sexta-feira, 23 de outubro de 2015

147) Vida Eterna

147) VIDA ETERNA

ÍNDICE

1 - Tragada Foi a Morte pela Vitória de Cristo
2 - As Coisas do Futuro São Nossas (I Cor 3.22)
3 - Vida Mais Abundante – Parte 1
4 - Vida Mais Abundante – Parte 2
5 - Algo Para Ser Pensado e Refletido
6 - Vida Eterna
7 - A Casa Derrubada e a Mansão Erigida
8 - Não Apenas Salvador mas a Própria Vida Eterna
9 - A União que Dá Vida Eterna
10 - Vida Eterna


1 - Tragada Foi a Morte pela Vitória de Cristo

Uma das maiores mentiras que permeia o consciente coletivo é a de que a morte separa para sempre pessoas amadas.
Dizemos que é uma mentira porque para quem está em Cristo a morte de um ente querido é para muitos, senão apenas uns pouquíssimos anos de separação, e para a esmagadora maioria não chega a ultrapassar os quarenta anos.
E o melhor de tudo é que, o reencontro será feito em perfeição gloriosa na companhia de muitos amados, inclusive aqueles que, por cuja fé que aqui tiveram, aprendemos a admirar e a amar, mesmo sem que nunca os tivéssemos conhecido pessoalmente. Isto se aplica especialmente aos heróis da fé, como Abraão, Davi, os profetas, os apóstolos, os grandes servos de Deus do passado, de todo o longo período de história da Igreja e até mesmo dos que foram nossos contemporâneos.
Na verdade, esta separação dos que partem, não é sequer para eles a cessação da vida, muito ao contrário, vivem muito mais porque estão na posse da plenitude daquela vida perfeita e eterna que Jesus veio nos dar.
Ora, se eles assim vivem, nós, que aqui continuamos na imperfeição desta jornada terrena, devemos fazer valer esta vida abundante que está em Jesus, continuando a viver para o seu louvor e glória, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus, e andando cheios do Espírito Santo, no seu amor, e abundando em boas obras.
Não permitindo que pensamentos deprimentes, desanimadores ou de qualquer outra natureza, que significa de fato o que é a morte para aqueles que não têm esta fé e esperança habitando em seus corações pelo testemunho da verdade da Palavra de Deus, e pela testificação do Espírito Santo com o nosso espírito.
Consolemo-nos portanto, uns aos outros com estas palavras, pois, para os que amam a Deus, a morte não significa, nada além de um até breve, tanto para quem vai para desfrutar a eternidade, quanto para quem aqui permanece ainda esperando a sua hora de entrada no triunfo final.  

1Co 15:50 Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.
1Co 15:51 Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos,
1Co 15:52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
1Co 15:53 Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade.
1Co 15:54 E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.
1Co 15:55 Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
1Co 15:56 O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
1Co 15:57 Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.
1Co 15:58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.






2 - As Coisas do Futuro São Nossas (I Cor 3.22)

Que segurança temos das coisas ainda por vir?

Todavia, "as coisas que virão são nossas", sejam elas boas ou más. Para o bem: o resto da nossa vida, que é nossa para fazer o bem. A morte que está por vir e que é nossa. O julgamento, que é nosso, porque o nosso Irmão, nossa Cabeça, nosso Salvador e nosso Esposo, será nosso Juiz, 1 Coríntios 6.2, e no dia do juízo, haveremos de julgar o mundo. E então após o julgamento o céu é nosso, a imortalidade e a eternidade são nossas, a bendita comunhão no céu é nossa. "Tudo é nosso" então. Na verdade, o melhor está por vir, pois se não tivéssemos nada além das coisas que temos neste mundo, "somos de todos os homens os mais miseráveis", 1 Coríntios 15.19. Ou seja, os crentes, que em sua grande maioria são pobres quanto às coisas mundanas em relação àqueles que são mundo, porque é evidente que eles possuem muito mais os bens terrenos do que aqueles que são do Senhor. Isto tem sido testemunhado ao longo dos dois mil anos da verdadeira igreja de Cristo na Terra, e sempre será assim até o fim. Porque aprouve ao Pai das misericórdias nos fazer pobres destas coisas para o exercício e enriquecimento da nossa fé. Mas o que importa mesmo é que Cristo veio a este mundo se fazendo pobre para que fôssemos enriquecidos nele. De modo que não somos os mais miseráveis do mundo, ao contrário, somos os mais ricos porque temos a Cristo e tudo o que se alcança nele e que não é deste mundo. De modo que quando deixarmos este corpo estaremos para sempre com o Senhor, 1 Te 4.17, sendo co-herdeiros com ele. As coisas ainda por vir são as principais coisas, que a nossa fé conquistará. As coisas que não foram criadas pelas mãos do homem, mas que têm sido preparadas por Deus para aqueles que o amam, especialmente as promessas de felicidade e glória eternas, e a libertação de toda forma de mal, quer interna, quer externa. O Espírito Santo nos tem revelado uma parte destas coisas que nos aguardam, mas o pleno conhecimento do céu é adiado até o tempo em que lá chegarmos. E as coisas más que virão são nossas também. Elas não podem nos fazer mal, elas não podem nos "separar do amor de Cristo”, Rom 8.35. Nada neste tempo presente nos será prejudicial, quanto a poder desfazer a bendita união de nossa alma com Cristo, como Paulo afirma em Rom 8, especialmente na parte final do seu discurso celestial onde afirma triunfalmente em Rom 8,38 39: Rom 8:38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, Rom 8:39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Isto porque todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, Rom 8.28. De modo que tudo contribui para o nosso bem e aperfeiçoamento espiritual, preparando-nos para o desfrute daquela vida melhor que há de se manifestar depois da nossa partida deste mundo. Tudo isto porque nós somos guardados pelo poder de Deus, através da fé, para a salvação que está guardada para nós, I Pedro 1.5. É um grande conforto que nada deve nos separar, não, nem mesmo a própria morte. Mas este texto oferece uma exuberância de conforto acima disso, pois afirma que a morte é nossa, I Cor 3.22, e em sendo assim, nada deve nos separar de Cristo. Assim, eu lhes rogo que se apoderem desta verdade para enfrentar o pensamento da triste separação da alma e do corpo. A morte separa estes dois velhos amigos, mas junta dois melhores amigos, a saber, a  alma e Cristo. A aplicação que o apóstolo pretende com o texto de I Cor 3.22,23, é principalmente, que o cristão tenha a plena convicção do tempo por vir assim como do tempo passado ou presente. Temos certeza do que temos tido, e do que temos, mas também devemos ter a mesma certeza quanto às coisas que ainda estão por vir, quer no futuro neste mundo, quer na glória celestial depois da morte do corpo; porque Deus e Cristo não são apenas Alfa e Ômega; também, Cristo não é somente o que era, que é e que há de vir, Apo 1.8. Ele é "Jeová, o mesmo eternamente”, Heb 13.8. E, portanto, como as coisas passadas não poderiam nos impedir de ser escolhidos e chamados, e as coisas presentes não podem nos prejudicar, porque elas são nossas; ou seja, a nosso favor; as coisas que virão, porque Deus e Cristo, que é o mediador em Deus, têm o comando de todas as coisas que virão. E, portanto, podemos estar assim tão certos e seguros das coisas futuras a partir das coisas presentes. Que conforto é isso, que um cristão, quando ele está debaixo de grandes aflições, poder manter calma a sua mente e o seu coração com o pensamento de que tudo o que vier será sempre para o melhor, uma vez que todas as coisas são a nosso favor, por estarmos em Cristo. Tudo é nosso para ajudar-nos para o céu, tudo é nosso para um fim de conforto e felicidade. Evidentemente não cabem aqui as coisas que são indecorosas e reprováveis, porque estas não são e nem devem jamais ser nossas. Cristo veio para nos tornar ricos das coisas de Deus, da sua própria santidade, e não das coisas mundanas e pecaminosas.








3 - Vida Mais Abundante – Parte 1

"Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância." (João 10.10)

"O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir." Os falsos mestres injuriam e colocam em perigo gravemente as almas dos homens e no final causam sua destruição. Seus fins egoístas só podem ser respondidos pela ruína dos seus ouvintes. O Senhor Jesus, o verdadeiro Mestre dos homens, não causa prejuízo a ninguém, e não traz a morte à porta de ninguém. Seu ensino é cheio de bondade, bondade e amor. Ele opera mais efetivamente para a felicidade e benefício dos homens. O erro é  mortal. A Verdade de Deus é que dá a vida. A vinda da antiga Serpente operou nossa morte. O Advento da Semente da mulher nos trouxe a vida eterna. Jesus Cristo veio, primeiro, para que o seu povo tenha vida. E, em segundo lugar, para que onde a vida já foi dada, ela possa ser desfrutada em abundância.

