Especialmente em nossos dias,
em que a iniquidade se multiplica a passos largos, e em consequência disso o
amor tem esfriado em muitos, sobretudo pela apresentação distorcida e caricata
do que é a própria pessoa de Jesus e do Seu evangelho, conduzindo muitos a uma
predisposição contrária a ambos, e não sem razão, porque afinal de contas, o
que se diz e se faz em nome de Jesus e do evangelho leva a corar de vergonha
até mesmo os que são insensatos, faz-se mister que aqueles que têm sido
levantados por Deus para serem fiéis na transmissão da verdade elevem suas
vozes e ponham por escrito o bom e antigo fundamento, que a propósito não há
outro, pelo qual podemos não apenas ser salvos do erro, e por conseguinte, da
condenação eterna.
Não admira que tudo isto esteja ocorrendo nestes
últimos dias, conforme havia sido predito por Jesus e pelos apóstolos, em razão
da intensificação do trabalho de demônios e de homens que não temem e amam a
Deus, com o propósito mesmo de manter o maior número possível de pessoas na
condição de cegueira espiritual, pela qual não poderão chegar ao conhecimento
da verdade, e assim serem libertas da escravidão ao pecado.
O que pretendemos fazer então é nos engajarmos neste
bom combate da fé, pelo qual podem ser apagados todos os dardos inflamados do
Maligno, e serem resgatados muitos daqueles que ele tem trazido sob a condição
de seus cativos.
No entanto, não o faremos à guisa de um apelo
emocional que se direcione simplesmente aos sentidos, ou mesmo à razão natural,
mas pela exposição da interpretação da vera Palavra de Deus conforme a temos na
Bíblia, porque é somente pelo conhecimento da verdade que podemos ser livrados
dos laços do pecado, do diabo e da morte.
Antes de tudo, é preciso conhecer a nossa doença
para que possamos fazer um uso adequado do remédio que necessitamos para sermos
curados. Esta doença chama-se PECADO, que pelo uso distorcido e antibíblico, se
tornou tão banalizado, que é confundido não raro com o mero significado de
erro. Com isto chegou-se ao ponto de se admitir que errar é humano, como uma
forma de se justificar o ato de pecar. Assim se pensando, ao modo da razão
natural, e não conforme Deus define o que é o pecado, julga-se que não há
graves consequências para aqueles que permanecem no pecado, porque afinal,
segundo o julgamento comum, quem há que não peque? E não é isto uma verdade
afirmada na própria Bíblia? Só que em nenhuma passagem das Escrituras o pecado
é apresentado com essa tintura, muito ao contrário, é veementemente condenado
sob o ódio que Deus tem ao mesmo.
Então, o que é de fato o pecado?
Que poder é este que opera em toda a humanidade, sem
uma única exceção?
Na verdade, este poder, esta inclinação para o mal,
esta rebelião contra Deus e a Sua vontade para que sejamos santos e obedientes
a Ele em tudo, não se apresentou pela primeira vez neste mundo, mas no próprio
céu, quando se manifestou no querubim ungido que em razão do pecado se
transformaria em Satanás, e com ele, caíram muitos anjos, que se transformaram
em demônios.
Assim, o próprio diabo e os demônios são também
escravos do pecado, e eles o são de uma forma da qual não podem se libertar,
porque nada de bom permaneceu na natureza deles, e se perderam completamente,
sem qualquer possibilidade de volta à condição inicial de santidade que
possuíam.
Todavia, a humanidade, apesar de ser também
escravizada pelo pecado, com este sentimento natural de repulsa à pessoa de
Deus e à Sua vontade, isto não existe em muitos de uma forma consciente
deliberada de se rebelar contra Ele, uma vez que se encontram debaixo do engano
do pecado e do diabo. Eles agem por inclinação natural, conforme esta se
encontra neles, mas, em completa ignorância de quais sejam as forças que neles
atuam e que os arrastam para longe de Deus, e a repelirem qualquer possiblidade
de terem comunhão com Ele.
Eles não sabem, mas foram conhecidos de Deus antes
mesmo de trazê-los à existência, e Ele os designou para serem Seus filhos
amados através da união espiritual com Jesus Cristo, o Seu Filho unigênito, por
Ele escolhido para ser o nosso Sacrifício, Sacerdote, Fiador, Senhor, Salvador,
Redentor, Justificador, Regenerador, Santificador, e Glorificador. Mas deste
plano de salvação trataremos pormenorizadamente no apêndice que anexamos ao
final destas nossas reflexões sobre o que é o pecado, que é o nosso grande
inimigo, e também e sobretudo inimigo de Deus.
O pecado é a perfeição do mal, assim como Deus é a
perfeição do bem. O pecado tende a se multiplicar e a se espalhar em variadas
formas e em abundância de quantidade, muito mais do que as águas de todos os
oceanos. Ele domina todas as partes do homem, e atua tanto no seu corpo, quanto
em sua alma e seu espírito. Ele é portanto, infinito, e somente Alguém que
fosse infinito poderia detê-lo e vencê-lo.
Se o pecado derrubou e arruinou um querubim e muitos
anjos, quão mais facilmente ele pode derrubar e arruinar os homens que nunca
estiveram na presença de Deus, como eles que se encontravam no céu!
Se a natureza do pecado é de tal ordem, como
poderíamos vencê-lo com promessas de nos reformarmos, com penitências, mera
religiosidade e tudo o que seja diferente da pessoa do próprio Jesus Cristo?
Tudo se mostrará ineficaz não somente aqui neste mundo, e sobretudo quando
tivermos que comparecer diante do Juízo Final de Deus para lhe prestar contas de
todas as nossas ações, omissões, imaginações, pensamentos e palavras.
Não é difícil entendermos a ineficácia de tudo isto,
porque acompanhando as nossas melhores intenções de fazer somente o que é bom, tudo
o que fizermos sempre estará contaminado pelo pecado. Quantas ações de
benemerência são acompanhadas de orgulho, autoglorificação, inveja, ostentação,
vanglória, oportunismo etc.
Tão grande é a nossa condição de miséria espiritual
diante de Deus que necessitávamos que o próprio Deus se interpusesse em nosso
favor na pessoa de Seu Filho amado, para que Ele pudesse responder por nós
perante Ele, para a liquidação de toda a nossa dívida contraída por nossos
pecados. E Ele a liquidou inteiramente quando morreu em nosso lugar na cruz,
recebendo sobre Si mesmo o castigo que era devido ao nosso pecado.
