quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Vocês Estão Ensinando Sobre Predestinação?


Por
Silvio Dutra
Dez/2018
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A474
Alves, Silvio Dutra
Vocês estão ensinando sobre predestinação?
/ Silvio Dutra Alves
Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro, 2018.
128p.; 14,8 x21cm
1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Alves, Silvio Dutra.
I. Título.
CDD 252
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O deão de um seminário bíblico recebeu uma visita inesperada do diretor na sala da secretaria da instituição, que sem delongas disparou a seguinte pergunta: “vocês estão ensinando sobre predestinação?”. E ao receber a seguinte resposta virou as costas e saiu sem dar chance a qualquer explicação adicional: “Não, no momento não, mas é inevitável que se fale do assunto no decorrer do curso.”
O corpo docente do seminário da matéria de teologia e o deão, passaram a ser vistos desde então como um grupo de grandes hereges que deveriam ser evitados, e o resultado imediato não poderia ser outro senão o da dissolução do grupo pelo afastamento moral de suas atividades, que lhe fora imposto.
Se fosse instaurado um tribunal para julgar devidamente o caso, o ponto central que deveria ser colocado em questão seria o seguinte: “o ensino que se pretendia ministrar sobre eleição e predestinação seguiria exatamente a doutrina bíblica relativa a este assunto?” Caso positivo, não apenas haveria qualquer heresia em abordá-lo como até mesmo seria inevitável discorrer sobre os atributos de Deus, especialmente os de Onisciência, Presciência, Onipotência, Onipresença, Imutabilidade,
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Eternidade, Infinitude, Bondade, Santidade, entre outros, em relação sobretudo ao Seu Conselho Eterno.
Deus somente pode ser adorado em espírito e em verdade, e esta verdade é a Sua Palavra revelada, pela qual somos santificados.
Não é possível adorar a Deus como Ele de fato é, sem este conhecimento revelado, e foi por isso que Ele manifestou os Seus atributos, para que não adoremos um Deus imaginário, mas o Deus verdadeiro e real, tal como Ele é em Sua Pessoa. Somos incentivados em várias passagens bíblicas a crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo. Este conhecimento deve ser pleno, cheio, abundante, e não superficial. (Romanos 3.20, Efésios 1.17,18; 4.13; Filipenses 1.9,10; Colossenses 1.9,10; I Timóteo 2.3,4; Tito 1.1; Hebreus 10.26; II Pedro 1.1-8).
Para tal propósito temos a instrução do Espírito Santo e o auxílio dos ministérios que são dados à Igreja para o ensino da sã doutrina, especialmente o de pastores e mestres.
Rejeitar a doutrina ou os seus ministros, significa permanecer na ignorância de quem seja Deus de fato, porque se não fosse
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necessário sermos ensinados, por que o Espírito Santo levantaria tais ministros?
Se é necessário santificar-se como convém, como poder-se-ia chegar a isto sem diligência em se fazer progresso no conhecimento da verdade?
Deus deixaria de ser Deus se ele não fosse onisciente e presciente, isto porque há necessidade que a Divindade conheça plenamente a Si mesmo por toda a eternidade, e que conheça também tudo o que fará de modo infinito, sem que seja surpreendido por qualquer coisa nova. Sendo Deus, Ele tudo conhece com antecedência, inclusive as diversas contingências da vida. Este conhecimento prévio não implica necessariamente que é Ele mesmo que produz o efeito de todas as coisas, embora tenha o poder de intervir e este seja necessário para o governo de todas as coisas.
Como poderíamos ser conduzidos à conversão a Cristo se não houvesse essa intervenção de Deus nos fatos e naqueles aspectos de nossas vidas que servirão a tal propósito?
Ele deve ter todo o poder para fazê-lo, ou então, de outro modo não haveria crentes no mundo,
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porque a carne é inimizade contra Deus, e somente Ele, pelo Seu próprio poder e graça, pode desfazer a inimizade, e nos tornar Seus filhos amados.
Se Deus tem um plano eterno para ser executado, o qual a propósito se encontra em execução desde a fundação do mundo, este plano não poderia ser realizado se Ele não tivesse um perfeito domínio sobre tudo o que deve ser feito segundo a Sua santa vontade. É disto que se diz ser Deus Soberano.
Somente Ele tem o conhecimento e o poder necessário para formar um povo santo de pessoas às quais tem dado a liberdade de escolher entre o bem e o mal porque não há ser racional, seja anjo ou homem, que não detenha tal liberdade. Deus consegue conciliar a liberdade humana com a obediência à Sua vontade. Disto decorre ser Maravilhoso Conselheiro.
O crente em progresso de santificação aprenderá por graus em sua própria experiência que é totalmente dependente da graça divina para vencer o pecado, o diabo e o mundo. Ele entenderá afinal que é por uma concessão extraordinária de graça que os anjos eleitos não são tentados a pecar, e já não podem cair, de
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igual modo que aqueles que se transformaram em demônios.
É pela concessão da mesma graça em tal grau que os crentes não pecam no céu, e jamais cairão de sua firmeza. Eles sabem, pelo que aprenderam aqui na Terra, que é a graça de Jesus que nos impede de cair, e por isso necessitamos permanecer nele para que Ele e a Sua graça permaneçam em nós, constantemente.
Aqui, é possível que fiquemos sujeitos a provações em que o Senhor não nos dará o suprimento de graça que necessitamos para poder vencer, e isto por algum tempo, de maneira que possamos aprender esta lição, quando formos levantados de novo pelo Seu poder. Nisto consiste o “Sem Mim nada podeis fazer”.
Agora, isto não pode ser feito senão com aqueles que foram dados ao Filho pelo Pai. Aquele que não for atraído a Jesus pelo Pai jamais poderá pertencer a Ele. “Não depende de quem quer ou de quem corre”, mas de Deus usar de misericórdia com quem Ele quiser, pois escolheu usar de bondade e misericórdia para a salvação somente para com aqueles cujos
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nomes foram escritos no Livro da Vida, antes da fundação do mundo.
A salvação é do Senhor, e Ele a dará a quem Ele quiser. Não é por mérito ou por boas obras que é conseguida, senão pela exclusiva concessão da graça divina.
Sendo por graça, o meio que exclui todo o mérito é a fé. O homem caiu no pecado original por causa da incredulidade, e o caminho de volta para Deus é através da fé. “Olhai para mim e sede salvos, todos os confins da Terra.”
“O que crê é salvo, e o que não crê já está condenado.”
A fé comprova que o trabalho de salvar e santificar é totalmente do Senhor. A nova criação, assim como foi a do mundo não depende de mãos humanas. A glória é exclusivamente do Senhor, pois Ele é a Cabeça do corpo que está sendo formado. Corpo este, a propósito, que possui somente pessoas que eram pecadoras e que foram regeneradas e santificadas, para que tenham um testemunho eterno em si mesmas que a honra, a glória e poder pertencem eternamente somente ao Cordeiro.
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O corpo é santo, porque a Sua Cabeça é santa.
Se é sem mérito humano, e nem mesmo poderia ser na questão da salvação, porque a dívida do nosso pecado era infinita, e somente por alguém Infinito poderia ser paga, e isto na forma de um sacrifício cruento, em que um corpo humano perfeito em santidade fosse oferecido a Deus para a satisfação da Sua justiça, então isto jamais poderia ser feito por um anjo ou qualquer homem nascido de Adão.
O Filho Unigênito de Deus, e somente Ele poderia ser dado em sacrifício. Não haveria outra forma para resgatar o homem da culpa do pecado.
Então o Verbo se fez carne, ou seja, o Deus eterno, que não deixando de ser Deus, recebeu um corpo formado pelo Espírito Santo no ventre da Virgem, e assumiu pelo corpo que recebeu a nossa natureza humana. Ambas naturezas coexistiram nele em todo o tempo de Sua permanência na carne aqui neste mundo, e ainda é a forma que Ele continua em Sua existência, a saber, sendo tanto humano quanto divino.
O Senhor Jesus não deixou de ser Deus, mesmo quando era um menino na manjedoura de
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Belém. Ele apenas havia renunciado ao exercício do Seu próprio poder, pois tudo faria pelo Espírito Santo, mas não renunciou à Sua divindade, e se o tivesse feito, não poderíamos ser redimidos por Ele, porque importava que não um homem comum, mas um divino, que possuísse a natureza divina fizesse a expiação do nosso pecado.
Importava que Jesus tomasse a forma de homem e de servo durante o seu ministério terreno, porque deveria viver como um de nós, para que pudesse realizar a nossa redenção. Então, ele deixou de lado, temporariamente todo o seu poder de julgar, e afirmou expressamente que a ninguém estava julgando, pois importava ser apenas o Cordeiro que tira o pecado do mundo, enquanto viveu em carne entre nós.
Tudo o que fez foi feito pelo poder do Espírito Santo através dele, pois deveria viver de forma despojada conforme se vê em Filipenses 2, ainda que tivesse a capacidade de agir independentemente pelo seu próprio poder divino, se assim desejasse, mas ele nos ensinou o caminho para a completa obediência à vontade do Pai, e isto até a morte na cruz.
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Temos então no Senhor o maior exemplo de renúncia ao ego, à própria vontade, conforme é o modo pelo qual importa viverem todos aqueles que professam serem servos de Deus. “5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6 pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; 7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, 8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. 9 Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” (Filipenses 2.5-11).
Jesus disse a Nicodemos que ninguém esteve no céu estando aqui na Terra, senão Ele, o filho do
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homem, que estava no céu. Observe que Ele disse que se encontrava também no céu, quando falava com Nicodemos, ou seja, Ele podia fazê-lo por Seu atributo de Onipresença, o qual é exclusivo da divindade.
Hoje o corpo de Jesus encontra-se no céu e Ele somente voltará em corpo à Terra em Sua segunda vinda. Mas nada o impede de estar em espírito na Terra enquanto permanece no Seu corpo no céu também em espírito, porque sendo Deus, é onipresente, e não pode de modo algum ser separado deste atributo que é exclusivo da divindade.
Ele disse que faria morada com o Pai e o Espírito Santo naqueles que guardam os Seus mandamentos, e que se manifestaria em amor a eles. Como poderia fazê-lo se não fosse por Ser onipresente, já que seu corpo glorificado se encontra no céu? “21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. 22 Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a nós e não ao mundo?
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23 Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. 24 Quem não me ama não guarda as minhas palavras; e a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai, que me enviou.” (João 14.21-24). No primeiro capítulo da epístola aos Efésios o apóstolo Paulo discorre sobre o plano geral de Deus fixado antes da fundação do mundo de ter muitos filhos semelhantes a Cristo, que seriam resgatados de entre os pecadores, para viverem em unidade espiritual amorosa com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e com todos os demais da família da fé. Este amor do Pai revelado através do Filho e operado pelo Espírito Santo nos crentes é o fundamento da predestinação e eleição, ou seja, os crentes foram escolhidos antes da fundação do mundo para participarem do amor de Deus. Esta é a razão pela qual necessitam ser santificados, porque Deus é santo, e sem santificação ninguém pode partilhar da comunhão com Deus, e a razão de serem feitos espirituais é porque Deus é espírito, e por isso se diz que os crentes foram abençoados com toda a sorte de bênçãos espirituais nas regiões
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celestiais em Cristo, ou seja, foi dado a eles, pelo poder de Deus que neles opera, participarem da realização deste plano eterno de Deus de dar um corpo para o Seu Filho constituído de muitos membros com diversas funções. “3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, 4 assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor 5 nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6 para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, 7 no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, 8 que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência,
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9 desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, 10 de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra; 11 nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, 12 a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo; 13 em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; 14 o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória. 15 Por isso, também eu, tendo ouvido a fé que há entre vós no Senhor Jesus e o amor para com todos os santos, 16 não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações,
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17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, 18 iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos 19 e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; 20 o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, 21 acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro. 22 E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, 23 a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.” (Efésios 1.3-23).
Não são poucos os que em nossos dias tornam nula a oração do apóstolo em prol de um crescimento no conhecimento da revelação do
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propósito do beneplácito divino, e a dificuldade para isto é que não tendo os atributos exclusivos de Deus, somos dados a pensar do Senhor como estando confinado às limitações que são próprias de criaturas, como nós.
Não há impossíveis para Deus, porque tudo o que é e será não somente foi previsto por Ele desde a eternidade em Si mesmo, como é poderoso para trazê-lo ou não à existência.
Ele faz as coisas segundo a Sua vontade, dirigida por Seu conselho eterno, e no tempo em que tem determinado chamá-las à existência, cada uma em sua própria época.
Não foi o caso de Isaque e Rebeca quanto ao filho que aguardavam, conforme fora prometido a Abraão que da Sua descendência viria a Semente pela qual todas as nações da Terra seriam abençoadas?
O ventre de Rebeca era estéril, para que soubessem que de fato aquele que haveria de nascer conforme a palavra da promessa não era nascido da vontade do homem, mas da de Deus e pelo Seu próprio poder.
Quarenta anos tiveram que ser aguardados, até que a promessa fosse cumprida. Mas, em vez de
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um filho foi-lhe dado dois, mas como importava que a sucessão da semente abençoada prosseguisse, isto poderia ser feito somente através de um deles, e então um foi rejeitado para este propósito (Esaú) e o outro escolhido (Jacó), e isto foi declarado pelo próprio Deus antes mesmo dos gêmeos nascerem.
Somente pelo atributo da presciência, Deus poderia ter dito que havia amado Jacó e se aborrecido de Esaú.
Ao profeta Jeremias o Senhor disse que o havia conhecido antes de formá-lo no ventre. Daqui decorre para os advogados do diabo na questão da defesa do aborto, que uma pessoa não passa a existir somente a partir de determinado mês de gravidez, pois é conhecida por Deus em Si mesmo, antes de ser trazida a este mundo.
Do que faria o rei Ciro foi profetizado mais de duzentos anos antes do seu nascimento não somente o que ele faria para a libertação de Israel do cativeiro em Babilônia, como também foi revelado o seu próprio nome.
Do domínio de nações uma em sucessão às demais, também foi profetizado por Daniel, especialmente em relação à Babilônia, Média, Pérsia, Grécia e Roma.
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Há várias profecias que ainda aguardam por cumprimento, especialmente as relativas ao tempo do fim em Apocalipse, sendo muitas destas também citadas nos profetas escritores. E o que é tudo isto senão a demonstração de Deus do Seu completo conhecimento antecedente de todas as coisas que sucedem na história da humanidade e especialmente da Igreja? “Farei sair de Jacó descendência e de Judá, um herdeiro que possua os meus montes; e os meus eleitos herdarão a terra e os meus servos habitarão nela.” (Isaías 65.9). “Deixareis o vosso nome aos meus eleitos por maldição, o SENHOR Deus vos matará e a seus servos chamará por outro nome,” (Isaías 65.15). “Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do meu povo será como a da árvore, e os meus eleitos desfrutarão de todo as obras das suas próprias mãos.” (Isaías 65.22). “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.” (Mateus 24.24).
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“Não tivesse o Senhor abreviado aqueles dias, e ninguém se salvaria; mas, por causa dos eleitos que ele escolheu, abreviou tais dias.” (Marcos 13.20). “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.” (Romanos 8.33). “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.” (Colossenses 3.12). “Conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes conselhos, sem prevenção, nada fazendo com parcialidade.” (I Timóteo 5.21). “Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória.” (II Timóteo 2.10). “Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade,” (Tito 1.1). “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia,
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Capadócia, Ásia e Bitínia, eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas.” (I Pedro 1.1,2). “Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos Senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele.” (Apocalipse 17.14). “E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú.” (Romanos 9.11-13). “Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça. E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça. Que diremos, pois? O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos,” (Romanos 11.5-7). “reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição,” (I Tessalonicenses 1.4).
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“Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum.” (II Pedro 1.10). “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.” (Romanos 8.29-30). “nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade,” (Efésios 1.5). “nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade,” (Efésios 1.11). “sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos;” (Atos 2.23). “Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo, e
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ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade.” (Atos 18.9,10). Como foi no passado, continua sendo no presente, Deus não necessita de circunstâncias favoráveis para se tornar conhecido daqueles que estão destinados para a salvação, e assim, ainda que em meio a todas as coisas que se levantam para afastar as mentes das pessoas do evangelho, Ele sempre encontrará um meio, pelo seu próprio poder, para alcançá-las, sem necessidade de fazer ajustes estratégicos para isto, pois desde toda a eternidade já contemplou as condições de cada geração, e já dispôs todos os meios necessários para que o Seu propósito não seja frustrado quanto à salvação dos que tem dado a Cristo para serem salvos. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6.44). “Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem que está no céu.” (João 3.13). “43 Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra.
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44 Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. 45 Mas, porque eu digo a verdade, não me credes.” (João 8.43-35). “não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas.” (I João 3.12). “Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.” (João 17.12). Estas e muitas outras passagens poderiam ser citadas, nas quais se vê claramente que existe predestinação e eleição, e isto não poderia ser de outro modo, uma vez que o Deus que servimos tudo conhece e controla. Nada há fora do Seu domínio. As eras se sucedem segundo o Seu querer, e Seus propósitos não podem ser frustrados.