I. A primeira verdade é que Jesus Cristo veio para que os homens tenham vida. Não vou me estender sobre o pensamento de que mesmo a vida natural prolongada do pecador é devido, em grande medida, por causa da vinda de Cristo. Aquela árvore estéril não ficaria tanto tempo no jardim da vida, se não fosse a intercessão que foi feita por ela aos gritos: "poupai-a mais um ano, até que eu cave ao redor e a fertilize." A interposição do Mediador é responsável pela vida alongada de infratores graves cujos crimes impõem o longo sofrimento do Céu. Se as orações do nosso grande Intercessor cessassem por uma hora, os ímpios seriam, talvez, afundados rapidamente no inferno, como Coré, Datã e Abirão, quando a ira do Senhor irrompeu sobre eles.
Isto, contudo, não é o foco do nosso texto. A vida, no sentido de perdão e libertação da pena de morte, é um grande resultado da vinda de Cristo. Todos os homens em seu estado natural estão condenados à morte, por terem pecado, e devem ser logo levados ao local da execução, devem sofrer a penalidade completa da segunda morte. Se qualquer um de nós é livrado no momento da sentença de morte e tem agora a promessa da coroa da vida, devemos a mudança à vinda do Redentor para ser um sacrifício pelos nossos pecados. Todo homem entre nós deve enfrentar a morte sem fim, a menos que, por meio daquele que veio à Terra e foi pendurado no madeiro como substituto do pecador, nós obtenhamos a remissão completa de todos os nossos pecados, que são como crimes horrendos à vista de Deus, e o veredicto da vida em vez da morte. Há vida em contemplar Jesus, mas, sem isto, os descendentes de Adão estão sob sentença de morte.
Além disso, todos nós estamos, por natureza, "mortos em delitos e em pecados". No dia em que nossos primeiros pais quebraram a lei de Deus, eles morreram espiritualmente, e todos nós morremos neles. E agora, hoje, separados de Cristo, todos nós estamos mortos para as coisas espirituais, sendo desprovidos do Espírito de vida que nos permite ter comunhão com Deus e para entender e apreciar as coisas  espirituais. Todos os homens são, por natureza, sem o Espírito que vivifica, homens não regenerados que têm vida física e a vida mental, mas a vida espiritual eles não possuem, e jamais a terão exceto se Jesus lhes der a mesma. O Espírito de Deus, de acordo com a vontade divina implanta em nós uma semente viva e incorruptível, que é semelhante à natureza Divina. Ele nos confere uma nova vida, em virtude da qual nós vivemos no reino das coisas espirituais, compreendendo os ensinamentos espirituais, procurando as coisas espirituais e estando vivos em Deus, que é Espírito.
Ninguém entre nós tem qualquer forma de vida deste tipo de nascimento, nem pode ser obtida por ritos cerimoniais, ou por mérito humano. Os mortos não podem ressurgir na vida, exceto por milagre, nem pode o homem se levantar para a vida espiritual, exceto pela operação do Espírito de Deus sobre ele, pois é somente Ele, que pode nos vivificar. Cristo Jesus veio nos chamar dos túmulos de pecado. Muitos já ouviram sua voz e vivem. Esta vida espiritual é a mesma vida que irá ser mantida e aperfeiçoada no céu. Nós não devemos, quando ressuscitamos do túmulo, obter uma vida que não possuímos na terra - devemos estar vivos para Deus aqui, ou tomar nossos lugares entre aqueles cujo verme não morre e cujo fogo não se apaga.
Bate no coração do crente no dia de hoje a mesma vida que desfrutarão da plenitude de alegria na presença Divina. Se você olhou para Jesus somente há alguns minutos atrás, ainda assim, agora existe em seu coração a vida abençoada. A semente incorruptível é semeada em você, a qual vive e permanece para sempre. A vida celestial está dentro de você e para isso Jesus Cristo veio para derramá-la sobre nós. A verdade de que Jesus é o doador da vida está bastante clara no texto e isto leva à seguinte reflexão prática – a vida para a sua alma é apenas para ser tida em Jesus. Se, então, você está, neste dia, em busca de salvação, você é instruído para ir à única fonte disto!
A vida espiritual não é o resultado do trabalho - como pode o trabalho do morto espiritual gerar a vida? Não devem primeiro ser vivificados, e então trabalhar com esta nova vida? A vida é um dom e sua concessão a qualquer homem deve ser o ato de Deus. O Evangelho prega a vida por Jesus Cristo. Pecador, veja para onde você deve olhar! Você está completamente dependente da voz vivificante dAquele que é a Ressurreição e a Vida. “Isso", diz alguém, "é muito desanimador para nós." Destina-se a ser! É a bondade de desencorajar os homens quando eles estão agindo em princípios errados. Enquanto você acha que sua salvação pode ser efetuada por seus próprios esforços, ou méritos, ou qualquer outra coisa que possa surgir de si mesmo, você está no caminho errado e então é nosso dever desencorajá-lo.
O modo de vida reside no sentido oposto. Você deve procurar imediatamente ao Senhor Jesus Cristo! Você deve confiar no que Ele fez e não naquilo que você pode fazer. E você não deve observar aquilo que você pode trabalhar em si mesmo, mas o que Ele pode trabalhar em você. Lembre-se que a declaração de Deus é que "Quem crê em Jesus tem a vida eterna." Se, portanto, você está habilitado para vir e se lançar sobre o sangue e a justiça de Jesus Cristo, você tem a vida eterna imediatamente, o que, todas as suas orações, lágrimas, arrependimento, ir à igreja, etc, nunca poderiam trazer para você!
Jesus pode lhe dar isto livremente neste momento, mas você não pode trabalhá-lo em si mesmo. Você pode imitá-lo e enganar a si mesmo. Você pode enfeitar o corpo e fazê-la parecer como se estivesse vivo espiritualmente, mas a vida é um fogo Divino e você não pode roubar a chama, ou acendê-la por si mesmo! Pertence a Deus, somente, o poder de vivificá-lo, e, portanto, eu lhe incentivo a olhar somente para Deus em Cristo Jesus! Cristo veio para que tenhamos vida! Se pudéssemos ter obtido a vida sem a Sua vinda, por que Ele precisaria ter vindo? Se a vida pudesse vir para os pecadores sem a Cruz, por que pregar o Senhor da Glória no madeiro vergonhoso? Por que suas feridas sangrantes, Emanuel, se a vida poderia vir por outra porta?
No entanto, ainda mais, por que o Espírito de Deus desceu no dia de Pentecostes, e por que Ele ainda permaneceria entre os homens, se eles podem ser vivificados sem Ele? Se a vida é para ser obtida sem o Espírito Santo, para que fim Ele trabalha no coração humano? O Salvador sangrando e habitação do Espírito são provas convincentes de que a nossa vida não vem de nós mesmos, mas do alto. Afastem-se, portanto, de si mesmos! Não procurem o que vive entre os mortos! Não busque no seu sepulcro a vida divina. A vida dos homens está no Salvador e quem crê nele nunca morrerá!

Tradução, adaptação e redução feitas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de Charles Haddon Spurgeon, em domínio público.




