“Agora, pois, permanecem a fé, a
esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.” (I Coríntios
13.13)
Estas palavras não se referem
a algo que tenha sido da invenção do apóstolo Paulo, mas são parte do ensino de
nosso Senhor Jesus Cristo, e que se comprovam como verdadeiras na experiência
dos crentes.
Permanecer é mais do que simplesmente estar, que
pode ser presente agora e não depois. Permanecer é continuar, persistir,
perseverar, indicando a qualidade de ser constante e sempre em progresso. Não
se pense que permanecer em seu sentido bíblico se refira ao que está parado,
pois ainda que estável, não sujeito à aniquilação, está sempre em movimento
crescendo e aumentando rumo à perfeição.
Então, estas três realidades (fé, amor e esperança)
permanecem entre os crentes em todas as gerações, ainda que alguns dons
sobrenaturais extraordinários do Espírito Santo possam não estar presentes
(profecia, línguas, curas, etc) tanto quanto se encontravam na Igreja
Primitiva.
Na constância da fé, do amor e da esperança,
cumpre-se o propósito divino relativo à formação do corpo de Cristo. As pedras
vivas não devem ser movimentadas da posição que ocupam no templo do Espírito
Santo, e para tanto, necessitam de constância na missão que devem cumprir.
A fé vem nomeada em primeiro lugar, porque se requer
a confirmação da fé, porque é por ela que todas as portas para as demais graças
são abertas, de modo que sem fé é impossível agradar a Deus.
Paulo coloca o amor por último no texto de I Cor
13.13 porque depois que tudo for cumprido e o reino de Deus se manifestar em
sua plenitude em glória, já não haverá mais necessidade de fé e esperança,
porque o veremos assim como Ele é. Sobretudo o amor permanecerá e prosseguirá,
porque Deus é amor em essência, de modo que este jamais poderá acabar.
No nosso título, entretanto, colocamos o amor na
sequência da fé porque é por meio dela que chegamos ao amor de Deus, que é
derramado em nosso coração pelo Espírito Santo. E é por meio do aumento da fé,
no crescimento na graça e no conhecimento de Jesus, que o amor também aumenta
em nós.
E por fim, a esperança é especialmente necessária
porque não somente alimenta a fé, como é nela que se fundamenta o nosso amor,
porque com a experiência do cuidado e da provisão de Deus por nós, conforme a
adquirimos nas tribulações, sabemos que Ele continuará a nos fazer bem para
todo o sempre e mais e mais até o ponto de nos introduzir na glória celestial,
de modo que temos esperança que todas as boas promessas que nos tem feito em
Sua Palavra serão integralmente e fielmente cumpridas.
Quando a igreja perde o foco nestas coisas
essenciais, ela pode degenerar em práticas religiosas ou mesmo procedimentos
seculares, que nada tenham a ver com o propósito divino, e inclusive chegarem
ao ponto de ser uma verdadeira abominação para o Senhor.
Aquele que é constante na fé, no amor e na
esperança, tem a promessa da manifestação da Trindade divina em seu viver, e
desta forma, dificilmente será desviado da piedade.
Não é sem motivo que instantemente somos ordenados
na Palavra a permanecer em Jesus, a permanecer na obediência aos Seus
mandamentos, a permanecer no amor, a perseverar na fé, a ser fortes na
esperança.
“1 Eu sou a
videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor.
2 Todo ramo
que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá
fruto limpa, para que produza mais fruto ainda.
3 Vós já estais
limpos pela palavra que vos tenho falado;
4 permanecei
em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o
ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira,
assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.
5 Eu sou a
videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito
fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Se alguém não
permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo,
e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.
7 Se
permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós,
pedireis o que quiserdes, e vos será feito.
8 Nisto é
glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.
9 Como o Pai
me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor.
10 Se
guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho
guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço.” (João
15.1-10)
“54 Quem comer
a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.
55 Pois a
minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida.
56 Quem comer
a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele.
57 Assim como
o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de
mim se alimenta por mim viverá.” (João 6.54-57)
A permanência do crente na fé, no amor e na esperança é sempre o
resultado da sua permanência no próprio Jesus, uma vez que aqui não se trata de
uma relação de partes independentes, mas de uma relação vital em plena unidade,
conforme nosso Senhor o exemplificou pela ilustração da Videira Verdadeira, e
da nossa participação em Sua vida por nos alimentarmos do Seu corpo e do Seu
sangue, representados na Ceia pelo pão e pelo vinho. E a qualidade da vida que
aqui se nomeia é eterna, espiritual, celestial e divina, que só pode ser conhecida
por meio da fé.
“31 Disse,
pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha
palavra, sois verdadeiramente meus discípulos;
32 e
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João
8.31,32)
“10 Não crês que eu
estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos
digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas
obras.
11 Crede-me
que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras.
12 Em
verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim
fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu
vou para junto do Pai.” (João 14.10-12)
“22 A notícia a
respeito deles chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e
enviaram Barnabé até Antioquia.
23 Tendo ele
chegado e, vendo a graça de Deus, alegrou-se e exortava a todos a
que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor.” (Atos 11.22,23).
“21 E, tendo
anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos,
voltaram para Listra, e Icônio, e Antioquia,
22 fortalecendo
a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé;
e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de
Deus.
23 E,
promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros,
depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.”
(Atos 14.21-23)
“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes
e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.”
(Gálatas 5.1)
“13 Portanto,
tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois
de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.
14 Estai,
pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da
justiça.” (Efésios 6.13,14)
“Portanto, meus irmãos, amados e mui saudosos, minha
alegria e coroa, sim, amados, permanecei, deste modo, firmes no Senhor.”
(Filipenses 4.1)
“21 E a vós outros
também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento
pelas vossas obras malignas,
22 agora, porém, vos reconciliou
no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele
santos, inculpáveis e irrepreensíveis,
23 se é que
permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos
deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que
foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me
tornei ministro.” (Colossenses 1.21,23)
Já por estes poucos textos podemos observar o quanto desagrada a Deus
que sejamos inconstantes, sobretudo na nossa fé, amor e esperança.
Ele sempre se queixou da inconstância do amor de Israel com severas
ameaças contra eles para que emendassem o seu comportamento.