É por esta razão que mesmo os crentes, enquanto
caminham neste mundo, estão sujeitos a perderem algumas batalhas em sua guerra
contra o pecado, não por falta de poder em Jesus, mas pela própria fraqueza e
insuficiência deles, de modo que possam aprender que necessitam de fato de um
Salvador e Redentor que possa responder por eles diante do trono de Deus.
Não haveria outra forma de alguém poder ser
justificado e perdoado de seus pecados, a não ser pela mediação de Jesus
Cristo, que nos foi dado para este propósito mesmo.
Não caberia abrir aqui um parêntesis para detalhar
esta guerra constante que há neste mundo entre o pecado e o Espírito Santo que
atua na nova natureza dos crentes, porque teríamos que alongar em muito a nossa
escrita, e isto já foi feito em vários outros livros que publicamos e que podem
ser localizados facilmente na Internet.
Isto vem depois da salvação da alma e da libertação
da escravidão ao pecado, e como nosso objetivo é o de nos fixarmos nas coisas
que são necessárias para se vencer a morte e ter vida eterna, o que é feito tão
somente por meio do arrependimento e fé em Jesus, na conversão que é
instantânea e operada pelo lavar regenerador do Espírito Santo, segue-se a isto,
o lavar renovador, pelo mesmo Espírito, para a renovação a nossa mente para que
possamos conhecer e praticar a boa, santa e agradável vontade de Deus.
Então, voltando ao ponto em que paramos, devemos
considerar o pecado como a inclinação que existe em toda pessoa e que a arrasta
para longe de Deus. Isto o pecado faz de modo fácil e completo em todos aqueles
em cujo coração ele continua permanecendo no trono, mas, nos que foram
libertados do seu domínio por Jesus, quem passa a ocupar o trono do coração é a
graça, pela qual o pecado é não somente destronado e também vencido.
Tendo sido vencido pela graça, importa continuar
vivendo em graça, por um caminhar no Espírito, para que o pecado permaneça na
posição de derrota que lhe foi imposta na conversão.
Hábitos de santificação são adquiridos, consolidados
e confirmados na medida em que perseveramos em caminhar em comunhão com Deus
através de uma contínua meditação da Palavra, prática da oração e da comunhão
com os santos para a adoração de Deus e audição da Sua Palavra pregada, pela
qual a fé é alimentada.
Não há outra forma de se obter uma vitória
experiencial sobre o pecado enquanto estivermos em nossa jornada neste mundo.
Há muitos inimigos espirituais a serem vencidos, e
estes somente podem ser derrotados pela intervenção direta e poderosa do
próprio Deus, mas não podemos ter isto caso não estejamos em comunhão com Ele.
Jesus é a perfeição do bem que é o único que pode
vencer a perfeição do mal chamada pecado. Ele é completamente suficiente para
isto, e pode salvar perfeitamente a qualquer que confiar nele para ser
libertado da escravidão do pecado.
Ele não rejeitará a qualquer que vier a Ele, e
jamais o lançará fora, antes o tornará filho amado de Deus para viver com Ele
para sempre.
O pior do pecadores pode ser salvo caso se arrependa
e confie inteiramente em Jesus para ser seu Senhor e Salvador.
Enquanto a confiança para a nossa salvação estiver
fixada em outras coisas ou pessoas, jamais poderemos ser salvos, porque somente
Jesus foi designado por Deus para ser o nosso Salvador, e de fato não poderia
haver nenhum outro, em razão de todas as condições que Ele atendeu para que o
plano do nosso resgate pudesse ser levado a efeito.
Lance para longe, portanto, este pensamento de que
você já fez muitas coisas erradas para que possa agora confiar que Deus possa
lhe salvar e aceitar como filho, e de fato santificar a sua vida para viver em
comunhão com seus demais irmãos na fé. Isto é trazer desonra para o grande Rei
dos reis e Senhor dos senhores que é o capitão designado por Deus para a nossa
salvação.
Deus não nos liberta do pecado por qualquer condição
meritória em nós, pois todos somos destituídos da graça, enquanto Ele não nos
salvar. Todos nos desviamos dEle, e não temos justiça própria pela qual
possamos ser perdoados e justificados. Por isso Jesus foi feito a nossa justiça
para que possamos ser apresentados diante de Deus santos e inculpáveis, uma vez
que o trabalho da nossa santificação será completamente aperfeiçoado quando
chegarmos ao céu.
Aqui está a grande glória e vitória de Jesus sobre o
pecado. O forte foi vencido por Alguém muito mais poderoso do que ele. O pecado
e a morte foram vencidos por Jesus na cruz.. E agora Deus nos chama a
compartilhar da Sua vitória pela simples fé nEle e no trabalho que Ele realizou
em nosso favor. Quando assim fazemos, glorificamos a Deus Pai, e damos honra a
Seu Filho Jesus Cristo, porque pela fé nEle fazemos valer a Sua vitória sobre o
pecado, o diabo e o mundo.
Se houvesse um sabão que pudesse nos lavar e purificar
do pecado, Deus não teria conduzido Jesus à cruz, e o teria usado para nos
santificar. Mas como o pecado é algo que está entranhado na nossa natureza,
como uma podridão que se instalou em todo o nosso corpo, assim como aquela que
ocorre à carne, não é possível lavá-lo, senão extirpá-lo, e isto Deus fez
condenando o pecado na carne, quando o destruiu na morte de Jesus.
Na verdade, importa que o pecado seja mortificado
diariamente, pela virtude e poder da morte do Senhor, e isto só pode ser feito
pela renúncia ao nosso ego carnal, e pelo carregar diário da cruz, e por se
seguir a Jesus.
Quantos não caminham para o inferno por causa do seu
apego às suas próprias convicções
sobre os assuntos espirituais? Eles não recuam um só milímetro no que
pensam acerca de tudo o que consideram necessário para a salvação, e isto,
quando se ocupam deste assunto tão vital que diz respeito ao nosso futuro
eterno. Eles querem ser os senhores de suas vidas e destino. Não há brecha para
que Deus possa entrar para renovar seus pensamentos, e mudar a posição deles,
segundo a verdade da Sua Palavra.
