos 8 a 12), palavras de esperança
prometidas por Deus em relação a Israel, para serem cumpridas em todas as
gerações, e particularmente, a partir de Jesus Cristo.
Vemos o gracioso
debate de Deus dentro de Si sobre o caso de Israel, um debate entre justiça
e misericórdia, no qual a vitória claramente se
inclina para o lado da misericórdia.
Surpreenda-se, ó
céus nisso! E maravilhe-se, ó
terra, na glória
da bondade de Deus! Não
que haja em Deus tantas lutas quanto em nós, ou que ele esteja
sempre flutuando ou não resolvido; não, ele está
em uma mente firme e sabe disso; mas
são expressões à
maneira dos homens, destinadas a mostrar que gravidade o pecado de Israel
merecia e, no entanto, como a graça divina seria glorificada ao poupá-los, não
obstante.
A conexão
disso com o que se passa antes é muito surpreendente; foi dito de Israel no verso 7 que eles estavam inclinados a se desviar de Deus, que , embora fossem chamados a ele, não o exaltariam, sobre o qual, alguém pensaria, deveria
ter se seguido: "Agora estou determinado a destruí-los e nunca mais lhes
mostrar misericórdia." Não,
tal é a soberania da misericórdia,
tal a liberdade, a plenitude, a graça divina, que se
segue imediatamente: “Como
devo desistir de ti?” Veja
aqui:
(1.) As propostas que
a justiça faz a respeito de Israel, cuja sugestão está aqui implícita. Efraim seja abandonado, como um filho incorrigível
é abandonado para ser deserdado, como um paciente
incurável é entregue por seu médico. Que ele seja entregue à
ruína. Seja
Israel entregue na mão do inimigo, como um cordeiro ao leão,
para ser despedaçado; sejam feitos como Admá
e Zeboim, as duas cidades que com Sodoma e Gomorra foram destruídas
pelo fogo e enxofre que choveu do céu sobre eles; sejam eles total e irreparavelmente arruinados, e
sejam feitos como essas cidades em desolação, como se estivessem em pecado. Que a maldição que está
escrita na lei seja executada sobre eles, para que toda a terra seja enxofre
e sal. Efraim
e Israel merecem ser assim abandonados, e Deus não lhes fará mal se ele assim
lidar com eles.
(2.) A oposição que a misericórdia
faz a essas propostas: “como
devo fazê-lo?” Como
o terno pai argumenta consigo mesmo: "Como posso rejeitar meu filho
desagradável? Pois ele é meu filho, embora seja desagradável; como posso
encontrar em meu coração para fazê-lo?" Assim,
"Efraim tem sido um filho querido, um filho agradável: como posso fazer isso? Ele está pronto para a ruína; os juízos
estão prontos para prendê-lo; não há nada além de desistir
dele, mas
eu não posso fazê-lo a um povo próximo a mim; ainda há algo de bom entre eles;
são os filhos da aliança; se forem arruinados, o inimigo triunfará; pode ser
que ainda se arrependam e se reformem; e, portanto, como posso fazer
isso?" Note que o Deus do céu
é lento para se irar, e é
especialmente capaz de abandonar um povo para proferir ruínas,
que tiveram uma relação especial com ele. Veja como a misericórdia opera com a menção
desses procedimentos severos: Meu
coração se volta para dentro de mim, como
dizemos: Nosso coração nos falha quando chegamos a fazer algo que está contra
nós. Deus fala como se
estivesse consciente de um estranho esforço de afeição
em compaixão a Israel: como em Jeremias 31.20: “Não é Efraim
meu precioso filho, filho das minhas delícias? Pois tantas vezes quantas falo
contra ele, tantas vezes ternamente me lembro dele; comove-se por ele o meu
coração, deveras me compadecerei dele, diz o SENHOR.”
Suas entranhas
ansiavam por eles, e sua alma estava
entristecida por
seus pecados e miséria, (Juízes 10.16).
Quando Deus entregou
seu Filho para ser um sacrifício
pelo pecado, e um Salvador para os pecadores, ele não
disse: Como devo abandoná-lo? Não,
ele não poupou seu próprio filho; ao Senhor agradou moê-lo; e, portanto, Deus não o poupou, para que ele pudesse
nos poupar. Mas esta é
apenas a linguagem do dia de sua paciência; quando os homens pecaram, e chegou o grande dia de
sua ira, então nenhuma dificuldade é
feita; não, eu vou rir da sua calamidade.
Depois de uma longa
disputa, a misericórdia na questão se alegra com o julgamento, tem a última
palavra e ganha o dia, (Oseias
11.9). É
decretado que o julgamento será adiado ainda mais, e agora não executarei o furor da minha ira, embora eu esteja com raiva; embora não fiquem
completamente impunes, ele mitigará a sentença
e diminuirá o rigor dela. Ele
se mostrará justamente zangado, mas não
implacavelmente; eles devem ser
corrigidos, mas não consumidos. Não voltarei para destruir Efraim; os julgamentos infligidos não serão
repetidos, não serão tão profundos quanto mereciam.
É destacado no verso 8: "Como te
deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Como te faria como
a Admá? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração está comovido dentro de mim, as
minhas compaixões, à uma, se acendem."