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Esta é a segurança, a garantia da nossa fé, pois se não servíssemos um Deus totalmente sábio, perfeito, amoroso, imutável, que descanso poderíamos ter que nossa confiança nele jamais seria frustrada? Como poderíamos crer inteiramente em Suas promessas se Ele não fosse imutável em Seu conselho eterno? Como poderíamos contar em ser ouvidos em nossas orações e socorridos em nossas necessidades, especialmente de santificação, se Ele não ocupasse todos os espaços, sendo um Deus onipresente, porque é espírito que abrange todos os céus e a Terra? Tudo que é da criação não passa de um pingo de água para Ele que é eterno e infinito em Sua própria pessoa divina. Agora, se alguém pretende restringir o poder e a sabedoria de Deus, que o faça por sua própria conta e risco, porque nos é ordenado que prossigamos em conhecer o Senhor, pois fomos criados para o propósito de adorá-lo pelo que Ele é e não pelo que pensemos que seja. Para muitos Deus é um Deus distante, porque não conseguem entender que Ele é espírito perfeito e singular que a tudo preenche, sem
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que no entanto a criatura não participe da Sua essência. Como o Verbo ou Palavra viva está muito perto de nossa boca e coração, para que possamos clamar com a certeza de que seremos ouvidos. Ele pode criar milhões de mundos como este ou ainda maiores e melhores, mas tudo fará segundo o Seu conselho eterno. Ele tem poder para trazer em contagem atualizada os cabelos de nossas cabeças e conhecer cada pensamento antes mesmo de serem formados em nossas mentes. Ele conhece todas as obras, omissões, pensamentos e imaginações de todas as suas criaturas. Nada está oculto ao Seu conhecimento perfeito e completo. A quem compararemos o Senhor? Qual criatura pode ser comparada e Ele? Ele trouxe em humilhação todos os deuses falsos do Egito nos dias de Moisés. Aquela potência mundial foi dobrada e envergonhada pelo seu poder, e isto foi misericórdia inclusive para eles e para todas as nações, porque há somente um Deus verdadeiro que deve ser servido e adorado, e todos os que insistirem permanecer na idolatria estão reservados para a destruição eterna.
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Deus tem um conhecimento e entendimento infinitos. Todo conhecimento por Onipresença, que antes de falarmos, respeita à sua essência; a onisciência respeita à sua compreensão, de acordo com nossa maneira de conceber. Isso está claro nas Escrituras; daí Deus ser chamado um Deus do conhecimento (1 Sam 2: 3), "o Senhor é um Deus de conhecimento", conhecimentos, no plural, de todos os tipos de conhecimentos; é falado ali para suprimir o orgulho do homem em sua própria razão e partes; o que é o conhecimento do homem, senão uma faísca para o todo elemento de fogo, um grão de poeira, e pior do que nada, em comparação com o conhecimento de Deus, como sua essência é em comparação com a essência de Deus?
Deus tem todo tipo de conhecimento. Ele sabe o que os anjos sabem, o que o homem sabe e infinitamente mais; ele conhece a si mesmo, suas próprias operações, todas as suas criaturas, as noções e pensamentos deles; ele entende acima do entendimento.
Os nomes de Deus significam uma natureza, que vê e penetra todas as coisas; e a atribuição de nossos sentidos a Deus nas Escrituras, como ouvir e ver, que são os sentidos pelos quais o
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conhecimento entra em nós, significam o conhecimento de Deus.
Há um conhecimento de aprovação, bem como apreensão. Isto a Escritura frequentemente menciona. Palavras de entendimento são usadas para significar os atos de afeição. Esse conhecimento contribui para o simples ato de entender, a complacência e o prazer da vontade, e é impropriamente conhecimento, porque pertence à vontade, e não ao entendimento; só que existe radicalmente na compreensão, porque afeição implica conhecimento: os homens não podem aprovar aquilo que ignoram.
Assim, o conhecimento é tomado (Amós 3: 2): “De todas as famílias da terra, somente a vós outros vos escolhi”; e (2 Timóteo 2:19), "O Senhor sabe quem são os seus", isto é, ele os ama; ele não apenas os conhece, mas os reconhece por conta própria. Ele observa, não apenas um entendimento exato, mas há um cuidar deles; e assim é para ser entendido (Gên 1.), "Deus viu tudo o que ele tinha feito, e eis que era muito bom", isto é, ele viu isso com um olho de aprovação, bem como apreensão. Isto é fundamentado no conhecimento da visão de Deus, a visão das suas criaturas; porque Deus não ama nem se deleita em nada a não ser o que
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realmente está sendo, ou o que ele decretou trazer à existência. Em contrário, também, quando Deus não aprova, é dito que ele não conhece (Mt 25:12), “eu não o conheço”, e (Mt 7:23), “eu nunca vos conheci.”, ou seja, ele não aprova suas obras. Não é uma ignorância de compreensão, mas uma ignorância da vontade; porquanto ele diz que nunca os conheceu, ele testifica que os conheceu, ao apresentar a razão de sua desaprovação, porque conhece todas as suas obras: assim os conhece e não os conhece de maneira diferente: conhece-os para entendê-los, mas não o faz conhecidos, de modo a amá-los.
Devemos, então, atribuir um conhecimento universal a Deus. Se negamos a ele um conhecimento especulativo, ou conhecimento de inteligência, nós destruímos a Deidade dele, nós o fazemos ignorante do próprio poder dele: se nós lhe negamos conhecimento prático, nós negamos ser suas criaturas; pois, como suas criaturas, somos os frutos disso, sua discrição, descoberta na criação: se negarmos seu conhecimento da visão, nós negamos o seu domínio governante. Como pode exercer um domínio soberano e incontrolável, aquele que é ignorante da natureza e qualidades das coisas que ele deve governar? Se ele não tivesse conhecimento, não poderia fazer nenhuma
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revelação; aquele que não conhece não pode ditar; poderíamos então não ter as Escrituras. Negar o conhecimento de Deus é eliminar a Escritura e demolir a Deidade.
Deus é descrito em Zacarias 3: 9, “com sete olhos”, para mostrar seu perfeito conhecimento de todas as coisas, todas as ocorrências no mundo; e os querubins, ou seja o que for que se queira dizer pelas asas, são descritos como cheios de olhos, tanto “diante quanto atrás” (Ezequiel 1:18), ao redor deles; muito mais é Deus todo olho, todo ouvido, todo entendimento. O sol é uma imagem natural de Deus; se o sol tivesse um olho, veria; se isso tivesse entendimento, conheceria todas as coisas visíveis; veria o que brilha, e entenderia o que influencia, nas entranhas mais obscuras da terra. Deus supera sua criatura, o sol, em excelência e beleza, e não em luz e entendimento? Certamente mais do que o sol supera um átomo ou grão de poeira. Deus conhece a si mesmo e somente ele conhece a si mesmo. Este é o primeiro e original conhecimento, em que ele supera todas as criaturas. Nenhum homem conhece exatamente a si mesmo; muito menos ele compreende a natureza plena de um espírito; muito menos ainda a natureza e perfeições de
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Deus; porque que proporção pode haver entre uma faculdade finita e um objeto infinito? Aqui consiste a infinitude do conhecimento de Deus, que ele conhece sua própria essência, que ele sabe o que é incognoscível para qualquer outra coisa. Não consiste tanto em conhecer as criaturas que ele fez, como em conhecer em si mesmo, aquilo que nunca foi feito. Não é tanto infinito, porque ele conhece todas as coisas que estão no mundo, ou o que será; ou coisas que ele pode fazer, porque o número delas é finito; mas porque ele tem um conhecimento perfeito e abrangente de suas próprias perfeições infinitas. Embora se diga que os anjos “veem a sua face” (Mateus 18:10), notas de visão, em vez de sua presença imediata, do que seu conhecimento exato; eles veem alguns sinais de sua presença e majestade, mais ilustrativamente e expresso do que nunca apareceu ao homem nesta vida; mas a essência de Deus é invisível para eles, escondida deles no lugar secreto da eternidade; Ninguém conhece a Deus senão Ele próprio (1 Coríntios 2:11): “Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.”, isto é, conhece exatamente, compreende perfeitamente, como aqueles que têm os olhos
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em cada fenda, para ver o que está escondido ali; a busca da palavra nota não uma investigação, mas um conhecimento exato, como os homens têm de coisas em um escrutínio diligente como quando de Deus é dito procurar o coração, isso não significa uma ignorância precedente, mas um conhecimento exato dos cantos mais íntimos dos corações dos homens. Como as concepções dos homens são desconhecidas de qualquer um, exceto de si mesmos, também as profundezas da essência, perfeições e decretos divinos são desconhecido para qualquer um, senão para o próprio Deus; ele somente sabe o que é e o que sabe, o que pode fazer e o que decretou fazer.
Primeiro, se Deus não conhecesse a si mesmo, ele não seria perfeito. É a perfeição de uma criatura conhecer-se, muito mais uma perfeição pertencente a Deus. Se Deus não compreendesse a si mesmo, ele teria falta de uma perfeição infinita, e assim deixaria de ser Deus, por ser defeituoso naquilo que as criaturas intelectuais possuem em alguma medida. Como Deus é o ser mais perfeito, então ele deve ter mais perfeito entendimento: se ele não se entendesse, estaria sob a maior ignorância, porque ignoraria o objeto mais excelente. Ignorância é a imperfeição do entendimento; e a ignorância de si mesmo é
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uma imperfeição maior do que a ignorância das coisas exteriores. Se Deus conhecesse todas as coisas fora de si mesmo, e não conhecesse a si mesmo, ele não teria mais conhecimento perfeito, porque ele não teria o conhecimento do melhor dos objetos. Em segundo lugar, sem o conhecimento de si mesmo, ele não poderia ser abençoado. Nada pode ter qualquer complacência em si, sem conhecimento de si mesmo. Nada pode de maneira racional desfrutar de si, sem se compreender.
A bem-aventurança de Deus não consiste no conhecimento de qualquer coisa fora dele, mas no conhecimento de si mesmo e da sua própria excelência, como princípio de todas as coisas; se, portanto, ele não conhecesse perfeitamente a si mesmo e sua própria felicidade, ele não poderia desfrutar de uma felicidade; porque ser, e não saber ser, é como se algo não fosse. “Ele é Deus, abençoado para sempre” (Rom 9: 5) e, portanto, para sempre teria um conhecimento de si mesmo.
Assim, ao se falar em predestinação na Bíblia, o que está em foco não é a adivinhação de coisas futuras, mas a revelação das coisas que já foram vistas por Deus desde o princípio, na eternidade, conforme estas coisas se encontram no domínio do seu conhecimento perfeito em Si mesmo.
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No caso dos santos: eles foram conhecidos por Deus antes mesmo de terem sido formados nos ventres de suas mães, e no que foram trazidos à existência, cada um deles, em sua própria época, é nisto que se configura a predestinação deles, ou seja, foram previamente determinados pela vontade de Deus a existirem e a serem santos a partir de uma época específica.
Em terceiro lugar, sem o conhecimento de si mesmo, Deus não poderia criar nada. Pois ele seria ignorante de seu próprio poder e sua própria capacidade; e aquele que não sabe até que ponto seu poder se estende, não poderia agir: se ele não se conhecesse, poderia não saber nada; e aquele que nada sabe, nada pode fazer; ele não poderia saber que um efeito era possível para ele, a menos que ele conhecesse o próprio poder como causa.
Em quarto lugar, sem o conhecimento de si mesmo, ele não poderia governar nada. Ele não poderia, sem o conhecimento de sua própria santidade e justiça, prescrever leis aos homens, nem sem o conhecimento de sua própria natureza ordenar uma maneira de adoração adequada a ele. Toda a adoração deve ser congruente com a dignidade e a natureza do objeto adorado: ele deve, portanto, conhecer
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sua autoridade própria, segundo a qual a adoração deveria ser promulgada; sua própria excelência, para a qual o culto seria adequado; sua própria glória, para a qual a adoração deveria ser dirigida. Se ele não se conhecesse, não saberia o que punir, porque não saberia o que era contrário a si mesmo: não conhecendo a si mesmo, ele não saberia o que era um desprezo dele, e que adoração a ele; o que era digno de Deus, e o que era indigno dele. Em suma, ele não poderia conhecer outras coisas, a menos que ele conhecesse a si mesmo; a menos que ele conhecesse o próprio poder, ele não poderia saber como ele criou as coisas; a menos que ele conhecesse sua própria sabedoria, ele não poderia conhecer a beleza de suas obras; a menos que ele conhecesse sua própria glória, ele não poderia saber o fim de suas obras; a menos que ele conhecesse sua própria santidade, ele não poderia saber o que era o mal; e a menos que ele conhecesse sua própria justiça, ele não poderia saber como punir os crimes de suas criaturas ofensivas. E, portanto,
(1) Deus conhece a si mesmo, porque seu conhecimento, com sua vontade, é a causa de todas as outras coisas que podem cair sob o conhecimento dele.
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Ele conhece a si mesmo primeiro, antes que ele possa conhecer qualquer outra coisa; isto é, primeiro de acordo com nossas concepções; pois, de fato, Deus conhece a si mesmo e todas as outras coisas ao mesmo tempo; ele é a primeira verdade e, portanto, é o primeiro objeto de seu próprio entendimento. Não há nada mais excelente que ele próprio e, portanto, nada mais conhecido do que ele próprio. Como ele é todo conhecimento, então ele tem em si o mais excelente objeto de conhecimento. Compreender é saber conhecer a si mesmo. Nenhum objeto é tão inteligível para Deus como Deus é para si mesmo, nem tão intimamente e imediatamente se uniu ao seu entendimento como ele mesmo; porque a sua compreensão é a sua essência.
Por isso importa que todos os que são escolhidos para serem santos, obtenham o conhecimento espiritual adequado sobre a pessoa e atributos de Deus, porque tudo o que é contrário a este conhecimento é pecado, pois, Deus não pode aprovar aquilo que seja diferente de sua própria natureza e essência. Bem-aventurado portanto é todo aquele que não se condena naquilo que aprova, pois, em aprovando o que seja contrário ao que exista em Deus, está condenando a si mesmo.
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Os opostos buscam a destruição do que lhes seja contrário, assim como sucede com luz e trevas. As trevas da ignorância não podem, portanto, contar com a aprovação de Deus, porque ele é luz.
(2) Deus conhece a si mesmo por sua própria essência. Ele não conhece a si mesmo e seu próprio poder pelo efeito, porque ele conhece a si mesmo na eternidade, antes que houvesse um mundo, ou algum, efeito de seu poder existente. Não é um conhecimento pela causa, porque Deus não tem causa; nem um conhecimento de si mesmo por qualquer espécie, ou qualquer coisa de fora: se fosse por algo de fora de si mesmo, deveria ser criado; se incriado, seria Deus; e assim deveríamos ou possuir muitos deuses, ou possuir, para ser sua essência, e portanto não distintos dele mesmo: se criado, então seu conhecimento de si mesmo dependeria de uma criatura: ele não poderia, então, se conhecer desde a eternidade, mas no tempo, porque nada pode ser criado desde a eternidade, senão no tempo. Deus não conhece a si mesmo por nenhuma faculdade, pois não há composição em Deus; ele não é feito de partes, mas é um ser singular: Deus tem todo o conhecimento de si mesmo e seu conhecimento de outras coisas.
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(3) Deus, portanto, conhece a si mesmo perfeitamente, de forma abrangente. Nada em sua própria natureza está escondido dele; ele reflete tudo o que ele é. Existe uma compreensão positiva, então Deus não compreende a si mesmo; pois o que é compreendido tem limites, e o que é compreendido por si mesmo é finito para si mesmo; e há uma compreensão negativa - Deus compreende a si mesmo; nada em sua própria natureza é obscuro para ele, desconhecido por ele; pois há uma perfeição tão grande na compreensão de Deus para saber como existe na natureza divina para ser conhecida. A compreensão de Deus e a natureza de Deus são infinitas e tão iguais uma à outra: sua compreensão é igual a ele mesmo; ele se conhece tão bem, que nada pode ser conhecido por ele mais perfeitamente do que ele mesmo é conhecido por si mesmo. Ele conhece a si mesmo da maneira mais elevada, porque nada é tão proporcional à compreensão de Deus como ele mesmo. Ele conhece sua própria essência, bondade, poder; todas as suas perfeições, decretos, intenções, atos, a capacidade infinita de sua própria compreensão, de modo que nada de si mesmo está no escuro para si mesmo: e, a este respeito, alguns usam essa expressão, que a infinitude de Deus é de um modo finito para si mesmo, porque é compreendido por ele
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mesmo. Assim, Deus transcende todas as criaturas; assim sua o entendimento é verdadeiramente infinito, porque nada além dele mesmo é um objeto infinito para ele: o que os anjos podem entender de si mesmos perfeitamente eu não sei, mas nenhuma criatura no mundo se compreende. O homem não compreende totalmente a excelência e partes de sua própria natureza; sobre o conhecimento de Deus sobre si mesmo depende do conforto do seu povo e do terror dos ímpios: este é também um argumento claro porque, seu conhecimento de todas as outras coisas sem ele mesmo; aquele que conhece a si mesmo precisa conhecer todas as outras coisas menos que a si mesmo e que foram feitos por ele mesmo; quando o conhecimento de sua própria imensidão e infinitude não é um objeto muito difícil para ele, o conhecimento de uma criatura finita e limitada, em todas as suas ações, pensamentos, circunstâncias, não pode ser muito difícil para ele: já que ele conhece a si mesmo, que é infinito, ele não pode deixar de saber tudo o que é finito. Este é o fundamento de todos os seus outros conhecimentos; o conhecimento de tudo presente, passado e futuro é muito menos do que o conhecimento de si mesmo. Ele é mais incompreensível em sua própria natureza do que todas as coisas criadas, ou que podem ser criadas, juntas
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podem ser. Se ele, então, tiver um conhecimento abrangente e completo de sua própria natureza, qualquer conhecimento de todas as outras coisas é menor que o conhecimento de si mesmo; isso deve ser bem considerado por nós, como a fonte de onde todo o seu outro conhecimento flui.
É em razão de tudo isto que a predestinação não deve ser entendida como a previsão de ocorrências futuras à guisa de adivinhação, pois se é Deus quem predestina, e se para Deus não há passado, nem presente, nem futuro, mas uma existência fora do tempo na eternidade, então a predição de coisas futuras para ele é como se já fossem coisas realizadas. São futuras para nós que estamos sujeitos ao tempo, mas não para ele que não está debaixo de tal sujeição.
2. Portanto, Deus conhece todas as outras coisas, sejam elas possíveis, passadas, presentes ou futuras; se são coisas que ele pode fazer, mas nunca fará, ou se são coisas que ele fez, mas não são agora; coisas que estão agora em ser, ou coisas que não são agora existentes, que estão no ventre de suas causas apropriadas e imediatas. Se a sua compreensão é infinita, ele então conhece todas as coisas, senão a sua compreensão teria limites, e o que tem limites não é infinito, mas finito. Se ele for ignorante de
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qualquer coisa que é cognoscível, que está ligado a ele, vem com uma exceção, mas, Deus sabe todas as coisas menos isto; uma base é então definida para o seu conhecimento. Se houvesse alguma coisa, qualquer circunstância particular em toda a criação ou não criação, e possível de ser conhecido por ele, e ainda fosse desconhecido para ele, dele não poderia ser dito ser onisciente; como ele não seria todo-poderoso se alguma coisa, que não implicasse repugnância à sua natureza, transcendesse seu poder.