4 - Vida Mais Abundante – Parte 2

II. Mas temos a intenção de passar a maior parte do nosso tempo, neste momento na segunda verdade de Deus, a saber, que Jesus veio para que aqueles a quem ele deu a vida possam tê-la em abundância. A vida é uma questão de graus. Alguns têm vida, mas ela pisca como uma vela que está apagando, e é indistinta como o fogo no pavio que fumega. Outros são cheios de vida e são luminosos e veementes, como o fogo na forja do ferreiro quando os foles estão em pleno vapor. Cristo veio para que Seu povo possa ter a vida em toda sua plenitude.
Aumento de vida pode ser visto de várias maneiras. Pode ser visto na cura. Um homem está doente na sua cama, ele está vivo, mas ele dificilmente pode mover um membro, ele é impotente e dependente daqueles que o rodeiam. Sua vida está nele, mas quão pouco é o seu poder! Agora, se o homem se recupera, se levanta de sua cama e toma o seu lugar no campo de batalha do mundo, é evidente que ele tem vida mais abundante do que na sua doença! Mesmo assim, há cristãos doentes dos quais precisamos dizer: "Fortalecei as mãos fracas e firmai os joelhos vacilantes." Sua constituição espiritual é fraca, eles fazem, mas pouco. Quando o Senhor Jesus restaurá-los, fortalecer-lhes a sua fé, iluminar a sua esperança e torná-los saudáveis, então eles não têm apenas vida, mas eles têm ainda muito mais!
Nosso Senhor deseja que tenhamos saúde espiritual. Ele tem para esse fim sido o Médico de nossas almas. Ele cura todas as nossas doenças e é a saúde do nosso rosto. Uma pessoa pode, no entanto, estar na saúde e, ainda assim você pode desejar que ela tenha mais vida. Uma criança pequena, por exemplo, está em perfeita saúde, mas ainda não pode correr sozinha. Coloque-a no chão, e ela engatinha um pouco, e está pronta para cair. Esses ossos devem endurecer e os músculos devem ganhar força. Quando o menino se tornar adulto, ele terá vida mais abundante do que quando era um bebê. Nós crescemos na graça divina, podemos avançar no conhecimento, na experiência, na confiança e na conformidade com a imagem de Nosso Senhor. De bebês em Cristo Jesus nós avançamos para homens jovens. E de jovens a pais, na Igreja. Jesus quer nos fazer crescer. Este é um dos projetos de sua vinda e, portanto, possuímos vida mais abundantemente.
Uma pessoa pode, no entanto, ter tanto saúde quanto crescimento, e ainda desfrutar de uma medida restrita de vida. Suponha que ele está confinado como prisioneiro em uma cela estreita onde as cadeias e as paredes de granito perpetuamente limitam seus movimentos. Você pode chamar a sua existência, de vida? Não seria preciso falar dele como morto, enquanto ele vive, e descrever seu calabouço como um túmulo vivo?
Agora, marque bem isto: se o Filho de Deus vos libertar, sereis livres, de fato, e nesta liberdade encontramos vida abundante, transbordante como os fluxos de uma fonte!
Irmãos e irmãs, saibam que vocês não são mais escravos, mas filhos, herdeiros do Céu, co-herdeiros com Jesus Cristo, de quem os santos são companheiros e de quem os anjos são servos, isso é ter vida em abundância!
Tenho, assim, apresentado alguns dos pontos em que o aumento da vida se revela. Agora vou estabelecer o mesmo assunto de outra maneira. Gostaria de colocar diante de vocês, sete particularidades nas quais os cristãos devem procurar uma vida mais abundante.
Em primeiro lugar, deixe-os buscar mais resistência. Nosso Senhor Jesus veio para que, em um sentido espiritual, possamos ter resistência, para que tenhamos uma vida bem fundamentada, bem equipada e bem estabelecida, confirmada e vigorosa, para que possamos ser capazes de árduo serviço e ações poderosas! Ele quer nos fazer caminhar sem cansaço e correr sem desmaiar.
Amado, você não vê quão grande é a diferença que há entre alguns cristãos? Não são alguns deles inválidos espirituais? Eles acreditam, mas a sua oração preferida é: "Senhor, ajude a nossa incredulidade!" Eles esperam, mas o medo está quase totalmente alojado em seus corações. Eles têm amor a Cristo, mas muitas vezes duvidam: "Eu amo o Senhor, ou não? Sou Seu ou não sou?"
Eles precisam de medicamentos e enfermagem. Dê-lhes algum trabalho para fazer para o Senhor e em quão breve tempo eles se cansam! Desencoraje-os um pouco e eles estão em desespero! Oh, que o Espírito de Deus lhes desse vida em abundância! Temo que uma grande proporção de homens cristãos neste dia estão na lista de doentes. Eles estão em um declínio profundo do princípio saudável e vital da santidade.
É triste ver como alguns cristãos professos são desviados por qualquer erro que é colocado diante deles. Se todos os cristãos fossem iguais, então o erro se disseminaria rapidamente entre nós, por falta desta firmeza de fé requerida.
Eles creem, mas não sabem o porquê ou em quê, e não podem dar a razão da esperança que está neles. Eles não têm em si o material do qual os mártires são feitos.
Aqueles que têm vida mais abundante são bons soldados de Jesus Cristo. Eles não são levados por todo vento de doutrina, mas permanecem na verdade de Deus, como lhes foi ensinada. Eles clamam, "Ó Deus, meu coração está firme!" Eles são "fortes no Senhor e na força do Seu poder".
Em um segundo sentido, temos vida em abundância pelo alargamento da esfera de nossa vida. Para algumas formas de vida humana, a gama é muito estreita.  Nós lemos: "A terra é do Senhor e toda a sua plenitude", mas eles leem isto assim: "Esta terra é do nosso Deus e a plenitude portanto é toda nossa." As almas desses homens vivem como  esquilos em gaiolas, e cada dia sua roda de brinquedo girando é todo o mundo que eles conhecem. Jesus Cristo veio para dar a seu povo uma vida mais ampla, mais abrangente do que isso!
Não estamos falando de conhecimento e aplicação em coisas naturais.
Quando Jesus vem, Ele amplia a esfera da mente mais capacitada e faz o maior intelecto sentir que era, senão uma pequena cabine confinada, até que Ele o liberte.
A graça de nosso Deus que nos perdoa agora nos firma numa rocha e nos faz contemplar o paraíso de perdão! Que coisa abençoada é ser perdoado, e ser querido ao coração do Pai e sentir o beijo do Pai! Este é um mundo novo para nós, vivermos como vivem aqueles que habitam com Deus para ver Seu sorriso e banquetear-se com seu amor! Esta é uma vida sem dimensões médias, para que habitemos em Deus e estejamos em comunhão com o Infinito. Neste sentido, temos a vida em abundância.
Em terceiro lugar, a nossa vida em Cristo torna-se mais abundante assim como os nossos poderes são exercitados.
Suponho que todos os poderes do homem estão na criança, mas muitos deles estão dormentes e somente serão exercidos quando a vida for mais abundante. Nenhum de nós sabe o que pode ser, mas estamos em nossa infância. Cristo veio para nos dar uma vida mais plena que nós ainda não temos atingido. Olhe para os apóstolos! Antes do Pentecostes, eram meros estudiosos juniores, só podiam se ocupar com as formas inferiores. Eram muitas vezes ambiciosos e controversos entre si, mas quando Jesus lhes deu o Espírito Santo, que homens diferentes eles se tornaram! Você acredita que o Pedro do Evangelho poderia ser a mesma pessoa do Pedro do Livro de Atos? No entanto, ele era o mesmo homem! O Pentecostes tinha desenvolvido nele novos poderes. Quando eu o ouvi dizendo: "Eu não conheço esse homem", e poucas semanas depois o vi em pé no meio de partos, medos, elamitas e, corajosamente pregando a Cristo, eu pergunto: O que aconteceu com esse homem? E a resposta é que Cristo lhe deu vida em abundância e ele desenvolveu em si mesmo poderes que estavam antes escondidos! Amado, você ora, sim, mas, se Deus lhe der mais vida, você vai orar como se fosse Elias! Mesmo agora você busca a santidade, mas se você tem vida mais abundante, você vai caminhar diante do Senhor em gloriosa retidão como fez Abraão! Eu sei que você louva o Senhor, mas se a vida mais abundante encher você, você vai rivalizar com os anjos em suas músicas! Repito o que já lhe disse, não sabemos o que podemos ser.
Ore a Jesus para fazer tudo o que você pode ser. Diga a Ele: "Senhor, me alimente em todas as graças, poderes e faculdades pelos quais eu possa te glorificar. Para a plenitude da minha maturidade, usa-me. Envie um rio cheio de vida sobre mim para que toda a minha alma possa acordar e tudo que está dentro de mim, o Senhor possa ampliar. Extraia de mim aquilo que possa vir de uma coisa tão pobre como eu. Faça o  Teu Espírito operar em mim para o louvor da glória da sua graça."
Em quarto lugar, há um aumento do grau de energia que inferimos do texto. Podemos ter os poderes, mas não podemos exercê-los, e, sem dúvida, muitos homens têm grandes capacidades espirituais, mas eles se encontram ainda com falta de intensidade de propósito.
Agora, o Senhor Jesus tem nos equipado com um propósito que certamente nos estimulará a uma vida cheia de  energia, pois "o amor de Cristo nos constrange".
Ele nos deu um motivo e um impulso aos quais não podemos resistir e estamos em aliança com Ele para glorificar Seu nome, enquanto vivermos. Estamos solene e sinceramente decididos a buscar a Sua honra. Isso dá uma intensidade de vida que aumenta sua abundância.
Um coração que é totalmente entregue ao amor de Jesus é capaz de ter pensamentos e ações que para as almas mais frias devem ser sempre estranhos!
Em quinto lugar, diremos que a abundância de vida é muitas vezes vista no transbordamento de alegria.
Quando as igrejas são avivadas, a vida abundante está nelas, então como cantam! Nunca vem um reavivamento da religião, sem um renascimento do canto! Assim, tão logo veio a Reforma de Lutero, os Salmos foram traduzidos e cantados em todas as línguas! E quando Whitfield e Wesley estão pregando, então, Charles Wesley e Toplady devem estar compondo hinos para o povo cantar, pois devem mostrar a sua alegria, uma alegria que nasce da vida! Quando o Senhor lhe dá, caro amigo, mais vida, você também vai ter mais alegria. Você não vai mais ficar deprimido em casa, ou pensando melancolicamente quando o Senhor lhe der a vida mais abundante!
Agora, em sexto lugar, este é um fato um tanto peculiar, mas eu acho que não deve ser omitido. A abundância de vida será vista na delicadeza de sentimentos. Quando o Senhor Jesus Cristo dá da Sua vida às pessoas, em suas formas mais elevadas, elas se tornam mais capazes de suportar a dor. O mesmo pecado dói cem vezes mais do que costumava fazer, e elas vão se esforçar com maior ansiedade para evitá-lo. Se você for um cristão, você pode agir errado e será penitente. Mas se você tem muita vida e você age errado, ah, então o seu coração vai se contorcer com angústia e você vai odiar a si mesmo diante de Deus! O homem cheio de vida sensível não somente irá sofrer mais, como também terá mais prazer, porque ele é sensível às alegrias desconhecidas para outros, e toda a sua constituição se emociona com um prazer que outros percebem, senão vagamente.
O nome de Jesus é indescritivelmente doce para aqueles que têm uma vida abundante! Ele é precioso, se você somente tem vida, mas ele tem um valor acima de tudo o mais, para aqueles que têm o coração cheio da vida abundante.
E isso não é tudo o que eu quero dizer com delicadeza. Eu me refiro a isto: há uma delicadeza na fé com a qual somos educados não somente a entender, mas lidar com a boa Palavra da Vida. Quando dotados com esta faculdade, nós penetramos nos mistérios do coração de Jesus como os outros não podem fazer!  Então, o Senhor deseja que seu povo desfrute de uma vida sensível que lhes revelará o que eles nunca teriam sentido e conhecido. Oh, quanto sua alma é abençoada com delicadeza santa! Quanto cada parte de sua natureza se torna cheia e transbordando de sensibilidade intensa! E, quando você tem uma sensibilidade educada para a mente divina, então, você estará onde Cristo deseja que você esteja!
Precisamos de olhos que irão ver a terra que está muito longe assim que  os portões de ouro da nossa casa celestial estiverem visíveis para nós. Assim, devemos ter a vida "em abundância".
O sétimo ponto é este – a vida, quando ela é em abundância, torna-se suprema. Os cristãos devem ter vida tão abundante que as circunstâncias não devem ser capazes de vencê-los – tão abundante  vida que na pobreza são ricos, na doença eles têm saúde espiritual, no desprezo eles estão cheios de triunfo - e na morte cheios de glória!
Gloriosa é aquela vida que desafia as circunstâncias! Cristo deu a nós, irmãos e irmãs, a vida suprema, em sua tenacidade - ela não pode ser destruída - "Quem nos separará do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor?" Nem as coisas presentes, nem coisas por vir podem fazer isso. Nós temos a vida tão abundante que triunfa sobre tudo. O que eu desejo para nós, além de tudo é ter essa vida tão abundante que possa ser suprema sobre todo nosso ser. Há morte dentro de nós  e esta morte luta contra a nossa vida. Nossa vida tem vencido a morte  e a tem mantido sob os nossos pés, mas tremenda é a luta da morte para subir novamente e obter o domínio.
Irmãos, devemos manter a morte derrubada, devemos agarrá-la como com bandas de ferro e segurá-la e firmar nossos joelhos em oração sobre ela e pressioná-la contra a terra. Não devemos permitir que o pecado tenha domínio sobre nós, mas sim, a vida mais abundante, pela graça divina, que deve triunfar sobre a corrupção interior! Há ainda muito diante de vocês, irmãos, mas que é muito atingível. Você não deve se sentar e dizer: "Devemos estar sempre presos à carne, para produzir obediência." Amado, você pode vencer! A graça de Deus estará em você, você pode vencer!
A força de Deus, a vida de Deus que está em você pode ser aumentada e deve ser aumentada, pois Cristo veio para aumentá-la, até que a morte seja trilhada e você será mais do que vencedor, por meio daquele que lhe amou!
Se você precisa de vida, você deve obtê-la em Cristo. Se precisar de mais vida, você deve ir para o mesmo lugar. Não olhe para Cristo, no início e, em seguida, para outro lugar no final! Cristo veio para que você possa ter mais vida. Venha a Ele pela fé. Não olhe para cerimônias ou serviços exteriores ou qualquer outra coisa para o crescimento na graça, além de Jesus, mas voe para ele e ele vai dá-la a você, e você deve ser rico para todos os fins de bem-aventurança.

Tradução, adaptação e redução feitas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de Charles Haddon Spurgeon, em domínio público.








5 - Algo Para Ser Pensado e Refletido

A questão da vida eterna é muitas vezes respondida pelo sentido de alarme de grande perigo que se corre com o estilo de vida assumido.
Paradoxalmente, o que aparenta ser uma enorme vantagem para a salvação da alma, para a maior parte da humanidade, que vive de forma honesta e ordeira, pode vir a ser um terrível impedimento para tal propósito, quando se faz da justiça própria o meio para alcançá-lo.  
Há de se viver de tal forma, mas não colocando nisto a nossa confiança para sermos salvos, porque é aí onde reside o perigo.
Por isso Jesus disse que meretrizes e ladrões precediam os escribas e fariseus no reino de Deus, porque haviam crido no evangelho; enquanto eles não se arrependeram e nem creram quando ouviram a pregação da verdade.  (Mateus 21.31,32)
O que Jesus quis ensinar é que o modo de vida pecaminoso das meretrizes e dos ladrões era uma evidência marcante para eles, da necessidade de arrependimento e conversão.
Por isso se achavam, potencialmente, em relação aos escribas e fariseus, em melhores condições de entrarem no reino de Deus.
Eis então denunciado pelo Senhor o grande perigo da justiça própria e da acomodação ao estilo de vida que é aparentemente justo, mas que não possui a única Justiça que pode satisfazer à exigência de Deus, que passa pela nossa conversão a Cristo.