O fundamento e a razão
desta determinação: Porque
eu sou Deus e não homem, o Santo de Israel. Para encorajá-los, a esperar que
encontrem misericórdia, considere:
(1) O que ele é em si
mesmo: Ele é Deus, e não
homem, como
em outras coisas, assim como perdoando pecados e poupando pecadores. Se eles tivessem ofendido um homem como eles, ele não
o faria, ele não o suportaria; sua
paixão teria dominado sua compaixão
e ele teria executado a ferocidade de sua raiva; mas eu sou Deus, e não homem. Ele é o Senhor
da sua ira, enquanto
a raiva dos homens geralmente os domina. Se
um príncipe terreno estivesse em um impasse entre justiça
e misericórdia, estaria perdido como comprometer o assunto
entre eles; mas quem é
Deus, e não o homem, sabe como encontrar um expediente para
garantir a honra de sua justiça e, ainda assim, promover a honra de sua
misericórdia. A compaixão
do homem não é nada em comparação
com as ternas misericórdias de nosso Deus, cujos pensamentos
e maneiras, ao receber pecadores que retornam, estão tão acima dos nossos
quanto o céu está acima da terra, (Isaías 55.9). Note,
é um grande incentivo para a nossa esperança
nas misericórdias de Deus lembrar que ele é Deus, e não homem. Ele é o
Santo. Alguém
poderia pensar que essa era uma razão pela qual ele deveria rejeitar um povo
tão provocador. Não; Deus sabe como poupar e perdoar os pecadores
pobres, não apenas sem censura à sua santidade, mas
muito à honra dela, pois ele é fiel e apenas nos perdoa os pecados, e nisso declara
a sua justiça, agora
Cristo comprou o perdão e ele prometeu dá-lo.
(2) O que ele é
para eles; ele é
o Santo no meio de ti; sua santidade está comprometida para o
bem de sua igreja, e mesmo nesta terra e idade corruptos e degenerados, houve
quem agradecesse na lembrança de sua santidade, e ele exigiu que todos fossem santos como ele é, (Levítico 19.2). Enquanto tivermos o Santo no meio de nós,
estamos seguros e bem; mas ai de nós
quando ele nos deixar! Note que aqueles que
se submetem à Sua influência podem ter o
conforto da santidade de Deus.
Eles voltarão e
buscarão o Senhor seu Deus; é
falado das dez tribos e teve sua realização, em parte, no retorno de algumas
delas com as das duas tribos no tempo de Esdras; mas
teve sua realização mais completa no Israel espiritual de
Deus, a igreja do evangelho, reunida e incorporada pelo evangelho de Cristo.
E então
observe:
1. Como eles deveriam
ser chamados e reunidos: O Senhor rugirá como
um leão. A palavra do Senhor será como um leão que ruge. Cristo é chamado o leão da tribo de Judá, e seu evangelho, no princípio, era a voz de quem clama no deserto. Quando Cristo clamou em alta voz, foi
como quando um leão rugiu,
Apocalipse 10.3. A voz do evangelho foi ouvida ao longe, como o rugido de um leão, e era uma voz
poderosa. Veja
Joel 3.16.
2. Que impressão
esse chamado deve causar sobre eles, como o rugido de um leão
causa sobre todos os animais da floresta: quando
ele rugir, as crianças tremerão. Veja
Amós 3.8, o leão rugiu; o Senhor Deus falou; e então quem
não temerá? Quando
aqueles cujos corações o evangelho alcançou tremeram, e ficaram surpresos, e
clamaram: O que devemos fazer? Quando eles foram postos em prática da
salvação e adoraram a Deus com medo e tremor, então essa promessa foi cumprida.
Onde quer que estejam
aqueles que pertencem à eleição da graça
- leste, oeste, norte ou sul - eles ouvirão
o som alegre e
serão despertados por ele; os do Egito e da Assíria se reunirão; aqueles que estão mais afastados um
do outro se encontrarão em Cristo e serão
incorporados na igreja.
3. Que efeito essas
impressões devem ter sobre eles. Movidos de temor, eles fugirão para a arca: Andarão segundo o Senhor, após o
serviço do Senhor; eles
tomarão o Senhor Jesus Cristo como seu líder e comandante; eles se alistarão sob ele como capitão
de sua salvação e se entregarão à direção do Espírito como guia da palavra; devem deixar
tudo para seguir a Cristo, quando se tornam discípulos. Note que nosso santo tremor diante da
palavra de Cristo nos atrairá para ele, não nos afastará dele. Quando ele ruge
como um leão, os
escravos tremem e fogem dele, os filhos tremem e fogem para ele.
4. Com que alegria
eles se encontrarão em seu retorno (verso 11): Eu os colocarei em suas casas (todos os que vierem ao chamado do
evangelho terão um lugar e um nome na igreja do evangelho, em particular
igrejas que são suas casas, às quais pertencem; habitarão em Deus e ficarão em
casa nele, seguros, como um homem em sua própria casa; terão mansões, pois há
muitas na casa de nosso Pai,
em seu tabernáculo na terra e em seu templo no céu, em habitações eternas, que podem ser chamadas de casas, pois são a
habitação em que
permanecerão no fim dos dias.
APÊNDICE:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da
nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações transformadoras
seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam
debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual
eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei
determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento
substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que seria
contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi
gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme
representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos
alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o
corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o
sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua
vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que
sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que
nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas
imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central
relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de
forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi
feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para
garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a
glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que busque
se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois
tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo
desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que
nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem
perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por
graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios desta
aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um povo
exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós
mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a
aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais
poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo
Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo
sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote
foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação
eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para
este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito Santo,
mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
Por que Não é como Foi para Admá e Zeboim?
Por
Silvio Dutra
Out/2019
A474
|
Alves, Silvio Dutra
|
Por que não é como foi para Admá e
Zeboim?
|
Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro,
2019.
|
53p.; 14,8 x21cm
|
|
1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Fé 4.
Graça.
|
I.