Negar a Deus, portanto, o poder e a necessidade de predestinar todas as coisas, equivale a negar a existência do próprio Deus.
Primeiro, todas as coisas possíveis. Não há dúvida de que Deus sabe o que ele poderia criar, bem como o que ele criou; o que ele não criaria, bem como o que ele resolveu criar; ele sabia o que não faria antes de querer fazê-lo; esta é a próxima coisa que declara a infinidade de sua compreensão; pois, como seu poder é infinito, e pode criar inumeráveis mundos e criaturas, assim é seu conhecimento infinito, em conhecer inúmeras coisas possíveis ao seu poder. Possíveis são infinitos; isto é, não há fim do que Deus pode fazer, e portanto, não há fim daquilo que Deus conhece; caso contrário, seu
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poder seria mais infinito do que seu conhecimento: se ele soubesse apenas o que é criado, haveria um fim de seu entendimento, porque todas as criaturas podem ser numeradas, mas as coisas possíveis não podem ser contadas por qualquer criatura. Há a mesma razão disso na eternidade; quando nunca tantos anos se esgotam, ainda há mais para vir, ainda quer um fim; e quando milhões de mundos são criados, não há mais um fim do poder de Deus do que da eternidade.
Assim, não há fim de seu entendimento; isto é, seu conhecimento não é terminado por nada. Disto a Escritura nos dá algumas contas: Deus sabe coisas que não são, "porque ele chama coisas que não são como se fossem" (Rom 4:17); ele chama coisas que não são, como se estivessem sendo; o que ele chama não é desconhecido para ele: se ele sabe coisas que não são, ele sabe coisas que nunca podem ser; como ele sabe as coisas que devem ser, porque ele as deseja, então ele sabe as coisas que podem ser, porque ele é capaz de realizá-las: ele sabia que os habitantes de Queila trairiam Davi a Saul se ele permanecesse naquele lugar (1 Samuel 23:11); ele sabia o que fariam nessa ocasião, embora nunca tenha sido feito; como ele sabia o que estava em seu poder e em suas vontades, então ele deve saber o que é dentro da bússola
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de seu próprio poder; como ele pode permitir mais do que ele permite, então ele sabe o que pode permitir, e o que, essa permissão seria feita por suas criaturas; então Deus sabia da possibilidade do arrependimento dos tírios, se eles tivessem ouvido as mesmas verdades, e visto os mesmos milagres que foram oferecidos aos ouvidos, e apresentados aos olhos dos judeus (Mat 11:21). Isso deve ser assim, porque:
1. O homem conhece as coisas que lhe são possíveis, embora nunca as realize. Um carpinteiro conhece uma casa no modelo que ele tem em sua cabeça, embora ele nunca construa uma casa de acordo com esse modelo. Um relojoeiro tem a moldura de um relógio em sua mente, que ele nunca irá trabalhar com seus instrumentos; o homem sabe o que pode fazer, embora nunca pretenda fazê-lo. Como a compreensão do homem tem uma virtude que, quando vê um homem, pode imaginar milhares de homens da mesma forma, estatura, forma, partes; sim, mais alto, mais vigoroso, alegre, inteligente, que o homem que ele vê; porque é possível que tal número possa ser. Não deve a compreensão de Deus muito mais saber o que ele é capaz de realizar, uma vez que a compreensão do homem pode saber o que ele nunca é capaz de produzir, mas pode ser produzido por Deus, que aquele que produziu
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esse homem que eu vejo, pode produzir mil exatamente como ele? Se o Divino entendimento não sabia coisas infinitas, mas estava confinado a um certo número, pode ser exigido se Deus pode entender qualquer coisa além desse número, ou se ele não pode? Se ele pode, então ele realmente entende todas as coisas que ele tem um poder de entender; caso contrário, haveria um aumento do conhecimento de Deus, se fosse realmente agora, e não antes, e assim ele seria mais perfeito do que era antes; se ele não pode entendê-los, então ele não pode entender o que uma mente humana pode compreender; pois nossos entendimentos podem multiplicar números em infinito; e não há um número tão grande, mas um homem ainda pode adicionar isto: devemos supor que o entendimento divino é mais excelente em conhecimento. Deus sabe tudo o que um homem pode imaginar, embora nunca criado, nem nunca serão; ele precisa saber o que quer que esteja no poder do homem para imaginar ou pensar, porque Deus concorda com o apoio da faculdade nessa imaginação; e embora possa ser respondido, um ateu pode imaginar que não há Deus, um homem pode imaginar que Deus possa mentir, ou que ele possa ser destruído; Deus sabe, portanto, que ele não é? Ou que ele pode mentir ou deixar de ser? Não, ele sabe que não pode; seu conhecimento
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se estende às coisas possíveis, não às coisas impossíveis para ele mesmo; ele sabe como imaginável pelo homem, não é possível em si mesmo; porque é absolutamente impossível, e repugnante à natureza de Deus, visto que ele contém em si tudo em si mesmo as coisas possíveis, passado, presente e por vir; ele não pode se conhecer sem conhecê-los.
2. Deus, conhecendo seu próprio poder, sabe tudo o que está em seu poder para efetuar. Se ele não conhece todas as coisas possíveis, ele não poderia saber a extensão de seu próprio poder, e assim não se conheceria, como uma causa suficiente para mais coisas do que ele criou. Como pode compreender a si mesmo, aquele que não compreende todos os efluxos das coisas possíveis que podem vir dele e ser feito por ele? Como ele pode se conhecer como uma causa, se ele não conhece os objetos e obras que ele é capaz de produzir? Desde que o poder de Deus se estende a inúmeras coisas, seu conhecimento também se estende a inúmeros objetos; como se uma unidade fosse, pudesse ver os números que ela poderia produzir.
Deus, conhecendo a fecundidade de sua própria virtude, conhece uma infinidade de coisas que ele pode fazer, mais do que foi feito, ou será feito por ele; ele conhece, portanto, inumeráveis
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mundos, inumeráveis anjos, com maiores perfeições, do que qualquer um daqueles que ele criou: de modo que, se o mundo durar muitos milhões de anos, Deus sabe que pode criar um dia a cada dia um mundo mais amplo que isso; e tendo criado um número inconcebível, ele sabe que ainda pode criar mais: para que ele veja mundos infinitos, infinitos números de homens e outras criaturas em si, infinitos tipos de coisas, infinitas espécies, e indivíduos sob esses tipos, até quantos ele puder criar, se a sua vontade ordenar e determinar; por não ser ignorante de seu próprio poder, ele não pode ser ignorante dos efeitos em que ele pode exibir e descobrir-se. Um conhecimento abrangente de seu próprio poder é necessariamente includente dos objetos desse poder; então ele sabe o que ele poderia fazer, e tudo o que ele pudesse permitir, se quisesse. E se Deus não poderia entender mais do que ele criou, ele não poderia criar mais do que ele criou: pois não pode ser concebido como ele pode criar qualquer coisa de que ele seja ignorante; o que ele não sabe, ele não pode fazer: ele deve saber também a extensão da sua própria bondade, e até que ponto qualquer coisa é capaz de participar dela: tantos quantos, portanto, quando diminuem o conhecimento de Deus, eles diminuem do seu poder.
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Somente por estas reflexões vemos quão falho é o ponto de partida dos naturalistas, especialmente de Charles Darwin, com sua teoria da evolução, em seu livro A Origem das Espécies. Desconhecendo este aspecto fundamental do atributo do conhecimento infinito de Deus, que traz nele próprio muitos outros mundos e coisas que Ele pode determinar criar ou não criar, além dos já existentes, então é restringir totalmente a divindade em Seu poder, quando se tenta por uma teoria explicar a origem das diferentes espécies que há na Terra, como tudo o que pudesse existir de formas de vida fosse apenas uma evolução a partir de um ancestral comum. Como que se tantas e variadas formas de vida fosse um mero desenvolvimento a partir de um protozoário.
Sabemos pelas Escrituras que virá um tempo em que este corpo de carne e sangue deixará de existir depois do Milênio. Deus transformará tanto os corpos dos crentes quanto dos ímpios em um novo corpo, diferente deste que possuímos. E onde isto se encaixa dentro da teoria da evolução de Darwin, que trata de coisas naturais?
Deus determinou que primeiro deve ser o natural, mas este natural será substituído pelo
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espiritual. E ainda que saibamos disto, e que seja verdadeiro, todavia, nosso conhecimento ainda permanece sendo parcial, pois não podemos afirmar o que virá depois disto. Somente Deus conhece dentro de Si mesmo todas as coisas que Ele ainda criará pela eternidade afora.
O sábio deste mundo, quando entra então neste território para explicar o por quê das coisas, como elas foram criadas e qual será o objetivo final da criação, ele simplesmente cai em ridículo, como têm caído todos aqueles que não creem em Deus da forma como convém ser crido e conhecido.
Se Darwin estivesse entre os anjos antes da criação dos céus e da terra, o que ele teria falado acerca da teoria da evolução? Nem os próprios anjos sabiam então o que era o sol, as estrelas, o universo, e todos os seres que Deus criou na Terra.
Pobre e miserável aquele que tenta explicar a criação no lugar de Deus, quando somente Ele conhece na eternidade, em si mesmo, tudo o que ainda trará à existência, ou transformará em relação à presente criação.
Somente o tolo e falto de entendimento quanto à natureza e excelência de Deus faz as
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perguntas: “Por que Deus criou? E como Ele criou? Para que propósito criou?”. Todas estas perguntas e outras de semelhante teor deixa de levar em consideração que Deus não é como o homem que passa a desejar criar ou obter algo a partir de dado momento. O que deveria ou que ainda será criado por Deus já se encontra em seu desejo e conhecimento desde toda a eternidade. Ele é perfeito em conhecimento e poder justamente por este fato de que tudo o que trará à existência já se encontra previsto nEle em Seu conselho eterno. Ele não chama as coisas à existência por um despertamento de vontade no tempo. Ele é Deus, e portanto, o que cria tanto nos tempos determinados, em suas diferentes essências e para diferentes propósitos, sempre segue a deliberação da Sua própria vontade, quanto a tudo que já se encontra determinado em Si mesmo. Por isso se diz que Ele conhece as coisas que serão como se elas já existissem. E isto se estende aos seus atos de governo, e tudo o mais que ele faz além da criação dos próprios seres vivos ou inanimados. Este conhecimento prévio, pode ser visto especialmente nas visões e revelações que fez aos profetas.
3. É ainda mais evidente que Deus conhece todas as coisas possíveis, porque ele conhecia aquelas coisas que ele criou, antes de serem criadas, quando elas ainda estavam em uma
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possibilidade. Se Deus conheceu as coisas antes de serem criadas, ele as conhecia quando estavam em uma possibilidade, e não na realidade real. É um absurdo imaginar que o seu entendimento teve falta de lealdade às criaturas em tirar conhecimento delas depois que elas foram criados. É absurdo pensar que Deus criou, antes que ele soubesse o que poderia ou iria criar. Se ele sabia que as coisas que ele criou quando eram possíveis, ele deve saber todas as coisas que ele pode criar e, portanto, todas as coisas lhe são possíveis.
Para concluir isso, devemos considerar que esse conhecimento é de outro tipo que o conhecimento de coisas que são. Ele vê coisas possíveis, não como coisas que são ou serão. Se ele os viu como existentes ou futuros, e eles nunca forem criados, este conhecimento seria falso, haveria um engano nele, o que não pode ser. Ele sabe essas coisas não em si, porque elas não são, nem em suas causas, porque nunca serão: ele as conhece em seu próprio poder, não em sua vontade: ele as entende como capaz de produzi-las, não tão disposto a realizá-las. As coisas possíveis, ele sabe apenas em seu poder; coisas futuras ele sabe tanto em seu poder e sua vontade, como ele é capaz e determinar em seu próprio prazer de dar ser a eles. Aqueles que nunca chegarão a existir, ele só sabe em si
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mesmo como causa suficiente; aquelas coisas que devem vir a existir, ele sabe em si mesmo como a causa eficiente, e também nas suas segundas causas imediatas. Isso deve nos ensinar a gastar nossos pensamentos na admiração da excelência de Deus, e no conhecimento divino; sua compreensão é infinita. 1. Ele conhece todas as criaturas da mais alta à mais baixo, tanto o menor quanto o maior. Ele conhece os corvos e seus filhotes (Jó 38:41); as gotas de chuva e orvalho que ele gerou (Jó 38:29); cada pássaro no ar, assim como qualquer homem conhece o que ele tem em uma gaiola em casa. (Salmo 50:11): “Conheço todas as aves dos montes, e são meus todos os animais que pululam no campo.” As nuvens estão contadas em sua sabedoria (Jó 38:37); cada verme na terra, cada gota de chuva que cai sobre o chão, os flocos de neve, os nós de granizo, as areias da praia, os cabelos da cabeça; não é mais absurdo imagine que Deus os conhece, do que Deus os criou; eles são todos os efeitos de seu poder, assim como as estrelas que ele chama por seus nomes, bem como o anjo mais glorioso e espírito abençoado; ele os conhece, bem como se não houvesse ninguém, mas eles em particular para ele saber; o mínimo de coisas foi emoldurado por sua arte, bem como o maior; o
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mínimo de coisas participantes de sua bondade, bem como o maior; ele conhece suas próprias artes, e sua própria bondade, e aí todos os selos e impressões dele sobre todas as suas criaturas; ele conhece as causas imediatas do menor e, portanto, os efeitos dessas causas. Como seu conhecimento é infinito, ele deve se estender àquelas coisas que estão a maior distância dele, àquelas que se aproximam mais perto de não serem; desde que ele não lhe faltaria poder para criar, ele não pode ter falta de entendimento para conhecer tudo o que ele criou, as disposições, qualidades e virtudes da mais ínfima criatura. Nem a compreensão de Deus é embebida, e sofre uma diminuição pelo conhecimento do mais vil e mais imprevisíveis coisas. Não é uma imperfeição ser ignorante da natureza de qualquer coisa? E pode Deus ter tal defeito em sua mais perfeita compreensão? A compreensão do homem de uma liga é garantida pelo conhecimento da natureza dos venenos mais importantes? Entendendo um pequeno inseto? Ou considerando a deformidade de um sapo? Não é geralmente considerado uma nota de uma mente digna de ser capaz de discurso da natureza deles? Salomão, que conhecia todos do cedro ao hissopo, degradado por um presente tão rico de sabedoria do seu Criador? Algum espelho está contaminado ao apresentar uma imagem
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deformada? Existe algo mais vil do que as “imaginações, que são somente o mal, e continuamente?” A mente do homem não desce ao lodo da terra, interpreta o adúltero ou idólatra com objetos, sugam as coisas mais impuras? ainda assim, Deus sabe disso em todas as circunstâncias, em todas as aparências, dentro e fora.
Há alguma coisa mais vil que alguns pensamentos sobre homens? Do que algumas ações de homens? Com suas camas sujas e orgulho luciferiano? Todavia, estes não caem sob o olho de Deus em toda a sua nudez? A segunda pessoa está tomando a natureza humana, embora obscureceu, mas não depreciou a Deidade, nem trouxe qualquer desgraça para ela. O ouro é pior por ter se formado na imagem de uma mosca? Não retém ainda a nobreza do metal? Quando os homens são desprezados por descerem ao conhecimento das coisas más e vis, é porque eles negligenciam o conhecimento do maior, e o pecado em suas investigações de coisas menores, com uma negligência daquilo que concerne mais para a honra de Deus e a felicidade de si mesmos; para ser ambicioso de tal conhecimento, e ser descuidado é criminoso e desprezível. Mas Deus conhece o maior e o menor; significa que as coisas não são
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conhecidas por ele para excluir o conhecimento do maior; nem as coisas desprezíveis governadas por ele excluem a ordem do melhor. A deformidade de objetos conhecidos por Deus não o deforma, nem o contamina; ele não os vê fora de si mesmo, mas dentro de si mesmo, em que todas as coisas em suas ideias são bonitas: nosso conhecimento de uma coisa deformada não é uma deformação de nosso entendimento, mas é belo no conhecimento, embora não seja no objeto; nem há medo de que a compreensão de Deus se torne material por conhecer as coisas materiais, mais do que nossos entendimentos, perdem sua espiritualidade ao conhecer a natureza dos corpos; é para ser observado, portanto, somente aqueles sentidos dos homens, como ver, ouvir, cheirar, que têm aquelas qualidades para seus objetos que se aproximam mais da natureza das coisas espirituais, como luz, sons, cheiros fragrantes, é atribuída a Deus nas Escrituras; não tocar ou saborear, que são sentidos que não são exercidos sem um contato mais imediato com a matéria bruta; e a razão pode ser, porque não deveríamos ter pensamentos grosseiros de Deus, como se ele fosse um corpo e feito de matéria, como as coisas que ele conhece.