Como a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus, como
poderão ser salvos, se a salvação é somente pela fé, e eles insistem em não dar
a devida consideração à Palavra de Deus?
Se a Bíblia diz, pelos lábios de Jesus, que todo
aquele que nEle crer será salvo, por que então eu insistiria em dizer que
muitas coisas são necessárias para a salvação, e que apenas alguns venturosos
podem desfrutar desta bênção?
Quando o assunto é o referente à salvação da nossa
alma, não devemos dar ouvido senão somente ao que Deus diz em Sua Palavra. É
somente o evangelho conforme revelado nas Escrituras que é o poder de Deus para
salvação de todo o que crê.
Não importa o que aqueles que se apresentam como
ministros de Deus estão dizendo caso o que dizem não esteja plenamente
conformado ao que foi revelado por Jesus e ensinado por Ele e pelo Espírito
Santo aos apóstolos, conforme foram instruídos por Deus a deixar registrado na Bíblia
para a nossa salvação.
Não importa até mesmo o que eu pense sobre o que
seja a verdade caso não seja consoante ao que está revelado de uma vez para
sempre, e que um só til ou jota, não será dali tirado, pois seria mais fácil
que o céu e a terra passassem, do que Deus alterar a Sua Palavra.
Se um dos grandes objetivos do pecado é negar e
adulterar a Palavra de Deus, frustremos então este propósito maligno do pecado,
dando crédito a tudo o que o Senhor tem dito, e não somente isto, como também
levando-o à prática em nossas próprias vidas.
O pecado entrou no mundo por causa de um ato de
desobediência do primeiro casal à Palavra de Deus. E se apenas um pecado pôde
causar tanta destruição e ruína pela falta de crédito à Palavra divina, quanto
não deveríamos então nos cuidar para não entreter um só pecado em nosso
coração!
Alistar-se no exército de Jesus é principalmente
para declarar guerra ao pecado. Uma guerra que é sem tréguas e que deve durar
até que passemos à glória celestial.
Jesus já obteve a vitória sobre o pecado e agora nos
chama a fazer valer esta vitória em nossas próprias vidas, não dando qualquer
ocasião ao pecado.
Quanto mais caminharmos com Deus, mais a graça se
revelará a nós em maiores graus de força, de forma que ainda que fracos, podemos
ser fortes por meio da graça que Deus nos supre.
Não tenhamos portanto vergonha de nos aproximarmos
de Deus pela fé, porque Ele mesmo vem a nós através de Jesus, para nos oferecer
redenção, assim como fizera com Adão quando ele se escondeu atrás das árvores
no Paraíso, quando pecou.
O pecado é um vômito, uma vergonha, mas Jesus nos
lava e nos cobre com a Sua justiça para que possamos nos apresentar ao trono da
graça de Deus, arrependidos e confessando-lhe as nossas transgressões, para que
sejam perdoadas.
Há muita eficácia no sangue do sacrifício que Jesus
ofereceu por nós, para nos lavar de todo e qualquer pecado passado, presente ou
futuro.
A justiça de Deus ficou inteiramente satisfeita com
o preço que Ele pagou na cruz, de maneira que já não há mais maldição e
condenação para aqueles que se uniram espiritualmente a Jesus, por meio da fé
nEle.
O próprio Deus nos ajuda a crer e a nos arrepender,
e é Ele também quem nos aproxima de Jesus revelando-O ao nosso espírito, para
que possamos achar nEle a salvação que tanto necessitamos.
Ele vive para realizar este trabalho de salvação, e
é por meio dEle que podemos ter vida e vida em abundância, porque em nenhum
outro poderemos achar a vida eterna. Ele vive não somente para nos salvar
inicialmente, mas também para concluir o trabalho da nossa santificação, e para
isto intercede por nós dia e noite à direita de Deus Pai.
Onde o pecado se mostrou abundante, a graça tem se
mostrado muito mais abundante, porque o pecado terá um fim, mas a graça de Deus
jamais terminará, porque é impossível que Deus morra ou venha a perder o seu
grande poder.
A quem daremos a honra de nos dominar: ao pecado ou
a Cristo? Ninguém pode decidir por nós. A cada um de nós cabe fazer a escolha.
Quando o apóstolo Paulo escreveu a epístola aos
Romanos ele o fez com o intuito principal de lhes ensinar o que é o verdadeiro
evangelho da nossa salvação, e isto nós encontramos principalmente nos
primeiros oito capítulos, os quais estamos transcrevendo a seguir:
Romanos – 1
1 Paulo,
servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o
evangelho de Deus,
2 o qual foi
por Deus, outrora, prometido por intermédio dos seus profetas nas
Sagradas Escrituras,
3 com
respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de
Davi
4 e foi
designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de
santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor,
5 por intermédio de
quem viemos a receber graça e apostolado por amor do seu nome, para a
obediência por fé, entre todos os gentios,
6 de cujo número sois
também vós, chamados para serdes de Jesus Cristo.
7 A todos os
amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos, graça a vós
outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
8 Primeiramente,
dou graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo, no tocante a todos vós, porque,
em todo o mundo, é proclamada a vossa fé.
9 Porque
Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha
testemunha de como incessantemente faço menção de vós
10 em todas
as minhas orações, suplicando que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa
ocasião de visitar-vos.
11 Porque
muito desejo ver-vos, a fim de repartir convosco algum dom espiritual, para que
sejais confirmados,
12 isto é, para
que, em vossa companhia, reciprocamente nos confortemos por intermédio da fé mútua, vossa
e minha.
13 Porque não quero,
irmãos, que ignoreis que, muitas vezes, me propus ir ter convosco (no que
tenho sido, até agora, impedido), para conseguir igualmente entre vós algum
fruto, como também entre os outros gentios.
14 Pois sou
devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como
a ignorantes;
15 por isso,
quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros,
em Roma.
16 Pois não me
envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do
grego;
17 visto que
a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito:
O justo viverá por fé.
18 A ira de
Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos
homens que detêm a verdade pela injustiça;
19 porquanto
o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes
manifestou.
20 Porque os
atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como
também a sua própria divindade, claramente se reconhecem,
desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.
Tais homens são, por isso, indesculpáveis;
21 porquanto,
tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem
lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios
raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.
22 Inculcando-se
por sábios, tornaram-se loucos
23 e mudaram
a glória do Deus incorruptível em semelhança da
imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis.
