sábado, 29 de junho de 2019

Justiça e Paz


Nunca São Achadas nos Governantes, mas Somente em Deus
Por
Silvio Dutra
Jun/2019
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A474
Alves, Silvio Dutra
Justiça e Paz
Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro, 2019.
31p.; 14,8 x21cm
1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Graça 4. Fé
I. Título.
CDD 252
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A par de ser lícito e até mesmo ordenado que nos empenhemos para melhorar as condições de justiça e paz neste mundo, e para isto, especialmente, orando pelos governantes e magistrados para que Deus os use para que tenhamos vida em paz e sossegada, todavia sempre seguirá, como sempre foi, que na grande maioria dos ocupantes dos cargos de governo e magistério público, sempre serão achados aqueles que são ímpios, e não propriamente os que são justos.
Esta grande realidade irrefutável deveria ser sempre considerada por nós para entendermos, entre muitas outras coisas, que:
a) Nossa esperança de justiça e paz nunca deve ser colocada nos governantes mundanos, mas sempre em Deus, por meio da fé em Jesus Cristo.
b) Os poderosos e opressores deste mundo sempre estarão por detrás de quaisquer governos, ou agindo diretamente neles, de modo que não seria provável esperar-se qualquer ação de justiça social da parte deles.
c) Os que são sábios sempre buscarão o Reino de Deus e a Sua justiça, sabendo que tal Reino nada tem a ver com os reinos deste mundo.
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Nenhuma destas afirmações consiste em inferências pessoais, mas são expressamente ensinadas na Bíblia, para nossa instrução.
A grande realidade é que a quase totalidade da população mundial não busca a justiça e paz que são segundo Deus, mas aquela que é segundo o mundo, e sabemos que o mundo inteiro jaz no maligno, e não há um justo sequer, não há quem não peque, e desta forma não seria sábio esperar que de uma fonte contaminada fluísse algo puro e justo.
Todavia, somos ordenados a buscar a justiça e a paz, e nos empenharmos neste sentido. Se estas águas de iniquidade forem deixadas paradas, o nível de podridão aumentaria ainda mais. “1 Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, 2 em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito. 3 Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, 4 o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.” (I Timóteo 2.1-4).
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Estas palavras do apóstolo relativas ao dever da oração tinham em vista principalmente a abertura de portas para o progresso da evangelização mundial, no que seria muito importante, que os reis e magistrados cumprissem o dever que é dado a Deus a eles de serem protetores da pregação do evangelho, facilitando as condições para tal, e não agindo como perseguidores, como não é raro de ser visto por causa de serem instigados a tal pelo diabo. As orações tinham portanto, na exortação desta passagem bíblica, o alvo de se pedir a Deus que as condições para a pregação fossem propícias.
Os poderosos e opressores são uma realidade desde o início da criação do mundo, mas Deus já tem determinado a sua sentença sobre eles, e esta será executada cabalmente quer no juízo final ou quando saem deste mundo pela morte. “24 Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a vossa consolação. 25 Ai de vós, os que estais agora fartos! Porque vireis a ter fome. Ai de vós, os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar.” (Lucas 6.24,25). “1 Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão.
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2 As vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comidas de traça; 3 o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens, e a sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias. 4 Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. 5 Tendes vivido regaladamente sobre a terra; tendes vivido nos prazeres; tendes engordado o vosso coração, em dia de matança; 6 tendes condenado e matado o justo, sem que ele vos faça resistência.” (Tiago 5.1-6). Estes e muitos outros textos bíblicos afirmam a calamidade que sobrevirá aos ricos que deixaram de atender à ordenança que Deus lhes dirige, como a que foi feita através do apóstolo Paulo: “17 Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em
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Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; 18 que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; 19 que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.” (I Timóteo 6.17-19). Mas, em vez de atenderem à ordenança bíblica o que é comum de ser visto entre eles é o que o apóstolo Tiago diz: “Não são os ricos que vos oprimem e não são eles que vos arrastam para tribunais? Não são eles os que blasfemam o bom nome que sobre vós foi invocado?” (Tiago 2.6,7). À vista disto, uma mente carnal é inclinada a indagar o seguinte: “Ora, se Deus sabia de antemão que o mundo sempre seria governado por poderosos opressores que não o amam e temem, por que não interviu para impedir que isto ocorresse, e que prevalecesse um governo por parte daqueles que o amam e temem e praticam o que é justo?”