2. Como ele conhece todas as criaturas, também Deus conhece todas as ações das criaturas. Ele
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conta em particular todos os modos dos homens. “Ele não vê todos os meus caminhos e conta todos os meus passos” (Jó 31: 4)? Ele “conta” suas “andanças”, como se uma a uma (Salmos 56: 8). "Seus olhos estão sobre todos os caminhos do homem, e ele vê todos os seus passos.” (Jó 34:21); uma metáfora tirada dos homens, quando olham com tristeza, com os olhos fixos uma coisa, para vê-la em todas as circunstâncias, de onde vem, e observar cada pequeno movimento dela. O olho de Deus não é um olhar vagante, mas um olho fixo; e os caminhos do homem não estão apenas “diante de seus olhos”, mas ele os “reflete” (Provérbios 5:21); como não será ignorante do menor ácaro neles, mas os pesará e os examinará pelo padrão da lei dele; ele pode também conhecer as moções de nossos membros, como os cabelos de nossas cabeças; as menores ações antes delas, sejam elas civis, naturais ou religiosas, seu conhecimento; o que significa mais do que um homem carregando um jarro, mas nosso Salvador o anuncia (Lucas 22:10); Deus sabe não só o que os homens fazem, mas o que eles teriam feito, se ele não os tivesse restringido; o que Abimeleque teria feito a Sara, se Deus não colocasse uma barreira em seu caminho (Gên 20: 6); o que um homem que foi tirado em sua juventude teria feito, se tivesse vivido até uma idade mais madura; sim, ele conhece as palavras
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mais secretas, bem como as ações; as palavras ditas pelo rei de Israel em sua câmara, foram reveladas a Eliseu (2 Reis 6:12); e, de fato, como pode qualquer ação do homem ser ocultada de Deus? Podemos ver as várias ações de um monte de formigas, ou uma colmeia de abelhas em um copo, sem virar os olhos; e não deve Deus contemplar as ações de todos os homens no mundo, que são menos que abelhas ou formigas à sua vista, e mais visível para ele do que um formigueiro ou colmeia, pode ser ao mais agudo olho do homem? 3. Como Deus conhece todas as ações das criaturas, ele conhece todos os pensamentos das criaturas. Os pensamentos são os atos mais fechados do homem, escondido de homens e anjos, a menos que sejam revelados por algumas expressões externas; mas Deus desce nas profundezas e abismos da alma, discerne os inventos mais interiores; nada é impenetrável para ele; o sol nem tanto ilumina a terra, como Deus compreende o coração; todas as coisas são visíveis. Os homens frequentemente falam com Deus pelos movimentos de suas mentes e pensamentos secretos, o que eles não fariam, se não fosse naturalmente implantado neles, que Deus conhece todos os seus movimentos interiores; a Escritura é clara e positiva nisso: “sondas a mente e o coração, ó justo Deus.”
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(Salmo 7: 9), como os homens, pelo uso do fogo, discernem as partes escassas e mais puras dos metais. As intenções e objetivos secretos, as afeições mais espreitadoras sentadas na alma; ele sabe o que nenhum homem, nenhum anjo, é capaz de saber, o qual o homem não conhece, nem faz qualquer reflexão particular sobre; sim, “ele pesa o Espírito” (Provérbios 16: 2); ele exatamente numera todos os dispositivos e inclinações dos homens. "Ele discerne os pensamentos e intenções do coração" (Hb 4:12); tudo o que está na mente, tudo o que há nas afeições, todo estímulo e propósito; de modo que nenhum pensamento lhe pode ser negado (Jó 42: 2); sim, “Inferno e destruição estão diante dele, muito mais que o coração dos filhos dos homens” (Provérbios 15:11); ele trabalha todas as coisas nas entranhas da terra, e tira todas as coisas desse tesouro, dizem alguns; mas, mais naturalmente, Deus conhece todo o estado dos mortos, todos os receptáculos e túmulos de seus corpos, todos os corpos de homens consumidos pela terra, ou devorados por criaturas vivas; coisas que parecem estar fora de tudo; ele conhece os pensamentos dos demônios e das malditas criaturas, a quem ele expulsa de seus cuidados para sempre nos braços de sua justiça, nunca mais para lançar um olhar deleitável em direção a eles; não é um segredo em nenhuma alma no inferno (que ele não tem necessidade
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de saber, porque ele não deve julgá-los por qualquer um dos pensamentos que eles têm agora, uma vez que eles foram condenados ao castigo) está escondido dele; muito mais ele está familiarizado com os pensamentos dos homens vivos, os conselhos de cujos corações ainda estão para ser manifestados, para o seu julgamento e censura; sim, ele os conhece antes que surjam em ser real (Salmo 139: 2): “Tu conheces meus pensamentos de longe”; meus pensamentos, isto é, todo pensamento; embora pensamentos inumeráveis que passem por mim em um dia, e que na fonte, quando ainda está no ventre, antes de ser nosso pensamento; se ele os conhece antes de sua existência, antes que eles possam ser apropriadamente chamados de nossos, muito mais ele os conhece quando eles realmente surgem em nós: ele conhece a tendência deles; onde a ave acenderá quando estiver voando; ele os conhece exatamente, ele é chamado de “discernidor” ou crítico “do coração” (Hb 4:12), quando um crítico discerne cada letra, ponto e ponto; ele é mais íntimo conosco do que nossas almas com nossos corpos, e tem mais a possessão de nós do que nós mesmos; ele os conhece por uma inspeção no coração, não pela mediação de segundas causas, pela aparência ou gestos dos homens, como os homens podem discernir os pensamentos uns dos outros.
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(1) Deus discerne todos os bons movimentos da mente e da vontade. Isso ele coloca nos homens e precisa que Deus conheça seu próprio ato; ele conhecia o filho de Jeroboão para ter alguma coisa boa nele para o Senhor Deus de Israel” (1 Reis 14:13); e a integridade de Davi e Ezequias; os movimentos mais livres da vontade e afeições para ele: "Senhor, tu sabes que eu te amo", diz Pedro (João 21:17). O amor não pode ser mais contido do que a vontade em si; um homem pode fazer outro sofrer e desejar, mas ninguém pode forçar outro a amar. (2) Deus discerne todos os movimentos maus da mente e da vontade; “Toda imaginação do coração” (Gên 6: 5); a vaidade dos “pensamentos dos homens” (Salmos 94:11); sua escuridão interior, e disfarces enganosos. Não é de admirar que Deus, que moldou o coração, entenda os movimentos dele (Salmos 33:13, 15): “Ele olha do céu e contempla todos os filhos dos homens; ele forma os seus semelhantes e considera todas as suas obras ”. Fazer um relógio, e ainda ser ignorante de seu movimento? Será que Deus atirou a chave para este gabinete secreto, quando ele o enquadrou, e adiou o poder de desbloqueá-lo quando ele quisesse? Ele certamente não o enquadrava numa postura tal que qualquer coisa nele
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deveria estar escondida de seus olhos; ele não o criou para ser privado de seu governo; que se seguiria se ele fosse ignorante do que foi cunhado. Ele não poderia ser um juiz para punir os homens, se as estruturas internas e os princípios das ações dos homens estivessem escondidos dele; uma ação exterior pode brilhar para um olho externo, ainda que a fonte secreta seja um desejo de aplauso, e não o medo e o amor de Deus. Se o interior das molduras do coração estivessem cobertas dele nos recessos secretos do coração; esses atos plausíveis, que em relação aos seus princípios, mereceriam uma punição, encontrariam uma recompensa; e Deus deveria conceder felicidade onde ele havia denunciado a miséria. Como sem o conhecimento do que é justo, ele não poderia ser um Legislador sábio, então sem o conhecimento do que é internamente comprometido, ele não poderia ser um justo Juiz: atos que são podres na fonte, podem ser julgados bons pela cor e aparência justa. Isto é a glória de Deus no último dia, “manifestar os segredos de todos os corações” (1 Cor 4: 5); e o profeta Jeremias liga o poder de julgar e a prerrogativa de tentar unir os corações (Jeremias 11:20): “ Mas, ó SENHOR dos Exércitos, justo Juiz, que provas o mais íntimo do coração, veja eu a tua vingança sobre eles; pois a ti revelei a minha causa.” (Jeremias 17:10): “Eu, o
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SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações.” E, de fato, sua vinculação de toda a lei com o comando de não cobiçar, evidencia que ele julgará os homens pelas afeições e condições internas de seus corações. Mais uma vez, Deus sustenta a mente do homem em cada ato de pensar; nele temos não apenas o princípio da vida, mas todo movimento, o movimento de nossas mentes, bem como de nossos membros: " Nele vivemos e nos movemos", etc. (Atos 17:28). Desde que ele suporta o vigor da faculdade em todo ato, ele pode ser ignorante desses atos que brotam da faculdade, à qual ele naquele instante comunica poder e habilidade? Agora esse conhecimento dos pensamentos dos homens é, 1º. Propriedade incomunicável, pertencente apenas ao entendimento Divino. Criaturas, de fato, podem conhecer os pensamentos dos outros por revelação divina, mas não por si mesmos; nenhuma criatura tem uma chave imediatamente para abrir a mente dos homens e ver tudo o que ali existe; nenhuma criatura pode sondar o coração pela linha do conhecimento criado. Os demônios podem ter um conhecimento conjetural e podem adivinhar pelo conhecimento que têm com a disposição e constituição dos homens, e as
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imagens que contemplam em suas fantasias; e por algumas marcas que uma imaginação interior pode estampar no cérebro, sangue, espírito animal, rosto etc. Mas o conhecimento dos pensamentos meramente como pensamento, sem qualquer impressão por ele, é uma faculdade que Deus se apropria de si mesmo, como o principal segredo de seu governo, e uma perfeição declarativa de sua Deidade, tanto quanto qualquer outra coisa (Jer 17: 9,10): “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações.". "O homem olha para a aparência exterior, mas o Senhor olha para o coração” (1 Sam. 16: 7); onde Deus é distinguido por esta perfeição de todos os homens, outros podem saber por revelação, como Eliseu fez o que estava no coração de Geazi (2 Reis 5:26). Mas Deus conhece um homem mais do que qualquer homem conhece a si mesmo; que pessoa na terra compreende os enrolamentos e reviravoltas de seu próprio coração, que reservas terá, que invenções, que inclinações? Tudo o que Deus sabe exatamente.
2º. Deus não adquire novo conhecimento dos pensamentos e corações pela descoberta deles
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nas ações. Ele seria então igual à criatura nesta parte do conhecimento; nenhum homem ou anjo, pode assim chegar ao conhecimento deles; Deus seria então excluído de um domínio absoluto sobre o trabalho primordial de sua criação inferior; ele teria feito uma criatura superior a esse respeito a si mesmo, em cuja vontade pode descobrir, seu conhecimento de suas intenções internas deve depender; e, portanto, quando de Deus é dito procurar o coração, não devemos entendê-lo como se Deus fosse ignorante antes, e foi necessário fazer um escrutínio exato e inquérito, antes que ele alcançasse o que ele desejava conhecer; mas Deus condescende com a nossa capacidade na expressão de seu próprio conhecimento, significando que seu conhecimento é tão completo quanto o conhecimento de qualquer homem pode ser dos desígnios dos outros, depois de peneirá-los por um rigoroso e completo exame, e torceu uma descoberta de suas intenções, que ele os conhece perfeitamente como se ele os tivesse colocado na prateleira, e obrigou-os a fazer uma descoberta de seus planos secretos. Nem devemos entender que em Gên 22:12, onde Deus diz, depois Abraão estendeu a mão para sacrificar seu filho: "Agora sei que temes a Deus", como se Deus fosse ignorante da disposição graciosa de Abraão para com ele;
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Abraão tirou sua faca e forneceu a Deus um novo conhecimento? Não, Deus sabia das inclinações piedosas de Abraão antes (Gên 18:19): “Eu o conheço, para que ele comande seus filhos depois dele”, etc.
Às vezes, o conhecimento é tomado para aprovação; então o sentido será, agora eu aprovo este fato como um testemunho do teu temor de mim, uma vez que teu afeto a teu Isque é extinguido pela mais poderosa chama de afeição à minha vontade e comando; Eu agora te aceito e te faço um assunto dos meus melhores benefícios: ou, agora eu sei, isto é, eu fiz conhecido e manifestei a fé de Abraão para si mesmo e para o mundo: assim Paulo usa a palavra conhecer (1 Coríntios 2: 2): “Eu determinei não conhecer nada”, isto é, declarar e nada ensinar, para tornar conhecido nada mais do que Cristo crucificado: ou então, agora eu sei, isto é, eu tenho uma evidência e experimento neste fato nobre que me temes. Deus muitas vezes condescende com a nossa capacidade de falar de si mesmo à maneira dos homens, como se ele tivesse (como os homens) conhecido as afeições interiores dos outros por suas ações externas.
4. Deus conhece todos os males e pecados das criaturas.
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(1) Deus conhece todo pecado. Isso segue o outro. Se ele conhece todas as ações e pensamentos de criaturas, ele também conhece toda a pecaminosidade naqueles atos e pensamentos. Isto, Zofar infere dos homens puníveis de Deus (Jó 11:11); porque ele conhece o homem vaidoso, ele vê a sua maldade também; conhece todo homem e vê a iniquidade de todo homem; ele olha do céu, e vê não apenas as pessoas imundas, mas o que é imundo nelas (Salmo 14: 2, 3), todas as nações do mundo, e todo homem de toda nação; nenhuma de suas iniquidades está escondida de seus olhos; ele procura Jerusalém com velas (Jeremias 16:17). Deus segue pecadores, passo a passo, com os olhos, e não deixará de procurar até que os tome; uma metáfora tirada de alguém que procura todas as fendas com uma vela, para que nada possa ser escondido dele. Ele sabe distintamente em todas as partes dele, como um adúltero se ergue de sua cama para cometer impureza, que artimanhas ele tinha, que passos ele deu, todas as circunstâncias em todo o progresso; não só o mal em atacado, mas cada um dos pontos mais negros sobre ele, o que pode agravá-lo. Se ele não conhecesse o mal, como poderia permitir isso? Ordenar, punir ou perdoar? Ele permite que ele não saiba o que? Para seus fins sagrados, o que ele ignora? Punir ou perdoar o que ele não tem certeza se é um
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crime ou não? “Purifica-me”, diz Davi, “das minhas falhas secretas” (Salmos 19:12). O segredo em relação aos outros, segredo em relação a si mesmo; como poderia Deus purificá-lo daquilo de que ele era ignorante? Ele conhece pecados antes de serem cometidos, muito mais quando estão em ação; Ele conheceu a idolatria e a apostasia dos judeus; que deuses eles serviriam, em que medida eles iriam provocá-lo. e violar sua aliança (Deuteronômio 31:20, 21); ele conhecia o pecado de Judas muito antes da existência atual de Judas, predizendo-a nos Salmos; e Cristo prediz isso antes que ele agisse. Ele vê pecados futuros em sua própria vontade permissiva; ele vê pecados presentes em seu próprio ato de apoio. Como ele sabe as coisas possíveis para si mesmo, porque ele conhece seu próprio poder, então ele conhece as coisas praticáveis pela criatura, porque conhece o poder e os princípios da criatura. Este sentimento de Deus é naturalmente escrito nos medos dos pecadores, em relâmpagos, trovões ou em alguma operação prodigiosa de Deus no mundo; o que é linguagem deles, mas que ele vê seus atos, ouve suas palavras, conhece a pecaminosidade interior de seus corações; que ele não somente os vê como um mero espectador, mas considera-os como um juiz justo.
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Deus de fato não vê o mal com o olho de aprovação; ele não sabe com um conhecimento prático para ser o autor dele, mas com um conhecimento especulativo, de modo a compreender a pecaminosidade do mesmo; ou um conhecimento simplicis intelligentioe, de inteligência simples, como ele permite-os, não os deseja positivamente; ele não os conhece com o conhecimento de concordar com eles, mas discorda deles. O mal pertence a um ato dissidente da mente e um ato aversivo da vontade; e o que o mal anteriormente tomado, não tem concepção distinta, porque é uma privação; um defeito não tem ser, e todo conhecimento é pela apreensão de algum ser; não seria esta mentira tão fortemente contra o nosso próprio conhecimento do pecado? O pecado é uma privação da retidão devida a um ato; e quem duvida do conhecimento do homem sobre o pecado? Por seu conhecimento do ato, ele conhece a deficiência do ato; o assunto do mal tem um ser, e assim tem uma concepção na mente; aquilo que nenhum ser pode ter conhecido senão por si mesmo ou em si mesmo; mas será que isso não pode ser conhecido por seu contrário? Como sabemos que a escuridão é uma privação de luz, e a uma privação de sabedoria. Deus sabe bem tudo sozinho, porque ele é o bem soberano; que isso é estranho, então,
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que ele deve conhecer todo o mal, uma vez que todo mal está em algum bem natural.
(2) A maneira de Deus conhecer o mal não é tão fácil de ser conhecido. E, de fato, como não podemos compreender a essência de Deus, embora seja facilmente inteligível que haja tal Ser, assim podemos tão pouco compreender a maneira do conhecimento de Deus, embora não possamos deixar de concluir que ele é um Ser inteligente, uma pura compreensão, sabendo todas as coisas. Como Deus tem uma maneira mais elevada de ser do que suas criaturas, então ele tem outra maneira e mais elevada de conhecer; e nós podemos compreender tão pouco a maneira como ele sabe, como podemos a maneira de ser dele. Mas quanto à maneira, Deus não conhece sua própria lei? E ele não saberá o quanto qualquer ação fica aquém de seu governo? Ele não pode conhecer sua própria regra sem conhecer todos os desvios dela. Ele conhece sua própria santidade, e não verá como qualquer ação é contrária à santidade de sua própria natureza? Deus não sabe tudo o que é verdade? E não é verdade que isso ou aquilo é mal? E Deus será ignorante de alguma verdade? Como Deus sabe que ele não pode mentir, mas conhecendo sua própria veracidade? Como Deus sabe que ele não pode morrer? Conhecer sua própria imutabilidade? E conhecer o que é
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uma mentira, ele sabe o que é a morte; então se o pecado nunca tivesse existido, se nenhuma criatura alguma vez existisse, Deus teria sabido o que era o pecado, porque ele conhece a sua própria santidade; porque ele sabia que lei estava em forma de ser designada para suas criaturas, se ele as criasse, e que aquela lei poderia ser transgredida por elas. Deus sabe tudo de bom, toda bondade em si mesmo; ele tem, portanto, um fundamento em si mesmo para conhecer tudo o que vem abaixo daquela bondade, que é oposto àquela santidade: como se a luz fosse capaz de compreender, só conheceria as trevas conhecendo a si mesma; conhecendo-se, saberia o que é contrário a si mesmo e conhece toda a bondade criada que ele plantou na criatura; ele sabe então todos os defeitos desta bondade, de que perfeição é um privado; o que é oposto a essa bondade, é mal. Como Conhecemos a doença por saúde, discórdia por harmonia, cegueira por vista, porque é privação de visão, quem conhece um ao contrário conhece o outro; Deus conhece a injustiça pela ideia que ele tem de justiça, e vê um ato privado daquela retidão e bondade que deveria ser isso; ele conhece o mal porque conhece as causas de onde o mal procede. Um pintor conhece uma foto de sua própria produção e, se traços de qualquer forem colocados nela, ele também não deve saber
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disso? Deus, por sua mão, pintou todas as criaturas, imprimiu ao homem o selo justo e cor de sua própria imagem; o diabo o contamina; mas Deus que conhece o seu próprio trabalho, sabe como esta peça se tornou diferente do seu trabalho? Não é Deus, que conhece a bondade de suas criaturas, que ele mesmo era a fonte para conhecer a mudança dessa bondade? Sabia, antes, que o diabo semearia joio no lugar onde semeara trigo; e, portanto, essa controvérsia de alguns nas escolas, se Deus conheceu o mal por sua oposição à bondade criada ou incriada, é desnecessário. Podemos dizer que Deus conhece o pecado como é oposto à bondade criada, mas ele sabe disso radicalmente por sua própria bondade, porque ele conhece a bondade que ele comunicou para a criatura por sua própria bondade essencial em si mesmo.
