quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Evangelização


O MAIOR E PRINCIPAL OFÍCIO
NO MUNDO
Por
Silvio Dutra
Ago/2019
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A474
Alves, Silvio Dutra
Evangelização – o maior e principal ofício
no mundo
Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro, 2019.
27p.; 14,8 x21cm
1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Alves, Silvio Dutra.
I. Título.
CDD 252
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Evangelização é o cumprimento da ordenança de Jesus para que o evangelho seja pregado e ensinado em todo o mundo.
Este dever ou ofício está designado por Deus a todos os crentes até que Jesus volte, mas, dentre estes há aqueles que são chamados de modo especial para atuarem como pastores, mestres, missionários e evangelistas.
Quando há tantos que em nossos dias, têm se levantado como supostos evangelizadores, mas que, no entanto, não passam de mercadores da Palavra e traficantes de promessas que visam somente a auferir lucro financeiro, é muito importante que recorramos às Escrituras para aprender nelas qual é o padrão que foi fixado pelo Senhor Jesus para a pregação do evangelho.
Sabendo que Jesus não muda e que a mensagem do evangelho, assim como Ele, também é imutável, não incorreremos em erro se não procurarmos adaptar a mensagem à moda de cada localidade ou geração, e se formos fiéis às tradições assim como nos foram transmitidas por Jesus e seus apóstolos.
Para o nosso propósito no momento, estaremos recorrendo apenas ao décimo capítulo de Lucas,
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quanto a descrever o modo da evangelização, e nem tanto para apresentar todo o conteúdo do evangelho, sobretudo quanto à explicação da Pessoa e obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo, respectivamente, quanto à eleição e glorificação (Deus Pai); expiação, redenção e justificação (Deus Filho); e regeneração e santificação (Deus Espírito Santo).
Lucas 10.1-12: 1 Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em dois, para que o precedessem em cada cidade e lugar aonde ele estava para ir. 2 E lhes fez a seguinte advertência: A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara. 3 Ide! Eis que eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias; e a ninguém saudeis pelo caminho. 5 Ao entrardes numa casa, dizei antes de tudo: Paz seja nesta casa!
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6 Se houver ali um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; se não houver, ela voltará sobre vós. 7 Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; porque digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis a mudar de casa em casa. 8 Quando entrardes numa cidade e ali vos receberem, comei do que vos for oferecido. 9 Curai os enfermos que nela houver e anunciai-lhes: A vós outros está próximo o reino de Deus. 10 Quando, porém, entrardes numa cidade e não vos receberem, saí pelas ruas e clamai: 11 Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós outros. Não obstante, sabei que está próximo o reino de Deus. 12 Digo-vos que, naquele dia, haverá menos rigor para Sodoma do que para aquela cidade.
Temos aqui o envio dos setenta discípulos, dois a dois, em diversas partes do país de Israel, para pregar o evangelho, e operar milagres nesses lugares que o próprio Cristo indicou para serem visitados, para abrir caminho para o seu
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ministério. As instruções aqui dadas a eles são as mesmas que foram dadas aos doze apóstolos.
Jesus os enviou dois a dois, para que pudessem fortalecer e incentivar um ao outro. Se um cair, o outro vai ajudar a levantar-se. Ele os enviou, não para todas as cidades de Israel, como fez com os doze, mas apenas a cada cidade e lugar aonde ele haveria de ir, como seus precursores; e devemos supor, embora não seja registrado, que Cristo logo depois foi para todos os lugares para onde ele agora os enviara.
Há aqui um princípio importante para ser aprendido por nós quanto à evangelização: podemos pregar e ensinar, mas se o próprio Jesus não se fizer presente para operar com poder, não haverá qualquer eficácia no nosso trabalho. “1 Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. 2 Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. 3 E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós.