24 Por isso,
Deus entregou tais homens à imundícia, pelas
concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si;
25 pois eles
mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar
do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!
26 Por causa
disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres
mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à
natureza;
27 semelhantemente,
os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua
sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos,
a merecida punição do seu erro.
28 E, por
haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus
os entregou a uma disposição mental reprovável, para
praticarem coisas inconvenientes,
29 cheios de
toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda,
dolo e malignidade; sendo difamadores,
30 caluniadores,
aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos,
inventores de males, desobedientes aos pais,
31 insensatos,
pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia.
32 Ora,
conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de
morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas
também aprovam os que assim procedem.
Romanos – 2
1 Portanto, és
indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a
outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias
coisas que condenas.
2 Bem
sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade contra
os que praticam tais coisas.
3 Tu, ó homem,
que condenas os que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas que te
livrarás do juízo de Deus?
4 Ou
desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando
que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?
5 Mas,
segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti
mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de
Deus,
6 que
retribuirá a cada um segundo o seu procedimento:
7 a vida
eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra
e incorruptibilidade;
8 mas ira e
indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça.
9 Tribulação e angústia virão sobre a
alma de qualquer homem que faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego;
10 glória, porém, e
honra, e paz a todo aquele que pratica o bem, ao judeu primeiro e também ao
grego.
11 Porque
para com Deus não há acepção de
pessoas.
12 Assim,
pois, todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerão; e todos os que com
lei pecaram mediante lei serão julgados.
13 Porque os
simples ouvidores da lei não são justos
diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados.
14 Quando,
pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com
a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos.
15 Estes
mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os
seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se,
16 no dia em
que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de
conformidade com o meu evangelho.
17 Se, porém, tu, que
tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus;
18 que
conheces a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído na lei;
19 que estás
persuadido de que és guia dos cegos, luz dos que se encontram em
trevas,
20 instrutor
de ignorantes, mestre de crianças, tendo na lei a forma da
sabedoria e da verdade;
21 tu, pois,
que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve
furtar, furtas?
22 Dizes que
não se deve cometer adultério e o cometes? Abominas os ídolos e
lhes roubas os templos?
23 Tu, que te
glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?
24 Pois, como
está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os
gentios por vossa causa.
25 Porque a
circuncisão tem valor se praticares a lei; se és, porém,
transgressor da lei, a tua circuncisão já se tornou
incircuncisão.
26 Se, pois,
a incircuncisão observa os preceitos da lei, não será ela, porventura,
considerada como circuncisão?
27 E, se
aquele que é incircunciso por natureza cumpre a lei, certamente, ele te julgará a ti,
que, não obstante a letra e a circuncisão, és
transgressor da lei.
28 Porque não é judeu
quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente
na carne.
29 Porém judeu é aquele
que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo
a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus.
Romanos – 3
1 Qual é, pois, a
vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?
2 Muita, sob
todos os aspectos. Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos
de Deus.
3 E daí? Se
alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de
Deus?
4 De maneira
nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem, segundo está escrito:
Para seres justificado nas tuas palavras e venhas a vencer quando fores
julgado.
5 Mas, se a
nossa injustiça traz a lume a justiça de Deus, que diremos?
Porventura, será Deus injusto por aplicar a sua ira? (Falo
como homem.)
6 Certo que
não. Do contrário, como julgará Deus o mundo?
7 E, se por
causa da minha mentira, fica em relevo a verdade de Deus para a sua glória, por
que sou eu ainda condenado como pecador?
8 E por que
não dizemos, como alguns, caluniosamente, afirmam que o fazemos:
Pratiquemos males para que venham bens? A condenação destes é justa.
9 Que se
conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de
forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus
como gregos, estão debaixo do pecado;
10 como está escrito:
Não há justo, nem um sequer,
11 não há quem
entenda, não há quem busque a Deus;
12 todos se
extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um
sequer.
13 A garganta
deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno
de víbora está nos seus lábios,
14 a boca,
eles a têm cheia de maldição e de amargura;
15 são os seus
pés velozes para derramar sangue,
16 nos seus
caminhos, há destruição e miséria;
17 desconheceram
o caminho da paz.
18 Não há temor de
Deus diante de seus olhos.
19 Ora,
sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale
toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus,
20 visto que
ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que
pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.
21 Mas agora,
sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos
profetas;
22 justiça de Deus
mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há
distinção,
23 pois todos
pecaram e carecem da glória de Deus,
24 sendo
justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo
Jesus,
25 a quem
Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para
manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância,
deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
26 tendo em
vista a manifestação da sua justiça no tempo
presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.
27 Onde,
pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo
contrário, pela lei da fé.
28 Concluímos, pois,
que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da
lei.
29 É,
porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos
gentios? Sim, também dos gentios,
30 visto que
Deus é um só, o qual justificará, por fé, o
circunciso e, mediante a fé, o incircunciso.
31 Anulamos,
pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma!
Antes, confirmamos a lei.
Romanos – 4
1 Que, pois,
diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a
carne?
2 Porque, se
Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante
de Deus.
3 Pois que
diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para
justiça.
4 Ora, ao
que trabalha, o salário não é
considerado como favor, e sim como dívida.
5 Mas, ao
que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a
sua fé lhe é atribuída como justiça.
6 E é assim
também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui
justiça, independentemente de obras:
7 Bem-aventurados
aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos;
8 bem-aventurado
o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado.
9 Vem, pois,
esta bem-aventurança exclusivamente sobre os circuncisos ou
também sobre os incircuncisos? Visto que dizemos: a fé foi imputada a Abraão
para justiça.
10 Como,
pois, lhe foi atribuída? Estando ele já circuncidado
ou ainda incircunciso? Não no regime da circuncisão, e sim
quando incircunciso.
11 E recebeu
o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé que teve
quando ainda incircunciso; para vir a ser o pai de todos os que creem, embora
não circuncidados, a fim de que lhes fosse imputada a justiça,
12 e pai da
circuncisão, isto é, daqueles que não são apenas circuncisos, mas
também andam nas pisadas da fé que teve Abraão, nosso pai, antes de ser
circuncidado.
13 Não foi por
intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube
a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé.
14 Pois, se
os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa,
15 porque a
lei suscita a ira; mas onde não há lei, também não há
transgressão.