Título.
|
|
CDD 252
|
Se
alguém deseja conhecer uma parte significativa do caráter de Deus, ouvindo o
próprio Deus falando, basta recorrer ao 11º capítulo do livro do profeta
Oseias, no qual Ele expressa Seus planos e sentimentos em relação a Israel.
Antes de tudo,
devemos entender que as promessas de bênçãos da profecia se referem sobretudo à
Igreja, que é o verdadeiro Israel de Deus, e que nos dias do Velho Testamento
estava tipificada na aliança de graça que o Senhor havia feito com o Israel
terreno, a saber, com os descendentes de Abraão, chamados em Jacó, seu neto.
Como sabemos que
muitos em Israel não amavam o Senhor porque não o conheciam e o temiam, pois
eram carnais, e não consideravam as Suas palavras para as colocarem em prática
com espírito voluntário, então quando se fala em amor eterno, em atração com
cordas de amor e laços humanos, e tratamento com brandura, é evidente que não é
a estes que a profecia se destina, senão àqueles que eram humildes de espírito
e buscavam andar nos caminhos de Deus, conforme podemos ver em muitas outras
passagens das Escrituras, como por
exemplo em:
“Tenho visto os seus caminhos e o sararei; também o
guiarei e lhe tornarei a dar consolação, a saber, aos que dele
choram.” (Isaías 57.18)
“1 O Espírito do
SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos
quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar
libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados;
2 a apregoar
o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que
choram
3 e a pôr sobre os
que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto,
veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem
carvalhos de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua glória.” (Isaías
61.1-3).
“3 Bem-aventurados
os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
4 Bem-aventurados
os que choram, porque serão consolados.” (Mateus 5.3,4).
É por causa desses que são quebrantados de espírito que Deus tolera com
grande longanimidade os réprobos e perversos que jamais o amarão, porque não
destina o mesmo tratamento para ambos, pois aos primeiros somente repreende e
corrige e não sujeita à condenação e destruição como os demais.
Deus pretendia demonstrar esta verdade com a eleição e formação da nação
de Israel e pelo modo como se revelou no seu relacionamento com o Seu povo,
para que fosse vista a distinção do Seu tratamento para com Israel e as demais
nações.
Israel jamais seria destinado à destruição final em razão da aliança de
graça que havia sido feita com Abraão, de que Israel permaneceria como nação
para sempre, e desfrutando dos benefícios e privilégios da aliança firmada.
Esta aliança com Abraão para o Israel terreno, tipificava a aliança
feita entre Deus Pai e Deus Filho para o Israel espiritual, formado por todos
aqueles que são nascidos de novo do Espírito.
Todavia, uma questão importante se interpõe em face de ser o povo de
Deus composto por pecadores, e como poderia o atributo da justiça divina ser
conciliado com o da misericórdia?
A Lei deve ser inflexível, segundo a justiça, e não pode fazer boas
promessas a rebeldes transgressores dos seus mandamentos, como vemos por
exemplo nas ameaças proferidas contra Israel no caso de transgressão da
aliança:
“19 ninguém que,
ouvindo as palavras desta maldição, se abençoe no seu íntimo,
dizendo: Terei paz, ainda que ande na perversidade do meu coração, para
acrescentar à sede a bebedice.
20 O SENHOR
não lhe quererá perdoar; antes, fumegará a ira do SENHOR e o seu zelo sobre tal
homem, e toda maldição escrita neste livro jazerá sobre ele; e o SENHOR lhe
apagará o nome de debaixo do céu.
21 O SENHOR o
separará de todas as tribos de Israel para calamidade, segundo todas as
maldições da aliança escrita neste Livro da Lei.
22 Então, dirá a geração
vindoura, os vossos filhos, que se levantarem depois de vós, e o
estrangeiro que virá de terras longínquas, vendo as pragas desta
terra e as suas doenças, com que o SENHOR a terá afligido,
23 e toda a
sua terra abrasada com enxofre e sal, de sorte que não será semeada,
e nada produzirá, nem crescerá nela erva
alguma, assim como foi a destruição de Sodoma e de Gomorra,
de Admá e de Zeboim, que o SENHOR destruiu na sua ira e no seu furor,
24 isto é, todas as
nações dirão: Por que fez o SENHOR assim com esta terra? Qual foi a causa do furor
de tamanha ira?
25 Então, se dirá: Porque
desprezaram a aliança que o SENHOR, Deus de seus pais, fez com eles, quando os
tirou do Egito;
26 e se
foram, e serviram a outros deuses, e os adoraram; deuses que não
conheceram e que ele não lhes havia designado.
27 Pelo que a
ira do SENHOR se acendeu contra esta terra, trazendo sobre ela toda a maldição
que está escrita neste livro.
28 O SENHOR
os arrancou, com ira, de sua terra, mas também com indignação e grande furor, e
os lançou para outra terra, como hoje se vê.” (Deuteronômio 29.19-28).
Observe que as cidades de Admá e Zeboim são citadas ao lado de Sodoma e
Gomorra, porque sofreram a mesma destruição pelo fogo que tornou todo aquele
território em enxofre e sal, de modo que não poderia sustentar qualquer
lavoura. De campinas verdejantes que eram, elas se tornaram terra arrasada,
para servirem de exemplo a todos aqueles que andam contrariamente ao Senhor.
Se o Israel terreno e carnal seguisse nos mesmos passos daquelas
cidades, ele também seria sujeito ao mesmo juízo, ainda que não vindo fogo do
céu sobre eles para uma destruição total, uma vez que a promessa da aliança é a
de que seriam preservados, mas não seriam poupados do castigo que mereciam.