6 - Vida Eterna

Na Bíblia, a vida eterna é apresentada às vezes, em contraposição a castigo eterno (Mateus 25.46).
Disto se depreende que esta expressão tem a ver com o tipo, com a qualidade de vida de bem-aventurança com Deus, além do seu significado usual, de algo que não pode ser medido pelo tempo; que é duradouro, para sempre.
Há de se destacar, que o castigo eterno é algo para o qual todos estão destinados naturalmente, em razão do pecado, mas a vida eterna é a reversão desta condição, que pode ser obtida somente em e por Jesus Cristo.
Há uma infinidade de razões para isto, mas nos deteremos em apontar apenas algumas que sejam suficientes para melhor entendermos o que seja esta vida eterna, que só pode ser obtida em Jesus.
 Em João 17.3, nosso Senhor apresenta uma breve definição do que seja a vida eterna, indicando o único modo de alcançá-la, ou seja, pelo conhecimento pessoal e íntimo de Deus Pai, por meio do Filho:
“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.”
Nós podemos observar em várias passagens bíblicas, que já entramos na posse da vida eterna quando cremos em Cristo, mas a plenitude desta vida somente poderá ser vista no porvir, quando todas as coisas estiverem restauradas pelo poder do Senhor.
Por ora, ainda há a morte do corpo, que em certo sentido é uma interrupção da vida, mas quando estivermos na plenitude do estado de vida eterna, já não haverá mais qualquer morte, nem mesmo nascimentos, porque estará selado para sempre o destino daqueles que hão de herdar a vida eterna, e o daqueles que herdarão o desprezo e vergonha eterna (Daniel 12.2).
Estando limitados pela noção de espaço e tempo, que são determinados pela matéria e pela velocidade, torna-se muito difícil para nós, entendermos completamente o significado da dimensão desta vida eterna que é espiritual, e que, portanto não está subordinada a tempo e espaço, assim como não está o nosso Deus, do qual se diz que para Ele um dia é como mil anos, e mil anos como um dia.
Não conseguimos manter permanentemente em memória a visão que convém à vida eterna, quando esta for estabelecida, e quando já não houver nem esta Terra, nem todo este universo, uma vez que depois do milênio será estabelecido o juízo do Grande Trono Branco citado em Apocalipse, quando já não mais existirá o ímpio e nem mesmo qualquer descendência humana, porque o número dos eleitos terá sido completado, e Deus porá um fim completo à possibilidade de haver algum pecado entre aqueles que foram por Ele completamente aperfeiçoados em Jesus.
Todos serão como os anjos, em corpos celestiais glorificados imateriais, e teremos por morada eterna a Nova Jerusalém, a cidade que não precisa da luz do sol e não pertence a esta dimensão material e natural.
A glória de Deus será manifestada em plenitude em todas as suas criaturas que herdaram a vida eterna, e já não haverá qualquer mancha, ou ruga, ou coisa semelhante.
Este estado eterno absoluto somente será estabelecido quando o plano de Deus tiver sido cumprido totalmente. E é neste sentido que a Bíblia diz que aguardamos por esta vida eterna, ou eternidade em Cristo Jesus.
Por isso a redenção, a justificação, a regeneração, a santificação, a aliança com Deus por meio de Jesus Cristo; enfim, a nossa salvação deve possuir também este caráter eterno, sendo inextinguível em sua natureza, pois foi para a eternidade que estamos sendo destinados, para fazermos parte do cumprimento do propósito eterno de Deus. Especialmente o autor da epístola aos e Hebreus, se refere a isto em várias passagens.
Daí se infere que a segurança da nossa salvação é também eterna.
Por haver uma coroação nos aguardando e uma vida que terá um peso de glória que não pode ser comparado nem o mínimo com o que vivemos aqui, o apóstolo Paulo se expressou da seguinte maneira:
“Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” (I Coríntios 15.19).
E também:
“Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” (Romanos 8.18)
Por tudo o que vimos podemos dizer que vida eterna é muito mais do que viver para sempre, e podemos assim, entender melhor o caráter da promessa que Jesus nos faz por cremos nEle.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacada a expressão:
. aionios zoe (grego ) – aionios –eterna; zoe – vida; relativos ao assunto, acessando o seguinte link:

http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128530

Você pode ler toda a Bíblia com a interpretação de capítulo por capítulo acessando o seguinte link:

http://interpretabiblia.blogspot.com.br/

E Sermões e mensagens  em:

http://retornoevangelho.blogspot.com.br/







7 - A Casa Derrubada e a Mansão Erigida

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

"Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus." (2 Coríntios 5.1).

O apóstolo Paulo figura entre o mais bravo dos bravos. Notamos, também, com admiração, como o herói de tantos perigos e conflitos, que poderia brilhar e queimar com fervor, ainda estava entre os mais calmos e tranquilos de espírito. Ele tinha aprendido a viver além dessas circunstâncias presentes que preocupam e perturbam. Ele havia realizado uma marcha sobre as sombras do tempo e entrado na posse das realidades da eternidade! Ele não olhou para as coisas que se veem, mas colocou toda a sua atenção nas coisas que não se veem e, por esse meio, ele entrou em uma profunda paz e alegria que o fez forte, decidido, firme, imutável. Eu gostaria que Deus nos concedesse a capacidade que dera a Paulo de ser "sempre confiante" - o hábito de ter o homem interior renovado de dia em dia!
A maioria de nós é como o inseto dos dias de verão, que ostenta a sua vida por breve momento entre as flores e eis que tudo está acabado! Será que não estamos muito aptos a viver no presente imediato que é revelado pelos sentidos? A maioria dos homens tem as suas almas presas a seus corpos - aprisionadas dentro das circunstâncias do dia! Se pudéssemos ser completamente libertos do cativeiro das coisas visíveis e sentidas, e pudéssemos sentir a influência total do invisível e do eterno, quanto do Céu poderíamos desfrutar!
A vida de Paulo foi áspera e tempestuosa, mas ainda, quem não a desejaria? Se não houvesse vida futura, ele teria sido, de todos os homens, o mais miserável, pois era um dos mais pobres, mais perseguido, mais desprezado, mais caluniado, mais cansado e o mais sofrido dos mortais! E, no entanto, se eu tivesse que apontar o dedo para uma vida feliz, eu não hesitaria em escolher a vida do apóstolo Paulo, para quem viver era Cristo! Também deve ser notado especialmente, quanto à sua felicidade, que ele tinha uma razão para isso. Meu texto começa com a palavra "Porque". Paulo é sempre argumentativo -a inclinação de sua mente é nessa direção. Portanto, se ele é derrubado, ele tem uma razão para isso e se ele está calmo, ele pode mostrar a justa causa para a sua paz.
Alguns religiosos estão delirantemente felizes, mas não podem te dizer o porquê. Eles podem cantar e gritar e dançar, mas eles podem não apresentar nenhuma razão para sua excitação. Eles veem uma multidão entusiasmada e eles pegam a infecção - a sua religião é puramente emocional! Eu não vou condená-los, mas eu lhe mostrarei um caminho mais excelente. A alegria que não é criada por causas substanciais é mera espuma e a espuma logo se desvanece. A menos que você possa dizer por que você está feliz, você não vai ficar muito tempo feliz. Se você não tiver princípio na parte de trás de sua paixão, a sua paixão vai queimar até virar uma cinza negra e você vai procurar em vão por uma centelha de vida.
Não era assim com Paulo - ele era um homem bem equilibrado. Se era capaz de desafiar o presente e se gloriar na perspectiva do futuro, ele tinha uma sólida razão para fazê-lo. Eu gosto de um homem que é fervoroso e entusiasta e ainda em seu fervor é tão razoável como se ele tivesse uma lógica fervorosa. Deixe o coração arder, mas tenha cuidado para que seja controlado e gerido pela discrição. Um homem cristão instruído é racional, mesmo em seus êxtases – está pronto para dar a razão da esperança que está nele e cuja esperança parece elevar-se acima de toda razão. Ele está feliz, mas ele sabe qual é a razão da sua alegria. E para que ele possa suportar as provações cruéis do mundo, expõe alegria espiritual. A paz do verdadeiro crente pode responder às minúcias de tempo ou aos demônios. Esta é uma casa construída sobre um firme fundamento, uma árvore que tem uma raiz firmemente estabelecida, uma estrela fixa em sua órbita e, portanto, é infinitamente superior à casa construída sobre a areia, à árvore arrancada, ao vapor fugaz da mera emoção.
Que Deus, o Espírito Santo nos instrua para que possamos conhecer a Verdade de Deus de que a felicidade sólida certamente deve crescer! Eu vejo no texto diante de nós, antes de tudo, uma catástrofe que Paulo via ser muito possível, "Se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer." Em segundo lugar, a provisão que ele certamente sabia que seria feita quando essa catástrofe ocorrer, "Nós temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus." Devemos refletir sobre o valor deste conhecimento que o apóstolo Paulo possuía.
"Se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer." – ou seja, a morte física. Paulo não tinha medo de que ele próprio fosse dissolvido! Ele não tinha o menor medo quanto a isso. Ele não diz: "Se eu fosse destruído", ou "Se eu tivesse que ser aniquilado." Ele não conhece a suposição deste caráter. Ele sente-se convicto de que ele próprio está perfeitamente seguro.
Está latente no texto um elemento de profunda calma quanto a seu verdadeiro eu. "Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício." Se a nossa casa for dissolvida não devemos ser desfeitos. Se fôssemos perder esta tenda terrena temos "um edifício de Deus, eterno, nos céus." O homem real, o eu essencial, está fora de perigo e tudo o que ele fala é sobre a queda de peças de um certo tabernáculo, ou tenda, no qual, no presente, ele está hospedado! Muitas pessoas estão em um grande medo em relação ao futuro, mas aqui Paulo está vendo a pior coisa que poderia acontecer-lhe, com tanta complacência, que ele a compara a nada pior do que a demolição de uma barraca em que ele estava se preparando para residir por um pouco de tempo.
Uma casa de alvenaria sólida pode precisar de um pé de cabra e uma picareta para remover as pedras de seus lugares, mas as ferramentas mais fracas podem desfazer uma tenda – o tabernáculo ao qual Paulo se refere no texto - e não devemos esquecer que ele tinha o ofício de fabricar tendas.
Isto reporta à fragilidade dos nossos corpos. Nós não somos tão tolos a ponto de pensar que porque estamos em uma saúde robusta, hoje, temos necessariamente de viver assim na velhice! Nós recentemente tivemos entre nós abundante evidência de que aqueles que parecem ser os mais saudáveis ​​são muitas vezes os primeiros a serem levados, enquanto pessoas débeis permanecem no meio de nós, cujas vidas são uma maravilha contínua e uma luta perpétua! Quando pensamos da mercadoria frágil de que nossos corpos são feitos, não é de estranhar que em breve deverá ser quebrado.
Quando Paulo estava escrevendo esta carta, tinha muitos sinais sobre ele de que seu corpo seria dissolvido. Seus muitos trabalhos estavam dizendo isso. Ele estava desgastado com a fadiga. Ele foi gasto no serviço de seu Mestre.
Ele estava tão cheio do fogo celestial que nunca poderia descansar! Depois que evangelizou uma cidade, foi forçado a ir para outra. Se fosse expulso de um vilarejo, ele corria para o outro, pois estava ansioso para entregar a mensagem de salvação. Vestia-se com trabalho e sentia, portanto, que chegaria o dia quando o seu corpo iria ceder sob a intensa emoção de sua agonia de vida. Além disso, ele suportou frio, fome, nudez e a doença que lhe vieram pelos seus sacrifícios missionários.
Uma vez ele comoventemente falou de si mesmo como "Paulo o velho" - e os velhos não podem fugir à consciência de que seu corpo está falhando. Certas partes em ruínas avisam o idoso que a casa está em ruínas. Há sinais da idade que lhes avisa que sua casa terrena não foi construída para permanecer para sempre - é um tabernáculo ou tenda montada para fins temporários. Portanto, Paulo foi levado a sentir que tanto a fragilidade natural do corpo e, também, a partir das injúrias que já tinha sofrido, havia diante dele a probabilidade evidente de que a casa terrena de seu tabernáculo seria dissolvida.
Mas Paulo sabia que se a sua morada em tenda fosse derrubada, ele não ficaria sem um lar! Ele sabia que tinha "um edifício de Deus."
Que conforto saber que em tudo o que ocorre à nossa casa temporária, temos uma morada fixa e se estabelecida! Isso nos faz sentir independentes de todos os perigos e ajuda-nos a acolher com alegria o inevitável, venha ele quando vier! O que o apóstolo quer dizer, no entanto? Ele quis dizer, em primeiro lugar, que no momento que a sua alma deixasse o seu corpo, que ele entraria ao mesmo tempo naquela casa de que Jesus disse: "Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito" Você quer saber sobre essa casa? Leia o Livro do Apocalipse e aprenda sobre seus portões de pérolas, suas ruas de ouro, suas paredes de pedras preciosas mais raras! Leia sobre o rio que atravessa a cidade e sobre as árvores que dão os seus frutos a cada mês!
Neste momento, neste corpo mortal, nós gememos desejando que o nosso espírito seja libertado da escravidão, mas o nosso corpo ainda não está emancipado, embora tenha sido comprado com um preço. Nós estamos "esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo", e assim, "o corpo está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida por causa da justiça." Nossa alma foi regenerada, mas o corpo aguarda o processo, que, em seu caso, é análogo à regeneração, ou seja, a ressurreição dos mortos. Santos desencarnados podem ter que esperar alguns milhares de anos, mais ou menos, e habitar na casa do Pai acima, mas virá o som da trombeta e a ressurreição dos mortos, e então o espírito aperfeiçoado habitará em um corpo adaptado para a sua glória. A certeza da ressurreição nos eleva acima do medo que, caso contrário, cercaria a dissolução do nosso corpo.
Isso nós sabemos, pois conhecemos o amor do Espírito. Ele que fez do nosso corpo o Seu templo encontrará um descanso para as nossas almas. Assim, a partir do Pai, do Filho e do Espírito Santo, temos a garantia de que não vamos passear para lá e para cá sem casa, embora esta forma mortal seja dissolvida! Além disso, deixe-me dizer-lhe uma coisa. Paulo sabia que quando ele morresse, havia um paraíso preparado, pois ele já havia estado lá, conforme seu próprio relato em 2 Coríntios 12. Ele diz que foi levado até o terceiro céu! Lembre-se que este é o lugar para onde o Senhor Jesus disse que levaria o ladrão moribundo: "Hoje estarás comigo no Paraíso". Este é o lugar onde Jesus está e onde estaremos com Ele para sempre, quando a casa terrestre deste tabernáculo for dissolvida! No entanto, mais uma vez, queridos irmãos e irmãs, você e eu sabemos que quando este tabernáculo terrestre for dissolvido, haverá um novo corpo para nós, porque nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos. Em minha mente a resposta definitiva para a minha mais profunda descrença é o fato da ressurreição de Jesus dentre os mortos!
Logo estaremos em nossa nova casa. Ah, irmãos e irmãs - uma hora com o nosso Deus vai compensar todas as provações do caminho!
Por isso, vamos nos entregar a esse amor divino e, confiando no nosso Senhor, vamos seguir em frente para a felicidade eterna, até que o dia amanheça e fujam as sombras! Vamos triunfar e nos regozijar porque está preparado para nós um "edifício de Deus, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus."