16 Essa é a razão por que
provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme
a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei,
mas também ao que é da fé que teve Abraão (porque Abraão é pai de todos nós,
17 como está escrito:
Por pai de muitas nações te constituí.),
perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência
as coisas que não existem.
18 Abraão,
esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de
muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência.
19 E, sem
enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido,
sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara,
20 não duvidou,
por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu,
dando glória a Deus,
21 estando
plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera.
22 Pelo que
isso lhe foi também imputado para justiça.
23 E não somente
por causa dele está escrito que lhe foi levado em conta,
24 mas também por
nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado,
a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus,
nosso Senhor,
25 o qual foi
entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa
da nossa justificação.
Romanos – 5
1 Justificados,
pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor
Jesus Cristo;
2 por intermédio de
quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes;
e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
3 E não somente
isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações,
sabendo que a tribulação produz perseverança;
4 e a perseverança,
experiência; e a experiência, esperança.
5 Ora, a
esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito
Santo, que nos foi outorgado.
6 Porque
Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu
tempo pelos ímpios.
7 Dificilmente,
alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a
morrer.
8 Mas Deus
prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
9 Logo,
muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da
ira.
10 Porque, se
nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu
Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos
pela sua vida;
11 e não apenas
isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de
quem recebemos, agora, a reconciliação.
12 Portanto,
assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os
homens, porque todos pecaram.
13 Porque até ao regime
da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em
conta quando não há lei.
14 Entretanto,
reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo
sobre aqueles que não pecaram à semelhança da
transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.
15 Todavia, não é assim o
dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram
muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem,
Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos.
16 O dom,
entretanto, não é como no caso em que somente um pecou; porque o julgamento
derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça transcorre de muitas
ofensas, para a justificação.
17 Se, pela
ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os
que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio
de um só, a saber, Jesus Cristo.
18 Pois assim
como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre
todos os homens para condenação, assim também, por um
só ato de justiça, veio a graça sobre
todos os homens para a justificação que dá vida.
19 Porque,
como, pela desobediência de um só homem,
muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um
só, muitos se tornarão justos.
20 Sobreveio
a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a
graça,
21 a fim de
que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse
a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo,
nosso Senhor.
Romanos – 6
1 Que
diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais
abundante?
2 De modo
nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?
3 Ou,
porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos
batizados na sua morte?
4 Fomos,
pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos
nós em novidade de vida.
5 Porque, se
fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente,
o seremos também na semelhança da sua ressurreição,
6 sabendo
isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do
pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos;
7 porquanto
quem morreu está justificado do pecado.
8 Ora, se já morremos
com Cristo, cremos que também com ele viveremos,
9 sabedores
de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a
morte já não tem domínio sobre ele.
10 Pois,
quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto
a viver, vive para Deus.
11 Assim também vós
considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.
12 Não reine,
portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas
paixões;
13 nem ofereçais cada
um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas
oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a
Deus, como instrumentos de justiça.
14 Porque o
pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e
sim da graça.
15 E daí? Havemos
de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo
nenhum!
16 Não sabeis
que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a
quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a
justiça?
17 Mas graças a Deus
porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de
doutrina a que fostes entregues;
18 e, uma vez
libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.
19 Falo como
homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos
membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade,
assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a
santificação.
20 Porque,
quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça.
21 Naquele
tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos
envergonhais; porque o fim delas é morte.
22 Agora, porém,
libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto
para a santificação e, por fim, a vida eterna;
23 porque o
salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida
eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Romanos – 7
1 Porventura,
ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o
homem toda a sua vida?
2 Ora, a
mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive;
mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal.
3 De sorte
que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com
outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei e não será adúltera
se contrair novas núpcias.
4 Assim,
meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por
meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que
ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus.
5 Porque,
quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em
realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte.
6 Agora, porém,
libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo
que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra.
7 Que
diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria
conhecido o pecado, senão por intermédio da
lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás.
8 Mas o
pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte
de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado.
9 Outrora,
sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri.
10 E o
mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para
morte.
11 Porque o
pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me
matou.
12 Por
conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom.
13 Acaso o
bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o
pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a
morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno.
14 Porque bem
sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do
pecado.
15 Porque nem
mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que
prefiro, e sim o que detesto.
16 Ora, se faço o que não quero,
consinto com a lei, que é boa.
17 Neste
caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que
habita em mim.
18 Porque eu
sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita
bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.
19 Porque não faço o bem
que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.
20 Mas, se eu
faço o que não quero, já não sou eu
quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.
21 Então, ao
querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim.
22 Porque, no
tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
23 mas vejo,
nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz
prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.
24 Desventurado
homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
25 Graças a Deus
por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente,
sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado.
Romanos – 8
1 Agora,
pois, já nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus.
2 Porque a
lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.
3 Porquanto
o que fora impossível à lei, no que estava enferma
pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne
pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o
pecado,
4 a fim de
que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos
segundo a carne, mas segundo o Espírito.
5 Porque os
que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se
inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito.
6 Porque o
pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para
a vida e paz.
7 Por isso,
o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de
Deus, nem mesmo pode estar.
8 Portanto,
os que estão na carne não podem agradar a Deus.
9 Vós, porém, não estais
na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de
Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é
dele.
10 Se, porém, Cristo
está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado,
mas o espírito é vida, por causa da justiça.
11 Se habita
em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que
ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo
mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.
12 Assim,
pois, irmãos, somos devedores, não à carne
como se constrangidos a viver segundo a carne.
13 Porque, se
viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito,
mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis.
14 Pois todos
os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos
de Deus.
15 Porque não
recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados,
mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai.
16 O próprio Espírito
testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
17 Ora, se
somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com
Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados.
18 Porque
para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem
ser comparados com a glória a ser revelada em nós.
19 A ardente
expectativa da criação aguarda a revelação dos
filhos de Deus.
20 Pois a
criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por
causa daquele que a sujeitou,
21 na esperança de que a
própria criação será redimida do cativeiro da
corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
22 Porque
sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora.
23 E não somente
ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito,
igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de
filhos, a redenção do nosso corpo.
24 Porque, na
esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o
que alguém vê, como o espera?
25 Mas, se
esperamos o que não vemos, com paciência o
aguardamos.