O juízo implacável da Lei, segundo a justiça divina, seria vencido pela
misericórdia, sem que a justiça fosse desonrada. Um sacrifício eterno seria
oferecido por Cristo, e a misericórdia poderia triunfar em juízo, de modo que
ainda que Israel merecesse a mesma desolação final que foi dada às cidades de
Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, a maldição da Lei não seria cumprida sobre eles
na forma rigorosa em que fora declarada.
Deus requer dos crentes que eles tenham a mesma misericórdia que Ele.
Isto deve ser aprendido e exercitado de modo prático.
Veja o que Wilhelmus à Brakel disse a respeito da causa da destruição de
Sodoma e Gomorra, e das demais cidades da campina, entre as quais se incluam Admá
e Zeboim:
“Você sabe que Sodoma e todos os seus habitantes - pais e filhos - foram
consumidos por Deus com fogo que caiu do céu e que Deus tornou essas cidades um
exemplo para aqueles que vivem vidas ímpias (2 Pedro 2: 6). Em que consistia sua impiedade, contudo? Foi falta de
compaixão pelos pobres - o pecado em que você está vivendo. “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de
pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre
e o necessitado.” (Ezequiel 16:49).
O pecado de Israel se assemelhava também ao das cidades destruídas pelo
fogo, porque não tinham compaixão e amor pelo próximo, por seus próprios irmãos
israelitas, e assim, estavam provocando a ira do Senhor.
Deve ser lembrado sempre que em Seus juízos Deus sabe como livrar o
piedoso enquanto sujeita o ímpio ao castigo, conforme foi visto no caso de Ló,
sobrinho de Abraão.
Onde o Espírito Santo está, aí há liberdade de todo juízo, e vida eterna
é gerada, mas onde Ele não passa, porque os corações são como terrenos
pantanosos que não servem para a lavoura de Deus, em vez de vida, serão aterrados
com sal para nunca mais poderem vir a ser utilizados, conforme se vê na
profecia de Ezequiel:
“1 Depois
disto, o homem me fez voltar à entrada do templo, e eis que saíam águas de
debaixo do limiar do templo, para o oriente; porque a face da casa dava para o
oriente, e as águas vinham de baixo, do lado direito da casa, do lado sul do
altar.
2 Ele me
levou pela porta do norte e me fez dar uma volta por fora, até à porta
exterior, que olha para o oriente; e eis que corriam as águas ao lado direito.
3 Saiu
aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; mediu
mil côvados e me fez passar pelas águas, águas que
me davam pelos tornozelos.
4 Mediu mais
mil e me fez passar pelas águas, águas que
me davam pelos joelhos; mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que
me davam pelos lombos.
5 Mediu
ainda outros mil, e era já um rio que eu não podia
atravessar, porque as águas tinham crescido, águas que
se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar.
6 E me
disse: Viste isto, filho do homem? Então, me levou e me tornou a
trazer à margem do rio.
7 Tendo eu
voltado, eis que à margem do rio havia grande abundância de árvores, de
um e de outro lado.
8 Então, me
disse: Estas águas saem para a região oriental, e descem à campina, e entram no mar
Morto, cujas águas ficarão saudáveis.
9 Toda
criatura vivente que vive em enxames viverá por onde quer que passe
este rio, e haverá muitíssimo peixe, e, aonde
chegarem estas águas, tornarão
saudáveis as do mar, e tudo viverá por onde quer que passe este rio.
10 Junto a
ele se acharão pescadores; desde En-Gedi até En-Eglaim haverá lugar
para se estenderem redes; o seu peixe, segundo as suas espécies, será como o
peixe do mar Grande, em multidão excessiva.
11 Mas os
seus charcos e os seus pântanos não serão feitos
saudáveis; serão deixados para o sal.” (Ezequiel 47.1-11).
Quando se pensa em nação ou povo de Deus, não se deve pensar em termos
de nações terrenas, mas de pessoas salvas, nascidas de novo, e santificadas
pelo Espírito. Deus as vê desde antes da fundação do mundo, e as traz à
existência nas épocas e locais determinados pela Sua exclusiva soberania. Estes
não estão destinados para o enxofre e o sal, mas para terem vida, e vida em
abundância em Jesus Cristo.
Deus os amou com amor eterno, e os atrai para Si, e não pode fazer deles
o que fez a Zeboim e a Admá, pois é movido em direção a eles com amor, bondade
e misericórdia. Ele os elegeu em Seu coração para serem filhos amados, e isto,
para sempre, e então jamais os deixará ou abandonará ainda que tenha que
corrigi-los.
Muitos daqueles israelitas que foram espalhados por todas as nações da
Terra, mesmo os do Reino do Norte, viriam a ter descendentes em todas as
gerações que seriam alcançados pela promessa de Deus de lhes fazer bem para
sempre.
Há ímpios que se perdem eternamente, mas geram filhos neste mundo que
virão a ser salvos, e esta é também uma razão dentre muitas porque Deus os
tolera com grande longanimidade por muito tempo.
É o próprio Deus que se refere a toda esta verdade relativa ao Seu
caráter, conforme podemos ver no 11º capítulo de Oséias:
“1 Quando
Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho.
2 Quanto
mais eu os chamava, tanto mais se iam da minha presença;
sacrificavam a baalins e queimavam incenso às imagens de escultura.
3 Todavia,
eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os nos meus braços, mas não atinaram
que eu os curava.
4 Atraí-os com
cordas humanas, com laços de amor; fui para eles como quem alivia o jugo de
sobre as suas queixadas e me inclinei para dar-lhes de comer.
5 Não voltarão para a
terra do Egito, mas o assírio será seu rei, porque recusam
converter-se.