Para concluir esta cabeça: O conhecimento do pecado não cobre a santidade da natureza de Deus; pois o conhecimento de um crime não infecta a mente do homem com a sujeira e a poluição desse crime, pois todo homem que conhece um ato de assassinato cometido por outro, seria, por esse conhecimento, manchado com seu pecado; sim e um juiz que condena um malfeitor, pode também condenar a si mesmo se assim fosse: o conhecimento dos pecados não
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infecta os entendimentos que os conhecem, mas apenas a vontade que os aprova. Não é um descrédito para nós conhecer o mal, a fim de passar um julgamento correto sobre ele; então nem pode ser para Deus.
Em quarto lugar, Deus conhece todas as coisas futuras, todas as coisas que estão por vir. As diferenças de tempo não podem impedir o conhecimento de todas as coisas por ele, que é antes do tempo, acima do tempo, que não é medido por horas, ou dias, ou anos; se Deus não os conhecesse, o obstáculo deve estar nele mesmo, ou nas próprias coisas, porque são coisas que estão por vir: não em si mesmo; se o fizesse, deveria surgir de alguma impotência em sua própria natureza, e assim nós o tornamos fraco; ou de uma falta de vontade de saber, e assim nós o tornamos preguiçoso e um inimigo para a sua própria perfeição; pois, simplesmente considerado, o conhecimento de mais coisas é uma perfeição maior do que o conhecimento de algumas; e se o conhecimento de uma coisa inclui algo de perfeição, a ignorância de uma coisa inclui algo de imperfeição. O conhecimento das coisas futuras é uma perfeição maior do que não conhecê-las, e é considerado entre os homens uma grande parte da sabedoria, que eles chamam previsão; é então certamente uma maior perfeição em
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Deus conhecer as coisas futuras, do que ignorá-las. E Deus preferiria ter algo de imperfeição do que ser possuidor de toda perfeição? Nem o obstáculo reside nas próprias coisas, porque a sua futuridade depende de sua vontade; pois como nada pode ser sem a sua vontade, dando-lhe existência, então nada pode ser futuro sem sua vontade, projetando o futuro disso. Certamente, se Deus sabe todas as coisas possíveis, o que ele não fará, ele deve saber todas as coisas futuras, que ele não só é capaz, mas resolveu fazer, ou resolveu permitir. O perfeito conhecimento de Deus de si mesmo, isto é, do seu próprio infinito poder e conclusão incluirão, necessariamente, um pré-conhecimento do que ele é capaz de fazer e do que ele fará. Mais uma vez, se Deus não conhecer as coisas do futuro, houve um tempo em que Deus era ignorante da maioria das coisas no mundo; pois antes do dilúvio ele era mais ignorante depois dele; quanto mais coisas fossem feitas no mundo, mais conhecimento se acumulava para Deus e, assim, mais perfeição; então da compreensão de Deus não foi perfeita desde a eternidade, mas no tempo; não, ainda não é perfeito, se ele é ignorante daquelas coisas que ainda são para acontecer; ele deve permanecer por uma perfeição que ele não teria, até que essas coisas venham a estar em ação, até as coisas que estão por vir, deixará de
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ser futuro e começará a ser presente. Ou Deus os conhece ou deseja conhecê-los; se ele deseja conhecê-los e não o faz, há algo faltando a ele; todo desejo fala uma de ausência do objeto desejado, e um sentimento de carência na pessoa desejosa: se ele não deseja conhecê-los, ou melhor, se ele realmente não os conhece, destrói toda a providência, todo o seu governo de coisas; para sua providência tem uma concatenação de meios com a perspectiva de algo que é futuro: como no caso de José, que foi colocado no poço, e vendido para os egípcios, a fim de seu futuro progresso, e a preservação de seu pai e seus irmãos invejosos. E se Deus não sabia todas as inclinações e ações futuras dos homens, algo poderia ter sido feito pela vontade de Potifar, ou pelo livre-arbítrio do faraó, pelo qual José poderia ter sido cortado de seu avanço, e assim Deus seria interrompido na pista e método de suas providências projetadas. Aquele que decretou governar o homem para esse fim, ele o projetou, conhece todos os meios antes, pelo qual ele irá governá-lo e, portanto, tem um conhecimento distinto e certo de todas as coisas; porque um conhecimento confuso é uma imperfeição no governo; e é nisso que a infinitude de seu entendimento é mais vista do que em conhecer as coisas passadas ou presentes; os olhos dele são uma chama de fogo (Apo 1:14), em relação à penetrante virtude deles
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em coisas impenetráveis por qualquer outra coisa. Para torná-lo ainda mais parece que Deus sabe todas as coisas futuras, considere,
1. Tudo o que é o objeto do conhecimento de Deus sem ele mesmo foi uma vez só futuro. Houve um momento em que nada estava em ser apenas ele mesmo: ele não sabia nada realmente passado, porque nada foi passado; nada realmente presente, porque nada de qualquer existência além de si mesmo; portanto, apenas o que era futuro. E por que não tudo o que é futuro agora, bem como apenas o que era futuro e para vir a acontecer apenas no início da criação? Deus de fato conhece tudo como presente, mas as próprias coisas conhecidas por ele não estavam presentes, mas no futuro; toda a criação foi uma vez futura, ou então foi da eternidade; se começou a tempo, foi uma vez o futuro em si, senão nunca poderia ter começado a ser. Deus não sabia o que seria criado por ele, antes de ser criado por ele? Ele criou ele não sabia o que, e não sabia antes, o que ele deveria criar? Ele era ignorante antes de agir, e em sua ação, a que sua operação tenderia? Ou ele não conhecia a natureza das coisas, e os fins delas, até que ele as produzisse? E as viu sendo? As criaturas, então, não surgiriam de seu conhecimento, mas de seu conhecimento delas; ele não quis que suas
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criaturas deveriam ser, pois ele desejara o que não sabia e não sabia o que desejava; eles, portanto, devem ser conhecidos antes que eles fossem feitos, e não conhecidos porque foram feitos; ele os conhecia para fazê-los; pela mesma razão pela qual ele sabia o que as criaturas deveriam ser antes delas, ele ainda sabe quais criaturas devem ser antes de serem; porque todas coisas que são, estavam em Deus, não realmente em sua própria natureza, mas nele como uma causa; então a terra e os céus estavam nele, como um modelo é na mente de um operário, que está em sua mente e alma, antes de ser trazido para o exterior.
2. As previsões de coisas futuras evidenciam isso. Não há uma profecia de qualquer coisa por vir, mas é uma centelha de sua presciência, e testemunha a verdade desta afirmação, na realização pontual dela; isso é uma coisa desafiada por Deus como sua própria peculiar, em que ele supera todos os ídolos que as invenções do homem têm feito no mundo (Isaías 41:21, 22): Deixe-os trazê-los (falando dos ídolos) e nos mostre o que deve acontecer, ou nos declare as coisas para vir: mostre as coisas que virão no futuro, para que possamos saber que vocês são deuses. Tal conhecimento prévio das coisas por vir, é aqui atribuído a Deus pelo próprio Deus, como uma distinção dele de todos
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os falsos deuses; tal conhecimento, que se alguém poderia provar que eles eram possuidores dele, ele reconheceria os deuses e também a si mesmo: "para que saibamos que vocês são deuses". Ele coloca sua Deidade para ficar de pé ou cair nessa conta, e isso deveria ser o ponto que deveria decidir a controvérsia, se ele ou os ídolos pagãos eram o verdadeiro Deus; a disputa é gerenciada por este método, aquele que conhece as coisas por vir, é Deus; eu sei que as coisas estão por vir, então, eu sou Deus; os ídolos não sabem o que está por vir portanto eles não são deuses; Deus submete o ser de sua Deidade a este julgamento. Se Deus sabe que as coisas não virão mais do que os ídolos pagãos, que eram demônios ou homens, ele seria, em sua própria conta, não mais um Deus do que demônios ou homens, não mais um Deus do que os ídolos pagãos, e ele zomba desse defeito. Se os ídolos pagãos fossem despojados de sua divindade por falta desta presciência das coisas que viriam, não deveria o verdadeiro Deus também cair da mesma excelência se ele fosse. defeituoso no conhecimento? Ele iria, em seu próprio julgamento, não mais merecer o título e caráter de um Deus. Como ele poderia censurá-los por isso, se fosse necessário nele mesmo? Não pode ser entendido de coisas futuras em suas causas, quando os efeitos necessariamente surgem de tais causas, como a luz do sol e calor
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do fogo que muitos desses homens conhecem; mais deles anjos e demônios sabem se Deus, portanto, não tinha um superior conhecimento do que isso, ele não seria provado ser Deus mais do que anjos e demônios, que conhecem os efeitos necessários em suas causas. Os demônios, de fato, previram algumas coisas nos oráculos pagãos; mas Deus é diferenciado deles aqui pela infinidade de seu conhecimento, em ser capaz de prever as coisas por vir que eles não sabiam, ou as coisas em suas particularidades, que dependiam da liberdade da vontade do homem, que os demônios não podiam reivindicar um certo conhecimento. Em Isaías 44: 7, é dito: “Quem há, como eu, feito predições desde que estabeleci o mais antigo povo? Que o declare e o exponha perante mim! Que esse anuncie as coisas futuras, as coisas que hão de vir!” Nada é criado ou ordenado no mundo, senão o que Deus decretou ser criado. Deus conhece seu próprio decreto e, portanto, todas as coisas que ele decretou existir no tempo; não a parte mais minuciosa do mundo poderia ter existido sem a sua vontade, nem uma ação pode ser feita sem a sua vontade; como a vida, o princípio, o movimento, o fruto dessa vida é de e por Deus; como ele decretou a vida para esta ou aquela coisa, então ele decretou o movimento como o efeito da vida, e
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decretou exercer seu poder em concordar com eles, para produzir efeitos naturais de tais causas; pois sem tal concurso eles não poderiam ter agido qualquer coisa ou produzido qualquer coisa; e, portanto, quanto às coisas naturais, que nós chamamos de causas necessárias, Deus prevendo todas elas particularmente em seu próprio decreto, previu também todos os efeitos que devem necessariamente fluir delas, porque tais causas não podem ser quando elas estão equipadas com todas as coisas necessárias para a ação: ele conhece seus próprios decretos e, portanto, necessariamente sabe o que ele tem decretado, ou então devemos dizer que as coisas acontecem se Deus vai ou não, ou que ele quer, ele não sabe o quê; mas isso não pode ser, porque “diz o Senhor, que faz estas coisas conhecidas desde séculos.” (Atos 15:18). Agora isso necessariamente, flui desse princípio primeiro estabelecido que Deus conhece a si mesmo, já que nada é futuro sem a vontade de Deus; se Deus não conhecesse coisas futuras, ele não saberia sua própria vontade; pois, como as coisas possíveis, não poderiam ser conhecidas por ele, a menos que ele conhecesse a plenitude de seu próprio poder, assim as coisas futuras poderiam não ser conhecidas por seu entendimento, a menos que ele soubesse as resoluções de sua própria vontade. Assim, o conhecimento de Deus difere do conhecimento
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dos homens; o conhecimento de Deus de suas obras precede suas obras; conhecimento do homem sobre as obras de Deus segue suas obras, assim como o conhecimento do artífice de um relógio, instrumento ou motor, o que ele faria, é antes de criá-los; ele sabe o movimento disso, e a razão dessas moções antes disso é feita, porque ele sabe o que determinou para trabalhar; ele não conhece esses movimentos da consideração deles depois que eles foram feitos, como o espectador faz, que, vendo o instrumento depois que ele é feito, ganha um conhecimento da visão e da consideração dele, até que ele entenda a razão do todo; por isso sabemos coisas da consideração delas depois de vê-las em ser, e, portanto, não sabemos coisas futuras: mas o conhecimento de Deus não surge de coisas porque são, mas porque ele quer que sejam; e, portanto, ele sabe tudo o que deve ser, porque não podem ser sem a sua vontade, como o Criador e mantenedor de todas as coisas; conhecendo sua própria substância, ele conhece todas as suas obras.
Se Deus não conhecesse todas as coisas futuras, ele seria mutável em seu conhecimento. Se ele não soubesse todas as coisas que já foram ou são para ser, haveria na aparência de cada novo objeto, uma adição de luz ao seu entendimento e, portanto, tal mudança nele, como todo novo
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conhecimento provoca na mente de um homem, ou como o sol opera no mundo ao levantar-se a cada manhã, espalhando a escuridão que estava sobre a face da terra; se ele não os conhecesse antes que eles viessem, ele ganharia um conhecimento quando eles vieram passar, o que ele não tinha antes de serem efetuados; seu conhecimento seria novo de acordo com a novidade dos objetos, e multiplicados de acordo com a multidão dos objetos. Se Deus sofresse alguma mudança, e adquirisse alguma perfeição em seu conhecimento, quando essas coisas futuras deixariam de ser futuras e se tornariam presentes; pois ele saberia mais perfeitamente quando estivessem presentes, do que quando era futuro, e assim haveria uma mudança da imperfeição para a perfeição; mas Deus é totalmente imutável. Além disso, essa perfeição não surgiria da natureza de Deus, mas da existência e presença da a coisa. Ele não teria então esse conhecimento e, consequentemente, a perfeição desde a eternidade, como ele tinha quando criou o mundo, e não teria uma completa perfeição do conhecimento de sua criatura até o fim do mundo, nem de almas imortais.
E se Deus for sempre mudando para a eternidade, da ignorância para o conhecimento,
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como esses atos passam a ser exercidos por suas criaturas, ele não será perfeito em conhecimento, não, não para a eternidade, mas estará sempre mudando de um grau de conhecimento para outro; um conceito muito indigno de atribuir ao bendito, perfeito e infinito Deus! Portanto, segue-se que:
(1.) Deus conhece todas as suas criaturas. Todos os tipos que ele determinou fazer; todos os detalhes que devem surgir de todas as espécies; a tempo quando deveriam sair do ventre; a maneira como; “No teu livro todos os meus membros foram escritos” (Salmo 139: 16).
Os membros não estão no hebraico. de onde alguns referem tudo, a todas as criaturas vivas, e a todas as partes que Deus previu; ele conhecia o número de criaturas com todas as suas partes; eles foram escritos no livro de sua presciência; a duração deles, como por muito tempo eles permanecerão no ser e agirão no palco; ele conhece sua força, os elos de uma causa com outra e o que será seguido em todas as suas circunstâncias, e as séries e combinações de efeitos com suas causas. A duração de tudo é conhecido de antemão, porque é determinado (Jó 14: 5); “Vendo os seus dias determinados, o número dos seus meses é contigo; tu tens apontou seus limites, que ele não pode passar”;
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limites são fixos, além do qual nenhum deve alcançar; ele fala de dias e meses, não de anos, para nos dar a conhecer a presciência particular de Deus de tudo, de cada dia, mês, ano, hora da vida de um homem.
(2) Todos os atos de suas criaturas são conhecidos por ele. Todos os atos naturais, porque ele conhece suas causas.
(3) Esse conhecimento prévio era certo. Pois é uma noção indigna de Deus atribuir-lhe um conhecimento conjectural; se houvesse apenas um conhecimento conjectural, ele poderia, senão conjecturalmente, prever qualquer coisa; e então é possível que os eventos das coisas possam ser contrários às suas previsões. Parece então que Deus foi enganado, e então não pode haver regra de tentar coisas, seja de Deus ou não; porque a regra que Deus estabelece para discernir suas palavras das palavras dos falsos profetas é o evento e certas realizações do que é previsto (Deuteronômio 18:21) para essa pergunta: "Como saberemos se Deus falou ou não?" Responde que “se a coisa não acontecer, o Senhor não falou”. Se o seu conhecimento das coisas futuras não fosse certo, não haveria estabilidade nessa regra, ela cairia ao chão: nós nunca achamos Deus enganado em qualquer predição, mas o evento respondeu à sua
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pergunta pela revelação; Sua presciência, portanto, é certa e infalível. Nós não podemos fazer Deus incerto em seu conhecimento, mas devemos concebê-lo flutuando e vacilando em sua vontade; mas se a sua vontade não for sim e não, mas sim, o seu conhecimento é certo, porque ele certamente vai resolver.