Há muitos na própria Igreja de Cristo que pensam é algo normal amar o
mundo tanto quanto se ama a Deus. Muitos consentem com o pensamento de que é
possível servi-lo enquanto se mantém um coração dividido. Que é normal viver
pecando e de vez em quando aproximar-se do altar divino para confessar e buscar
perdão. Como isto poderia ser consentido com a posição em que o crente foi
colocado para ser testemunha da verdade, da santidade, da fé e do amor?
Mas, com o tipo de ministração que se ouve por quase todas as partes, em
que o genuíno ensino bíblico acerca destas coisas e das demais que são
necessárias para um viver em piedade, como poder-se-ia esperar coisas melhores
e estas relativas à salvação?
“4 Que te
farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o
vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada,
que cedo passa.
5 Por isso,
os abati por meio dos profetas; pela palavra da minha boca, os matei; e os meus
juízos sairão como a luz.
6 Pois
misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de
Deus, mais do que holocaustos.
7 Mas eles
transgrediram a aliança, como Adão; eles se portaram
aleivosamente contra mim.” (Oseias 6.4-7)
Josué e Calebe, diferentemente disto, foram fixados como exemplo de
perseverança fé, sem a qual não é possível agradar a Deus.
“11 Certamente,
os varões que subiram do Egito, de vinte anos para cima, não verão a terra
que prometi com juramento a Abraão, a Isaque e a Jacó,
porquanto não perseveraram em seguir-me,
12 exceto
Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, e Josué, filho de
Num, porque perseveraram em seguir ao SENHOR.” (Números 32.11,12)
“34 Tendo,
pois, ouvido o SENHOR as vossas palavras, indignou-se e jurou, dizendo:
35 Certamente,
nenhum dos homens desta maligna geração verá a boa
terra que jurei dar a vossos pais,
36 salvo
Calebe, filho de Jefoné; ele a verá, e a terra que pisou darei
a ele e a seus filhos, porquanto perseverou em seguir ao SENHOR.” (Deuteronômio
1.34-36)
Na direção contrária ao testemunho de Josué e Calebe nós temos o
registro nas Escrituras para a desonra de Salomão, que na sua velhice se desviou
de seguir fielmente o Senhor:
“4 Sendo já velho,
suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros
deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com
o SENHOR, seu Deus, como fora o de Davi, seu pai.
5 Salomão seguiu a
Astarote, deusa dos sidônios, e a Milcom, abominação dos
amonitas.
6 Assim, fez
Salomão o que era mau perante o SENHOR e não perseverou em seguir ao SENHOR,
como Davi, seu pai.” (I Reis 11.4-6)
Nosso culto é racional (Romanos 12.1). Deus não quer pessoas crédulas
que obedecem por obedecer, pois quando assim se age, geralmente não há real
obediência, porque devemos conhecer a razão de tudo aquilo em que cremos. Há
motivo para cada ordenança divina. Devemos buscar o conhecimento do caráter e
pessoa de Jesus, para que possamos imitá-lo. Conforme diz o apóstolo Pedro:
“14 Mas, ainda
que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos
amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados;
15 antes,
santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados
para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós,
16 fazendo-o,
todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de
modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que
difamam o vosso bom procedimento em Cristo,” (I Pedro 3.14-16).
Observe que ele diz que a nossa esperança em Cristo não é sem motivo. Há
razões que podem e devem ser apresentadas a qualquer um que nos pedir que as
apresentemos para justificar a nossa fé em Jesus.
Por que devemos crer somente nEle para a salvação?
Por que devemos perseverar em meio às tribulações suportando com
paciência todos os sofrimentos e injustiças que nos possam ser infligidos?
E assim, relativamente a qualquer indagação sobre a nossa fé, devemos
estar preparados não somente para responder a outros, mas a nós mesmos, na
busca de uma confirmação de fé que seja cada vez mais forte e inabalável.
Deus criou todas as coisas para um determinado propósito, e
especialmente a humanidade para um fim preciso, de se prover nela de filhos que
o adorem e glorifiquem eternamente.
Como isto poderia ser atingido sem perseverança em amar a Deus em
santidade de vida?
Não servimos a Deus precipuamente para obter coisas necessárias por meio
da Sua provisão, mas para glorificarmos o Seu nome por meio da nossa
transformação à Sua imagem e semelhança para a obra de promulgação do
evangelho.
Quando não é o Reino de Deus e a Sua justiça que se encontram em
primeiro lugar em nossas expectativas, podemos ter a certeza de que nossas
prioridades estão completamente incorretas, e por melhores que sejam as nossas
intenções, estaremos no mínimo equivocados.
É por meio da confirmação da nossa vocação e eleição que podemos ter a
certeza de estarmos praticando as coisas que são realmente relativas ao reino
de Deus e aos Seus interesses.
De modo que somos convocados a crescer espiritualmente para atingirmos
tal objetivo, conforme somos instruídos em várias passagens das Escrituras e
especialmente nesta do apóstolo Pedro, que destacamos a seguir:
“1 Simão
Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé
igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo,
2 graça e paz
vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso
Senhor.
3 Visto
como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à
vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua
própria glória e virtude,
4 pelas
quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por
elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção
das paixões que há no mundo,
5 por isso
mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa
fé a virtude; com a virtude, o conhecimento;
6 com o
conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a
perseverança, a piedade;
7 com a
piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor.
8 Porque
estas coisas, existindo em vós e em vós
aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem
infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
9 Pois
aquele a quem estas coisas não estão
presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da
purificação dos seus pecados de outrora.
10 Por isso,
irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a
vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo
algum.
11 Pois desta
maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno
de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
12 Por esta
razão, sempre estarei pronto para trazer-vos lembrados acerca destas coisas,
embora estejais certos da verdade já presente convosco e nela confirmados.” (II
Pedro 1.1-12)
Há uma obra que foi iniciada no crente na conversão e que deve
prosseguir até a sua perfeição em glória, e é nisto que a operação do Espírito
Santo está empenhada principalmente:
“10 Ora, o
Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de
terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar,
fortificar e fundamentar.
11 A ele seja
o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!” (I
Pedro 5.10,11)
“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa
obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.”
(Filipenses 1.6)
“12 Assim,
pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor;
13 porque
Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa
vontade.” (Filipenses 2.12,13)
Agora, se toda a nossa obra estiver desprovida da fé, da esperança e
sobretudo do amor espiritual, celestial e divino, todo o nosso esforço será
para pouco ou nada, uma vez que isto deve vir antes de tudo o mais. Tudo o que
fizermos deve ser feito não propriamente por nós mas pela graça de Jesus, e
para o propósito exclusivo de glorificar a Deus Pai.