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4 A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, 5 para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.” (I Coríntios 2.1-5) “15 Entretanto, vos escrevi em parte mais ousadamente, como para vos trazer isto de novo à memória, por causa da graça que me foi outorgada por Deus, 16 para que eu seja ministro de Cristo Jesus entre os gentios, no sagrado encargo de anunciar o evangelho de Deus, de modo que a oferta deles seja aceitável, uma vez santificada pelo Espírito Santo. 17 Tenho, pois, motivo de gloriar-me em Cristo Jesus nas coisas concernentes a Deus. 18 Porque não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas que Cristo fez por meu intermédio, para conduzir os gentios à obediência, por palavra e por obras, 19 por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito Santo; de maneira que, desde Jerusalém
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e circunvizinhanças até ao Ilírico, tenho divulgado o evangelho de Cristo, 20 esforçando-me, deste modo, por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio;” (Romanos 15.15-20)
Retornando ao texto de Lucas 10:
Duas coisas lhes foram ordenados para fazer, conforme o mesmo Cristo fazia:
1. Eles deveriam curar os enfermos (v. 9),e curá-los em nome de Jesus, o que tornaria as pessoas curiosas para conhecer este Jesus, e prontas para receber aquele cujo nome era tão poderoso.
2. Eles deveriam proclamar a aproximação do reino de Deus.
Deveriam também orar (v. 2); e ficarem devidamente afetados com as necessidades das almas dos homens, que pedissem sua ajuda. Eles deveriam orar para que fosse aumentado o número de trabalhadores do evangelho, porque eram poucos em comparação com os mestres judeus que não trabalhavam pelos interesses do reino de Deus, senão para o próprio interesse deles e de suas instituições.
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Ele foram alertados a suportarem problemas e perseguições. Estariam pregando o evangelho a um mundo hostil a Deus e à sua verdade. Mas deveriam se manter pacíficos como os cordeiros, ainda que no meio de lobos.
Não deveriam se prover com uma grande carga como se fossem empreender uma longa viagem, mas depender de Deus e seus amigos para fornecer o que fosse necessário para eles.
Deveriam estar focados na sua missão e não permitirem ser desviados por cerimonialidades ou elogios desnecessários.
Em qualquer casa em que entrassem deveriam impetrar a bênção da paz de Deus. Eles pregariam de casa em casa propondo a paz do Evangelho, ou seja, a reconciliação do pecador arrependido com Deus.
A qualidade do receptor determinaria a natureza da recepção. Onde houvesse algum filho da paz, ou seja, alguém designado para a vida eterna, a paz de Deus repousaria sobre ele, mas caso não houvesse, o trabalho não seria perdido porque a unção do Espírito permaneceria com eles para continuar o trabalho de evangelização.
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Eles deveriam estar convictos de que aqueles que recusam o evangelho que é pregado por aqueles que são enviados por Cristo permanecem debaixo da ira de Deus e da condenação futura. De modo que deveriam alertá-los sobre o perigo em que se encontravam por rejeitar a Cristo, na pessoa dos seus enviados.
Num sinal da não participação da condenação deles deveriam sacudir o pó de suas sandálias em testemunho contra eles, para que soubessem que não tinham parte com aqueles que amam a Cristo, que sequer têm interesse no pó de suas ruas, senão apenas no bem estar eterno das almas daqueles que insensatamente os rejeitaram.
Não há barganha no evangelho. Não há venda ou troca da verdade pela paz com os homens, porque quem não se junta a Cristo, espalha, e quem não é por Ele, é contra Ele.
Se há áreas que se revelem resistentes à mensagem do evangelho, e caso o rejeitem, isto é para a sua própria perdição, e não para qualquer perda para o reino de Deus e de Cristo.
Quando os crentes procuram fazer-se agradáveis aos homens, dando-lhes aquilo que
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seja da própria conveniência deles para permanecerem em seus pecados, eles estarão se desviando da missão que foram incumbidos por Deus e adulterando a verdade. Seus argumentos persuasivos e agradáveis poderão até mesmo atrair pessoas para as suas congregações, mas isto para a perdição de suas almas.
Cristo impõe a renúncia e a negação ao ego, o carregar da cruz, e segui-lo imitando o seu caráter e virtudes, pela implantação da sua justiça em nós, depois de termos sido justificados e regenerados em nossa conversão inicial.
Lucas 10.13-16 (texto paralelo em Mateus 11.20-24) 13 Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido, assentadas em pano de saco e cinza. 14 Contudo, no Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras. 15 Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno.
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16 Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; e quem vos rejeitar a mim me rejeita; quem, porém, me rejeitar rejeita aquele que me enviou.
A simples sabedoria religiosa que os judeus possuíam não pôde lhes livrar da ignorância espiritual, porque a visão que tinham de santidade era algo externo, e por isso rejeitaram a Cristo, porque consideravam que ele não fosse verdadeiramente santo, porque andava na companhia de publicanos e pecadores e comia com eles.