8 - Não Apenas Salvador mas a Própria Vida Eterna

Bem-aventurados são todos aqueles que sabem e reconhecem que nosso Senhor Jesus Cristo não é apenas o Salvador que os justifica e que os livra da condenação eterna, mas também o Único que é dado à humanidade para ser a vida daqueles nos quais habita por meio do Espírito Santo.
Ora, o que são os ramos sem a Videira? Eles têm vida e frutificam?

De igual modo, ninguém pode ter a vida espiritual celestial operando sucessivos crescimentos e transformações se não estiver unido a Jesus pela fé, experimentando o poder da Sua vida sobrenatural divina em seu ser.







9 - A União que Dá Vida Eterna

Tudo e todos pertencem a Cristo conforme o desígnio de Deus Pai, que assim o decretara antes mesmo da fundação do mundo.

“porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele.” (Colossenses 1.16)

Mas somente aqueles que são lavados de seus pecados no sangue de Cristo, são tornados filhos e herdeiros de Deus.
Isto porque a justiça de Deus exige que somente podem participar da sua natureza perfeita e santa, aqueles que forem semelhantes a Cristo.
Por isso, estes que participam da vida de Cristo, foram antes, justificados pelo perdão total de seus pecados.
São herdeiros de Deus e do próprio Cristo, porque são a sua herança assim como Cristo é também a herança deles.
E isto sucede porque agora já não são muitos mas apenas um com Cristo, assim como ele é um com o Pai e com o Espírito Santo.
Por isso o cristão deve viver agora para Aquele que o salvou e justificou.
Quem não tiver isto não está vivo mas morto espiritualmente, separado da natureza de Deus, porque é impossível ter vida espiritual e eterna fora do filho de Deus.








10 - Vida Eterna

Por Charles Haddon Spurgeon

“E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.” (João 10:28)