Foi por este motivo que o apóstolo lembrou à Igreja de Corinto que
estava repleta de dons espirituais, mas que era falha neste ponto, o que lemos
em I Coríntios 13:
“1 Ainda que
eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o
bronze que soa ou como o címbalo que retine.
2 Ainda que
eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e
toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar
montes, se não tiver amor, nada serei.
3 E ainda
que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu
próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.
4 O amor é paciente,
é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se
ufana, não se ensoberbece,
5 não se
conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não
se exaspera, não se ressente do mal;
6 não se
alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;
7 tudo
sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor
jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo
línguas, cessarão; havendo ciência, passará;
9 porque, em
parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.
10 Quando,
porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte
será aniquilado.
11 Quando eu
era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando
cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.
12 Porque,
agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos
face a face. Agora, conheço em parte; então,
conhecerei como também sou conhecido.
13 Agora,
pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o
maior destes é o amor.”
A perseverança na fé, no amor e na esperança é ordenada por Jesus e todos
os apóstolos, e a sua falta é repreendida naqueles que são inconstantes:
“2 Meus irmãos, tende
por motivo de toda alegria o passardes por várias provações,
3 sabendo
que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança.
4 Ora, a
perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros,
em nada deficientes.
5 Se, porém, algum
de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e
nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.
6 Peça-a, porém, com fé, em nada
duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do
mar, impelida e agitada pelo vento.
7 Não suponha
esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa;
8 homem de ânimo
dobre, inconstante em todos os seus caminhos.” (Tiago 1.2-8)
“Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que
perseverar até ao fim, esse será salvo.” (Marcos 13.13)
“11 Este é o sentido
da parábola: a semente é a palavra de Deus.
12 A que caiu
à beira do caminho são os que a ouviram; vem, a seguir,
o diabo e arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder que, crendo,
sejam salvos.
13 A que caiu
sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com
alegria; estes não têm raiz, creem apenas por
algum tempo e, na hora da provação, se desviam.
14 A que caiu
entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias,
foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a
amadurecer.
15 A que caiu
na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a
palavra; estes frutificam com perseverança.” (Lucas 8.11-15)
“É na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma.”
(Lucas 21.19)
“40 Com muitas
outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração
perversa.
41 Então, os que
lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de
quase três mil pessoas.
42 E
perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no
partir do pão e nas orações.” (Atos 2.40-42)
“5 Mas,
segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti
mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de
Deus,
6 que
retribuirá a cada um segundo o seu procedimento:
7 a vida
eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra
e incorruptibilidade;
8 mas ira e
indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça.”
(Romanos 2.5-8)
“1 Justificados,
pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor
Jesus Cristo;
2 por intermédio de
quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes;
e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
3 E não somente
isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações,
sabendo que a tribulação produz perseverança;
4 e a
perseverança, experiência; e a experiência, esperança.
5 Ora, a
esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito
Santo, que nos foi outorgado.” (Romanos 5.1-5)
“10 Amai-vos
cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos
outros.
11 No zelo, não sejais
remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor;
12 regozijai-vos
na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração,
perseverantes;” (Romanos 12.10-12)
“1 Irmãos, venho
lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda
perseverais;
2 por ele
também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que
tenhais crido em vão.
3 Antes de
tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos
nossos pecados, segundo as Escrituras,
4 e que foi
sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.” (I Coríntios
15.1-4)
“8 o qual
também nos relatou do vosso amor no Espírito.
9 Por esta
razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de
pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a
sabedoria e entendimento espiritual;
10 a fim de
viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em
toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus;
11 sendo
fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a
perseverança e longanimidade; com alegria,
12 dando graças ao Pai,
que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz.
13 Ele nos
libertou do império das trevas e nos transportou para o reino
do Filho do seu amor,” (Colossenses 1.8-13)
“Perseverai na oração, vigiando com ações de graças.”
(Colossenses 4.2)
“8 Lembra-te
de Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos, descendente de Davi, segundo
o meu evangelho;
9 pelo qual
estou sofrendo até algemas, como malfeitor; contudo, a palavra
de Deus não está algemada.
10 Por esta
razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles
obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com
eterna glória.
11 Fiel é esta
palavra: Se já morremos com ele, também viveremos com ele;
12 se
perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos
negará;
13 se somos
infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si
mesmo.” (II Timóteo 2.8-13)
Como a nossa fidelidade na obra do evangelho sempre haverá de levantar
fortes oposições dos espíritos das trevas, que poderão atuar diretamente ou
através da instrumentalidade de ímpios, com o intuito de nos fazer retroceder
ou até mesmo de sermos paralisados em nosso avanço, sobretudo em nossos
esforços espirituais para ganhar almas para Cristo e edificá-las na verdade,
pois o próprio Deus dispôs em Seu decreto eterno que a salvação dos pecadores
deveria ser feita em meio a uma grande luta entre a semente da mulher (Cristo e
a Igreja) e a semente da serpente (Satanás, os demônios e os ímpios réprobos),
de maneira que devemos estar armados em nosso pensamento quanto à necessidade
de estarmos revestidos da graça de Jesus para poder suportar com paciência
estas oposições e perseguições, e prosseguir adiante na obra de proclamação do
evangelho em todo o mundo.
“10 Tu, porém, tens
seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade,
amor, perseverança,
11 as minhas
perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e
Listra, – que variadas perseguições tenho suportado! De todas,
entretanto, me livrou o Senhor.
12 Ora, todos
quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão
perseguidos.” (II Timóteo 3.10-12)
“35 Não
abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão.
36 Com
efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade
de Deus, alcanceis a promessa.
37 Porque,
ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará;
38 todavia, o
meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se
compraz a minha alma.” (Hebreus 10.35-38)
“1 Portanto,
também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de
testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que
tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a
carreira que nos está proposta,
2 olhando
firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria
que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está
assentado à destra do trono de Deus.
3 Considerai,
pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos
pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa
alma.” (Hebreus 12.1-3)
“10 Irmãos, tomai
por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais
falaram em nome do Senhor.
