sábado, 12 de janeiro de 2019

O Sangue da Vida Eterna


A justiça divina exige a morte do ofensor. Se o ofensor morrer eternamente, a justiça está vindicada. Mas, para que um ofensor seja perdoado e trazido de novo à vida, um substituto deve morrer em seu lugar, e não somente isto, o sangue do substituto deve ser apresentado diante de Deus, para testificar que de fato ofereceu a sua vida de forma vicária.
Se Deus é espírito, porque a sua justiça somente poderia ser satisfeita com o derramamento do sangue de Jesus? A morte de sangue, com o sangue fora do corpo, prova que de fato a vida do corpo cessou pela falta do sangue, sendo então este a evidência de que houve o sacrifício substitutivo exigido pela justiça.
Pelos sacrifícios de animais no VT Deus ensinou didaticamente que a expiação exigia a morte da vítima e o uso do seu sangue para expiação sendo apresentado no Santo dos Santos, sobre o propiciatório. Por aqueles sacrifícios revelou então que a expiação seria feita com a morte de Jesus na cruz. Eles profetizavam em figura a Sua morte, ensinando que não morreria de forma natural, ou acidental, em que não houvesse derramamento de sangue.
A vida do homem lhe foi dada por Deus para que lha desse por devolvida a Ele. É nas mãos e governo de Deus que nossas vidas deveriam estar, mas dali foram retiradas pela desobediência de Adão. Como o sangue representa a vida, ao ser oferecido por Jesus no Santo dos Santos celestial, para a nossa justificação, ele não somente confirmou que Jesus de fato morreu como um sacrifício para cumprir a exigência da justiça e da lei, como também como recolocar nossas vidas nas mãos de Deus, pois somos um só corpo com Ele, a saber, os que cremos, e participamos da aliança com Ele através do Seu sangue, o qual, a propósito está figurado na Ceia, e que bebemos como sendo a vida de Jesus em todos nós, a vida que é aceitável a Deus.
Os homens não viram nada disto quando Jesus morria na cruz, mas Ele e o Pai viram perfeitamente em todos os ângulos e propósitos de Sua morte vicária e sobre a necessidade de o Seu sangue precioso ser derramado, para que fosse a causa da Sua morte. Fora do alcance da vista humana, e até mesmo fora da compreensão dos próprios anjos, o Pai visitou com a Sua ira contra o pecado o Seu próprio Filho Unigênito, para fazer dEle um sacrifício que cobrisse todos os nossos pecados. O que estava destinado a nós, a saber, a morte, foi trazido a Ele, para que os benefícios daquela morte fossem aplicados a nós.
Não haveria outro modo de o pecador ser libertado da sentença condenatória da Lei, de morte eterna, de forma a ficar para sempre separado de Deus em sofrimentos eternos.
Deus não poderia declarar absolvidos de condenação, nem mesmo os santos que estavam no céu, como Abraão, Moisés e Davi, por exemplo, se Jesus não morresse no lugar deles. A justiça divina exigiria a expulsão deles do céu, caso Cristo tivesse falhado em Sua missão.
É portanto, uma grande ofensa à santidade e justiça divinas quando alguém, de per si, tenta se apresentar a Deus aprovado, baseando-se apenas em suas boas obras ou justiça própria, e aparte de uma completa confiança de fé em Jesus, pois temos visto que sem o Seu sacrifício, não há remissão de pecados. É somente pelos benefícios de Sua morte que podemos voltar à vida que foi perdida em Adão.
É dito em Levítico que “Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida.” (Levítico 17.11). Aqui reside o significado do mistério do tipo de relação que há entre o crente e Cristo, o qual foi plenamente compreendido pelo apóstolo Paulo, que afirmou que não era ele quem vivia, senão Cristo nele. Isto é o propósito de Deus para cada crente, a saber, que vivam pela vida do Filho de Deus neles, e não por suas próprias vidas, uma vida que é esta nova vida santa celestial, espiritual e divina implantadas como a nova natureza do crente, que Deus está aceitando e desenvolvendo até a perfeição. Para isto Jesus foi feito sangue do nosso sangue, para que sejamos participantes do Seu sangue, e assim tenhamos vida abundante.
Isso estabelece nossa alegria e glória, estamos identificados com Cristo e somos crucificados com Ele, sepultados com Ele e nEle elevados à novidade de vida. “Estou crucificado com Cristo”, mas vivo. “Estamos mortos com Cristo, e nossa vida está escondida com Cristo em Deus.”
Uma religiosidade sem isto é vã e ilusória. A verdadeira religião, ou seja, a religação do homem a Deus, é feita somente por este meio, e nenhum outro poderia ser designado para efetuá-la.

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