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Há várias razões para que o mundo seja tal como é até que Cristo volte, e o plano de Deus segue perfeito tanto em suas razões quanto nos efeitos que são esperados por ele. Não seria possível enumerar todas as coisas que Deus planejou em sua providência, mas algumas delas são reveladas na Bíblia, e destas podemos destacar as seguintes: Governantes justos sobre súditos ímpios jamais produziu o efeito da justiça que é esperada por Deus, e isto foi devidamente comprovado ao longo da história da própria nação eleita de Israel, que estando debaixo de um governo teocrático sempre se desviou da justiça divina, ainda quando se encontrava sobre eles, governantes como Moisés, Davi, Josafá, Ezequias, Josias etc, e profetas como Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel etc. Deus lhes deu magistrados para os julgarem que eram homens segundo o seu coração, e no entanto, não lhe restou alternativa senão a de lhes enviar a sucessivos cativeiros e condições de juízos extremas em razão da iniquidade deles. O fato de terem governantes justos agravava em muito o pecado de apostasia deles, pois eram indesculpáveis para o modo de vida pecaminoso que eles levavam.
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Se as nações pagãs e ímpias tivessem governantes e magistrados que fossem segundo o coração de Deus, isto serviria somente para agravar ainda mais a condição deles, e consequentemente o rigor dos juízos divinos que deveriam vir obre eles. Além disso, deve ser considerado que maus governantes são permitidos por Deus no mundo como uma forma de juízo de castigo para as impiedades praticadas pelo povo que eles governam. O mundo busca geralmente a paz que é decorrente de prosperidade econômica, mas a paz de Deus considera principalmente a prosperidade moral e espiritual, que normalmente sempre padece e recua quanto mais próspero materialmente um povo se torna. Isto é o que tem sido testemunhado em todo o mundo chamado civilizado em que o ateísmo avança velozmente, e em que práticas pagãs têm retornado com grande força entre aquele que têm gozado de maior prosperidade mundana. Jesus foi muito claro e incisivo quanto a isto em seu ministério terreno, e não deixou qualquer dúvida quanto ao fato de que o Seu Reino, ou como é chamado também de Reino de Deus, ou
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do Céu, não é deste mundo. Que ele nada tem a ver com os governos terrenos, pois se funda em princípios que o mundo não somente não seguirá, como não está capacitado a cumprir. “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” (João 18.36). “35 Então, se aproximaram dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos concedas o que te vamos pedir. 36 E ele lhes perguntou: Que quereis que vos faça? 37 Responderam-lhe: Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda. 38 Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou batizado? 39 Disseram-lhe: Podemos. Tornou-lhes Jesus: Bebereis o cálice que eu bebo e recebereis o batismo com que eu sou batizado;
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40 quanto, porém, ao assentar-se à minha direita ou à minha esquerda, não me compete concedê-lo; porque é para aqueles a quem está preparado. 41 Ouvindo isto, indignaram-se os dez contra Tiago e João. 42 Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade. 43 Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; 44 e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. 45 Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Marcos 10.35-45). O caráter essencial no Reino de Cristo é servir e não ser servido, conforme ele destacou em seu próprio exemplo pessoal em seu ministério terreno, chegando ao ponto de lavar os pés dos discípulos e enxugá-los, para que o imitassem
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nisto no cuidado uns com os outros. E seria de se esperar que isto seja visto no mundo de ímpios? As características que são próprias dos cidadãos do Reino do Céu como Jesus as alinhou no Sermão do Monte, podem ser vistas nos que são mundanos, e cujas aspirações se relacionam apenas às coisas desta vida presente? Mateus – 5 1 Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; 2 e ele passou a ensiná-los, dizendo: 3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. 4 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. 5 Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. 6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. 7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
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8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. 9 Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. 10 Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. 11 Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. 12 Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. 13 Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. 14 Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; 15 nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa.
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16 Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. 17 Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. 18 Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. 19 Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus. 20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus. 21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. 22 Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e
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quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. 23 Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. 25 Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. 26 Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo. 27 Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. 28 Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela. 29 Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno.
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30 E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno. 31 Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. 32 Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério. 33 Também ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos. 34 Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem pelo céu, por ser o trono de Deus; 35 nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser cidade do grande Rei; 36 nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. 37 Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno.
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38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. 39 Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; 40 e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. 41 Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. 42 Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes. 43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. 44 Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; 45 para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. 46 Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?
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47 E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? 48 Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste. Mateus – 6 1 Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste. 2 Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. 3 Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; 4 para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. 5 E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa.
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6 Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. 7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. 8 Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais. 9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10 venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; 11 o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; 12 e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; 13 e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém]! 14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará;
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15 se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. 16 Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. 17 Tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, 18 com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. 19 Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; 20 mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; 21 porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. 22 São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso;
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23 se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! 24 Ninguém pode servir a dois Senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. 25 Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? 26 Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? 27 Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? 28 E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. 29 Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
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30 Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? 31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? 32 Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; 33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. 34 Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal. Mateus – 7 1 Não julgueis, para que não sejais julgados. 2 Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. 3 Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?