11 Eis que
temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes
que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e
compassivo.” (Tiago 5.10,11)
“Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em
Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do
testemunho de Jesus.” (Apocalipse 1.9)
“1 Ao anjo da
igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita
as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:
2 Conheço as tuas
obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar
homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e
não são, e os achaste mentirosos;
3 e tens
perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste
esmorecer.
4 Tenho, porém, contra
ti que abandonaste o teu primeiro amor.
5 Lembra-te,
pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das
primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu
candeeiro, caso não te arrependas.” (Apocalipse 2.1-5)
Ainda que a perseverança na fé seja elogiada pelo Senhor, caso não seja
acompanhada pela perseverança no amor, como era o caso da Igreja de Éfeso, não
pode existir uma aprovação completa por parte de Jesus, uma vez que a fé visa
principalmente ao amor, pois este procede de um coração puro, de uma boa
consciência e de uma fé não fingida (I Timóteo 1.5). De modo que a fé sempre
deve atuar pelo amor (Gálatas 5.6).
“10 Porque
guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te
guardarei da hora da provação que há de vir
sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra.
11 Venho sem
demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.”
(Apocalipse 3.10,11)
O crente deve perseverar até o fim porque este é o caráter mesmo da nova
aliança que foi estabelecida pelo Pai com o Filho, para que os eleitos pudessem
ser unidos à Trindade sem correrem o risco de serem lançados fora. Ora, se o
próprio Deus fez a promessa que nos daria um coração de carne no lugar de um pedra,
para que jamais nos afastássemos dEle, como poderíamos pensar em um outro modo
de viver que fosse diferente do modo de estarmos completamente unidos ao Senhor
e dependendo dEle para tudo?
“38 Eles serão o meu
povo, e eu serei o seu Deus.
39 Dar-lhes-ei
um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias,
para seu bem e bem de seus filhos.
40 Farei com
eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o
bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se
apartem de mim.
41 Alegrar-me-ei
por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente nesta
terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma.” (Jeremias 32.38-41).
“6 Agora, com
efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é
ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores
promessas.
7 Porque, se
aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma
estaria sendo buscado lugar para uma segunda.
8 E, de
fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias,
diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de
Judá,
9 não segundo
a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os
conduzir até fora da terra do Egito; pois eles não continuaram na minha aliança, e
eu não atentei para eles, diz o Senhor.
10 Porque
esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois
daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também
sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu
povo.
11 E não ensinará jamais
cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão,
dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até
ao maior.
12 Pois, para
com as suas iniquidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me
lembrarei.
13 Quando ele
diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e
envelhecido está prestes a desaparecer.” (Hebreus 8.6-13).
“25 Então,
aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas
imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei.
26 Dar-vos-ei
coração novo e porei dentro de vós espírito novo;
tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.
27 Porei
dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos,
guardeis os meus juízos e os observeis.” (Ezequiel 36.25-27).
Temos então a doutrina da perseverança dos santos pela qual aprendemos
nas Escrituras que todo eleito perseverará até o fim porque este trabalho de
perseverança para a salvação foi prometido e é garantido e realizado pelo
próprio Deus. Como diz o autor de Hebreus que os eleitos não são daqueles que
retrocedem na fé para a perdição eterna.
“35 Não
abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão.
36 Com
efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade
de Deus, alcanceis a promessa.
37 Porque,
ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará;
38 todavia, o
meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se
compraz a minha alma.
39 Nós, porém, não somos
dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a
conservação da alma.” (Hebreus 10.35-39)
Ora, se as realidades espirituais foram assim dispostas pela soberania
de Deus, quanto à segurança eterna da nossa salvação, como poderíamos admitir que
podemos abandonar a nossa confiança em Cristo, e deixarmos de andar conforme a
Sua vontade, observando e cumprindo os Seus mandamentos? E o pior de tudo,
fazendo-o por uma deliberada insolência em confrontação Àquele que nos chamou e
salvou, sob o argumento de que podemos andar de forma descuidada, uma vez que
já nos foi garantida a entrada no céu por causa da nossa fé em Jesus? Os que
assim procedem deveriam duvidar da qualidade da fé que supõem que os salvou,
uma vez que a fé verdadeira não abusa da paciência, do amor, da bondade e da
longanimidade de Deus. Ao contrário, encontra mais do que duplo motivo para
gratidão e fidelidade no fato de saber que sem qualquer merecimento foi objeto
de uma salvação segura e eterna, pelo alto preço que foi pago por Jesus.
Todos éramos inimigos vis e indignos desta graça, e se Deus se dispôs a
nos salvar por causa do Seu amor, como poderíamos admitir sequer o pensamento
de viver de modo desobediente a Ele, e ainda por cima, nos gloriando na Sua
misericórdia e bondade? Por um pai ser bom amoroso o filho deve ser rebelde e
ruim, por saber que o pai não o expulsará de casa?
Assim, a perseverança, a constância, a permanência a que somos
convocados e ordenados é aquela que se refere a um viver santo e piedoso
conforme definido nas Escrituras, e em plena submissão à vontade do Senhor,
andando nós em humildade, mansidão, misericórdia, verdade, justiça e em tudo o
mais que se encontra na própria pessoa de Jesus.
Se o que esperamos é que este corpo mortal seja revestido da
imortalidade no dia do arrebatamento da Igreja, quando receberemos um novo
corpo glorificado, se o que esperamos é que sejamos desvestidos completamente
do velho homem, e revestidos com perfeição da nova criatura, se esperamos ser
perfeitamente santos assim como Deus é santo, como poderíamos admitir um modo
de viver desordenado contra as coisas que nos são ordenadas como uma
consequência normal e natural da nova condição que alcançamos em Cristo Jesus?
Ora, se a aliança que Deus fez conosco em Jesus Cristo é uma aliança de
amor, então é algo que deve durar para sempre, porque onde há verdadeiro amor
por alguém é para todo o sempre.
Apêndice:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da
nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam
debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei
determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento
substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que
seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi
gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme
representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos
alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o
corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o
sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua
vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que
sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que
nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas
imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central
relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de
forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi
feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para
garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a
glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que
busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois
tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo
desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que
nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem
perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por
graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios
desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós
mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a
aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais
poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo
Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo
sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote
foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação
eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para
este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito
Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
Permanecer na Fé, no Amor e na Esperança
Por
Silvio Dutra
Out/2019
A474
|
Alves, Silvio Dutra
|
Permanecer na fé, no amor e na esperança
|
Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro,
2019.
|
56p.; 14,8 x21cm
|
|
1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Fé
|
I.