6 A espada
cairá sobre as suas cidades, e consumirá os seus ferrolhos, e as devorará, por
causa dos seus caprichos.
7 Porque o
meu povo é inclinado a desviar-se de mim; se é concitado a dirigir-se
acima, ninguém o faz.
8 Como te
deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Como te faria como
a Admá? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração está comovido dentro de mim, as
minhas compaixões, à uma, se acendem.
9 Não
executarei o furor da minha ira; não tornarei para destruir a
Efraim, porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti;
não voltarei em ira.
10 Andarão após o
SENHOR; este bramará como leão, e, bramando, os filhos, tremendo, virão do
Ocidente;
11 tremendo,
virão, como passarinhos, os do Egito, e, como pombas, os da terra da Assíria, e os
farei habitar em suas próprias casas, diz o SENHOR.
12 Efraim me
cercou por meio de mentiras, e a casa de Israel, com engano; mas Judá ainda
domina com Deus e é fiel com o Santo.”
Deus não pode inocentar o culpado, conforme exigido pelo atributo da
justiça, mas pode perdoá-lo caso se arrependa e se converta a Ele.
O apóstolo Paulo compara o Israel terreno com o espiritual em Gálatas 4,
e explica em Romanos 9 como se aplicam aos eleitos as palavras que lemos em
Oseias 11, quanto ao amor eletivo de Deus a eles, que são poupados por Sua misericórdia,
e quanto à destinação para a condenação eterna, daqueles que são os objetos da
Sua ira.
“1 Digo a
verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no Espírito
Santo, a minha própria consciência:
2 tenho
grande tristeza e incessante dor no coração;
3 porque eu
mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus
compatriotas, segundo a carne.
4 São
israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a
glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas;
5 deles são os patriarcas,
e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre
todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!
6 E não pensemos
que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato,
israelitas;
7 nem por
serem descendentes de Abraão são todos
seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.
8 Isto é, estes
filhos de Deus não são propriamente os da carne,
mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa.
9 Porque a
palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho.
10 E não ela
somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque,
nosso pai.
11 E ainda não eram os
gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito
de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que
chama),
12 já fora dito
a ela: O mais velho será servo do mais moço.
13 Como está escrito:
Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú.
14 Que
diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!
15 Pois ele
diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e
compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão.
16 Assim,
pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua
misericórdia.
17 Porque a
Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em
ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra.
18 Logo, tem
ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz.
19 Tu, porém, me dirás: De que
se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua
vontade?
20 Quem és tu, ó homem,
para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez:
Por que me fizeste assim?
21 Ou não tem o
oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e
outro, para desonra?
22 Que
diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu
poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a
perdição,
23 a fim de
que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em
vasos de misericórdia, que para glória
preparou de antemão,
24 os quais
somos nós, a quem também chamou, não só dentre os
judeus, mas também dentre os gentios?
25 Assim como
também diz em Oseias: Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à
que não era amada;
26 e no lugar
em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo
serão chamados filhos do Deus vivo.
27 Mas,
relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos
filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.
28 Porque o
Senhor cumprirá a sua palavra sobre a terra, cabalmente e em breve;
29 como Isaías já disse: Se
o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, ter-nos-íamos
tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra.
30 Que diremos,
pois? Que os gentios, que não buscavam a justificação, vieram
a alcançá-la, todavia, a que decorre da fé;
31 e Israel,
que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa lei.
32 Por quê? Porque não decorreu
da fé, e sim como que das obras. Tropeçaram na pedra de tropeço,
33 como está escrito:
Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e rocha
de escândalo, e aquele que nela crê não será confundido.” (Romanos 9.1-33).
Israel sempre foi surdo
e desobedientes à voz de Deus. Ele
falou com eles por seus mensageiros, Moisés e seus outros
profetas, os chamaram de seus pecados, os chamaram a si mesmos, a seu trabalho
e dever; mas quando eles os chamaram, eles foram
embora; eles
se rebelaram nos casos particulares em que foram advertidos; quanto mais prementes e importunos os profetas eram
com eles, para persuadi-los àquilo que era bom,
mais refratários eles eram e mais resolutos em seus maus
caminhos, desobedecendo a Deus.
Eles gostavam de ídolos
e os adoravam. Eles sacrificaram a Baalins, primeiro um Baal e depois outro, e queimaram incenso a imagens de
escultura, apesar
de terem sido chamados pelos profetas do Senhor repetidamente para não fazerem tal
coisa abominável que ele odiava. A
idolatria era o pecado que, desde o início, e o tempo todo, mais
facilmente os assolara.
Eles eram
independentes de Deus e de seus favores para eles: “não sabiam que eu os curava”. Eles olhavam apenas para Moisés e Arão,
os instrumentos de seu alívio, e, quando algo estava errado, brigavam com eles,
mas não olhavam através deles para Deus que os empregava. Ou, quando Deus os corrigiu e os manteve sob uma
disciplina severa, eles não entenderam que era para o bem deles, e que Deus os curava, e que era necessário para o
aperfeiçoamento de sua cura, caso contrário, eles teriam uma melhor
reconciliação aos métodos que Deus adotou.
Eles estavam
fortemente inclinados à apostasia. Este é o artigo mais
obscuro da acusação em Oseias 11.7: “Meu povo está inclinado a se afastar de
mim”. Cada
palavra aqui é agravante.
(1) Eles recuam. Não há domínio neles, nem firmeza; eles parecem avançar em direção
a Deus, mas rapidamente recuam de novo
e são como um arco enganoso.