(4) Esta presciência foi da eternidade. Vendo que ele conhece as coisas possíveis em seu poder e as coisas futuras em sua vontade; se o seu poder e as resoluções foram desde a eternidade, seu conhecimento deve ser assim também, ou então devemos torná-lo ignorante de seu próprio poder, e ignorante de sua vontade própria desde a eternidade; e consequentemente não da eternidade abençoada e perfeita. Seu conhecimento das coisas possíveis deve ser paralelo com seu poder, e seu conhecimento de coisas futuras corre paralelamente à sua vontade. Se ele quisesse desde a eternidade, ele sabia desde a eternidade que ele desejou; mas que ele fez desde a eternidade, devemos conceder, a menos que o tornemos mutável, e o concebamos feito em tempo de não querer dispor. O conhecimento que Deus tem no tempo, sempre foi um e o mesmo, porque a sua compreensão é a sua própria essência, e de natureza imutável. E, de fato, a existência real de uma coisa não é
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simplesmente necessária para que ela seja perfeitamente conhecida; podemos ver algo que já passou, quando na verdade existe; e um carpinteiro pode conhecer a casa que ele deve construir, antes que ser construído, pelo modelo disso em sua própria mente; muito mais podemos conceber o mesmo de Deus cujos decretos foram antes da fundação do mundo; e para ser antes do tempo e para ser da eternidade, não há diferença. Como Deus em seu ser excede todo começo de tempo, assim também o seu conhecimento todos os movimentos do tempo.
(5) Deus antecipa todas as coisas como presentes com ele desde a eternidade. Como ele sabe coisas mutáveis com um conhecimento imutável e firme, então ele conhece as coisas futuras com um conhecimento atual; não que as coisas que são produzidas no tempo estivessem realmente presentes com ele em seus próprios seres desde a eternidade; pois então eles não poderiam ser produzidos a tempo; eles tinham uma existência real, então eles não seja criaturas, mas Deus; e se eles fossem reais, então eles não poderiam ser futuros, pois o futuro fala uma coisa que ainda não chegou.
Se as coisas estivessem realmente presentes com ele, e ainda no futuro, elas foram feitas
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antes de serem feitas, e tinham um ser antes delas terem um ser; mas todos eles estavam presentes ao seu conhecimento como se estivessem no ser real, porque a razão de todas as coisas que deveriam ser feitas, estava presente com ele. A razão da vontade de Deus que elas devem ser, era igualmente eterna com ele, em que ele viu o que, e quando e como ele criaria as coisas, como as governaria, para que fim as dirigiria. Assim todas as coisas são presentes ao conhecimento de Deus, embora em sua própria natureza possam ser passado ou futuro, não em esse reali, mas em esse inteligibili, objetivamente, na verdade, não presente como a imutabilidade e infinitude do conhecimento de Deus sobre as coisas mutáveis e finitas, mas todas as coisas estão presentes para o seu entendimento, porque ele tem uma visão de todas as sucessões dos tempos; e o conhecimento dele das coisas futuras é tão perfeito quanto as coisas presentes, ou o que é passado; não é um certo conhecimento das coisas presentes, e um conhecimento incerto do futuro, mas seu conhecimento de um é tão certo e infalível quanto seu conhecimento do outro; como um homem que contempla um círculo com várias linhas do centro, contempla as linhas à medida que elas são unidas no centro, contempla-as também como são distantes e separadas umas das outras, vê-las
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em sua extensão e em seu ponto de uma só vez, embora possam ter uma grande distância um do outro. Ele viu desde o início dos tempos até o último minuto, todas as coisas saindo de suas causas, marchando em sua ordem de acordo com sua própria nomeação; como um homem pode ver uma multidão de formigas, algumas rastejando de um jeito ou de outro, empregadas em diversas atividades para sua provisão de inverno. O olho de Deus corre imediatamente por todo o círculo do tempo; como o olho de um homem em uma torre e vê todos os passageiros de uma só vez, embora alguns passem, alguns sob a torre, alguns chegando a uma distância maior. “Deus ” , diz Jó, “olha para os confins da terra e vê debaixo de todo o céu” (Jó 28:24); o conhecimento de Deus é expresso por visão nas Escrituras, e o futuro para Deus é a mesma coisa que a distância para nós; podemos com um binóculo fazer coisas que estão longe aparecerem como se estivessem perto; por que, então, as coisas futuras deveriam estar tão longe do conhecimento de Deus, quando as coisas tão distantes de nós podem ser feitas para nos aproximarmos estando tão perto de nós? Deus considera todas as coisas em seu próprio conhecimento simples, como se estivessem agindo agora; e, portanto, alguns optaram por
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chamar o conhecimento das coisas por vir, não presciência, mas conhecimento; porque Deus vê todas as coisas em um instante, scientià nunquam deficientis instantiæ. Por este motivo, as coisas que estão por vir, são estabelecidas nas Escrituras como presentes, e às vezes como passadas (Isaías 9: 6): “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz;”, embora ainda não tenha nascido; assim dos sofrimentos de Cristo (Isaías 53: 4, etc.): “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.”, etc., não será; e (Salmo 22:18): “Repartem entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica deitam sortes.”, como se estivesse presente; tudo para expressar a certeza da presciência de Deus, como se as coisas estivessem realmente presentes antes dele.
(6) Isto é próprio de Deus e incomunicável para qualquer criatura. Nada além do que é eterno pode conhecer todas as coisas que estão por vir.
Suponha que uma criatura possa saber as coisas que estão por vir, depois que ele está sendo, ele não pode conhecer as coisas simplesmente
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como futuras, porque eram coisas futuras antes de estarem em ser. Os demônios não conhecem o coração dos homens; portanto, não podem prever suas ações com alguma certeza; eles podem, de fato, ter conhecimento de algumas coisas que estão por vir, mas são apenas conjeturais e muitas vezes equivocados; como o diabo estava em sua predições entre os pagãos, e em seu presságio de “Jó amaldiçoando a Deus a sua face” sobre suas calamidades urgentes (Jó 1:11).
Às vezes, de fato, eles têm um certo conhecimento de algo futuro pela revelação de Deus, quando ele os usa como instrumentos de sua vingança, ou pelo julgamento de seu povo, como no caso de Jó, quando ele lhe deu uma comissão para despojá-lo de seus bens; ou, como os anjos têm, quando ele os usa como instrumentos da libertação de seu povo.
(7.) Embora isto seja certo, que Deus pré-conhece todas as coisas e ações, contudo a maneira de ele conhecer todas as coisas antes de virem, não é tão facilmente resolvido. Não devemos, entretanto, negar essa perfeição em Deus, porque não entendemos a maneira como ele tem o conhecimento prévio de todas as coisas. Seria indigno para nós não possuir mais de Deus do que podemos perfeitamente
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concebê-lo; nós não deveríamos então possuir mais dele do que nele existe. “Pode tu”, diz Jó, “procurando, descobrir a Deus? Você pode descobrir o Todo Poderoso até perfeição?” (Jó 11: 7).
Deus conhece todas as contingências futuras, isto é, Deus sabe todas as coisas que acidentalmente acontecerão ou, como dizemos, por acaso; e ele conhece todos os movimentos livres das vontades dos homens que serão para o fim do mundo. Se todas as coisas estiverem abertas para ele (Hb 4:13), então todas as contingências são, pois estão no número de coisas; e como, de acordo com o discurso de Cristo, aquelas coisas que são impossíveis ao homem, são possíveis a Deus, então as coisas que são desconhecidas ao homem, são conhecidas por Deus; por causa da infinita plenitude e perfeição do entendimento divino. Vamos ver o que é uma contingência. É contingente o que comumente chamamos de acidental, como quando uma telha cai de repente sobre a cabeça de um homem enquanto ele anda na rua; ou quando um soldado atira aleatoriamente e acerta alguém sem pretender alvejá-lo; tal foi aquela flecha pela qual Acabe foi morto (1 Reis 22:39); isso alguns chamam de contingência mista, composta em parte por necessidade e em parte por acidente; é
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necessário que a bala, quando enviada para fora da arma, ou a flecha para fora do arco, deve voar e atingir algum lugar; mas é um acidente que atinge este ou aquele homem, que nunca foi intencionado pelo arqueiro. De outras coisas, como ações voluntárias, são puramente contingentes e não têm nada de necessidade nelas; todas as ações livres que dependem da vontade do homem, de fazer ou não fazer, são desta natureza, porque elas não dependem de uma causa necessária, como a queimadura sobre o fogo, umedecendo em água, ou como descida ou caída é necessário para um corpo pesado; pois aqueles que não podem, em sua própria natureza, fazem o contrário; mas as outras ações dependem de um agente livre, capaz de se voltar para este ou aquele ponto e se determinar como quiser.
Agora, devemos saber que o que é acidental em relação à criatura, não é assim em relação a Deus; a maneira da morte de Acabe foi acidental, em relação à mão pela qual ele foi morto, mas não em relação a Deus que predisse sua morte, e conheceu o disparo, e dirigiu a flecha; Deus não estava incerto antes da maneira de sua queda, nem pairou sobre a batalha para assistir a uma oportunidade de realizar sua própria previsão; o que pode ou não ser, em relação a nós, é certo em relação a Deus;
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imaginar que o que é acidental para nós, é assim medir Deus pela nossa linha curta. Quantos eventos seguem os resultados dos príncipes em seus conselhos, parecem pessoas, ignorantes desses conselhos, ser um acaso, mas não eram contingências para o príncipe e seus assistentes, mas previsto por ele como certamente para emitir assim como eles fazem, o que eles sabiam antes seria o fruto de tais causas e instrumentos que eles tricotariam juntos!
Isso pode ser necessário em relação à presciência de Deus, que é meramente acidental em relação à disposição natural de causas imediatas que realmente o produzem; contingente em sua própria natureza e em relação a nós, mas fixado no conhecimento de Deus.
Algo ilustra isso por essa similitude; um mestre envia dois servos para um e o mesmo lugar, dois de vários modos, desconhecidos para um e outro; eles se encontram no lugar que o seu patrão os designara; sua reunião é acidental para eles, não se sabe do outro, mas foi previsto pelo mestre que eles deveriam se encontrar; e que em relação a eles parece um mero acidente, até que ele veio para explicar o negócio para o outro; tanto a necessidade de sua reunião, em
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relação à ordem de seu mestre, como a acidentalidade em relação a si mesmos, eram em ambas as circunstâncias anteriormente conhecidas pelo mestre que os empregava. Para clarear isto, leve isto neste método.
1. É um conceito indigno de Deus em qualquer um excluí-lo do conhecimento dessas coisas.
(1.) Será uma contratação estranha dele não permitir-lhe um conhecimento maior do que nós mesmos. Contingências são conhecidas por nós quando elas entram em ação e passam do futurismo para a realidade; e quando elas estão presentes para nós, podemos ordenar nossos ares de acordo; devemos permitir a Deus não mais uma medida de conhecimento do que nós, e torná-lo cego como nós mesmos, para não ver as coisas dessa natureza antes que elas ocorram? Deus não as conhecerá mais? Imaginamos que Deus não conhece outra coisa senão o que sabemos? E que ele como nós, está observando com admiração os eventos? O homem pode conjecturar muitas coisas; é adequado atribuir a mesma incerteza a Deus, como se ele, assim como nós, não pudesse ter certeza até que a questão aparecesse à vista de todos? Se Deus certamente não sabe de antemão, ele os conjectura; mas um conhecimento conjectural não é de modo
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algum fixado em Deus; pois isso não é conhecimento, senão adivinhação, e destrói uma divindade, fazendo-o sujeito a erro; porque aquele que apenas adivinha pode adivinhar errado; para que isso seja feito Deus como nós, e tira-lhe uma perfeição universalmente reconhecida de onisciência. Um conhecimento conjectural, diz alguém, é como indigno de Deus como a criatura é indigna de onisciência. É certo que o homem tem a liberdade de agir muitas coisas desta ou daquela maneira que lhe agrada; caminhar para este ou aquele bairro, falar ou não falar; fazer isto ou aquilo, ou não fazê-lo; que maneira um homem certamente se determina, é desconhecido antes para qualquer criatura, sim, muitas vezes no presente para si mesmo, pois ele pode estar em suspenso; mas devemos imaginar que essa determinação futura de si mesmo é ocultada de Deus?
Aqueles que negam a presciência de Deus em tais casos, devem ou dizer que Deus tem uma opinião que um homem irá resolver desta maneira do que aquela; mas então, se um homem pela sua liberdade se determinar contrário à opinião de Deus, então Deus não está enganado? E o que uma criatura racional pode tomar por um Deus que pode ser enganado em alguma coisa? Ou então eles devem dizer que Deus está na incerteza, e sustenta sua opinião
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sem determiná-la de qualquer maneira; então ele não pode agora liberar atos até que eles sejam feitos; ele então dependeria da criatura para sua informação; seu conhecimento aumentaria a cada instante, assim como as coisas, ele não sabia antes, entravam em ação; e desde que há cada minuto uma multidão inumerável de várias imaginações nas mentes dos homens, haveria cada minuto uma adesão de novos conhecimentos a Deus que ele não tinha antes; além disso, esse conhecimento seria mutável de acordo com a oscilação e as resoluções dos homens, um em pé até este ponto, outro enquanto isso, se ele dependesse da determinação da criatura para seu conhecimento.
(2) Se os atos livres dos homens eram desconhecidos antes de Deus, ninguém pode ver como pode haver qualquer governo do mundo por ele.
Tais contingências podem acontecer, e tais resoluções de livre-arbítrio dos homens, desconhecidas por Deus, podem confundir seus negócios, e colocá-lo sobre novos conselhos e métodos para alcançar esses fins que ele estabeleceu na primeira criação das coisas; se as coisas acontecem que Deus sabe não de antemão, esta deve ser a consequência; onde
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não há previsão, não há providência; as coisas podem acontecer tão repentinamente, se Deus as desconhecendo, que elas possam dar um cheque às suas intenções e esquema de governo, e colocá-lo para mudar todo o modelo dele. Quantas vezes uma pequena circunstância interveniente, imprevista pelo homem, corta em pedaços um tempo meditado e bem formado plano! Governar causas necessárias, como sol e estrelas, cujos efeitos são naturais e constantes em si, é fácil de ser imaginado; mas como governar o mundo que consiste em tantos homens de livre-arbítrio, capazes de se determinar a isto ou aquilo, e que não têm a constância em si, como o sol e as estrelas, não pode ser imaginado; a menos que permitamos em Deus uma grande certeza de presciência dos desígnios e ações dos homens, como há inconstância em suas resoluções. Deus deve estar alterando os métodos de seu governo todos os dias, todas as horas, todos os minutos, de acordo com as determinações dos homens, que são tão variadas e mutáveis em todas as partes do mundo no espaço de um minuto; ele deve esperar para ver o que os conselhos dos homens serão, antes que ele pudesse resolver seus próprios métodos de governo; e assim deve governar o mundo de acordo com sua mutabilidade, e não de acordo com qualquer certeza nele ele mesmo. Mas seu conselho é
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estável no meio de multidões de dispositivos livres no coração do homem (Provérbios 19:21), e por conhecê-los todos antes, ordena que eles sejam subservientes ao seu próprio advogado estável. Se ele não pode saber o que amanhã vai trazer na mente de um homem, como ele pode certamente resolver sua própria determinação de governá-lo?
Seus decretos e resoluções devem ser temporais, e surgem do nada, e ele deve sempre estar em conselho o que ele deve fazer em cada mudança das mentes dos homens. Este é um conceito indigno da majestade infinita do céu, para fazer o seu governo depender das resoluções dos homens, ao invés de suas resoluções sobre o projeto de Deus.
2. Portanto, é certo que Deus conhece os atos livres e voluntários do homem. Como ele poderia encomendar seu povo para perguntar pelas coisas que estavam por vir, para a sua libertação, coisas que dependiam da vontade do homem, se antes não conhecesse os movimentos de sua vontade (Is 45:11)?
(1.) Ações boas ou indiferentes dependendo da liberdade da vontade do homem tanto quanto qualquer outra. Várias dessas ele previu; não apenas uma pessoa para construir Jerusalém foi
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predita por ele, mas o nome dessa pessoa, Ciro (Is 44:28). O que é mais contingente, ou é mais o efeito da liberdade da vontade do homem, que os nomes de seus filhos? Não foi na destruição do império babilônico predito que Ciro empreendeu, não por qualquer compulsão, mas por uma livre inclinação e determinação de sua própria vontade?
E não foi o retorno dos judeus ao seu próprio país um ato voluntário daquele conquistador? Se você considerar a liberdade do homem não será possível que Ciro tenha continuado seu jugo, assim como as suas correntes, e mantido cativo, assim como rejeitado eles? Se não fosse pelo seu próprio interesse, ao invés de ter fortalecido os grilhões de um povo tão turbulento, que era tenaz de sua religião e leis diferentes daquelas professadas pelo mundo inteiro, eram como fazer mais perturbações quando estavam ligados em um corpo em seu próprio país, do que quando eles foram transplantados e espalhados pelas várias partes de seu império? Estava no poder de Ciro (tomá-lo como homem) para escolher um ou outro; seu interesse o convidou a continuar seu cativeiro, ao invés de conceder sua libertação; ainda assim, Deus sabia que ele faria de bom grado isso e não o outro; ele sabia disso que dependia da vontade de Ciro; e por que um Deus
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infinito não pode conhecer os atos livres de todos os homens, como também de um? Se a liberdade da vontade de Ciro não fosse impedimento para a presciência certa e infalível de Deus, como a contingência de qualquer outra coisa pode ser um obstáculo para ele? Porque existe a mesma razão de um e de todos; e seu governo se estende a todas as aldeias, todas as famílias, todas as pessoas, assim como reinos e nações. Então Deus predisse, por seu profeta, não apenas a destruição do altar de Jeroboão, mas o nome da pessoa que deve ser o instrumento dele (1 Reis 13: 2), e isso cerca de 300 anos antes do nascimento de Josias. É uma maravilha que nenhum dos reis piedosos de Judá, em detestação de idolatria, e espera recuperar novamente o reino de Israel, teve em todo esse espaço um dos seus filhos esse nome de Josias, na esperança de que essa profecia fosse cumprida por ele; que Manassés só deveria fazer isso, quem era o maior imitador da idolatria de Jeroboão entre todos os reis judeus, e de fato foi além deles; e não tinha mente para destruir em outro reino que ele propagou em seu próprio país. O que é mais livre que a escolha de um nome? Todavia, isto ele conheceu, e este Josias era filho de Manassés (2 Reis 21:26).