Título.
|
|
CDD 252
|
“Agora, pois, permanecem a fé, a
esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.” (I Coríntios
13.13)
Estas palavras não se referem
a algo que tenha sido da invenção do apóstolo Paulo, mas são parte do ensino de
nosso Senhor Jesus Cristo, e que se comprovam como verdadeiras na experiência
dos crentes.
Permanecer é mais do que simplesmente estar, que
pode ser presente agora e não depois. Permanecer é continuar, persistir,
perseverar, indicando a qualidade de ser constante e sempre em progresso. Não
se pense que permanecer em seu sentido bíblico se refira ao que está parado,
pois ainda que estável, não sujeito à aniquilação, está sempre em movimento
crescendo e aumentando rumo à perfeição.
Então, estas três realidades (fé, amor e esperança)
permanecem entre os crentes em todas as gerações, ainda que alguns dons
sobrenaturais extraordinários do Espírito Santo possam não estar presentes
(profecia, línguas, curas, etc) tanto quanto se encontravam na Igreja
Primitiva.
Na constância da fé, do amor e da esperança,
cumpre-se o propósito divino relativo à formação do corpo de Cristo. As pedras
vivas não devem ser movimentadas da posição que ocupam no templo do Espírito
Santo, e para tanto, necessitam de constância na missão que devem cumprir.
A fé vem nomeada em primeiro lugar, porque se requer
a confirmação da fé, porque é por ela que todas as portas para as demais graças
são abertas, de modo que sem fé é impossível agradar a Deus.
Paulo coloca o amor por último no texto de I Cor
13.13 porque depois que tudo for cumprido e o reino de Deus se manifestar em
sua plenitude em glória, já não haverá mais necessidade de fé e esperança,
porque o veremos assim como Ele é. Sobretudo o amor permanecerá e prosseguirá,
porque Deus é amor em essência, de modo que este jamais poderá acabar.
No nosso título, entretanto, colocamos o amor na
sequência da fé porque é por meio dela que chegamos ao amor de Deus, que é
derramado em nosso coração pelo Espírito Santo. E é por meio do aumento da fé,
no crescimento na graça e no conhecimento de Jesus, que o amor também aumenta
em nós.
E por fim, a esperança é especialmente necessária
porque não somente alimenta a fé, como é nela que se fundamenta o nosso amor,
porque com a experiência do cuidado e da provisão de Deus por nós, conforme a
adquirimos nas tribulações, sabemos que Ele continuará a nos fazer bem para
todo o sempre e mais e mais até o ponto de nos introduzir na glória celestial,
de modo que temos esperança que todas as boas promessas que nos tem feito em
Sua Palavra serão integralmente e fielmente cumpridas.
Quando a igreja perde o foco nestas coisas
essenciais, ela pode degenerar em práticas religiosas ou mesmo procedimentos
seculares, que nada tenham a ver com o propósito divino, e inclusive chegarem
ao ponto de ser uma verdadeira abominação para o Senhor.
Aquele que é constante na fé, no amor e na
esperança, tem a promessa da manifestação da Trindade divina em seu viver, e
desta forma, dificilmente será desviado da piedade.
Não é sem motivo que instantemente somos ordenados
na Palavra a permanecer em Jesus, a permanecer na obediência aos Seus
mandamentos, a permanecer no amor, a perseverar na fé, a ser fortes na
esperança.
“1 Eu sou a
videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor.
2 Todo ramo
que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá
fruto limpa, para que produza mais fruto ainda.
3 Vós já estais
limpos pela palavra que vos tenho falado;
4 permanecei
em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o
ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira,
assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.
5 Eu sou a
videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito
fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Se alguém não
permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo,
e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.
7 Se
permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós,
pedireis o que quiserdes, e vos será feito.
8 Nisto é
glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.
9 Como o Pai
me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor.
10 Se
guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho
guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço.” (João
15.1-10)
“54 Quem comer
a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.
55 Pois a
minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida.
56 Quem comer
a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele.
57 Assim como
o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de
mim se alimenta por mim viverá.” (João 6.54-57)
A permanência do crente na fé, no amor e na esperança é sempre o
resultado da sua permanência no próprio Jesus, uma vez que aqui não se trata de
uma relação de partes independentes, mas de uma relação vital em plena unidade,
conforme nosso Senhor o exemplificou pela ilustração da Videira Verdadeira, e
da nossa participação em Sua vida por nos alimentarmos do Seu corpo e do Seu
sangue, representados na Ceia pelo pão e pelo vinho. E a qualidade da vida que
aqui se nomeia é eterna, espiritual, celestial e divina, que só pode ser conhecida
por meio da fé.
“31 Disse,
pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha
palavra, sois verdadeiramente meus discípulos;
32 e
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João
8.31,32)
“10 Não crês que eu
estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos
digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas
obras.
11 Crede-me
que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras.
12 Em
verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim
fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu
vou para junto do Pai.” (João 14.10-12)
“22 A notícia a
respeito deles chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e
enviaram Barnabé até Antioquia.
23 Tendo ele
chegado e, vendo a graça de Deus, alegrou-se e exortava a todos a
que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor.” (Atos 11.22,23).
“21 E, tendo
anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos,
voltaram para Listra, e Icônio, e Antioquia,
22 fortalecendo
a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé;
e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de
Deus.
23 E,
promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros,
depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.”
(Atos 14.21-23)
“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes
e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.”
(Gálatas 5.1)
“13 Portanto,
tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois
de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.
14 Estai,
pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da
justiça.” (Efésios 6.13,14)
“Portanto, meus irmãos, amados e mui saudosos, minha
alegria e coroa, sim, amados, permanecei, deste modo, firmes no Senhor.”
(Filipenses 4.1)
“21 E a vós outros
também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento
pelas vossas obras malignas,
22 agora, porém, vos reconciliou
no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele
santos, inculpáveis e irrepreensíveis,
23 se é que
permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos
deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que
foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me
tornei ministro.” (Colossenses 1.21,23)
Já por estes poucos textos podemos observar o quanto desagrada a Deus
que sejamos inconstantes, sobretudo na nossa fé, amor e esperança.
Ele sempre se queixou da inconstância do amor de Israel com severas
ameaças contra eles para que emendassem o seu comportamento.
