Todas as ordenanças bíblicas são sempre no sentido de se
alcançar ainda enquanto vivemos neste mundo uma santificação total, de todo
corpo, alma e espírito.
Está claramente revelado que a vontade de Deus para conosco em
Cristo Jesus, é a nossa santificação, sem a qual, também se diz que ninguém o
verá.
Soa por toda a Bíblia a seguinte ordenança: Não peque mais.
A Bíblia nos exorta a mortificar o pecado e não mais servir ao
pecado, mas servir a Deus oferecendo os nossos membros para a prática da
justiça.
Agora, o grande dilema e desafio é entender por quais meios
tal objetivo deve ser alcançado.
Primeiro, sabemos que Jesus morreu para este propósito
principal de redimir-nos do pecado e nos apresentar santos e inculpáveis a Deus
Pai.
Segundo, para isto somos justificados pela fé nEle, e pela
justificação recebemos o dom do Espírito Santo para operar a nossa regeneração
e santificação.
Não padece qualquer dúvida que a justificação e a regeneração
ocorrem instantânea e simultaneamente no dia da nossa conversão a Cristo.
Mas, quanto à santificação, é instantânea ou progressiva?
Antes de tudo, uma parte considerável da santificação nos é
concedida pelo poder do Espírito na regeneração, quando somos transformados em
novas criaturas.
Mas muito do pecado, apesar da crucificação do nosso velho
homem, permanece ainda no crente, e é seu dever despojar-se destes resquícios
de pecado, pela mortificação deles.
Qual era o ensino dos apóstolos em relação a isto, e
conforme prevaleceu na Igreja Primitiva, consoante o puro ensino de Jesus? Eles
exortavam os crentes a andarem em santidade de vida. Que estivessem sempre
congregados para serem cheios do Espírito Santo, e assim, edificarem-se
mutuamente, pelo exercício dos dons espirituais respectivos que haviam
recebido.
Com isto, eles cresciam na graça e no conhecimento de Jesus,
e exortavam-se mutuamente ao amor e às boas obras.
Havia constante oração na igreja para a santificação dos
crentes e para o cumprimento de toda a vontade de Deus, em obediência às Suas
ordenanças.
Vemos portanto, que em meio a isto, fica diluída a noção de
se buscar ou esperar por uma segunda operação instantânea do Espírito Santo
para a santificação total, conforme é o caso da regeneração, pois, na prática,
o que se vê, é que há um crescimento gradual no conhecimento e na prática da
verdade, pela implantação da justiça de Cristo à nossa vida.
O que deve ser rejeitado a todo custo é o pensamento
pernicioso de se retardar por nossa própria conta a obra de santificação, por
um consentimento da prática de certas práticas pecaminosas, aí incluídos uma
mente não renovada e a omissão de deveres, como se fosse possível ser
santificado ao mesmo tempo em que se tem um viver pecaminoso e mundano.
Daí sermos incentivados pela Bíblia a uma plena diligência
no crescimento na graça com vistas a alcançarmos a maturidade espiritual e uma
fé confirmada pelo Senhor, de modo a não sermos mais agitados por qualquer
vento de falsa doutrina.
A partir desta maturidade obtida, que a Bíblia chama de
perfeição, há maiores graus de santificação que ainda podem e devem ser
obtidos, e nisto não se pode dizer que seja um processo para alcançar a perfeição
cristã, uma vez que esta foi atingida na maturidade, e o que se tem agora é a
busca da perfeição absoluta, a qual por mais perto que cheguemos perto dela,
jamais poderá ser atingida deste outro lado do céu, porque bondade e perfeição
absolutas pertencem somente a Deus.
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