Alguns vão dizer que isso é uma congregação mista, e que tal Doutrina como esta não deve ser apresentada na presença de homens e mulheres ímpios. Isso mostra o quão pouco esses objetores leem a Bíblia, por isso mesmo que o texto foi falado pelo Salvador, não para os seus discípulos amorosos, mas aos seus inimigos. Leia o versículo 31 do capítulo, e você vai ver o temperamento da congregação a quem Jesus Cristo pregou sobre este assunto: “Então os judeus pegaram pedras para apedrejá-lo novamente”. Assim foi uma multidão indignada de fanáticos que teve isso lançado em seus rostos pelo Salvador, embora pudessem rejeitá-lo, e por causa de sua obstinação intencional poderiam perder as bênçãos da Graça Divina, no entanto essas bênçãos foram ricas e raras. Ele gostaria que eles soubessem que o que eles perderam foi indescritivelmente precioso, e que a sua mensagem não devia ser desprezada sem grande prejuízo para suas almas. Assim, se há uma multidão mista aqui – e eu temo que a alegação é verdadeira, de que há muitos aqui que não podem compreender a preciosidade das coisas de Deus – ainda assim, pela mesma razão que levou o Salvador a pregar esta Doutrina à ímpios de seus dias, vamos fazer o mesmo agora, para que possam saber o que é que eles perdem por perder a Cristo, e que coisas confortadoras são as que eles desprezam, e quais são os tesouros inestimáveis os quais devem perder aqueles que procuram pelos tesouros deste mundo, e deixam o seu Deus, o seu Salvador ir.
Não temos tempo para nos demorarmos, deixe-nos, portanto, como a abelha que suga o mel da flor, buscar a essência doce do texto: “Eu lhes dou a vida eterna”. O contexto nos diz que o pronome “eles” se refere às ovelhas de Cristo, a certas pessoas que Ele escolheu para serem Suas ovelhas, e que ele também havia chamado para serem tais. Para que não seja incerto quanto a quem são, o nosso Salvador gentilmente nos colocou em posse das marcas pelas quais as Suas ovelhas podem ser conhecidas. Não podemos ler o rolo secreto da eleição, nem podemos esquadrinhar o coração, mas podemos observar a conduta externa dos homens, e o versículo anterior ao texto nos diz por quais sinais podemos conhecer o povo de Deus: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem”. As marcas são a audição de Cristo, e, em seguida, o seguir a Cristo, em primeiro lugar, pela fé nEle, e, em seguida, por uma obediência ativa aos seus preceitos. A fé que opera pelo amor é a marca das ovelhas de Cristo, e é dos verdadeiros crentes que Ele fala quando Ele diz: “Eu lhes dou a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão”. Quisera Deus que todos nós usássemos o uniforme dos eleitos, a saber, fé ativa e santificadora! Oh que todos ouçamos a voz do Grande Pastor, que todos nós recebamos as verdades de Deus que Ele oferece, em seguida, resolvidos por Sua Graça O sigamos onde quer que vá, como as ovelhas seguem o pastor.
Tendo assim explicado a quem pertence o texto, agora vamos lidar com ele de uma maneira tripla. O texto implica, em primeiro lugar, um pouco sobre o passado dessas pessoas, o texto diz claramente, em segundo lugar, muito sobre o atual estado dessas pessoas, e, em terceiro lugar, o texto não obscurece coisas sobre o seu futuro.
I. Em primeiro lugar, o leitor estudioso vai observar que o texto implica ALGO RELATIVO AO PASSADO HISTÓRICO DO POVO DE DEUS.
Diz-se: “E dou- lhes a vida eterna”. Há uma implicação, portanto, que eles haviam perdido a vida eterna. Cada um do povo de Deus caiu em Adão, e todos caíram também pelo pecado atual; consequentemente, ficaram sob condenação, e Cristo Jesus fez por nós o que Sua Majestade a Rainha da Inglaterra tem feito às vezes por um criminoso condenado – Ele nos comprou um livre perdão. Ele nos deu a vida quando o nosso próprio destino era a destruição eterna desde a Presença do Senhor, Jesus Cristo tomou providência, e Ele disse: ―Você está perdoado, a sentença não terá lugar sobre você, o seu delito é apagado; você é limpo. Não, eu acho que o texto implica que havia algo mais do que condenação, houve execução. Nós não estávamos condenados a morrer, já estávamos mortos espiritualmente. Jesus não se limitou a poupar a vida que deveria ter sido tomada, e, nesse sentido, a deu para nós, mas Ele nos transmitiu uma vida que não tínhamos antes desfrutado. Está implícito no texto que estávamos mortos espiritualmente, não, não somos deixados aqui para nossa própria suspeita, nem mesmo para nossa própria experiência, pois o apóstolo Paulo disse: E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados [Efésios 2:1]. O quê, Paulo, morto? Você não está enganado? Talvez estivesse apenas um pouco doente? Não, nós estamos prontos para admitir, que nós estávamos doentes e perto da morte, mas com certeza tínhamos um pouco de energia vital, um pouco de poder para nos ajudarmos a nós mesmos! ―Não!, diz o Apóstolo, que você estava morto, morto em delitos e pecados. A obra da salvação é equivalente, não apenas à cura do doente, mas à ressurreição real de um homem morto desde o seu túmulo. Todos os santos que agora estão vivos para Deus, uma vez estiveram tão mortos quanto os outros, tão completamente corruptos e ofensivos como os outros, e tão mal cheirosos às narinas da Justiça Divina por causa dos seus pecados, como até mesmo o mais corrupto de seus companheiros. Tínhamos saído completamente do caminho; tínhamos nos tornado completamente abomináveis, pois “não há ninguém que faça o bem, nem um sequer”. Quando estávamos todos presos sob o pecado, então Jesus Cristo veio para a região da morte, e trouxe vida e imortalidade para nós. A vida foi perdida por todos os santos, e vida espiritual eles não teriam; Jesus o Vivificador os fez vivos para Deus.
Não está também implícita de forma muito clara que, como longe de ter qualquer tipo de vida, essas pessoas não poderiam de outra forma ter obtido vida, exceto pelo seu que está sendo dado a eles? É uma regra bem conhecida de todos os estudantes da Bíblia, que você nunca se encontra na Palavra de Deus com um milagre desnecessário, pois um milagre nunca é operado onde o curso normal da natureza seria suficiente. Agora, meus irmãos e irmãs, o maior de todos os milagres é a salvação de uma alma. Se aquela alma poderia salvar a si mesma Deus não iria salvá-la, mas a deixaria fazer o que ela poderia fazer, e se os mortos espiritualmente poderiam vivificarem-se, certamente, a partir da analogia de todas as transações Divinas, Jesus Cristo não teria vindo para dar-lhes vida. Eu acredito que seria totalmente impossível para qualquer um de nós entrar no Céu, deixe-nos fazer o que podemos, a menos que Jesus Cristo tivesse vindo do céu para nos mostrar o caminho, para remover os parafusos e barras para nós, e para nos permitir trilhar no caminho que leva à glória e imortalidade. Perdida! Perdida! Perdida! A raça humana estava completamente perdida, não parcialmente perdida, não jogada em uma condição em que ela poderia ser arruinada, a menos que trabalhasse duro para salvar a si mesma, mas tão perdida que, senão pela interposição de um Braço Divino, senão pelo aparecimento de Deus em carne humana, senão pela transação estupenda sobre o Calvário, e a obra de Deus, o Espírito Santo, no coração, nenhuma alma morta jamais poderia voltar à vida! A vida eterna não seria o trabalho peculiar do Senhor Jesus, se o homem tivesse um dedo nisto, porém o poder do homem é excluído e a Graça Divina reina.
É evidentemente visto no texto, por um pouco de pensamento, que a vida eterna não é o mérito de qualquer um do povo de Deus, pois é dito que ela nos é dada. Agora, um presente é exatamente o oposto do pagamento. O que um homem recebe como um presente que ele certamente não merece. Se nos é dada, então ela não é mais uma dívida, mas se é uma dívida, então ele não pode mais ser um dom. Nenhum de nós merece a Vida Eterna, ou jamais a pode merecer. Mera vida mortal é um dom da Misericórdia Divina, nós não merecemos isso, e como, pois a vida eterna de que fala o texto, é um presente muito alto para os dedos do mérito humano ter esperança de alcançá-la, se um homem trabalhasse sempre tão arduamente buscando isto, ainda em cima do fundamento da Lei, seria impossível para ele obtê-la. O Homem merece nada além da morte, e a vida deve ser o dom gratuito de Deus. O salário do pecado é morte, isto é, ele é obtido e adquirido como questão de dívida, mas o dom gratuito de Deus, o dom a Livre Graça de Deus, é a Vida Eterna. Agora, esta é uma Doutrina muito humilhante, eu sei, mas é verdade, e eu quero que todos vocês sintam isto. Filhos de Deus, eu sei que vocês sentem. Você vê a caverna do poço de onde foram retirados. Você vê isso? Ou tem você cultivado o orgulho mais tarde? Esses seus bons sentimentos e orações – você os colocou como penas em seu chapéu? Eu oro para que você lembre-se quem você era! Você, orgulhoso! Não se esqueça do monturo onde você cresceu uma vez! Lembre-se da imundície da qual Deus tirou você, e em vez de estar escarlate com as vestes de orgulho, suas bochechas podem muito bem estar escarlate com um rubor! Oh, que Deus nos livre, de uma vez por todas, de nos vangloriarmos, pois que glória temos em nós mesmos? O que temos que não recebemos?
É claro, também, a partir do texto, que aqueles que são agora justos pereceriam, se não fosse por Cristo. Cristo diz: jamais perecerão. Promessas nunca são dadas como supérfluas. Há uma necessidade, portanto, para esta promessa. Havia um perigo, um perigo solene, que cada um dos que estão agora salvos pereceriam eternamente. O Pecado nos fez herdeiros da ira, como os outros, então a Escritura nos diz, que Justiça deveria esmagá-los com o restante se a Graça Distinguidora não houvesse impedido! Mesmo agora, é solenemente verdadeiro, que não há nenhuma razão pela qual uma alma verdadeiramente justa não pereça, exceto que Cristo impeça. Você está vivo, mas você não seria espiritualmente vivo uma hora, a menos que o Espírito Santo continuasse a derramar Sua energia vital em sua alma. Você será preservado, porém, note bem, afirma-se como uma Promessa e, portanto, não é de todo uma questão de necessidade natural. Separado da Graça Divina você está em temeroso perigo de apostasia, e, provavelmente, você tem medo de que, mesmo agora, como o Apóstolo, que temia, depois de ter pregado aos outros, ele mesmo viesse a ser reprovado, um medo muito apropriado, um medo que vai muitas vezes vir sobre almas sinceras que sentem um zelo santo de si mesmas. Mas não precisamos ter medo quando chegamos à promessa de Deus, pois se estamos realmente em Cristo temos uma garantia de segurança, uma vez que as próprias palavras de Cristo são: Eles nunca perecerão. A Promessa certamente foi dada porque era necessária. Existe o perigo de perecer, há dez mil riscos de perecimento; somente a Onipotência em si mantém longe os dardos inflamados de Satanás, o Bendito Médico dá o antídoto, ou o veneno logo nos destruiria; Aquele que jura para nos trazer em segurança para casa protegidos de mil inimigos que de outra forma iriam operar o nosso mal. “Elas nunca perecerão.”
Também está implícito, que, naturalmente, o povo de Deus tem dez mil inimigos que iriam arrancá-los das mãos de Cristo. Eles estavam uma vez na mão do inimigo, pois eles já foram dispostos escravos de Satanás. Tudo isso eles sabem, e tudo isso eles estão dispostos a reconhecer. Prouvera a Deus que alguns aqui sentissem a verdade daquilo que eu tenho dito. Vocês, os que se auto-justificam vão dizer: Eu estou bem; eu faço o meu melhor, eu vou para um lugar de culto. Agora, Alma, isso é certo o suficiente em si mesmo, mas se você se orgulhar disso, isso é uma evidência que você não conhece a Deus nem a si mesmo! Quando eu ouvi falar de alguns que se gabavam de que não sentiam pecado inato, eu desejei que eles lessem a história do Fariseu e do Publicano. Na Reunião de Oração de Fulton Street, um irmão pediu as orações dos crentes, porque ele sentia demasiadamente a corrupção do seu próprio coração, as tentações de Satanás, e, especialmente, a vileza natural de sua própria natureza.
Um irmão levantou-se no lado oposto da sala, e disse que ele agradeceu a Deus que esta não era a sua experiência, ele não sentia qualquer tipo de corrupção, e seu coração não foi depravado. O outro não respondeu, mas um amigo presente leu estas palavras: O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado [Lucas 18:11-14].
Um senso de pecado é um abençoado sinal tanto do perdão recebido, quanto do perdão por vir. Aquele que diz que não tem pecado faz de Deus um mentiroso, e a verdade não está nele. Aquele que não confessar seu pecado jamais será absolvido, mas quem, com um coração quebrantado e tremente, vai para o pé da cruz deve encontrar perdão ali. É assim, então, o antigo estado dos herdeiros do Céu.