Há muitos na própria Igreja de Cristo que pensam é algo normal amar o
mundo tanto quanto se ama a Deus. Muitos consentem com o pensamento de que é
possível servi-lo enquanto se mantém um coração dividido. Que é normal viver
pecando e de vez em quando aproximar-se do altar divino para confessar e buscar
perdão. Como isto poderia ser consentido com a posição em que o crente foi
colocado para ser testemunha da verdade, da santidade, da fé e do amor?
Mas, com o tipo de ministração que se ouve por quase todas as partes, em
que o genuíno ensino bíblico acerca destas coisas e das demais que são
necessárias para um viver em piedade, como poder-se-ia esperar coisas melhores
e estas relativas à salvação?
“4 Que te
farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o
vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada,
que cedo passa.
5 Por isso,
os abati por meio dos profetas; pela palavra da minha boca, os matei; e os meus
juízos sairão como a luz.
6 Pois
misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de
Deus, mais do que holocaustos.
7 Mas eles
transgrediram a aliança, como Adão; eles se portaram
aleivosamente contra mim.” (Oseias 6.4-7)
Josué e Calebe, diferentemente disto, foram fixados como exemplo de
perseverança fé, sem a qual não é possível agradar a Deus.
“11 Certamente,
os varões que subiram do Egito, de vinte anos para cima, não verão a terra
que prometi com juramento a Abraão, a Isaque e a Jacó,
porquanto não perseveraram em seguir-me,
12 exceto
Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, e Josué, filho de
Num, porque perseveraram em seguir ao SENHOR.” (Números 32.11,12)
“34 Tendo,
pois, ouvido o SENHOR as vossas palavras, indignou-se e jurou, dizendo:
35 Certamente,
nenhum dos homens desta maligna geração verá a boa
terra que jurei dar a vossos pais,
36 salvo
Calebe, filho de Jefoné; ele a verá, e a terra que pisou darei
a ele e a seus filhos, porquanto perseverou em seguir ao SENHOR.” (Deuteronômio
1.34-36)
Na direção contrária ao testemunho de Josué e Calebe nós temos o
registro nas Escrituras para a desonra de Salomão, que na sua velhice se desviou
de seguir fielmente o Senhor:
“4 Sendo já velho,
suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros
deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com
o SENHOR, seu Deus, como fora o de Davi, seu pai.
5 Salomão seguiu a
Astarote, deusa dos sidônios, e a Milcom, abominação dos
amonitas.
6 Assim, fez
Salomão o que era mau perante o SENHOR e não perseverou em seguir ao SENHOR,
como Davi, seu pai.” (I Reis 11.4-6)
Nosso culto é racional (Romanos 12.1). Deus não quer pessoas crédulas
que obedecem por obedecer, pois quando assim se age, geralmente não há real
obediência, porque devemos conhecer a razão de tudo aquilo em que cremos. Há
motivo para cada ordenança divina. Devemos buscar o conhecimento do caráter e
pessoa de Jesus, para que possamos imitá-lo. Conforme diz o apóstolo Pedro:
“14 Mas, ainda
que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos
amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados;
15 antes,
santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados
para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós,
16 fazendo-o,
todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de
modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que
difamam o vosso bom procedimento em Cristo,” (I Pedro 3.14-16).
Observe que ele diz que a nossa esperança em Cristo não é sem motivo. Há
razões que podem e devem ser apresentadas a qualquer um que nos pedir que as
apresentemos para justificar a nossa fé em Jesus.
Por que devemos crer somente nEle para a salvação?
Por que devemos perseverar em meio às tribulações suportando com
paciência todos os sofrimentos e injustiças que nos possam ser infligidos?
E assim, relativamente a qualquer indagação sobre a nossa fé, devemos
estar preparados não somente para responder a outros, mas a nós mesmos, na
busca de uma confirmação de fé que seja cada vez mais forte e inabalável.
Deus criou todas as coisas para um determinado propósito, e
especialmente a humanidade para um fim preciso, de se prover nela de filhos que
o adorem e glorifiquem eternamente.
Como isto poderia ser atingido sem perseverança em amar a Deus em
santidade de vida?
Não servimos a Deus precipuamente para obter coisas necessárias por meio
da Sua provisão, mas para glorificarmos o Seu nome por meio da nossa
transformação à Sua imagem e semelhança para a obra de promulgação do
evangelho.
Quando não é o Reino de Deus e a Sua justiça que se encontram em
primeiro lugar em nossas expectativas, podemos ter a certeza de que nossas
prioridades estão completamente incorretas, e por melhores que sejam as nossas
intenções, estaremos no mínimo equivocados.
É por meio da confirmação da nossa vocação e eleição que podemos ter a
certeza de estarmos praticando as coisas que são realmente relativas ao reino
de Deus e aos Seus interesses.
De modo que somos convocados a crescer espiritualmente para atingirmos
tal objetivo, conforme somos instruídos em várias passagens das Escrituras e
especialmente nesta do apóstolo Pedro, que destacamos a seguir:
“1 Simão
Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé
igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo,
2 graça e paz
vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso
Senhor.
3 Visto
como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à
vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua
própria glória e virtude,
4 pelas
quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por
elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção
das paixões que há no mundo,
5 por isso
mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa
fé a virtude; com a virtude, o conhecimento;
6 com o
conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a
perseverança, a piedade;
7 com a
piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor.
8 Porque
estas coisas, existindo em vós e em vós
aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem
infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
9 Pois
aquele a quem estas coisas não estão
presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da
purificação dos seus pecados de outrora.
10 Por isso,
irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a
vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo
algum.
11 Pois desta
maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno
de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
12 Por esta
razão, sempre estarei pronto para trazer-vos lembrados acerca destas coisas,
embora estejais certos da verdade já presente convosco e nela confirmados.” (II
Pedro 1.1-12)
Há uma obra que foi iniciada no crente na conversão e que deve
prosseguir até a sua perfeição em glória, e é nisto que a operação do Espírito
Santo está empenhada principalmente:
“10 Ora, o
Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de
terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar,
fortificar e fundamentar.
11 A ele seja
o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!” (I
Pedro 5.10,11)
“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa
obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.”