26 Também o
Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos
orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com
gemidos inexprimíveis.
27 E aquele
que sonda os corações sabe qual é a mente
do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.
28 Sabemos
que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
são chamados segundo o seu propósito.
29 Porquanto
aos que de antemão conheceu, também os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos.
30 E aos que
predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também
justificou; e aos que justificou, a esses também
glorificou.
31 Que
diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
32 Aquele que
não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele
todas as coisas?
33 Quem
intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
34 Quem os
condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita
de Deus e também intercede por nós.
Nota do Tradutor:
O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação
Estamos inserindo esta nota em forma de apêndice em
nossas últimas publicações, uma vez que temos sido impelidos a explicar em
termos simples e diretos o que seja de fato o evangelho, na forma em que nos é
apresentado nas Escrituras, já que há muita pregação e ensino de caráter
legalista que não é de modo algum o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Há também uma grande ignorância relativa ao que seja
a aliança da graça por meio da qual somos salvos, e que consiste no coração do
evangelho, e então a descrevemos em termos bem simples, de forma que possa ser
adequadamente entendida.
Há somente um evangelho pelo qual podemos ser
verdadeiramente salvos. Ele se encontra revelado na Bíblia, e especialmente nas
páginas do Novo Testamento. Mas, por interpretações incorretas é possível até
mesmo transformá-lo em um meio de perdição e não de salvação, conforme tem
ocorrido especialmente em nossos dias, em que as verdades fundamentais do
evangelho de Jesus Cristo têm sido adulteradas ou omitidas.
Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de
apresentar a seguir, de forma resumida, em que consiste de fato o evangelho da
nossa salvação.
Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso entender
que somos salvos exclusivamente com base na aliança de graça que foi feita
entre Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação do mundo, para que nas
diversas gerações de pessoas que seriam trazidas por eles à existência sobre a
Terra, houvesse um chamado invisível, sobrenatural, espiritual, para serem
perdoadas de seus pecados, justificadas, regeneradas (novo nascimento
espiritual), santificadas e glorificadas. E o autor destas operações
transformadoras seria o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina.
Estes que seriam chamados à conversão, o seriam pelo
meio de atração que seria feita por Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo
que pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem receber a graça necessária que os
redimiria e os transportaria das trevas para a luz, do poder de Satanás para o
de Deus, e que lhes transformaria em filhos amados e aceitos por Deus.
Como estes que foram redimidos se encontravam
debaixo de uma sentença de maldição e condenação eternas, em razão de terem
transgredido a lei de Deus, com os seus pecados, para que fossem redimidos
seria necessário que houvesse uma quitação da dívida deles para com a justiça
divina, cuja sentença sobre eles era a de morte física e espiritual eternas.
Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém
idôneo que pudesse se colocar no lugar do homem, trazendo sobre si os seus
pecados e culpa, e morrendo com o derramamento do Seu sangue, porque a lei
determina que não pode haver expiação sem que haja um sacrifício sangrento
substitutivo.
Importava também que este Substituto de pecadores,
assumisse a responsabilidade de cobrir tudo o que fosse necessário em relação à
dívida de pecados deles, não apenas a anterior à sua conversão, como a que
seria contraída também no presente e no futuro, durante a sua jornada terrena.
Este Substituto deveria ser perfeito, sem pecado,
eterno, infinito, porque a ofensa do pecador é eterna e infinita. Então deveria
ser alguém divino para realizar tal obra.
Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da graça
feita com o Pai, para ser este Salvador, Fiador, Garantia, Sacrifício,
Sacerdote, para realizar a obra de redenção.
O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua
chamada é para uma santificação e perfeição eternas. Como poderia responder por
si mesmo para garantir a eternidade da segurança da salvação?
Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado da
natureza divina que sempre possuiu, a natureza humana, e para tanto ele foi
gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria.
Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em
sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria ser o de alguém que fosse
humano, mas também divino, de modo que se pode até mesmo dizer que fomos
redimidos pelo sangue do próprio Deus.
Este é o fundamento da nossa salvação. A morte de
Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o caminho para a vida eterna e o céu.
Para que nunca nos esquecêssemos desta grande e
importante verdade do evangelho de que Jesus se tornou da parte de Deus para
nós, o nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou podemos fazer para agradar a
Deus, Jesus fixou a Ceia que deve ser regularmente observada pelos crentes,
para que se lembrem de que o Seu corpo foi rasgado, assim como o pão que
partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado em profusão, conforme
representado pelo vinho, para que tenhamos vida eterna por meio de nos
alimentarmos dEle. Por isso somos ordenados a comer o pão, que representa o
corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para o nosso espírito, e a beber o
sangue de Jesus, que é verdadeira bebida para nos refrigerar e manter a Sua
vida em nós.
Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e a
vida. Que a porta que conduz à vida eterna é estreita, e que o caminho é
apertado. Tudo isto se aplica ao fato de que não há outra verdade, outro
caminho, outra vida, senão a que existe somente por meio da fé nEle. A porta é
estreita porque não admite uma entrada para vários caminhos e atalhos, que
sendo diferentes dEle, conduzem à perdição. É estreito e apertado para que
nunca nos desviemos dEle, o autor e consumador da nossa salvação.
Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.
Tanto é assim, que para que tenhamos a plena
convicção desta verdade, mesmo depois de sermos justificados, regenerados e
santificados, percebemos, enquanto neste mundo, que há em nós resquícios do
pecado, que são o resultado do que se chama de pecado residente, que ainda
subsiste no velho homem, que apesar de ter sido crucificado juntamente com
Cristo, ainda permanece em condições de operar em nós, ao lado da nova natureza
espiritual e santa que recebemos na conversão.
Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor
pretende nos ensinar a enxergar que a nossa salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé? Que é Ele somente que nos garante a vida eterna e o céu. Se não
fosse assim, não poderíamos ser salvos e recebidos por Deus porque sabemos que
ainda que salvos, o pecado ainda opera em nossas vidas de diversas formas.
Isto pode ser visto claramente em várias passagens
bíblicas e especialmente no texto de Romanos 7.