Eles tropeçaram, portanto, na sabedoria religiosa que tinham, e que não lhes permitia enxergarem os verdadeiros desígnios de Deus, especialmente aqueles que foram revelados e manifestados em Cristo.
Eles também rejeitaram a João, não porque não fosse santo, segundo o padrão de julgamento externo deles, mas porque Ele se rebaixava e pregava a Cristo.
Pregava a necessidade de arrependimento e o batismo do Espírito Santo.
E isto eles não queriam.
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Eles queriam apenas uma religiosidade externa, mas nada que lhes exigisse uma religião do coração, que se baseasse na transformação total e radical de sua natureza terrena.
Deus deveria ser um anexo em suas vidas, mas não a própria vida e razão de viver deles, tal como pregavam João e nosso Senhor.
Então aquela sabedoria religiosa os justificava para si mesmos em suas consciências, mas não diante de Deus, porque a verdadeira sabedoria exige uma justiça que não é própria, mas que é atribuída e implantada pela graça de Cristo, e que excede em muito a dos escribas e fariseus, que consistia nesta religiosidade externa, baseada em cumprimento de ritos e cerimoniais.
Quantos, que sendo seguidores daqueles antigos judeus, deixam de ter um encontro pessoal com Cristo, ou então de progredirem num verdadeiro conhecimento dEle, exatamente por causa da barreira que é imposta pela sabedoria religiosa que eles julgam possuir, e confundem a vontade e revelação da pessoa de Deus com a mesma, por não terem coragem de renunciar às suas convicções religiosas, para abraçarem e viverem a verdade conforme ela se encontra revelada de fato nas Escrituras.
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Esta sabedoria religiosa falsa e que cria orgulho espiritual não será apenas repreendida por Cristo, mas trará sérios julgamentos sobre aqueles que não abrem mão dela para uma verdadeira conversão e viver cristão.
Isto se vê claramente nas palavras de juízo que nosso Senhor começou a lançar sobre as cidades de Corazin, Betsaida e Cafarnaum, onde havia operado a maior parte dos Seus milagres, e que no entanto não haviam se arrependido.
Estas cidades eram de Israel, e no entanto o Senhor declarou que no dia do juízo haveria menor rigor para as cidades dos gentios de Tiro e de Sidom, do que para os habitantes incrédulos destas cidades de Israel.
O fato de serem descendentes de Abraão segundo a carne, de nada lhes serviria, quanto a ser atenuado o rigor do juízo que sobreviria sobre eles.
Aquela vaidade religiosa de serem considerados aceitos e aprovados por Deus, pelo simples fato de fazerem parte do povo que foi formado a partir dos patriarcas, estava sendo uma grande barreira para eles, e lhes traria grande prejuízo, em vez das bênçãos e benefícios que julgavam que Deus estava na obrigação de lhes conceder,
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por causa de fazerem parte da nação escolhida por Ele para revelar o Messias ao mundo.
Os judeus não se converteram diante dos milagres operados por nosso Senhor, e que evidenciavam ser Ele o Messias. No entanto, muitos gentios viriam a se converter diante destes milagres quando fossem operados por Ele através da Igreja.
E este seria o caso das próprias cidades de Tiro e Sidom, da Fenícia, que Ele havia citado.
Cafarnaum, sendo não somente uma cidade israelita, mas o local escolhido pelo Senhor para residir, não teria nenhum privilégio no dia do juízo, em razão disso, ao contrário, isto serviria de agravante, porque disse que até mesmo se em Sodoma e Gomorra, Ele tivesse operado os milagres que havia feito em Cafarnaum, aquelas cidades não teriam sido destruídas pelo fogo, porque não sofreria tão grande rejeição da parte deles, como a que havia sofrido dos próprios judeus.
Disto aprendemos que a condição de sermos filhos de crentes não nos recomendará diante de Deus, caso não tenhamos uma experiência de conversão pessoal a Cristo, do mesmo modo que não tem sido de qualquer proveito aos judeus
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incrédulos, serem descendentes de Abraão, Isaque e Jacó.
Lucas 10.17-20: 17 Então, regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome! 18 Mas ele lhes disse: Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago. 19 Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano. 20 Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus.
Aqui é declarado por nosso Senhor qual é o grande motivo da alegria do crente, que deve anteceder a qualquer outro, a saber, a salvação eterna da sua alma, por ter seu nome escrito no Livro da Vida.