(Filipenses 1.6)
“12 Assim,
pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor;
13 porque
Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa
vontade.” (Filipenses 2.12,13)
Agora, se toda a nossa obra estiver desprovida da fé, da esperança e
sobretudo do amor espiritual, celestial e divino, todo o nosso esforço será
para pouco ou nada, uma vez que isto deve vir antes de tudo o mais. Tudo o que
fizermos deve ser feito não propriamente por nós mas pela graça de Jesus, e
para o propósito exclusivo de glorificar a Deus Pai.
Foi por este motivo que o apóstolo lembrou à Igreja de Corinto que
estava repleta de dons espirituais, mas que era falha neste ponto, o que lemos
em I Coríntios 13:
“1 Ainda que
eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o
bronze que soa ou como o címbalo que retine.
2 Ainda que
eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e
toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar
montes, se não tiver amor, nada serei.
3 E ainda
que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu
próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.
4 O amor é paciente,
é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se
ufana, não se ensoberbece,
5 não se
conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não
se exaspera, não se ressente do mal;
6 não se
alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;
7 tudo
sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor
jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo
línguas, cessarão; havendo ciência, passará;
9 porque, em
parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.
10 Quando,
porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte
será aniquilado.
11 Quando eu
era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando
cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.
12 Porque,
agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos
face a face. Agora, conheço em parte; então,
conhecerei como também sou conhecido.
13 Agora,
pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o
maior destes é o amor.”
A perseverança na fé, no amor e na esperança é ordenada por Jesus e todos
os apóstolos, e a sua falta é repreendida naqueles que são inconstantes:
“2 Meus irmãos, tende
por motivo de toda alegria o passardes por várias provações,
3 sabendo
que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança.
4 Ora, a
perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros,
em nada deficientes.
5 Se, porém, algum
de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e
nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.
6 Peça-a, porém, com fé, em nada
duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do
mar, impelida e agitada pelo vento.
7 Não suponha
esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa;
8 homem de ânimo
dobre, inconstante em todos os seus caminhos.” (Tiago 1.2-8)
“Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que
perseverar até ao fim, esse será salvo.” (Marcos 13.13)
“11 Este é o sentido
da parábola: a semente é a palavra de Deus.
12 A que caiu
à beira do caminho são os que a ouviram; vem, a seguir,
o diabo e arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder que, crendo,
sejam salvos.
13 A que caiu
sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com
alegria; estes não têm raiz, creem apenas por
algum tempo e, na hora da provação, se desviam.
14 A que caiu
entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias,
foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a
amadurecer.
15 A que caiu
na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a
palavra; estes frutificam com perseverança.” (Lucas 8.11-15)
“É na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma.”
(Lucas 21.19)
“40 Com muitas
outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração
perversa.
41 Então, os que
lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de
quase três mil pessoas.
42 E
perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no
partir do pão e nas orações.” (Atos 2.40-42)
“5 Mas,
segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti
mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de
Deus,
6 que
retribuirá a cada um segundo o seu procedimento:
7 a vida
eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra
e incorruptibilidade;
8 mas ira e
indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça.”
(Romanos 2.5-8)
“1 Justificados,
pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor
Jesus Cristo;
2 por intermédio de
quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes;
e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
3 E não somente
isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações,
sabendo que a tribulação produz perseverança;
4 e a
perseverança, experiência; e a experiência, esperança.
5 Ora, a
esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito
Santo, que nos foi outorgado.” (Romanos 5.1-5)
“10 Amai-vos
cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos
outros.
11 No zelo, não sejais
remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor;
12 regozijai-vos
na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração,
perseverantes;” (Romanos 12.10-12)
“1 Irmãos, venho
lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda
perseverais;
2 por ele
também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que
tenhais crido em vão.
3 Antes de
tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos
nossos pecados, segundo as Escrituras,
4 e que foi
sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.” (I Coríntios
15.1-4)
“8 o qual
também nos relatou do vosso amor no Espírito.
9 Por esta
razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de
pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a
sabedoria e entendimento espiritual;
10 a fim de
viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em
toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus;
11 sendo
fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a
perseverança e longanimidade; com alegria,
12 dando graças ao Pai,
que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz.
13 Ele nos
libertou do império das trevas e nos transportou para o reino
do Filho do seu amor,” (Colossenses 1.8-13)
“Perseverai na oração, vigiando com ações de graças.”
(Colossenses 4.2)
“8 Lembra-te
de Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos, descendente de Davi, segundo
o meu evangelho;
9 pelo qual
estou sofrendo até algemas, como malfeitor; contudo, a palavra
de Deus não está algemada.
10 Por esta
razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles
obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com
eterna glória.
11 Fiel é esta
palavra: Se já morremos com ele, também viveremos com ele;
12 se
perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos
negará;
13 se somos
infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si
mesmo.” (II Timóteo 2.8-13)
Como a nossa fidelidade na obra do evangelho sempre haverá de levantar
fortes oposições dos espíritos das trevas, que poderão atuar diretamente ou
através da instrumentalidade de ímpios, com o intuito de nos fazer retroceder
ou até mesmo de sermos paralisados em nosso avanço, sobretudo em nossos
esforços espirituais para ganhar almas para Cristo e edificá-las na verdade,
pois o próprio Deus dispôs em Seu decreto eterno que a salvação dos pecadores
deveria ser feita em meio a uma grande luta entre a semente da mulher (Cristo e
a Igreja) e a semente da serpente (Satanás, os demônios e os ímpios réprobos),
de maneira que devemos estar armados em nosso pensamento quanto à necessidade
de estarmos revestidos da graça de Jesus para poder suportar com paciência
estas oposições e perseguições, e prosseguir adiante na obra de proclamação do
evangelho em todo o mundo.
“10 Tu, porém, tens
seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade,
amor, perseverança,
11 as minhas
perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e
Listra, – que variadas perseguições tenho suportado! De todas,
entretanto, me livrou o Senhor.
12 Ora, todos
quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão
perseguidos.” (II Timóteo 3.10-12)
“35 Não
abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão.
36 Com
efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade
de Deus, alcanceis a promessa.
37 Porque,
ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará;
38 todavia, o
meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se
compraz a minha alma.” (Hebreus 10.35-38)
“1 Portanto,
também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de
testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que
tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a
carreira que nos está proposta,
2 olhando
firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria
que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está
assentado à destra do trono de Deus.
3 Considerai,
pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos
pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa
alma.” (Hebreus 12.1-3)
“10 Irmãos, tomai
por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais
falaram em nome do Senhor.