(2.) Eles se afastam de mim, de Deus, o principal bem, a fonte da
vida e das águas vivas, do seu Deus que nunca se afastou deles.
(3.) Eles são dados a retroceder; eles estão prontos para pecar; existe em sua natureza uma propensão
ao que é mau; na
melhor das hipóteses, ficam em suspense entre Deus e o mundo, de
modo que uma pequena coisa serve para atraí-los para o caminho errado; eles estão ansiosos para
fechar com toda tentação. Também
sugere que eles são resolutos no pecado; seus corações estão totalmente dispostos neles para fazer o
mal; e
eles persistem em seus desvios, seja o que for dito ou feito para detê-los; e, ainda assim,
(4.) "Eles são,
na profissão, “meu
povo”. Eles
são “chamados pelo meu nome” e professam relação comigo; são meus,
pelos quais tenho feito muito e espero muito, a quem nutri e criei,
como filhos, e
ainda assim eles se afastam de
mim. "
Em nosso
arrependimento não devemos lamentar apenas nossas desvantagens, mas também
nossas inclinações para nos desviarmos, não apenas nossas transgressões reais,
mas nossa corrupção original, o pecado que habita em nós, a nossa mente carnal.
Eles eram
estranhamente avessos ao arrependimento e à reforma. Aqui estão duas expressões
de sua obstinação:
(1.) Eles se recusaram a retornar. Tanto eles se inclinaram a retroceder que, embora não
pudessem deixar de experimentar, na provação, a loucura de seus
desvios, e que, quando abandonaram a Deus, mudaram para pior, mas continuaram em
seu mau caminho.
(2.) Os profetas e
ministros de Deus os chamaram para retornar ao Deus contra quem haviam se
revoltado, ao Deus Altíssimo, de quem haviam mergulhado nessa degenerescência
miserável; eles os chamavam da
adoração dos ídolos, que estavam
muito abaixo deles, e cuja adoração era, portanto, sua depreciação, ao Deus
verdadeiro, que estava muito acima deles, e cuja adoração era, portanto, a sua
preferência; eles os chamaram
desta terra para coisas altas e celestiais; mas
eles chamaram em vão. Ninguém o exaltaria. Embora ele seja o Deus Altíssimo, eles
não o reconheceriam, não fariam nada para honrá-lo nem lhe dariam a glória
devida ao seu nome. Ou, eles não o exaltariam, não se levantariam daquele estado de
apostasia e miséria em que se precipitaram; mas
ali, eles permaneceriam contentes, não levantando a cabeça
nem erguendo a alma. Note que os fiéis
ministros de Deus fizeram um grande esforço, sem propósito,
com os filhos desviados, os chamaram ao Altíssimo; mas ninguém se mexia, nem o exaltava.
Aqui está
Deus muito irado, e com justiça, com Israel; veja quais são os sinais do descontentamento de
Deus com os quais eles são aqui ameaçados.
1. Deus, que os tirou
do Egito, para torná-los um povo para Si, e uma vez que não
seriam fiéis a ele, os colocaria em uma condição
pior do que a princípio os encontrou: "Ele não
voltará para a terra do Egito” (Oseias
11.5), apesar
de já ter sido uma casa de servidão grave o suficiente; mas ele deve prestar um
serviço mais difícil, pois o
assírio será seu rei, que
o usará pior do que o faraó.
Não voltarão ao Egito, que fica
próximo, onde podem ouvir com frequência
de seu próprio país e de onde esperam
voltar em breve a ele; mas serão
levados para a Assíria, que fica muito mais longe, e onde
serão afastados de toda correspondência
com sua própria terra e de todas as esperanças
de retornar a ela, e com justiça, porque se recusaram a voltar. Note que aqueles que não retornam aos
deveres que deixaram não podem esperar retornar aos confortos que perderam.
2. Deus, que lhes deu
Canaã, aquela boa terra, e um assentamento muito seguro
e confortável nela, trará seus julgamentos
sobre eles lá, o que tornará sua habitação
insegura e desconfortável (Oseias 11.6): A
espada virá
sobre eles, a espada da guerra, a espada de um inimigo estrangeiro,
prevalecendo contra eles e triunfando sobre eles.
(1) Este julgamento
deve se espalhar para longe. A
espada se apegará às suas cidades, àqueles ninhos de pessoas e armazéns de
riqueza; da mesma forma, alcançará
seus ramos, as aldeias do país (alguns), os
próprios cidadãos (outros) ou os bares (de acordo com a palavra) e os portões
de sua cidade, ou todos os ramos de sua receita e riqueza, ou seus filhos, os
ramos de suas famílias.
(2.) Durará
muito: permanecerá em suas
cidades. Davi
pensou que três meses antes de seus inimigos serem o único
julgamento dos três que deveriam ser excluídos; mas
esta espada permanecerá por mais de três meses nas
cidades de Israel. Eles continuaram suas
rebeliões contra Deus e, portanto, Deus continuaria seus
julgamentos sobre eles.
(3) Deve haver um fim cabal: Deve consumir
os seus ramos, e devorá-los, e
colocar todos os resíduos, e isto por
causa dos seus próprios conselhos, isto
é, porque eles têm seus próprios projetos, que Deus, portanto, em um caminho de
julgamento justo, os entregou. Note
que a confusão dos pecadores é devida à
sua invenção. Os
conselhos de Deus os teriam salvado, mas seus próprios conselhos os arruinaram.
Este é o quadro dos
juízos ameaçados pela boca do próprio Deus através do profeta Oseias, contra os
pecados grosseiros de idolatria do Reino do Norte, que seriam cumpridos não
muito tempo depois de tê-los proferido.
