Deus não criou todas as coisas para depois
intentar formar uma Igreja.
Ao contrário, foi para formar a sua Igreja, um
povo que fosse exclusivamente seu, que Ele criou os céus e a terra, e tudo o
que neles há.
Tudo existe para refinar a fé dos crentes, para
aperfeiçoá-los em santidade, e para que Deus seja glorificado em seu grande
poder em criar este povo em meio aos grandes embates e oposições sofridas por
parte da semente da Serpente.
E este povo que está sendo formado ao longo das
eras foi chamado a ser santo assim como Deus é santo, ou seja, perfeito em santidade,
assim como ele é perfeito. Deus já tem o quadro final planejado e intentado por
Ele, completamente visto em sua mente, e está trazendo tudo à existência em seu
próprio tempo, desde a primeira pincelada dada na criação, fazendo com que as
coisas futuras já vistas e contempladas e idealizadas por ele, sejam realizadas
em cada momento presente, sendo este presente nada mais do que a transição de
um futuro já visto e planejado por Ele, para um passado de plena realização da
Sua vontade.
No caso da Igreja o passado não significa cair
no esquecimento, mas complementação do que está sendo cumprido, pois os santos
que compuseram a igreja no passado encontram-se em glória aguardando a plena
reunião de todos os santos que estão determinados por Deus para alcançarem a
vida eterna, para que Cristo seja tudo em todos, como a Cabeça deste seu corpo
que é a Igreja.
Como devem ser então os membros deste corpo senão
perfeitos como é a sua Cabeça. Como devem ser as pedras vivas do edifício
espiritual do qual Jesus é a pedra angular, senão também perfeitas como Ele é
perfeito. Nada mais natural então que deve haver progresso no aumento em
piedade, na vida santificada, de modo que o plano eterno de Deus se cumpra em
cada um dos seus filhos amados. É um modo muito errado de considerar a ação de
Deus no mundo como tendo sido apenas o criador dos céus e da terra em seis
dias, e que depois disso cruzou os braços e deixou que tudo seguisse o seu rumo
aleatoriamente. Jesus disse em seu ministério terreno que assim como Pai
continuava trabalhando até então (e do que se depreende que continuaria
trabalhando sempre), Ele também trabalhava sem cessar, assim como o Pai. Dos próprios
crentes é dito que servirão a Deus dia e noite, eternamente.
Deus é imutável em
relação ao seu caráter santo e espiritual, e moral. E não devemos confundir
imutabilidade com imobilidade, pois a imobilidade é peculiar ao que é morto,
mas Deus é vivo, e Deus de vivos, cuja característica principal é trabalho e
movimento. Assim, temos a ação permanente de Deus conduzindo a história da
humanidade, fazendo com que tudo ocorra segundo o Seu planto eterno, conforme
vemos a confirmação desta verdade nas profecias que Ele mandou registrar na Bíblia
para a nossa instrução. Ele eleva e rebaixa reinos e nações. Ele sequer permite
que um pardal caia do céu sem a Sua permissão, quanto mais que suceda algo em
relação à humanidade que fuja da Sua direção ativa ou permissiva. Até mesmo o
que ocorre de mal, tem a sua razão de ser para contribuir para o
aperfeiçoamento dos santos na piedade, para aquela vida eterna que terão no céu.
Nada que ocorra está fora da regra de
tudo contribuir para o bem dos que amam a Deus. E em tudo isto o seu grande
nome é glorificado, quer nas bênçãos que derrama, quer nos juízos que exerce.
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