Havia algo mais voluntário do que o Faraó honrar o mordomo, restaurando-o ao seu lugar,
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e punir o padeiro, pendurando-o em uma forca? Contudo isto foi predito (Gên 40: 8). E não foram todos os atos voluntários de homens, que eram o meio do avanço de José, pré-conhecidos por Deus, bem como a sua exaltação, que era o fim que ele visava por esses meios? Muitos destes podem ser considerados. Todos os atos livres do homem podem superar a capacidade infinita da Divina compreensão? Se Deus escolhe uma ação voluntária no homem tão contingente quanto qualquer outra, e situada entre um vasto número de outros projetos e resoluções, tanto antecedentes como subsequentes, por que ele não deveria conhecer toda a massa de pensamentos e ações dos homens, e penetrar em tudo o que a liberdade da vontade do homem pode efetuar? Por que ele não deveria conhecer cada grão, assim como aquele que está no meio de muitos do mesmo tipo? E desde que as Escrituras dão um relato tão grande de contingências, preditas por Deus, nenhum homem pode certamente provar que qualquer coisa é desconhecida para ele. É tão razoável pensar que ele conhece todas as contingências, que ele conhece algumas que ele tanto escondeu do olho de qualquer criatura, desde que não há mais dificuldade para uma compreensão infinita de conhecer tudo, do que conhecer algumas. De fato, se nós negamos a presciência de Deus das ações voluntárias dos
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homens, devemos nos afastar da crença das previsões das Escrituras de que ainda permanecem inacabadas, e serão trazidas pelos compromissos voluntários dos homens, como a ruína do anticristo, etc. Se Deus não conhece os movimentos secretos da vontade do homem, como ele pode predizê-los? Se nós o tirarmos dessa perfeição da presciência, por que acreditamos em uma palavra das previsões das Escrituras? Todo o crédito da Palavra de Deus é rasgado pelas raízes. Se Deus fosse incerto de tal eventos, como podemos reconciliar a declaração de Deus deles para a sua verdade; e ele exigindo nossa crença deles para sua bondade? Teria sido bom e justo em Deus para nos levar à crença de que ele estava incerto de si mesmo, como ele poderia ser verdadeiro em predizer coisas que ele não tinha certeza? Ou bom, ao exigir que o crédito seja dado àquilo que pode ser falso? Isso seguiria necessariamente, se Deus não pré-conheceu os movimentos da vontade dos homens, por meio dos quais muitas de suas predições foram cumpridas, e algumas ainda estão por serem cumpridas.
(2) Deus antecipa os movimentos voluntários e pecaminosos das vontades dos homens. Primeiro, Deus havia predito vários deles. Não foram todos os minutos pecaminosos circunstâncias sobre a morte do nosso
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abençoado Redentor, como o perfurante, dando-lhe fel para beber, predito, assim como o não quebrar de seus ossos e as sortes lançadas sobre sua veste? Quais eram essas, senão as ações livres dos homens, o que eles fizeram de bom grado sem qualquer restrição? E aqueles preditos por Davi, Isaías e outros profetas; alguns acima de mil, uns oitocentos e outros mais alguns anos antes que eles acontecessem; e os eventos pontualmente responderam às profecias. Muitos atos pecaminosos dos homens, que dependiam de seu livre arbítrio, foram preditos. A opressão voluntária dos egípcios a Israel (Gên 15:13); Faraó está endurecendo seu coração contra a voz de Moisés (Êxodo 3:19); que a mensagem de Isaías seria em vão para o povo (Is 6: 9); que os israelitas seriam rebeldes após a morte de Moisés e tornar-se-iam idólatras (Deuteronômio 31:16); Judas seria traidor de nosso Salvador, numa ação voluntária (João 6. 71); ele não foi forçado para fazer o que ele fez, pois ele tinha algum tipo de arrependimento por isso; mas a voluntariedade cai sob o remorso.
Em segundo lugar, sua verdade dependia dessa previsão. Vamos considerar que em Gênesis 15:16, “Mas na quarta geração eles voltarão para cá”, isto é, a posteridade de Abraão entrará em
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Canaã, pois a iniquidade dos amorreus ainda não estava completa. Deus faz uma promessa a Abraão, de dar à sua posteridade a terra de Canaã, não no presente, mas na quarta geração; se a verdade de Deus infalível no desempenho de sua promessa, seu entendimento é tão infalível na previsão do pecado dos amorreus; a plenitude da sua iniquidade precederia a posse dos israelitas. A verdade de Deus dependia de uma incerteza? Ele fez a mão da promessa sobre a cabeça (como dizemos)? Como poderia ele, com qualquer sabedoria e verdade, assegurar Israel da posse da terra na quarta geração, se ele não tivesse certeza de que os amorreus iriam preencher a medida de suas iniquidades naquele tempo? Se Abraão tivesse sido um sociniano, negaria o conhecimento de Deus dos atos livres dos homens, se ele não fosse uma boa desculpa para a incredulidade? Qual teria sido sua resposta para Deus? Ai, Senhor, esta não é uma promessa a ser confiada, a iniquidade dos amorreus depende dos atos de seu livre arbítrio, e você pode ter nenhum conhecimento disso; tu não podes ver mais do que a probabilidade de sua iniquidade estar cheia, e portanto há apenas uma probabilidade de tua promessa ser cumprida, e não uma certeza!
Isso não seria julgado não apenas como uma resposta atrevida, mas blasfema? E apontar
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esses princípios a verdade do Deus mais fiel para ser destruído pela incerteza e por um perigo. Terceiro, Deus providenciou um remédio para o pecado do homem e, portanto, previu a entrada disso no mundo pela queda de Adão. Ele tinha um decreto antes da fundação do mundo, para manifestar sua sabedoria no evangelho de Jesus Cristo, um “propósito eterno em Jesus Cristo” (Efésios 3:11), e um decreto de eleição passado antes da fundação do mundo; pela separação de alguns para redenção, e perdão do pecado no sangue de Cristo, em quem eles foram escolhidos desde a eternidade, bem como aceitos em Cristo (Ef 1: 4, 6, 7), que é chamado de "propósito em si mesmo" (ver. 9); se o pecado não tivesse entrado, não haveria ocasião pois a morte do Filho de Deus, estando em toda parte nas Escrituras colocada sobre esse ponto; um decreto para o derramamento de sangue, supostamente decretado para a permissão do pecado, e uma certa presciência de Deus, que seria cometido pelo homem. Uma incerteza da presciência e a firmeza de propósito não são consistentes em um homem sábio, muito menos no único Deus sábio. Propósito de Deus para manifestar a sua sabedoria aos homens e anjos desta forma poderia ter sido derrotado, se Deus tivesse apenas um pré-conhecimento
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conjectural da queda do homem; e todos aqueles propósitos solenes de mostrar suas perfeições naqueles métodos não teriam nenhum propósito; a provisão de um remédio supostamente numa certeza da doença. Se um pardal não cai no chão sem a vontade de Deus, quanto menos poderia a ruína deplorável cair sobre a humanidade, sem a vontade de Deus permitindo, e seu conhecimento prevendo isso? Não é difícil conceber como Deus poderia conhecer isso antes? Ele de fato decretou criar o homem em excelente estado; a bondade de Deus não poderia senão fornecê-lo com um poder para ficar firme; mas em sua sabedoria ele poderia prever que o diabo teria inveja da felicidade do homem e, por inveja, tentar sua subversão. Como Deus sabia de que temperamento eram as faculdades com que o homem tinha chegado, e até onde eles eram capazes de suportar os ataques de uma tentação, então ele também conheceu as grandes sutilezas de Satanás, como ele colocaria sua mina, e até que ponto ele iria dirigir sua tentação; como ele iria propor e administrar, e direcionar sua bateria contra o apetite sensível, e assaltar a parte mais fraca do que a forte; poderia ele não prever que a eficácia da tentação excederia a medida da resistência; Deus não pode saber até onde a maldade de Satanás se estenderia, que tiros ele usaria, de acordo com
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sua natureza, quão alto ele iria cobrar sua tentação sem a sua poderosa restrição, bem como um juiz de engenharia quantos tiros de um canhão vai fazer uma violação numa cidade, e quantos barris de pólvora explodirão uma fortaleza, que nunca construiu aquela, nem fundou a outra? Nós podemos facilmente concluir que Deus não poderia ser enganado no julgamento da questão e evento, desde que ele sabia até onde ele deixaria Satanás solto, até onde ele permitiria que o homem agisse; e desde que ele mergulha no fundo da natureza de todas as coisas, ele previu que Adão era dotado de uma capacidade de ficar em pé; como previu que Ben-Hadad poderia se recuperar naturalmente de sua doença; mas ele previu também que Adão afundaria nas seduções da tentação, como ele previu que Hazael deixaria Ben-Hadad viver (2 Reis 8:10). Agora, desde a queda, toda a humanidade encontra-se na corrupção, e está sujeita ao poder do diabo (1 João 3:18), não pode Deus, que sabe que a corrupção em todos da natureza do homem, e a força do espírito de cada homem, e a qual toda natureza particular o inclinará sobre tais objetos propostos a ele, e quais serão as razões da tentação, conhecer também as questões? Existe alguma dificuldade no conhecimento prévio de Deus sobre isso, visto que o homem conhecendo a natureza de alguém com quem ele está bem
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familiarizado, pode concluir quais sentimentos ele terá e como se comportará, ao apresentar este ou aquele objeto para ele? Se um homem que entende a disposição de seu filho ou servo, sabe antes do que ele fazer em tal ocasião, pode não muito mais Deus, quem sabe as inclinações de todas as suas criaturas, e da eternidade correr com o seu olhos sobre todos os trabalhos que ele pretendia? Nossas vontades estão no número de causas; e desde que Deus conhece nossas vontades, como causas, melhor do que nós fazemos a nós mesmos, por que ele deveria ser ignorante dos efeitos? Deus determina dar graça a tal homem, não dar a outro, mas deixa-lo entregue a si mesmo, e sofrer tais tentações para assaltá-lo; agora Deus conhecendo a corrupção do homem em toda a massa, e em toda parte disso, não é fácil para ele saber de antemão quais serão as ações futuras da vontade, quando a brasa e o fogo se encontram, e como tal homem se determinará, tanto a nós quanto à substância e maneira da ação? Não é fácil para ele saber quando o temperamento corrompido e uma tentação vão servir? Deus está exatamente a par de todo o fel nos corações dos homens, e que princípios eles irão ter, antes que eles tenham um ser. Ele “conhece os seus pensamentos de longe” (Salmo 139: 2), tão longe quanto a eternidade, como alguns explicam as palavras, e pensamentos são tão voluntários
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quanto qualquer coisa; ele conhece o poder e as inclinações dos homens na ordem das segundas causas; ele entende a corrupção dos homens, bem como "o seu vinho é ardente veneno de répteis e peçonha terrível de víboras. Não está isto guardado comigo, selado nos meus tesouros?” (Dt 32:33, 34): entre os tesouros de sua presciência, digam alguns. Qual foi a crueldade de Hazael, senão um ato livre? Ainda assim, Deus conhecia a estrutura de seu coração, e que atos de assassinato e opressão brotariam daquela fonte amarga, antes de Hazael ter concebido em si mesmo (2 Reis 8:12), como um homem que conhece os minerais através dos quais as águas passam, pode saber o que prazer que terão antes de aparecerem acima da terra, assim nosso Salvador sabia como Pedro o negaria; ele sabia que quantidade de pó serviria para tal bateria, em que medida ele soltaria Satanás, até onde ele deixaria as rédeas nas mãos de Pedro, e então a questão pode ser facilmente conhecida; e assim em todo ato do homem, Deus sabe em sua própria vontade que medida de graça ele dará, para determinar a vontade para o bem, e que medida de graça ele retirará de tal pessoa, ou não lhe dará; e consequentemente, até onde essa pessoa vai cair ou não. Deus conhece as inclinações da criatura; ele conhece suas próprias permissões, que graus de graça ele ou lhe permitirá, ou
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afastará dele, de acordo com qual será o grau de seu pecado. Isso pode de alguma forma ajudar nosso entendimento, no entanto, as concepções a respeito disso, como foi dito antes, não são facilmente explicáveis pelo modo da presciência de Deus. É por não entenderem a presciência de Deus que muitos pensam equivocadamente que ele errou na criação quando permitiu a entrada do mal, tanto entre os anjos, quanto entre os homens. Todavia, foi justamente por conhecer os efeitos do mal, na eternidade, na medida em que contribuiria para manifestar a glória de Seus atributos, especialmente dos da justiça e da misericórdia, e não somente para a manifestação da Sua glória, como também para o exercício daqueles que o amam em sua luta contra o mal, de modo a confirma-los na fé e na graça, por saberem quanto o mal é contrário aos Seus propósitos eternos e bons, por experiência de ver ou sofrer, e não meramente por ouvir falar o que seria, caso o mal nunca se manifestasse. Assim, o Senhor conheceu a excessiva malignidade do querubim que se transformaria em Satanás, e dos anjos que virariam demônios,
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em sua sede interminável de vingança contra a bondade e justiça de Deus, e por nunca perderem qualquer oportunidade de roubar, matar e destruir, conforme a inclinação que reina sobre a vontade deles. De tal ordem é esta vocação para a destruição, a morte e o roubo, que Deus impôs limites às ações deles, conforme podemos ver claramente na experiência de Jó, e da tentação de Pedro. O diabo não pode ir além do que lhe seja permitido por Deus, e ainda assim, deve ter Sua permissão para agir. Então, não se duvide que em toda ação violenta e assassina sempre há esta permissão de Deus. Caso contrário Ele poderia detê-la, quer atuando por restrição de suas vontades, ou por qualquer outro meio. Abel se encontra na glória com Deus como o primeiro homem a ir para o céu, porque foi permitido que fosse assassinado pelo próprio irmão, que Deus em sua presciência sabia que iria matá-lo por ser do diabo, e ter um temperamento totalmente descontrolado, como pôde conhecer tal característica de seu espírito, antes mesmo de formá-lo no ventre de sua mãe. De igual modo, Deus conheceu o caráter de Esaú, e disse a Rebeca quando carregava os gêmeos no ventre, que havia amado a Jacó, mas odiado a Esaú.
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O livro da vida é citado nas Escrituras, como contendo os nomes de cada espírito que será salvo por Deus, desde antes da criação dos mesmos, e isto, antes mesmo da fundação do mundo. Ele os conheceu de antemão, e deu-lhes nomes segundo o caráter deles, e registrou estes nomes, não somente para testemunho de Sua presciência, mas para revelar o Seu caráter poderoso, amoroso e imutável, pois os nomes de todos que lá se encontram, sem uma só exceção, não são de pessoas que sempre foram perfeitas, mas de pecadores que foram redimidos pelo sangue de Jesus.
(3) A presciência de Deus das ações voluntárias do homem não exige a vontade do homem. A presciência de Deus não é enganada, nem a liberdade da vontade do homem diminuída.
Proposição I. É certo que toda necessidade não tira a liberdade, de fato uma necessidade compulsiva tira a liberdade, mas uma necessidade da imutabilidade não remove a liberdade de Deus; por que, então, uma necessidade de infalibilidade em Deus removeria a liberdade da criatura?
Deus criou necessariamente o mundo, porque ele decretou isso; ainda livremente, porque a sua vontade desde a eternidade foi para ele, ele
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livremente decretou e livremente o criou, como diz o apóstolo a respeito dos decretos de Deus: “Quem foi seu conselheiro” (Rom. 11:34)? Então, em relação às suas ações posso dizer: Quem tem sido seu compelidor? Ele livremente decretou, e ele criou livremente. Jesus Cristo necessariamente tomou nossa carne, porque ele fez aliança com Deus, mas agiu livremente e voluntariamente de acordo com essa aliança, caso contrário sua morte não seria eficaz para nós. Um homem bom naturalmente, necessariamente, ama seus filhos, mas voluntariamente: faz parte da felicidade do abençoado por amar o Deus imutável, mas livremente, pois não seria sua felicidade se fosse feito por compulsão.
O que é feito pela força não pode ser chamado de felicidade, porque não há prazer ou complacência nisso; e, embora o bendito amor a Deus seja livremente, ainda, se houvesse uma possibilidade de mudança, não seria sua felicidade, sua bem-aventurança, pois seria amortecida por seu medo de cair deste amor, e consequentemente de sua proximidade a Deus, em quem consiste sua felicidade: Deus sabe que eles irão amá-lo para sempre, mas eles são, portanto, compelidos para sempre a amá-lo? Se houvesse tal tipo de restrição, o céu seria tornado pesado para eles, e assim nenhum céu.
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Ainda, a presciência de Deus sobre o que ele fará, não requer que ele faça: ele sabia com antecedência que ele iria criar um mundo, mas ele livremente criou um mundo. A presciência de Deus não necessita de si mesmo; por que deveria precisar de nós mais do que dele mesmo? Podemos instaurar em nós mesmos: quando queremos algo, necessariamente usamos nossa faculdade de vontade; e quando livremente quisermos qualquer coisa, é necessário que livremente o façamos; mas esta necessidade não exclui, mas inclui liberdade; ou mais claramente, quando um homem escreve ou fala, enquanto ele escreve ou fala, essas ações são necessárias, porque falar e ficar em silêncio, escrever e não escrever, ao mesmo tempo, é impossível; ainda nossa escrita ou fala não tira o poder de não escrever ou ser silencioso naquele momento se um homem fosse assim; pois ele poderia ter escolhido se teria falado ou escrito. Portanto, há uma necessidade de tais ações do homem, que Deus prevê; isto é, uma necessidade de infalibilidade, porque Deus não pode ser enganado, mas não é uma necessidade coativa, como se eles fossem compelidos por Deus a agir assim ou assim.