Mas, o duro castigo
não significa que Israel seria abandonado para sempre, pois havia uma aliança
de misericórdia que havia sido feita com Abraão, mesmo para a sua descendência
terrena, não espiritual, não convertida, pois o caráter da aliança feita foi
dito perpétuo pelo próprio Senhor.
Vemos então, na
continuidade da profecia de Oseias 11 (versos 8 a 12), palavras de esperança
prometidas por Deus em relação a Israel, para serem cumpridas em todas as
gerações, e particularmente, a partir de Jesus Cristo.
Vemos o gracioso
debate de Deus dentro de Si sobre o caso de Israel, um debate entre justiça
e misericórdia, no qual a vitória claramente se
inclina para o lado da misericórdia.
Surpreenda-se, ó
céus nisso! E maravilhe-se, ó
terra, na glória
da bondade de Deus! Não
que haja em Deus tantas lutas quanto em nós, ou que ele esteja
sempre flutuando ou não resolvido; não, ele está
em uma mente firme e sabe disso; mas
são expressões à
maneira dos homens, destinadas a mostrar que gravidade o pecado de Israel
merecia e, no entanto, como a graça divina seria glorificada ao poupá-los, não
obstante.
A conexão
disso com o que se passa antes é muito surpreendente; foi dito de Israel no verso 7 que eles estavam inclinados a se desviar de Deus, que , embora fossem chamados a ele, não o exaltariam, sobre o qual, alguém pensaria, deveria
ter se seguido: "Agora estou determinado a destruí-los e nunca mais lhes
mostrar misericórdia." Não,
tal é a soberania da misericórdia,
tal a liberdade, a plenitude, a graça divina, que se
segue imediatamente: “Como
devo desistir de ti?” Veja
aqui:
(1.) As propostas que
a justiça faz a respeito de Israel, cuja sugestão está aqui implícita. Efraim seja abandonado, como um filho incorrigível
é abandonado para ser deserdado, como um paciente
incurável é entregue por seu médico. Que ele seja entregue à
ruína. Seja
Israel entregue na mão do inimigo, como um cordeiro ao leão,
para ser despedaçado; sejam feitos como Admá
e Zeboim, as duas cidades que com Sodoma e Gomorra foram destruídas
pelo fogo e enxofre que choveu do céu sobre eles; sejam eles total e irreparavelmente arruinados, e
sejam feitos como essas cidades em desolação, como se estivessem em pecado. Que a maldição que está
escrita na lei seja executada sobre eles, para que toda a terra seja enxofre
e sal. Efraim
e Israel merecem ser assim abandonados, e Deus não lhes fará mal se ele assim
lidar com eles.
(2.) A oposição que a misericórdia
faz a essas propostas: “como
devo fazê-lo?” Como
o terno pai argumenta consigo mesmo: "Como posso rejeitar meu filho
desagradável? Pois ele é meu filho, embora seja desagradável; como posso
encontrar em meu coração para fazê-lo?" Assim,
"Efraim tem sido um filho querido, um filho agradável: como posso fazer isso? Ele está pronto para a ruína; os juízos
estão prontos para prendê-lo; não há nada além de desistir
dele, mas
eu não posso fazê-lo a um povo próximo a mim; ainda há algo de bom entre eles;
são os filhos da aliança; se forem arruinados, o inimigo triunfará; pode ser
que ainda se arrependam e se reformem; e, portanto, como posso fazer
isso?" Note que o Deus do céu
é lento para se irar, e é
especialmente capaz de abandonar um povo para proferir ruínas,
que tiveram uma relação especial com ele. Veja como a misericórdia opera com a menção
desses procedimentos severos: Meu
coração se volta para dentro de mim, como
dizemos: Nosso coração nos falha quando chegamos a fazer algo que está contra
nós. Deus fala como se
estivesse consciente de um estranho esforço de afeição
em compaixão a Israel: como em Jeremias 31.20: “Não é Efraim
meu precioso filho, filho das minhas delícias? Pois tantas vezes quantas falo
contra ele, tantas vezes ternamente me lembro dele; comove-se por ele o meu
coração, deveras me compadecerei dele, diz o SENHOR.”
Suas entranhas
ansiavam por eles, e sua alma estava
entristecida por
seus pecados e miséria, (Juízes 10.16).
Quando Deus entregou
seu Filho para ser um sacrifício
pelo pecado, e um Salvador para os pecadores, ele não
disse: Como devo abandoná-lo? Não,
ele não poupou seu próprio filho; ao Senhor agradou moê-lo; e, portanto, Deus não o poupou, para que ele pudesse
nos poupar. Mas esta é
apenas a linguagem do dia de sua paciência; quando os homens pecaram, e chegou o grande dia de
sua ira, então nenhuma dificuldade é
feita; não, eu vou rir da sua calamidade.
Depois de uma longa
disputa, a misericórdia na questão se alegra com o julgamento, tem a última
palavra e ganha o dia, (Oseias
11.9). É
decretado que o julgamento será adiado ainda mais, e agora não executarei o furor da minha ira, embora eu esteja com raiva; embora não fiquem
completamente impunes, ele mitigará a sentença
e diminuirá o rigor dela. Ele
se mostrará justamente zangado, mas não
implacavelmente; eles devem ser
corrigidos, mas não consumidos. Não voltarei para destruir Efraim; os julgamentos infligidos não serão
repetidos, não serão tão profundos quanto mereciam.
É destacado no verso 8: "Como te
deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Como te faria como
a Admá? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração está comovido dentro de mim, as
minhas compaixões, à uma, se acendem."