Até mesmo as operações sobrenaturais que são realizadas no poder do Espírito Santo, como a expulsão de demônios pelo nome de Jesus, e ter autoridade sobre todo o poder do inimigo,
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Satanás, sem sofrer qualquer dano permanente, que são um motivo de alegria, todavia passarão um dia, quando não mais houver necessidade disto quando toda oposição ao Reino de Deus for subjugada no retorno do Senhor, mas a comunhão do crente com Deus será para ele um motivo de alegria por toda a eternidade.
Judas era apóstolo de Jesus, foi usado para curar enfermos e expulsar demônios, e no entanto, por não possuir a graça e o fruto do Espírito Santo para a transformação do seu coração, permaneceu na condição de filho da perdição e foi para o inferno.
De igual modo, todos os que se empenham no trabalho de evangelização, e operam muitos sinais e prodígios, e que no entanto não são justificados, regenerados e santificados, terão o mesmo destino de Judas, conforme o próprio Jesus tem afirmado acerca deles. “21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não
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expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? 23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.” (Mateus 7.21-23) Os que pregam a salvação, devem ser eles mesmos salvos. Os que pregam a libertação do pecado, devem ser eles mesmos libertos.
Lucas 10.21-24 (paralelo em Mateus 11.25-27) 21 Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. 22 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho, senão o Pai; e também ninguém sabe quem é o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 23 E, voltando-se para os seus discípulos, disse-lhes particularmente: Bem-aventurados os olhos que veem as coisas que vós vedes.
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24 Pois eu vos afirmo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram; e ouvir o que ouvis e não o ouviram. Nosso Senhor havia dito em Mateus 11.15: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”, isto é, que somente aqueles que tinham ouvidos espirituais poderiam entender as realidades celestiais e divinas sobre as quais Ele estava discorrendo.
E aqui Ele revela quem eram estes que poderiam entender tais coisas espirituais, a saber, os pequeninos, e não propriamente os sábios e entendidos segundo o mundo.
É somente os que são pequenos a seus próprios olhos, sendo pobres de espírito, reconhecendo a sua completa dependência de Deus, para serem salvos e enriquecidos com a Sua graça, que podem conhecer o Pai, pela revelação que lhes é feita através do Filho, porque aprouve ao Pai honrar, somente àqueles que honrarem o Seu Filho Unigênito, Jesus Cristo.
Enquanto isto, os que se julgam sábios e entendidos, sem esta revelação do Senhor, ficam sem a referida revelação, porque o próprio Deus ocultará as riquezas espirituais da Sua graça, aos tais.
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E nosso Senhor deu graças ao Pai por isto, porque por tal critério o Pai lança fora do Seu reino todos aqueles que se conduzem pela soberba, pelo orgulho, pela arrogância, pela vaidade, e por tudo o mais que impede uma verdadeira unidade espiritual em amor, a qual somente pode ser promovida por espíritos mansos, submissos, humildes e que se honram mutuamente, e que reconhecem a soberania de Deus sobre tudo e todos, consagrando-se a Ele em um viver obediente à Sua vontade.
Por isso o convite da graça que é feito por Jesus se dirige somente aos que se sentem cansados e oprimidos, e que estão dispostos a se submeterem ao Seu jugo, e a serem verdadeiramente discípulos que querem aprender dEle e nEle, a serem mansos e humildes de coração, tal como é o Seu Mestre. E assim fazendo serão aliviados pelo Senhor e acharão descanso para as suas almas, porque é o próprio Jesus o descanso espiritual deles.
Este jugo e fardo da obediência em amor que Jesus impõe aos Seus discípulos são respectivamente, suave e leve, porque os Seus mandamentos não são penosos, uma vez que somos assistidos pela Sua graça e pelo poder do Seu Espírito a cumprir tudo quanto nos tem ordenado; de modo que fazer e experimentar a
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Sua vontade não é um fardo, mas um deleite e prazer.
Mas além deste caráter geral para a conversão, este convite gracioso de nosso Senhor se aplica a todas as situações da nossa vida neste mundo, especialmente em todas as nossas tribulações e aflições, porque é somente indo a Ele em espírito que podemos achar descanso e paz para as nossas almas atribuladas.