À luz desta verdade, percebemos que mesmo as
enfermidades que atuam em nossos corpos físicos, e outras em nossa alma, são o
resultado da imperfeição em que ainda nos encontramos aqui embaixo, pois Deus
poderia dar saúde perfeita a todos os crentes, sem qualquer doença, até o dia
da morte deles, mas Ele não o faz para que aprendamos que a nossa salvação está
inteiramente colocada sobre a responsabilidade de Jesus, que é aquele que
responde por nós perante Ele, para nos manter seguros na plena garantia da
salvação que obtivemos mediante a fé, conforme o próprio Deus havia determinado
justificar-nos somente por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão e com
muitos outros mesmo nos dias do Velho Testamento.
Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé porque
não consegue vencer determinadas fraquezas ou pecados, porque enquanto se
esforça para ser curado deles, e ainda que não o consiga neste mundo, não
perderá a sua condição de filho amado de Deus, que pode usar tudo isto em forma
de repreensão e disciplina, mas que jamais deixará ou abandonará a qualquer que
tenha recebido por filho, por causa da aliança que fez com Jesus e na qual se
interpôs com um juramento que jamais a anularia por causa de nossas
imperfeições e transgressões.
Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a Jesus,
mas sempre lamentará que não o ame tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo
caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma coisa ele pode ter certeza: não
foi por mérito, virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a apresentar a
Deus que ele foi salvo, mas simplesmente por meio do arrependimento e da fé
nAquele que tudo fez e tem feito que é necessário para a segurança eterna da
sua salvação.
É possível que alguém leia tudo o que foi dito
nestes sete últimos parágrafos e não tenha percebido a grande verdade central
relativa ao evangelho, que está sendo comentada neles, e que foi citada de
forma resumida no primeiro deles, a saber:
“Então o plano de salvação, na aliança de graça que
foi feita, nada exige do homem, além da fé, pois tudo o que tiver que ser feito
nele para ser transformado e firmado na graça, será realizado pelo autor da sua
salvação, a saber, Jesus Cristo.”
Nós temos na Palavra de Deus a confirmação desta
verdade, que tudo é de fato devido à graça de Jesus, na nossa salvação, e que
esta graça é suficiente para nos garantir uma salvação eterna, em razão do
pacto feito entre Deus Pai e Deus Filho, que nos escolheram para esta salvação
segura e eterna, antes mesmo da fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra são
a causa dessa segurança eterna, pois é nEle que somos aceitos por Deus, nos
termos da aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os agentes da aliança, e
os crentes apenas os beneficiários.
O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o
Filho, sem a consulta da vontade dos beneficiários, uma vez que eles nem sequer
ainda existiam, e quando aderem agora pela fé aos termos da aliança, eles são
convocados a fazê-lo voluntariamente e para o principal propósito de serem
salvos para serem santificados e glorificados, sendo instruídos pelo evangelho
que tudo o que era necessário para a sua salvação foi perfeitamente consumado
pelo Fiador deles, nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, preste atenção neste ponto muito importante,
de que tanto é assim, que não é pelo fato de os crentes continuarem sujeitos ao
pecado, mesmo depois de convertidos, que eles correm o risco de perderem a
salvação deles, uma vez que a aliança não foi feita diretamente com eles, e
consistindo na obediência perfeita deles a toda a vontade de Deus, mas foi
feita com Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa deles, como para
garantir o aperfeiçoamento deles na santidade e na justiça, ainda que isto
venha a ser somente completado integralmente no por vir, quando adentrarem a
glória celestial.
A salvação é por graça porque alguém pagou
inteiramente o preço devido para que fôssemos salvos – nosso Senhor Jesus
Cristo.
E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi dado
somente como Sacrifício e Sacerdote, mas também como Profeta e Rei.
Ele não somente é quem nos anuncia o evangelho pelo
poder do Espírito Santo, e quem tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,
para que não errássemos o alvo por causa da incredulidade, que sendo o oposto
da fé, é a única coisa que pode nos afastar da possibilidade da salvação.
Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos
corações, e nos submete à Sua vontade de forma voluntária e amorosa,
capacitando-nos, pelo Seu próprio poder, a viver de modo agradável a Deus.
Agora, nada disso é possível sem que haja
arrependimento. Ainda que não seja ele a causa da nossa salvação, pois, como
temos visto esta causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus, manifestados
em Jesus em nosso favor, todavia, o arrependimento é necessário, porque toda
esta salvação é para uma vida santa, uma vida que lute contra o pecado, e que
busque se revestir do caráter e virtudes de Jesus.
Então, não há salvação pela fé onde o coração
permanece apegado ao pecado, e sem manifestar qualquer desejo de viver de modo
santo para a glória de Deus.
Desde que haja arrependimento não há qualquer
impossibilidade para que Deus nos salve, nem mesmo os grosseiros pecados da
geração atual, que corre desenfreadamente à busca de prazeres terrenos, e
completamente avessa aos valores eternos e celestiais.
Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria até
mais facilidade para Deus salvar a estes que vivem na iniquidade porque a vida
deles no pecado é flagrante, e pouco se importam em demonstrar por um viver
hipócrita, que são pessoas justas e puras, pois não estão interessados em
demonstrar a justiça própria do fariseu da parábola de Jesus, para que através
de sua falsa religiosidade, e autoengano, pudessem alcançar algum favor da
parte de Deus.
Assim, quando algum deles recebe a revelação da luz
que há em Jesus, e das grandes trevas que dominam seu coração, o trabalho de
convencimento do Espírito Santo é facilitado, e eles lamentam por seus pecados
e fogem para Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os receberá, e a
nenhum deles lançará fora, conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito para
a sua salvação exige somente o arrependimento e a fé, para a recepção da graça
que os salvará.
Deus mesmo é quem provê todos os meios necessários
para que permaneçamos firmes na graça que nos salvou, de maneira que jamais
venhamos a nos separar dele definitivamente.
Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza divina,
no novo nascimento operado pelo Espírito Santo, de modo que uma vez que uma
natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita. Nós viveremos pela nova
criatura, ainda que a velha venha a se dissolver totalmente, assim como está
ordenado que tudo o que herdamos de Adão e com o pecado deverá passar, pois
tudo é feito novo em Jesus, em quem temos recebido este nosso novo ser que se
inclina em amor para Deus e para todas as coisas de Deus.