II. E agora, para mergulhar de uma só vez no assunto. O TEXTO DERRAMA UMA INUNDAÇÃO DE LUZ AO ESTADO ATUAL DE CADA CRENTE.
1. Vamos ter de te dar dicas em vez de uma longa exposição, tão gentilmente tomo a primeira frase, que fala de um presente recebido. “E dou-lhes a vida eterna”. Este dom é, antes de tudo, a vida. Você fará uma estranha confusão da Palavra de Deus, se você confundir vida com existência, porque são coisas muito diferentes. Todos os homens existirão para sempre, mas muitos vão morar na morte eterna, pois eles não vão saber absolutamente nada da vida. A vida é uma coisa completamente distinta da existência, e segundo a Palavra de Deus implica em algo de atividade e de felicidade. No texto diante de nós inclui muitas coisas. Note-se a diferença entre a pedra e a planta. A planta tem a vida vegetal. Você sabe a diferença entre o animal e o vegetal. Enquanto a planta tem vida vegetal, ainda assim é completamente morta, no sentido em que falamos de seres vivos. Não possuem as sensações que pertencem à vida animal. Então, mais uma vez, se nos voltarmos para o outro grau superior, ou seja, a vida mental, um animal é morto, na medida do que é comparado. Ele absolutamente não pode entrar nos cálculos misteriosos do matemático, nem deleitar-se com as glórias sublimes da poesia. O animal não tem nada a ver com a vida da mente intelectual, assim para a vida mental ele está morto. Agora, há um grau de vida, que é maior do que a vida mental – uma vida mais elevada completamente desconhecida para o filósofo, não postulada em Platão, nem mencionada por Aristóteles, mas entendida pelo menor dos filhos de Deus. É uma fase da vida chamada - vida espiritual, uma nova forma de vida que completamente, não pertence ao homem naturalmente, mas é dado a ele por Jesus Cristo. O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente e todos os seus descendentes são feitos como ele. O Segundo Adão é espírito vivificante, e até que sejamos feitos como o Segundo Adão não sabemos nada sobre a vida espiritual.
Este nosso corpo é, por natureza, adaptado para uma vida anímica. O Apóstolo diz-nos, nesse maravilhoso capítulo em Coríntios, que o corpo é semeado – o quê? um corpo natural – no original grego é, um corpo animal – mas é ressuscitado – o quê? um corpo espiritual. Há um corpo da alma, e não há um corpo espiritual. Há um corpo adaptado para a vida inferior, que pertence a todos os homens, uma mera existência mental, e não há de ser um corpo que pertence a todos aqueles que receberam a vida espiritual, que habitarão nesse corpo, como a casa de seu espírito aperfeiçoado no céu. A vida que Jesus Cristo dá ao Seu povo é a vida espiritual, portanto, é misteriosa. “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” [João 3:8]. Você que tem vida mental não pode explicar para o cavalo ou ao cachorro o que ela é, nem podemos nós que temos vida espiritual explicar para aqueles que não a têm, o que ela é. Podemos dizer-lhes o que ela faz e quais são seus efeitos, mas o que é a centelha de fogo celestial vocês mesmos não sabem, mas vocês estão conscientes de que ela está lá.
É a vida espiritual, que Jesus Cristo dá ao Seu povo, mas é ainda mais, é Vida Divina. Esta vida é como a vida de Deus, e, portanto, é elevada. Nós somos feitos, diz o Apóstolo, participantes da natureza divina [2 Pedro 1:4]. Gerados novamente por Deus, o Pai, diz o Apóstolo, não de semente corruptível, mas da incorruptível [1 Pedro 1:23]. Nós não nos tornamos Divinos, mas recebemos uma Natureza que nos permite simpatizar com a Divindade, para deliciar-se com os temas que envolvem a Mente Eterna, e viver nos mesmos princípios que o Santíssimo Deus. Nós amamos, porque Deus é Amor. Começamos a ser santos, pois Deus é Três Vezes Santo. Nós desejamos a perfeição, porque Ele é perfeito.
Temos prazer em fazer o bem, porque Deus é bom. Entramos em uma nova atmosfera. Passamos da velha série de meras faculdades mentais; nossas faculdades espirituais nos fazem semelhantes a Deus. Façamos, disse ele, o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança [Gênesis 1:26]. Essa imagem Adão perdeu; essa imagem Cristo restaura e nos dá a vida que Adão perdeu no dia em que ele pecou, quando Deus lhe disse: No dia em que dela comeres, certamente morrerás [Gênesis 2:17]. Nesse sentido, ele morreu, a sentença não foi adiada, ele morreu espiritualmente, logo que ele tocou o fruto, e esta vida há muito tempo perdida Jesus Cristo restaura a toda alma que crê nEle.
Esta vida, você vai concluir a partir de minhas observações, é a vida celestial. É a mesma vida que se expande e se desenvolve no céu. O cristão não morre. O que o Salvador disse? “E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?” (João 11:26). A Vida mental não morre? Sim. A mera vida animal não morre? Sim, mas não a vida espiritual. É a mesma vida aqui a que será lá, só que agora é pouco desenvolvida e a corrupção impede a sua ação. Irmãos e irmãs, ninguém de nós deve ir para o Céu, como a carne e o sangue, mas somente assim que ela é subjugada, elevada, mudada e aperfeiçoada pela influência da vida do espírito. Não sabeis que “a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção” [1 Coríntios 15:50]. Então o que é o ― eu, o eu mesmo que deve entrar no Céu?
Por que, se você está em Cristo és uma nova criatura, então essa nova criatura nada mais é do que nova criatura, a própria vida que você viveu aqui no Tabernáculo (Igreja de Spurgeon), a própria vida que brotou e floresceu no jardim da comunhão com Deus, essa vida, que o levou a visitar os doentes, e vestir os nus e alimentar os famintos, essa vida que fez lágrimas de arrependimento escorrerem de seu rosto, essa vida que lhe motivou a crer em Jesus – esta é a vida que irá para o Céu, e se você não tem isso, então você não possui a vida do Céu, e as almas dos mortos não podem entrar lá. Só os homens vivos podem entrar na terra dos viventes. “E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial” [1 Coríntios 15:49]. Mesmo agora os suspiros da vida celestial pulsam dentro de nós.
Acho que também pode ser inferido a partir de tudo isso que a vida que Cristo dá a Seu povo é uma vida enérgica. Se a vida espiritual é derramada em um homem levanta-o acima de seu estado anterior, o eleva para fora do alcance da compreensão meramente carnal. Ele próprio não é discernido por ninguém. “Porque estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” [Colossenses 3:3]. Você não pode esperar que o mundo entenda essa nova vida. É uma coisa escondida. Vai ser um mistério para nós mesmos, uma maravilha para nossos próprios corações. Mas oh, quão ativa será! Ela vai lutar com os seus pecados, e não ficará satisfeita até que os mate. Se você me disser que você nunca tem um conflito interno, eu lhe digo que eu não consigo entender como você pode ter a Vida Divina, pois ela é a certeza de entrar em conflito imediatamente com a velha natureza, e haverá conflito perpétuo. O homem torna-se um novo homem em casa, sua esposa e família notam, ele é um homem diferente no mundo dos negócios, ele é um homem completamente mudado, quer vocês o vejam em conexão com seus semelhantes ou com o seu Deus. Ele é uma nova criatura. Ele sente que a vida nova e maravilhosa que foi implantada nele o fez de uma raça diferente do rebanho comum, e ele caminha entre os filhos dos homens que sentem que ele é um alienígena e um estranho. “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” [1 João 3:2].
Eu gostaria que houvesse mais tempo para descrever a vida interior, mas isso deve ser suficiente para indicar a bênção que Jesus dá ao crente pela obra do Espírito Santo.
Há uma palavra no texto, o que a qualifica: “Eu dou-lhes a vida eterna”. ―Eterna significa sem fim. Se Cristo põe a vida de Deus em um homem, esta vida não pode ser tirada. Ele não pode morrer, isso seria impossível. Quando eu ouço alguém dizer que você pode ser um filho de Deus hoje, mas que na próxima semana poderá encontrar-se sendo um filho do diabo, eu suponho que a palavra ― eterna, segundo ele, só poderia significar cinco ou seis dias, mas de acordo com o dicionário que eu uso, de acordo com a mente do Espírito, eterno significa sem fim. Se, então, um homem diz: Eu tinha a vida espiritual uma vez, mas não a possuo agora, é claro que tanto ele está totalmente equivocado quanto ele nunca teve nada disso. Se Jesus tivesse dito: Eu lhes dou a vida que terá a duração de sete anos, mas que talvez possa acabar ou ser perdida sob a tentação, eu poderia entender um homem dizendo que ele havia caído da Graça, mas se é ―Vida Eterna ― então deve ser ― eterna, não há fim para ela, ela tem que continuar. A mera existência da alma, acreditamos, será interminável, mas será nenhuma dádiva para o ímpio. Não é por Cristo que se nos dá mera imortalidade da existência, pois isso será uma horrenda maldição para alguns homens. Almas perdidas ficariam felizes o suficiente se elas pudessem se livrar de sua existência imortal, mas Cristo dá uma eterna, uma vida santa, uma vida feliz, que é infinitamente mais do que a existência. Existência pode ser uma maldição, mas a vida é uma bênção. Esta vida começa aqui: E dou-lhes, não - eu darei, mas, dou. Não: eu vou dar a eles quando eles morrem, mas, Eu dou-lhes aqui, eu lhes dou a vida eterna. Agora, meu ouvinte, você tem Vida Eterna, nesta noite, ou você ainda está em morte. Se você não a tiver recebido você está ―morto em delitos e pecados, e seu destino será terrível, mas se Deus te deu vida eterna, não tema as hostes em torno do inferno, nem as tentações do mundo, pois o Deus Eterno é o seu refúgio, e debaixo de você estão os braços eternos.
Esta vida é dada como um dom gratuito a cada um do povo do Senhor, e é concedida pelo Senhor e por ninguém mais.
2. Voltemo-nos agora para a segunda parte da bênção. Aqui está a preservação assegurada. “Elas nunca perecerão”. Alguns senhores que não podem suportar a Doutrina da Perseverança Final conseguem escapar da próxima frase, “e ninguém as arrebatará da minha mão”, e sugerem: “mas eles podem ficar por si próprios”. Não, não, não, porque o texto diz: “e nunca hão de perecer”. Nossa presente sentença, a que temos agora em mãos, deixa de lado todas as suposições de todos os tipos sobre a destruição de uma das ovelhas de Cristo. “E nunca hão de perecer”. Tome cada palavra. “E nunca hão de perecer”. Alguns de seus conceitos podem, alguns de seus confortos podem, algumas de suas experiências podem, mas elas jamais.
Aquilo que é a essência do homem, a sua verdadeira alma, sua natureza interior renovada, não será jamais destruída. Veja, a seguir, cristão, você pode ser privado de mil coisas sem qualquer violação da Promessa. A promessa não é de que o navio não deve afundar, mas que os passageiros devem chegar à costa. A promessa não é que a casa não será queimada, a Promessa é que vocês que estão na casa escaparão. “E nunca hão de perecer”.
Pegue outra palavra: “e nunca hão de perecer”. Eles devem ir muito perto disto, talvez. Eles Devem perder as suas alegrias e os seus confortos, mas jamais perecerão. A vida neles não irá jamais morrer de fome, nem será derrotada, nem expulsa. Se você uma vez colocou o fermento em um pedaço de pão você não pode tirá-lo, você pode fervê-lo, você pode fritá-lo, você pode assá-lo, você pode fazer o que quiser com ele, mas o fermento está nele, e você não pode tirá-lo. Coloque a alma saturada com a Graça de Deus, e você nunca pode erradicá-la. O próprio homem jamais perecerá. Ele pode pensar que será, o Diabo pode dizer que ele será, seus confortos podem ser retirados, ele pode ir para o seu leito de morte cheio de dúvidas e medos sobre si mesmo, mas ele nunca perecerá. Agora, isto é também verdade, ou não é. Você acha que acha que não é verdade diga ao Senhor então, mas eu acredito que é um fato muito certo e infalível, porque o Senhor diz. Eu não sei como é que eles não se perdem, é uma coisa maravilhosa, mas então é tudo uma maravilha desde o princípio ao fim. Agora pegue a palavra “nunca”. Nós mostramos quanto tempo a preservação perdura – “e nunca hão de perecer”. Bem, mas se deveriam viver para serem muito velhos, e deverão então cair em pecado?, “E nunca hão de perecer”. Oh, mas talvez eles poderão ser agredidos em lugares onde menos esperam, ou eles podem ser vencidos pela tentação. E nunca hão de perecer. Bem, mas um homem pode ser um filho de Deus e ainda ir para inferno. Como pode ser assim, se ele nunca poderá perecer? Esse “nunca” inclui o tempo e a eternidade, ele inclui viver e morrer, ele inclui a montanha e o vale, a tempestade e a calma. “E nunca hão de perecer”.
“Em estado verdadeiramente seguro,
Mantido pela Mão Eterna.”