11 Eis que
temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes
que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e
compassivo.” (Tiago 5.10,11)
“Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em
Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do
testemunho de Jesus.” (Apocalipse 1.9)
“1 Ao anjo da
igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita
as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:
2 Conheço as tuas
obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar
homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e
não são, e os achaste mentirosos;
3 e tens
perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste
esmorecer.
4 Tenho, porém, contra
ti que abandonaste o teu primeiro amor.
5 Lembra-te,
pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das
primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu
candeeiro, caso não te arrependas.” (Apocalipse 2.1-5)
Ainda que a perseverança na fé seja elogiada pelo Senhor, caso não seja
acompanhada pela perseverança no amor, como era o caso da Igreja de Éfeso, não
pode existir uma aprovação completa por parte de Jesus, uma vez que a fé visa
principalmente ao amor, pois este procede de um coração puro, de uma boa
consciência e de uma fé não fingida (I Timóteo 1.5). De modo que a fé sempre
deve atuar pelo amor (Gálatas 5.6).
“10 Porque
guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te
guardarei da hora da provação que há de vir
sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra.
11 Venho sem
demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.”
(Apocalipse 3.10,11)
O crente deve perseverar até o fim porque este é o caráter mesmo da nova
aliança que foi estabelecida pelo Pai com o Filho, para que os eleitos pudessem
ser unidos à Trindade sem correrem o risco de serem lançados fora. Ora, se o
próprio Deus fez a promessa que nos daria um coração de carne no lugar de um pedra,
para que jamais nos afastássemos dEle, como poderíamos pensar em um outro modo
de viver que fosse diferente do modo de estarmos completamente unidos ao Senhor
e dependendo dEle para tudo?
“38 Eles serão o meu
povo, e eu serei o seu Deus.
39 Dar-lhes-ei
um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias,
para seu bem e bem de seus filhos.
40 Farei com
eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o
bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se
apartem de mim.
41 Alegrar-me-ei
por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente nesta
terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma.” (Jeremias 32.38-41).
“6 Agora, com
efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é
ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores
promessas.
7 Porque, se
aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma
estaria sendo buscado lugar para uma segunda.
8 E, de
fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias,
diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de
Judá,
9 não segundo
a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os
conduzir até fora da terra do Egito; pois eles não continuaram na minha aliança, e
eu não atentei para eles, diz o Senhor.
10 Porque
esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois
daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também
sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu
povo.
11 E não ensinará jamais
cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão,
dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até
ao maior.
12 Pois, para
com as suas iniquidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me
lembrarei.
13 Quando ele
diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e
envelhecido está prestes a desaparecer.” (Hebreus 8.6-13).
“25 Então,
aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas
imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei.
26 Dar-vos-ei
coração novo e porei dentro de vós espírito novo;
tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.
27 Porei
dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos,
guardeis os meus juízos e os observeis.” (Ezequiel 36.25-27).
Temos então a doutrina da perseverança dos santos pela qual aprendemos
nas Escrituras que todo eleito perseverará até o fim porque este trabalho de
perseverança para a salvação foi prometido e é garantido e realizado pelo
próprio Deus. Como diz o autor de Hebreus que os eleitos não são daqueles que
retrocedem na fé para a perdição eterna.
“35 Não
abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão.
36 Com
efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade
de Deus, alcanceis a promessa.
37 Porque,
ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará;
38 todavia, o
meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se
compraz a minha alma.
39 Nós, porém, não somos
dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a
conservação da alma.” (Hebreus 10.35-39)
Ora, se as realidades espirituais foram assim dispostas pela soberania
de Deus, quanto à segurança eterna da nossa salvação, como poderíamos admitir que
podemos abandonar a nossa confiança em Cristo, e deixarmos de andar conforme a
Sua vontade, observando e cumprindo os Seus mandamentos? E o pior de tudo,
fazendo-o por uma deliberada insolência em confrontação Àquele que nos chamou e
salvou, sob o argumento de que podemos andar de forma descuidada, uma vez que
já nos foi garantida a entrada no céu por causa da nossa fé em Jesus? Os que
assim procedem deveriam duvidar da qualidade da fé que supõem que os salvou,
uma vez que a fé verdadeira não abusa da paciência, do amor, da bondade e da
longanimidade de Deus. Ao contrário, encontra mais do que duplo motivo para
gratidão e fidelidade no fato de saber que sem qualquer merecimento foi objeto
de uma salvação segura e eterna, pelo alto preço que foi pago por Jesus.
Todos éramos inimigos vis e indignos desta graça, e se Deus se dispôs a
nos salvar por causa do Seu amor, como poderíamos admitir sequer o pensamento
de viver de modo desobediente a Ele, e ainda por cima, nos gloriando na Sua
misericórdia e bondade? Por um pai ser bom amoroso o filho deve ser rebelde e
ruim, por saber que o pai não o expulsará de casa?
Assim, a perseverança, a constância, a permanência a que somos
convocados e ordenados é aquela que se refere a um viver santo e piedoso
conforme definido nas Escrituras, e em plena submissão à vontade do Senhor,
andando nós em humildade, mansidão, misericórdia, verdade, justiça e em tudo o
mais que se encontra na própria pessoa de Jesus.
Se o que esperamos é que este corpo mortal seja revestido da
imortalidade no dia do arrebatamento da Igreja, quando receberemos um novo
corpo glorificado, se o que esperamos é que sejamos desvestidos completamente
do velho homem, e revestidos com perfeição da nova criatura, se esperamos ser
perfeitamente santos assim como Deus é santo, como poderíamos admitir um modo
de viver desordenado contra as coisas que nos são ordenadas como uma
consequência normal e natural da nova condição que alcançamos em Cristo Jesus?
Ora, se a aliança que Deus fez conosco em Jesus Cristo é uma aliança de
amor, então é algo que deve durar para sempre, porque onde há verdadeiro amor
por alguém é para todo o sempre.
Apêndice:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da
nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam
debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei
determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento
substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que
seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi
gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme
representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos
alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o
corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o
sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua
vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que
sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que
nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas
imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central
relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de
forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi
feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para
garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a
glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que
busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois
tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo
desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que
nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem
perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por
graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios
desta aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um
povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós
mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a
aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais
poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo
Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo
sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote
foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação
eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para
este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito
Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
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