Ainda que haja o pecado residente no crente, ele se
encontra destronado, pois quem reina agora é a graça de Jesus em seu coração, e
não mais o pecado. Ainda que algum pecado o vença isto será temporariamente, do
mesmo modo que uma doença que se instala no corpo é expulsa dele pelas defesas
naturais ou por algum medicamento potente. O sangue de Jesus é o remédio pelo
qual somos sarados de todas as nossas enfermidades. E ainda que alguma delas
prevaleça neste mundo ela será totalmente extinta quando partirmos para a
glória, onde tudo será perfeito.
Temos este penhor da perfeição futura da salvação
dado a nós pela habitação do Espírito Santo, que testifica juntamente com o
nosso espírito que somos agora filhos de Deus, não apenas por ato declarativo
desta condição, mas de fato e de verdade pelo novo nascimento espiritual que
nos foi dado por meio da nossa fé em Jesus.
Toda esta vida que temos agora é obtida por meio da
fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, para que vivamos por
meio da Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador de toda a criação,
inclusive desta nova criação que está realizando desde o princípio, por meio da
geração de novas criaturas espirituais para Deus por meio da fé nEle.
Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou
seja, pode fazer com que nova vida espiritual seja gerada em quem Ele assim o
quiser. Ele sabe perfeitamente quais são aqueles que atenderão ao chamado da
salvação, e é a estes que Ele se revela em espírito para que creiam nEle, e
assim sejam salvos.
Bem-aventurados portanto são:
Os humildes de espírito que reconhecem que nada
possuem em si mesmos para agradarem a Deus.
Os mansos que se submetem à vontade de Deus e que se
dispõem a cumprir os Seus mandamentos.
Os que choram por causa de seus pecados e todo o
pecado que há no mundo, que é uma rebelião contra o Criador.
Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o
testemunho de que todos necessitam da misericórdia de Deus para serem
perdoados.
Os pacificadores, e não propriamente pacifistas que
costumam anular a verdade em prol da paz mundial, mas os que anunciam pela
palavra e suas próprias vidas que há paz de reconciliação com Deus somente por
meio da fé em Jesus.
Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do
reino de Deus que não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
Os que são perseguidos por causa do evangelho,
porque sendo odiados sem causa, perseveram em dar testemunho do Nome e da
Palavra de Jesus Cristo.
Vemos assim que ser salvo pela graça não significa:
de qualquer modo, de maneira descuidada, sem qualquer valor ou preço envolvido
na salvação. Jesus pagou um preço altíssimo e de valor inestimável para que
pudéssemos ser redimidos. Os termos da aliança por meio da qual somos salvos
são todos bem ordenados e planejados para que a salvação seja segura e efetiva.
Há poderes sobrenaturais, celestiais, espirituais envolvidos em todo o processo
da salvação.
É de uma preciosidade tão grande este plano e
aliança que eles devem ser eficazes mesmo quando não há naqueles que são salvos
um conhecimento adequado de todas estas verdades, pois está determinado que
aquele que crê no seu coração e confessar com os lábios que Jesus é o Senhor e
Salvador, é tudo quanto que é necessário para um pecador ser transformado em
santo e recebido como filho adotivo por Deus.
O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus
são necessários para o nosso aperfeiçoamento espiritual em progresso da nossa
santificação, mas não para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento)
que são instantâneos e recebidos simultaneamente no dia mesmo em que nos
convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como nos encontrávamos na ocasião,
totalmente perdidos e mortos em
transgressões e pecados.
E fomos recebidos porque a palavra da promessa da
aliança é que todo aquele que crê será salvo, e nada mais é acrescentado a ela
como condição para a salvação.
É assim porque foi este o ajuste que foi feito entre
o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre si para que fôssemos salvos por
graça e mediante a fé.
Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o
Pai escolheu para ser o autor e o consumador da nossa salvação. Ele foi eleito
para a aliança da graça, e nós somos eleitos para recebermos os benefícios desta
aliança por meio da fé nAquele a quem foram feitas as promessas de ter um povo
exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.
Então quando somos chamados de eleitos na Bíblia,
isto não significa que Deus fez uma aliança exclusiva e diretamente com cada um
daqueles que creem, uma vez que uma aliança com Deus para a vida eterna demanda
uma perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem qualquer falha, e de nós
mesmos, jamais seríamos competentes para atender a tal exigência, de modo que a
aliança poderia ter sido feita somente com Jesus.
Somos aceitos pelo Pai porque estamos em Jesus, e
assim é por causa do Filho Unigênito que somos também recebidos. Jamais
poderíamos fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa Cabeça, nosso Sumo
Sacerdote e Sacrifício. Isto é tipificado claramente na Lei, em que nenhum
ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem serem apresentados pelo
sacerdote escolhido por Deus para tal propósito. Nenhum outro Sumo Sacerdote
foi designado pelo Pai para que pudéssemos receber uma redenção e aproximação
eternas, senão somente nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu para
este ofício.
Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo, importa permanecermos nEle por um viver e andar em
santificação, no Espírito.
É pelo desconhecimento desta verdade que muitos
crentes caminham de forma desordenada, uma vez que tendo aprendido que a
aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus Filho, e que são salvos
exclusivamente por meio da fé, que então não importa como vivam uma vez que já
se encontram salvos das consequências mortais do pecado.
Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à
segurança eterna da salvação em razão da justificação, é apenas uma das faces
da moeda da salvação, que nos trazendo justificação e regeneração
instantaneamente pela graça, mediante a fé, no momento mesmo da nossa conversão
inicial, todavia, possui uma outra face que é a relativa ao propósito da nossa
justificação e regeneração, a saber, para sermos santificados pelo Espírito
Santo, mediante implantação da Palavra em nosso caráter. Isto tem a ver com a
mortificação diária do pecado, e o despojamento do velho homem, por um andar no
Espírito, pois de outra forma, não é possível que Deus seja glorificado através
de nós e por nós. Não há vida cristã vitoriosa sem santificação, uma vez que
Cristo nos foi dado para o propósito mesmo de se vencer o pecado, por meio de
um viver santificado.
Esta santificação foi também incluída na aliança da
graça feita entre o Pai e o Filho, antes da fundação do mundo, e para isto
somos também inteiramente dependentes de Jesus e da manifestação da sua vida em
nós, porque Ele se tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça, redenção,
sabedoria e santificação (I Coríntios 1.30). De modo que a obra iniciada na
nossa conversão será completada por Deus para o seu aperfeiçoamento final até a
nossa chegada à glória celestial.
“Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I
Tessalonicenses 5.23,24).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).
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