Sob as asas do Deus Todo-Poderoso a noite com sua pestilência não pode feri-los, e os dias com seus cuidados não podem destruí-los; jovens com as suas paixões deverão ser passados com segurança; a meia-idade com todo o seu turbilhão de negócios deverá ser navegada em segurança; a velhice com suas enfermidades se tornará a terra de Beulá; o vale da sombra da morte deve ser iluminado com o esplendor que vem, o atual momento de partida, o último e solene item será traspassado em um rio a pés enxutos. “Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” [Isaías 43:2]. “E nunca hão de perecer”.
Existe uma maneira de explicar tudo, eu acho, mas eu realmente não sei como os adversários da Perseverança Final dos Santos de Deus vão superar este texto. Eles podem fazer com ele o que quiserem, mas eu ainda deveria acreditar no que eu encontrar aqui, que eu jamais perecerei. Se eu sou um do povo de Cristo. Se eu perecer, então Cristo não manteve Sua Promessa, mas eu sei que Ele deverá permanecer fiel à Sua Palavra. “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa” [Números 23:19]. Toda alma que repousa sobre o sacrifício expiatório está segura, e segura para sempre – “nunca hão de perecer”.
3. Em seguida, vem a terceira frase, em que temos uma posição garantida – “na mão de Cristo”. Nós não temos tempo para expô-lo – este é um lugar de honra, nós somos o anel que ele usa em seu dedo. É um lugar de amor: “Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim” [Isaías 49:16]. É um lugar de poder – Sua mão direita envolve todo o Seu povo. É um local de propriedade – Cristo mantém o Seu povo; “todos os seus santos estão na sua mão” [Deuteronômio 33:3]. É um lugar de critério – nós estamos entregues a Cristo, e Cristo exerce um governo discricionário sobre nós. É um lugar de orientação, um lugar de proteção – como ovelhas são considerados na mão do pastor, assim somos nós nas mãos de Cristo. Como flechas na mão de um homem poderoso, para ser usado por ele, como joias nas mãos da noiva para ser seu ornamento, assim somos nós nas mãos de Cristo. Agora, o que diz o texto? Ele nos lembra que há alguns que querem nos arrancar de Sua mão. Há aqueles que, com falsa doutrina, enganariam, se possível, até os Eleitos. Há perseguidores que iriam assustar os santos de Deus, e assim fazê-los retroceder no dia da batalha. Há tentadores tramando – os cafetões do Inferno, os chacais do leão do poço do inferno, que de bom grado nos arrastariam à destruição.
Depois, há os nossos próprios corações que nos arrancariam da Sua mão. Você sabe que no texto diante de nós não precisamos ler a palavra “homem”, pois não está no original. Os tradutores colocaram a palavra “homem” em itálico para mostrar que ele não está no grego, e para que possamos lê-lo – “Nem deve arrebatatá-las da minha mão”. Não só – qualquer homem, mas qualquer demônio que seja. Nada do que está presente deve fazê-lo, nenhum por vir, nenhum principado, nenhum poder, nada seja lá o que for concebível. “Ninguém as arrebatará da minha mão”. Ele não se limita a incluir os homens, que são, por vezes, os nossos piores inimigos, pois os piores que temos são de nossa própria casa, mas também inclui espíritos caídos, ninguém será capaz de arrancar-nos da Sua mão. Pois não há possibilidade de alguém ser capaz disso, por qualquer dos seus sistemas, remover-nos de sermos Seus favoritos, Sua propriedade, Seus queridos filhos, Seus filhos protegidos. Oh, que bendita Promessa!
Agora, você sabe, quando eu tenho lhe pregado sobre isso, eu estive pensando um pouco sobre a minha própria história antes que eu conhecesse o Senhor. Uma das coisas que me fez querer ser um cristão foi isso. Eu já tinha visto alguns rapazes que frequentavam a escola comigo, eles eram excelentes rapazes, e alguns deles tinham sido apresentados como modelos de imitação para mim e para os outros. Eu os vi, embora apenas um poucos anos mais velhos do que eu, revelarem-se como vãos e ímpios tanto quanto poderiam ser, e ainda assim eu sabia que eles tinham sido excelentemente bem dispostos como moços, não, tinham sido padrões, e este tipo de pensamento foi usado para atravessar o meu cérebro jovem: “não existe algum meio de ser preservado de fazer um naufrágio da minha vida?” Quando cheguei a ler a Bíblia, pareceu-me ser cheia desta Doutrina: ―Se você confiar em Cristo, Ele vai salvá-lo de todo o mal, Ele irá mantê-lo em uma vida de integridade e santidade, enquanto aqui, e Ele irá levá-lo em segurança para o Céu, no final. Senti que não podia confiar no homem, pois eu tinha visto alguns dos melhores vagando longe da verdade de Deus, se eu confiasse em Cristo, não era uma chance de saber se eu deveria ir para o Paraíso, mas uma certeza, e aprendi que se eu descansasse todo o meu peso sobre Ele, então Ele me manterá, pois eu achei escrito, “e o justo seguirá o seu caminho firmemente, e o puro de mãos irá crescendo em força” [Jó 17:9]. Encontrei o apóstolo dizendo: “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” [Filipenses 1:6]. E expressões semelhantes a estas. “Pois quê!”, pensei, “eu encontrei um gabinete de seguros, e um bem também, vou garantir a minha vida nisto, eu vou para Jesus como eu sou, porque Ele me ordena, eu vou confiar a mim mesmo a Ele”. Se eu tivesse escutado a teoria Arminiana eu nunca teria sido convertido, pois nunca teria encantos para mim. O Salvador que lança fora o seu povo, um Deus que deixa que seus filhos pereçam, não era digno de minha adoração, e uma salvação que não salva definitivamente não vale a pena pregar nem ouvir.
Quando eu fico aqui e digo para essa massa reunida, Confie em meu Mestre, creia nele, e isto não é matéria de questão como o saber se você será salvo, pois Ele disse que, “aquele que crer e for batizado será salvo” [Marcos 16:16]. Quando eu digo isso, eu sinto que eu tenho algo a dizer que vale a pena ouvir! Meu caro ouvinte, com um novo coração e um espírito reto, você será um novo homem! Como você está agora, se você tivesse que ser perdoado hoje você seria condenado amanhã, pois as tendências de sua natureza lhe querem enganar. Mas se Deus deve colocar uma nova natureza em você, sua velha natureza não deve ser capaz de controlá-lo. O novo princípio imortal deverá obter o domínio, você será impedido de pecar, você deverá ser preservado em santidade, e você vai ter que chorar sobre sua imperfeição, mas você vai sentir que você tem a Própria Vida de Deus em você, embora você perceberá que você não é perfeito, porém ainda assim você gostaria que fosse, e este querer ser assim será um sinal da Graça Divina em sua alma, e esses desejos e vontades vão continuar sendo mais e mais fortes, até que, depois de ter dominado o pecado pelo poder do Espírito Santo, o dia virá em que este corpo deverá ser abandonado, e a nova vida, desafogada dos trapos vis que ela foi obrigada a vestir quando ela estava aqui, deverá saltar em sua existência desencarnada em Perfeição e, em seguida, deverá esperar o som da trombeta, e o próprio corpo, purificado e feito apto para a vida nova e mais elevada, será novamente habitado, e assim o corpo e a alma, libertos de todo pecado, deverão ser um testemunho eterno da Promessa de Cristo, pois aqueles que descansam nEle têm a vida eterna, e nunca hão de perecer, nem ninguém os arrebatará da Sua mão!
III. Eu tenho antecipado o último ponto, quanto ÀS PERSPECTIVAS DO MEU TEXTO PARA O FUTURO.
Se Deus te deu a Vida eterna, esta compreende todo o futuro. Sua existência espiritual irá prosperar quando os impérios e reinos decaírem. Sua vida viverá quando o coração deste grande mundo esfriar, quando o pulso do grande mar deixar de bater, quando o olho do sol brilhante escurecer com a idade! Você possui a vida eterna. Quando, como uma espuma momentânea que se funde com a onda que a carrega, todo o universo deverá passar, e deixar nada mais que um naufrágio para trás, tudo estará bem com você, pois você tem a Vida Eterna! Você tem uma existência que vai correr em paralelo com a existência da Deidade. Vida Eterna! Oh, que avenida de glória é aberta por essas palavras – Vida Eterna! “Porque eu vivo”, disse Cristo, “vós vivereis”. Enquanto houver um Cristo haverá uma alma feliz, e você será a alma feliz. Enquanto houver um Deus haverá uma existência beatificada, e você deverá desfrutar dessa existência, pois Jesus lhe dá a Vida Eterna. Gire no velho mundo, até que o seu eixo esteja gasto. Voe sobre Antigo Pai tempo, até sua ampulheta quebrar, e você deixar de ser! Vem, poderoso anjo! Plante seus pés sobre o mar e sobre a terra, e jure por Aquele que vive que não haverá mais demora, pois então todos os cristãos viverão, porque Cristo dá-lhes a Vida Eterna.
Não nos faz a próxima frase também olhar para o futuro? “Eles nunca perecerão”? Eles nunca deixam de existir em bem-aventurança eterna! Eles nunca deixam de ser como Deus em sua natureza, nunca! Pense sobre a sua existência no céu por mil anos – você pode imaginar isso? Mil anos de comunhão abençoada com o Senhor Jesus! Mil anos no seu seio! Mil anos com a visão de que Ele arrebata seu espírito! Bem, mas você vai ter o mesmo tempo para estar lá como se você nunca tivesse começado, porque você não perecerá nunca, jamais perecerá. Quando o milênio vier, ou quando se assentar o Juízo e, quando todas as grandes transações da Profecia serão cumpridas, não é preciso que você se angustie, pois se você confiar em Cristo você nunca deverá – ó, volte-se para esta palavra – você nunca deverá, nunca, nunca, nunca, NUNCA perecer! Que eternidade de glória, que prazer indizível está envolvido nesta Promessa –“Eles jamais perecerão!”
Então, com certeza, este é um outro olhar para o futuro – “E ninguém as arrebatará da minha mão”. Estaremos em Sua mão para sempre, estaremos em Seu coração para sempre, estaremos em Seu próprio Ser para sempre – um com Ele – e ninguém poderá arrancar-nos da sua mão. Feliz, feliz é o homem que pode reivindicar tal Promessa como esta! Oh, há alguns de vocês a quem eu desejo que esta Promessa pertença! É muito rica, e muito cheia de conforto, eu gostaria que pertencesse a você. Você diz: “Eu, também, gostaria que me pertencesse”. Ah, amigo, eu estou contente de ouvir você dizer isso! Você sabe, que há apenas uma chave para abrir este tesouro precioso, e que a chave é a Cruz do Senhor Jesus? Que salva você? Você pode confiar nEle? Quando alguém me disse outro dia que não podia confiar em Cristo, eu olhei para o seu rosto e disse: “O que Ele fez que você não pode confiar nEle? Você pode confiar em mim?” “Sim”, ela disse, “eu posso confiar em meus semelhantes, mas eu não posso confiar em Deus”. Oh, eu pensei, que terrível blasfêmia! Foi honestamente falado, e foi falado por alguém que não percebeu a grandeza da ofensa na mesma, mas eu não sei se existe alguma coisa pior que se possa dizer do que isso – “Eu não posso confiar em Deus!” Bem, Senhor, você fez dele um mentiroso, então! Esse é o resultado prático disto, pois se você acreditar que um homem seja honesto você sempre pode confiar nele. Posso confiar em meus companheiros e não confiar em Deus? Oh, o horror desse pensamento! Há uma tal quantidade de blasfêmia que eu não devo citá-lo novamente! Não confiar em Cristo? “Bem”, diz alguém, “mas nós não podemos ter uma relação de confiança meramente natural e assim sermos enganados?” Eu não sei de nenhuma confiança em Cristo, exceto uma espiritual, nem acredito em nenhuma outra. Se você confiar em Cristo você não tem feito isso de si mesmo. Nunca houve uma alma que confiou em Cristo, a menos que ela tenha sido  capacitada a fazer isto por Deus, o Espírito Santo, e se você total e simplesmente confiar em Cristo você não precisa fazer qualquer pergunta sobre confiança natural ou sobre confiança espiritual.
Se você confiar no Senhor Jesus completamente você está seguro. Repousará sobre Ele, então, repousará sobre Ele somente, totalmente, e unicamente, e se você perecer, então eu não entendo o Evangelho, e eu não posso compreender o que a Bíblia quer dizer. Vou dizer-lhe uma coisa, e depois fechar. Se você confiar em Cristo e você perecer, então eu devo perecer, certamente, e assim devem todos os meus irmãos e irmãs aqui que acreditaram em Jesus. Quando há uma tempestade, um passageiro não pode ir para o fundo, se ele está no navio, a menos que toda a companhia do navio vá também. Precisamos ir juntos. Nós entramos no bote salva-vidas, e se o barco salva-vidas afundar com você, ele deve afundar com todos os santos, e todos os Apóstolos, e todos os mártires também. Eles foram para o céu descansando em Cristo, e se você descansar em Cristo você vai chegar lá também.
Oh, Pecador, você pode ser levado hoje a descansar sobre Jesus e em Jesus somente, e em seguida, tomar o texto. Não tenha medo disto – “E Dou às minhas ovelhas a Vida Eterna, e nunca hão de perecer, ninguém as arrebatará da minha mão.”

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