O fundamento e a razão
desta determinação: Porque
eu sou Deus e não homem, o Santo de Israel. Para encorajá-los, a esperar que
encontrem misericórdia, considere:
(1) O que ele é em si
mesmo: Ele é Deus, e não
homem, como
em outras coisas, assim como perdoando pecados e poupando pecadores. Se eles tivessem ofendido um homem como eles, ele não
o faria, ele não o suportaria; sua
paixão teria dominado sua compaixão
e ele teria executado a ferocidade de sua raiva; mas eu sou Deus, e não homem. Ele é o Senhor
da sua ira, enquanto
a raiva dos homens geralmente os domina. Se
um príncipe terreno estivesse em um impasse entre justiça
e misericórdia, estaria perdido como comprometer o assunto
entre eles; mas quem é
Deus, e não o homem, sabe como encontrar um expediente para
garantir a honra de sua justiça e, ainda assim, promover a honra de sua
misericórdia. A compaixão
do homem não é nada em comparação
com as ternas misericórdias de nosso Deus, cujos pensamentos
e maneiras, ao receber pecadores que retornam, estão tão acima dos nossos
quanto o céu está acima da terra, (Isaías 55.9). Note,
é um grande incentivo para a nossa esperança
nas misericórdias de Deus lembrar que ele é Deus, e não homem. Ele é o
Santo. Alguém
poderia pensar que essa era uma razão pela qual ele deveria rejeitar um povo
tão provocador. Não; Deus sabe como poupar e perdoar os pecadores
pobres, não apenas sem censura à sua santidade, mas
muito à honra dela, pois ele é fiel e apenas nos perdoa os pecados, e nisso declara
a sua justiça, agora
Cristo comprou o perdão e ele prometeu dá-lo.
(2) O que ele é
para eles; ele é
o Santo no meio de ti; sua santidade está comprometida para o
bem de sua igreja, e mesmo nesta terra e idade corruptos e degenerados, houve
quem agradecesse na lembrança de sua santidade, e ele exigiu que todos fossem santos como ele é, (Levítico 19.2). Enquanto tivermos o Santo no meio de nós,
estamos seguros e bem; mas ai de nós
quando ele nos deixar! Note que aqueles que
se submetem à Sua influência podem ter o
conforto da santidade de Deus.
Eles voltarão e
buscarão o Senhor seu Deus; é
falado das dez tribos e teve sua realização, em parte, no retorno de algumas
delas com as das duas tribos no tempo de Esdras; mas
teve sua realização mais completa no Israel espiritual de
Deus, a igreja do evangelho, reunida e incorporada pelo evangelho de Cristo.
E então
observe:
1. Como eles deveriam
ser chamados e reunidos: O Senhor rugirá como
um leão. A palavra do Senhor será como um leão que ruge. Cristo é chamado o leão da tribo de Judá, e seu evangelho, no princípio, era a voz de quem clama no deserto. Quando Cristo clamou em alta voz, foi
como quando um leão rugiu,
Apocalipse 10.3. A voz do evangelho foi ouvida ao longe, como o rugido de um leão, e era uma voz
poderosa. Veja
Joel 3.16.
2. Que impressão
esse chamado deve causar sobre eles, como o rugido de um leão
causa sobre todos os animais da floresta: quando
ele rugir, as crianças tremerão. Veja
Amós 3.8, o leão rugiu; o Senhor Deus falou; e então quem
não temerá? Quando
aqueles cujos corações o evangelho alcançou tremeram, e ficaram surpresos, e
clamaram: O que devemos fazer? Quando eles foram postos em prática da
salvação e adoraram a Deus com medo e tremor, então essa promessa foi cumprida.
Onde quer que estejam
aqueles que pertencem à eleição da graça
- leste, oeste, norte ou sul - eles ouvirão
o som alegre e
serão despertados por ele; os do Egito e da Assíria se reunirão; aqueles que estão mais afastados um
do outro se encontrarão em Cristo e serão
incorporados na igreja.
3. Que efeito essas
impressões devem ter sobre eles. Movidos de temor, eles fugirão para a arca: Andarão segundo o Senhor, após o
serviço do Senhor; eles
tomarão o Senhor Jesus Cristo como seu líder e comandante; eles se alistarão sob ele como capitão
de sua salvação e se entregarão à direção do Espírito como guia da palavra; devem deixar
tudo para seguir a Cristo, quando se tornam discípulos. Note que nosso santo tremor diante da
palavra de Cristo nos atrairá para ele, não nos afastará dele. Quando ele ruge
como um leão, os
escravos tremem e fogem dele, os filhos tremem e fogem para ele.
4. Com que alegria
eles se encontrarão em seu retorno (verso 11): Eu os colocarei em suas casas (todos os que vierem ao chamado do
evangelho terão um lugar e um nome na igreja do evangelho, em particular
igrejas que são suas casas, às quais pertencem; habitarão em Deus e ficarão em
casa nele, seguros, como um homem em sua própria casa; terão mansões, pois há
muitas na casa de nosso Pai,
em seu tabernáculo na terra e em seu templo no céu, em habitações eternas, que podem ser chamadas de casas, pois são a
habitação em que
permanecerão no fim dos dias.
APÊNDICE:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da
nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações transformadoras
seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam
debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual
eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei
determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento
substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que seria
contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi
gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme
representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos
alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o
corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o
sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua
vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que
sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que
nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas
imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central
relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de
forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi
feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para
garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a
glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que busque
se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois
tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo
desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que
nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem
perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por
graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios desta
aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um povo
exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós
mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a
aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais
poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo
Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo
sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote
foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação
eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para
este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito Santo,
mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
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