A mansidão e humildade de Seu coração divino jamais rechaçará a qualquer que se dirigir a Ele em busca de consolo com um coração contrito.
Lucas 10.25-37: 25 E eis que certo homem, intérprete da Lei, se levantou com o intuito de pôr Jesus à prova e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? 26 Então, Jesus lhe perguntou: Que está escrito na Lei? Como interpretas? 27 A isto ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
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28 Então, Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto e viverás. 29 Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo? 30 Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto. 31 Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo. 32 Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo. 33 Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. 34 E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele.
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35 No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar. 36 Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores? 37 Respondeu-lhe o intérprete da Lei: O que usou de misericórdia para com ele. Então, lhe disse: Vai e procede tu de igual modo.
Com a história do bom samaritano, nosso Senhor respondeu à pergunta que havia sido feita para lhe colocar à prova: "Que farei para herdar a vida eterna?" A pergunta era de caráter legalista e então Jesus respondeu com outra pergunta, indagando sobre o que dizia a lei a respeito.
Ele não intentava demonstrar que uma pessoa é salva por obras da lei, pois pela lei ninguém pode ser justificado, e o Senhor bem sabia disso.
Como o doutor da lei (escriba) respondeu com os dois grandes e principais mandamentos da Lei, Jesus aprovou a resposta e disse que se ele fizesse o mesmo, ele alcançaria a vida eterna.
Então, para se justificar, pois sabia que ninguém consegue amar perfeitamente conforme a Lei o
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exige, pediu a Jesus que lhe dissesse quem era o próximo a quem ele deveria amar. Pensando talvez que fosse respondido com pessoas familiares e queridas.
Todavia Jesus ilustrou a verdade com a citação de uma parábola em que o próximo amado não foi uma pessoa querida, mas um estranho e inimigo, como eram os judeus em relação aos samaritanos e vice-versa. E não foi um religioso, representado no sacerdote e no levita da parábola, que agiu como próximo do seu compatriota judeu necessitado, mas justamente um gentio e inimigo, assim por eles considerado.
De fato, para amar com um amor como o descrito, a saber, o amor por estranhos e inimigos, só mesmo pela conversão pela fé a Deus, e por se receber um novo coração do Espírito Santo na regeneração. Assim, Jesus deixou em suspenso a alma daquele escriba mal-intencionado que procurava apanhá-lo em algum erro teológico.
A obra da evangelização demanda este amor aos pecadores, independentemente de qualquer que seja a condição deles. O evangelho deve ser anunciado inclusive por amor aos nossos
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inimigos, conforme somos ensinados pelo Senhor no Sermão do Monte.
Lucas 10.38-42: 38 Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. 39 Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. 40 Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. 41 Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. 42 Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.
Marta e Maria eram irmãs de Lázaro, a quem Jesus ressuscitou.
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Marta não foi repreendida por sua falta de fé, mas por sua atitude indevida naquela ocasião.
Ela era uma mulher de grande fé, e muito estimada por Jesus, conforme vemos no relato do décimo primeiro capitulo do evangelho de João.
Marta era uma pessoa muito ativa e prática, e não há nenhum mal nisto, a não ser quando pela nossa muita atividade deixamos de tributar a devida devoção ao Senhor.
Muitos pensam que Maria era uma mulher apenas contemplativa e ociosa, o que não é verdade, pois se o fosse, não seria alvo da atenção que o Senhor lhe dispensava.
Ela possuía grande comunhão espiritual com o Senhor, e dera demonstração do nível desta comunhão e amor quando lhe ungiu os pés com bálsamo e como a mulher da narrativa da história na casa de Simão, também enxugou os pés de Jesus com seus cabelos (João 12.3).
Esta é a boa parte que devemos escolher na nossa relação com Deus, pois isto não pode ser tirado de nós por ninguém e por nenhuma adversidade que nos sobrevenha, pois o hábito
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da graça em nosso viver nos valerá na hora da provação.
Este é o grande alvo da evangelização: que tudo façamos por amor ao Senhor Jesus e para a exclusiva glória de Deus. Para tanto é necessário gastar muito tempo com ele em oração e na meditação da Palavra, para que, preparados e instruídos e santificados pelo Espírito, sejamos habilitados para toda boa obra, e especialmente para esta da evangelização, pela qual prestamos o mais importante serviço que pode ser feito aos homens, por transportá-los das trevas para a luz, e do domínio de Satanás para o de Deus.

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