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4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? 5 Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão. 6 Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem. 7 Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. 8 Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á. 9 Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? 10 Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? 11 Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?
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12 Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas. 13 Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), 14 porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. 15 Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. 16 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? 17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. 18 Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. 19 Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. 20 Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis.
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21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? 23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade. 24 Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; 25 e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha. 26 E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia; 27 e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra
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aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína. 28 Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; 29 porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. A promessa de que serão saciados os que têm fome e sede de justiça jamais apontou para uma satisfação que seria obtida em relação à justiça e à paz por meio de se buscar governantes justos para as nações, mas em se ingressar no Reino de Deus por meio da fé em Jesus, reino este a propósito que não se manifesta em aparência visível, pois é um reino no interior do coração daquele que crê, e que o transforma, e lhe concede a justiça de Cristo pela qual é reconciliado com Deus, e cujo fruto é a paz de mente e coração para sempre, já a partir deste mundo. De modo que não há injustiça da parte de Deus em que haja governantes poderosos e opressores no mundo, porque aqueles que se encontram oprimidos por eles vão em busca da justiça em Deus, e em o fazendo pela fé em Cristo, acham-na e o resultado disto é a paz em
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suas almas. Acrescente-se que estas opressões que eles sofrem cooperam para que sejam exercitados no aperfeiçoamento da fé, na paciência e na longanimidade, entre outras virtudes cristãs, conforme é do propósito de Deus que eles sejam transformados à imagem de Jesus. E quando manifestam paciência cristã em seus sofrimentos, conforme são capacitados a isto pelo Espírito Santo e o exercício contínuo deles na piedade, nisto Deus é glorificado diante dos homens. Cristãos devem ser pacificadores, veja bem, pacificadores, e não pacifistas, pois há uma espada divisória colocada entre eles e os que são do mundo, pelo próprio Cristo, pois não é possível haver comunhão entre aqueles que amam a Deus e a Sua justiça e aqueles que não o amam. Quando o primeiro homem pecou e o pecado entrou no mundo alcançando toda a sua descendência, a justiça humana perante Deus foi perdida para sempre, e agora só é possível ser justo segundo Deus, mediante a fé em Jesus Cristo que se tornou da parte de Deus para nós a nossa justiça.
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“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,” (I Coríntios 1.30). “5 Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra. 6 Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa.” (Jeremias 23.5,6). “15 Naqueles dias e naquele tempo, farei brotar a Davi um Renovo de justiça; ele executará juízo e justiça na terra. 16 Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém habitará seguramente; ela será chamada SENHOR, Justiça Nossa.” (Jeremias 33.15,16). Buscar justiça portanto, à parte de Jesus, é um ato de insensatez e loucura. Não há justiça com que possamos ser justificados em nenhum outro nome. Nós mesmos precisamos ser justos, e ainda que o mundo inteiro ande contrariamente a Deus, como nos dia do dilúvio, ainda que haja apenas um justo Noé e sua família, lhe irá bem, pois
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serão salvos, enquanto que os demais, condenados. Se não andarmos na justiça que Deus proveu para nós, que é Cristo, não podemos ter a paz verdadeira que é sobrenatural e eterna. “8 Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, 9 não pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança. 10 Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente; 11 aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la. 12 Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males. 13 Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom?
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14 Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; 15 antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, 16 fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, 17 porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.” (I Pedro 3.8-17). Deus permanece justo e justificador mesmo quando permite que um piedoso José seja preso injustamente e lançado em uma prisão por anos, ou quando permite o mesmo ao maior dos seu apóstolos – Paulo, que permaneceu aprisionado por pelo menos seis anos. E também, quando muitos cristãos piedosos foram martirizados e escreveram a história do cristianismo com o sangue que derramaram, testemunhando que buscavam um país melhor,
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e uma cidade eterna nos céus, a qual não é construída por mãos humanas. O Senhor esteve com eles em todos os seus sofrimentos e tem dado o devido pago aos seus opressores, pelas injustiças que eles praticaram contra eles, revelando assim que é o grande Juiz de vivos e de mortos, de modo que nenhum sofrimento santo deixará de ter a sua recompensa, assim como todo ato de maldade, o seu devido castigo. Vivemos por fé nas promessas que o Senhor nos faz em Sua Palavra, as quais têm sido cumpridas, cada uma delas, em seu devido tempo. E o justo viverá não por vista, mas por fé, andando em humildade diante do Senhor. É pela fé em Cristo que somos justificados e achamos a paz com Deus. (Romanos 5.1). Tudo passará, como têm passado todas as gerações na Terra, mas a Palavra do Senhor permanece para sempre, e assim, a justiça que devemos buscar não é aquela que podemos achar em um governo temporário terreno, mas aquela que somente Deus pode prover mediante a nossa união espiritual com Cristo.

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