Proposição II. Nenhum homem pode dizer em quaisquer de suas ações voluntárias que ele encontrou alguma força sobre ele. Quando
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algum de nós fez alguma coisa de acordo com nossas vontades, podemos dizer que não poderíamos ter feito o contrário? Estávamos determinados em nossa própria natureza intrínseca, ou nós não nos determinamos? Não agimos de acordo com a nossa razão, ou de acordo com as seduções exteriores? Nós encontramos qualquer coisa fora de nós, ou dentro de nós, que forçou nossas vontades ao abraçar isto ou aquilo? Qualquer ação que você faz, você faz isso porque você julga adequado, ou porque você fará isso. O que, embora Deus previsse que você faria isso, e que você faria isso ou você sentisse alguma força em você? Você não agiu de acordo com sua natureza? Deus prevê que você coma ou ande em tal momento; você acha alguma coisa que o leve a comer, senão seu próprio apetite? Ou andar, senão por sua própria razão e vontade? Se a presciência tivesse imposto alguma necessidade ao homem, não deveríamos provavelmente ter encontrado algum tipo de pedido dele na boca de Adão? Ele sabia como tanto quanto qualquer homem desde então soube da natureza de Deus, como descoberta na criação; ele não podia em inocência imaginar um Deus ignorante, um Deus que nada sabe de coisas futuras; ele não poderia ser tão ignorante de sua própria ação, mas ele deveria ter percebido uma força em sua vontade, se houvesse alguma; se ele tivesse
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pensado que a presciência de Deus impusesse qualquer necessidade a ele, ele não teria omitido o pedido, especialmente quando ele era tão ousado em cobrar a providência de Deus no dom da mulher para ele, para ser a causa de seu crime. (Gên. 3:12). Como é que a posteridade dele inventou novas acusações contra Deus, que seu pai Adão nunca pensou, que tinha mais conhecimento do que todos eles? Ele não encontrou causa de seu pecado, senão a liberdade de sua própria vontade; ele cobra, não sobre qualquer falta do diabo, ou qualquer falta de Deus; nem ele alega o dom da mulher como uma causa necessária de seu pecado, mas uma ocasião para isto, dando o fruto a ele.
Judas sabia que nosso Salvador tinha conhecimento prévio de sua traição, pois ele havia dito a ele na audiência com seus discípulos (João 13: 21-26), mas ele nunca acusou a necessidade de seu crime com a presciência de seu Mestre; se Judas não tivesse feito isso livremente, ele não teria razão para se arrepender; seu arrependimento justifica Cristo de impor qualquer necessidade sobre ele por essa presciência. Nenhum homem age em nada, mas ele pode dar conta dos motivos de sua ação; ele não pode ser pai de uma cega necessidade; a vontade não pode ser compelida, pois então deixaria de ser a vontade: Deus não
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arraigaria os fundamentos da natureza, ou modifica a ordem e torna os homens incapazes de agir como homens, isto é, como agentes livres. Deus conhece previamente as ações de criaturas irracionais; isso não conclui violência sobre sua natureza, pois achamos que suas ações são de acordo com sua natureza e espontâneas.
Não há assim, como muitos costumam pensar, determinismo quanto às ações de Deus, ou seja, que Deus tivesse programado e dirigido em cada um de nós, todas as nossas ações. Alguns chamam isto de destino, para justificar seus próprios erros e atribuí-los à vontade de Deus. Confundem, portanto, presciência com determinismo. Ele não determinou em cada homem, ou mesmo nos anjos, o que deveriam fazer, sendo suas vontades escravizadas à de Deus, de modo a não poderem fazer nada, senão aquilo que Ele teria determinado que eles fizessem. Não é assim, e nem mesmo poderia ser, pois neste caso, Deus seria o próprio autor do mal e seu principal agente. Proposição III. A presciência de Deus não é, simplesmente considerada, a causa de qualquer coisa. Não coloca nada nas coisas, mas apenas as vê como presentes e decorrentes de suas causas apropriadas. O conhecimento de Deus não é o
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princípio das coisas, ou a causa de sua existência, mas diretiva da ação; nada é porque Deus sabe disso, mas porque Deus quer, positivamente ou permissivamente; Deus sabe tudo das coisas possíveis; todavia, porque Deus as conhece, elas não são trazidos à existência real, mas permanecem ainda como coisas possíveis; o conhecimento só apreende uma coisa, mas não age; é a regra de agir, mas não a causa de agir; a vontade é o princípio imediato, e o poder a causa imediata; saber uma coisa não é fazer uma coisa, pois podemos dizer que fazemos tudo o que sabemos: mas todo homem conhece aquelas coisas que ele nunca fez, nem nunca fará; conhecimento em si é uma apreensão de uma coisa, e não é a causa disso. Um espectador de uma coisa não é a causa daquilo que ele vê, isto é, ele não é a causa disso, como ele vê isto. Vemos um homem escrever, sabemos antes que ele escreverá em tal momento; mas esta presciência não é a causa de sua escrita. Nós vemos um homem andar, mas nossa visão dele não traz a necessidade de andar sobre ele; ele estava livre para andar ou não andar. Nós sabemos que a morte se apoderará de todos os homens, sabemos que as estações do ano serão bem sucedidas, mas não é nossa presciência a causa desta sucessão de primavera após o inverno, ou da morte de todos os homens, ou de qualquer homem. Nós vemos
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um homem lutando com outro; nossa visão não é a causa dessa disputa, mas alguns brigam entre si, excitando suas próprias paixões. Como o conhecimento do presente das coisas não lhes impõem necessidade enquanto estão agindo, e presentes, de modo que o conhecimento das coisas futuras não requer nenhuma necessidade sobre eles enquanto estão chegando. Estamos certos de que haverá homens no mundo amanhã e de que o mar refluirá e fluirá; mas é este nosso conhecimento a causa de que essas coisas serão assim? Sei que o sol nascerá amanhã, é verdade que se levantará; mas isso não é verdade, que a minha presciência o faz subir. Se um médico prognostica, ao ver as intemperanças de homens, que eles cairão em tal doença, é seu prognóstico qualquer causa de sua doença, ou da nitidez de quaisquer sintomas frequentes? O profeta predisse a crueldade de Hazael antes de cometê-la; mas quem dirá que o profeta foi a causa de sua comissão desse mal? E assim a presciência de Deus não tira a liberdade da vontade do homem, não mais do que um pré-conhecimento que temos das ações de qualquer homem tira sua liberdade. Nós podemos em cima de nosso conhecimento do temperamento de um homem, certamente presciente, que se ele cair em tal companhia, e ficar entre seus cálices; a mentira estará embriagada; mas este
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pré-conhecimento é a causa de que ele esteja bêbado? Não; a causa é a liberdade de sua própria vontade e não resistir à tentação. Deus pretende deixar tal homem para si e para o seu próprio caminho; e o homem sendo tão abandonado, Deus antecipa o que será feito por ele de acordo com a natureza corrupta que está nele; embora o decreto de Deus de deixar um homem à liberdade de sua própria vontade será certo, mas a liberdade da vontade do homem, assim como deixada, é a causa de toda a extravagâncias que ele comete. Suponhamos que Adão tivesse ficado firme, Deus não teria certamente previsto que ele teria ficado de pé? Ainda assim teria sido concluído que Adão havia permanecido, não por qualquer necessidade da presciência de Deus, mas pela liberdade de sua própria vontade. Porque deve então a presciência de Deus adicionar mais necessidade à sua queda do que à sua posição? E embora seja dito às vezes na Escritura, que tal coisa foi feita “para que se cumprisse a Escritura”, como João 12:38, “para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?” A palavra não infere que a predição do profeta foi a causa da crença dos judeus, mas infere isso, que a previsão foi manifestada como verdadeira por sua incredulidade, e o evento respondeu à
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predição; essa previsão não foi a causa do pecado deles, mas o pecado previsto deles foi a causa dessa predição; e assim a partícula que é tirada (Salmo 51: 6), “Contra ti, contra ti só pequei, para que sejas justificado”, o Deus justificador não era o fim e a intenção do pecado, mas o evento disto em seu reconhecimento. Deus conhece tudo na eternidade. Poderíamos dizer: conheceu tudo na eternidade, mas como o estado eterno é um estado no próprio Deus, que não é sujeito a tempo, a passado, presente e futuro, dizemos de um conhecimento na eternidade, pois ele é o Alfa e Ômega, o princípio e o fim, em si mesmo, como em um determinado ponto considerado, assim como não é possível determinar em uma circunferência onde é que ela começa e onde ela termina. É em decorrência deste tipo de conhecimento que Ele é presciente. Não houve desconhecimento, em nenhum tempo, da formação progressiva das nações, até ao mapa geopolítico a que se deve chegar por ocasião da volta de Jesus. Na descendência de Sem, filho de Noé, do qual descenderam os orientais, e entre eles os
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próprios israelitas, Deus levantaria a tenda da Sua habitação, pois foi com eles que começou a revelação, mas quem iria habitar nesta tenda seriam os descendentes de Jafé (os Ocidentais). Vários caminhos seriam percorridos para que se chegasse a este resultado, e Deus os conheceu a todos em Sua presciência, como por exemplo, a sucessão de impérios no mundo antigo como o assírio, babilônico, persa, grego e romano. Daí, com dissolução do romano, a dominação do império sacro-germânico, e a dominação de reis cristãos no mundo ocidental sob a forte influência da Igreja Romana, até que se chegasse a formas republicanas de governo, e remoção da influência política de Roma, para a expansão da Reforma, que ocorre ainda até os dias de hoje. Mas, são vistos os sinais de apostasia e de encaminhamento para a formação de um governo mundial para se fazer frente à ameaça representada pela Rússia e China em coligação com o Irã e outros países árabes, especialmente com o fim de destruir Israel e dominar o comércio mundial, entre muitos outros interesses imperialistas. Vê-se presentemente um grande conflito no mundo ocidental entre as formas socialista e conservadora de governo. A primeira,
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representando uma luta direta contra os valores do cristianismo, e a segunda, ainda que não sendo propriamente uma luta pela conservação desses valores, segundo se encontram na Bíblia, todavia, luta contra a ideia de que Deus não exista, conforme apoiado pelo socialismo, e luta pela conservação da família nuclear, entre outros valores, como por exemplo o de que malfeitores devem ser punidos segundo as leis vigentes, e que a sociedade seja livre da obrigação de seguir qualquer orientação ideológica conforme é proposto principalmente pelo comunismo/socialismo.
Proposição IV. Deus não conhece as coisas porque elas acontecerão; mas as coisas são futuras, porque Deus as conhece. Presciência pressupõe o objeto que é conhecido de antemão; uma coisa que deve acontecer é o objeto do conhecimento Divino, mas não a causa do ato do conhecimento divino; e embora a presciência de Deus na eternidade preceda a presença real de uma coisa que é prevista como futura, mas o futuro, em relação ao seu futuro, é tão eterno quanto a presciência de Deus: como a voz é proferida antes de ser ouvida, e uma coisa é visível antes de ser vista, e uma coisa conhecida antes de ser conhecida. Mas como é que isso é cognoscível para Deus? Deve ser respondido, seja no poder de Deus como uma
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coisa possível, seja na vontade de Deus como uma coisa futura; ele primeiro quis, e depois sabia o que ele queria; ele sabia o que queria, e sabia o que queria permitir; como ele desejou a morte de Cristo por um determinado conselho, e quis a permissão do pecado do judeu, e o ordenamento da malícia de sua natureza para esse fim (Atos 2:22).
Deus decreta fazer uma criatura racional, e para governá-la por uma lei; Deus decreta não para impedir essa criatura racional de transgredir sua lei; e Deus prevê que o que ele não impediria, aconteceria. O homem não pecou porque Deus o previu; mas Deus previu, porque o homem pecaria. Se Adão e outros homens teriam agido de outra forma, Deus teria sabido que eles teriam agido bem; Deus previu nossas ações porque elas aconteceriam com o movimento de nosso livre arbítrio, que ele permitiria, com o qual ele concordaria, o qual ele ordenaria para seus próprios fins santos e gloriosos, para a manifestação da perfeição de sua natureza. Se eu vejo um homem deitado em uma pocilga, nenhuma necessidade é inferida sobre ele da minha vista para que fique naquele lugar imundo, mas há uma necessidade inferida por ele que está lá, que eu deveria vê-lo nessa condição se eu passar, e lançar meus olhos dessa maneira.
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Proposição V. Deus não apenas previu nossas ações, mas a maneira de nossas ações. Ou seja, ele não sabia apenas que faríamos essas ações, mas que faríamos livremente; ele previu que a vontade se determinaria livremente para isto ou aquilo; o conhecimento de Deus não tira a natureza das coisas; embora Deus conheça as coisas possíveis, ainda assim elas permanecem na natureza da possibilidade; e embora Deus conheça as coisas contingentes, mas elas permanecem na natureza das contingências; e embora Deus conheça os agentes livres, eles permanecem na natureza da liberdade. Deus não previu as ações do homem, como necessárias, mas como livres; de modo que a liberdade é estabelecida por esta presciência. Deus não previu que Adão não tinha poder para ficar de pé ou que qualquer homem não tem poder para omitir uma ação tão pecaminosa, mas que ele não a omitiria. O homem tem o poder de fazer o contrário do que Deus antecipa que ele fará.
Adão não foi determinado por nenhuma necessidade interior de cair, nem qualquer homem por qualquer necessidade interior de cometer este ou aquele pecado em particular; mas Deus previu que ele cairia e cairia livremente; pois ele viu todo o círculo de meios e causas pelo qual tais e tais ações devem ser
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produzidas, e não pode ser mais ignorante dos movimentos de nossas vontades, e a maneira deles, que um artífice pode ser ignorante dos movimentos de seu relógio, e até onde a mola deixará cair a corda no espaço de uma hora; ele vê todas as causas principais a tais eventos em toda a ordem, e como o livre-arbítrio do homem obedecerá a isto, ou recusará isso; ele não muda a maneira da operação da criatura, seja ela qual for. Proposição VI. Mas e se a presciência de Deus e a liberdade da vontade não puderem ser totalmente reconciliadas pelo homem? Devemos, portanto, negar uma perfeição em Deus para apoiar uma liberdade em nós mesmos? Será que preferimos prender a ignorância a Deus e acusá-lo de cegueira para manter nossa liberdade? Que Deus conhece tudo e, no entanto, que há liberdade na criatura racional, ambos estão certos; mas como plenamente reconciliá-los, pode superar a compreensão do homem. Algumas verdades que os discípulos não eram capazes de suportar nos dias de Cristo; e várias verdades que nosso entendimento não pode alcançar enquanto durar o mundo; no entanto, nesse meio tempo, devemos, por um lado, tomar cuidado em conceber Deus ignorante e, por outro lado, em imaginar a criatura necessária; aquele vai
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tornar Deus imperfeito, e o outro parecerá torná-lo injusto, punindo o homem por esse pecado que ele não poderia evitar, mas foi trazido por uma necessidade fatal. Deus é suficiente para apresentar uma razão de seu próprio procedimento e esclarecer tudo no dia do julgamento; isto faz parte da curiosidade do homem, desde a queda, intrigar os segredos de Deus, coisas muito altas para ele; onde ele confunde seu próprio entendimento. É uma afetação amaldiçoada que corre no sangue da posteridade de Adão, tentar saber como Deus, embora nosso primeiro pai sofreu e arruinou sua posteridade nessa tentativa; os caminhos e conhecimento de Deus que estão tão acima de nossos pensamentos e concepções como os céus estão acima da terra (Isaías 55: 9), e tão sublime, que não podemos compreendê-los em sua verdadeira e justa grandeza; seus projetos são tão misteriosos e os caminhos de sua conduta tão profundos que não é possível mergulhar neles. A força de nossos entendimentos estão abaixo de sua infinita sabedoria, e, portanto, devemos adorá-lo com um humilde espanto, e falar com o apóstolo (Rom 11:33): “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!” Sempre que nos deparamos com profundezas que não
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podemos sondar, vamos lembrar que ele é Deus, e nós criaturas; e não ser culpados de tão grande extravagância, a ponto de pensar que um sujeito pode penetrar em todos os segredos de um príncipe, ou um trabalhador entender todas as operações do artífice. Vamos apenas resolver não prender nada em Deus que seja indigno da perfeição de sua natureza e desonroso para a glória de sua majestade; nem imaginamos que podemos sair do rol de criaturas para a glória de Divindade, para entender completamente tudo em sua natureza. O que o homem chega a conhecer é por permissão e capacitação divina. Tanto isto é verdadeiro que se assim não fora, o homem de si mesmo já teria chegado há muito mais tempo a todo este domínio tecnológico que lhe tem sido dado por Deus nestes últimos tempos, principalmente com vistas a prover o que é necessário para um tão grande contingente populacional, como nunca fora visto antes no mundo. Não é demais lembrar que até o ano de 1920 a população mundial ainda não havia chegado a dois bilhões, e em 2011 chegou a 7 bilhões, e caminha para a estimativa de 8 bilhões em 2026. Há portanto, uma relação entre o progresso concedido no aumento científico, com o grande salto populacional.
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Quer para onde quer que voltemos nossa atenção sempre nos depararemos com a ação do grande Provedor que dispôs todas as coisas para suprir a necessidade de manutenção da vida do homem na Terra. Por exemplo, o cálcio é o elemento fundamental na formação de nossos ossos, e se Deus não tivesse disposto este elemento na abundância em que se encontra na Terra, como haveria o suficiente para a formação de mais de 7 bilhões de esqueletos, e isto falando-se apenas de pessoas, sem contar com os esqueletos de todos os animais, e de tudo que depende do cálcio para a sua existência. Esta ilustração que fizemos pode parecer bizarra, mas o astato é um elemento químico raríssimo na natureza, e presume-se que haja apenas 32 gramas do mesmo em todo o planeta terra. Mas Deus não fez com que nossos ossos sejam compostos por astato. Oxigênio e água foram disponibilizados em quantidades suficientes para manter a vida por séculos seguidos. A disponibilização de ambos é contínuo, quer da água pelo regime de chuvas, quer da liberação de oxigênio pelos vegetais. E em muitas outras provisões pode ser vista a sabedoria de Deus em usar o seu conhecimento para a manutenção de toda a criação.
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Quem escondeu o petróleo nas profundezas da Terra, para que no tempo próprio fosse explorado pelo homem como a principal fonte de energia, para vários fins, e por tanto tempo, e também como fonte para o fabrico de várias matérias primas? Deus conheceu estas necessidades da criação em Si mesmo, por sua presciência, e as criou para sermos providos por elas. Nada foi deixado de fora por Ele, no que seria necessário para a continuidade da humanidade, até a consumação do Seu plano eterno de fazer todas as coisas convergirem a Cristo.

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