sexta-feira, 23 de outubro de 2015

105) Paz

105) PAZ

ÍNDICE

1 - PAZ DE ESPÍRITO
2 - A Cidade da Paz
3 - Paz Perfeita
4 - A Paz de Deus
5 - A razão pela Qual Muitos não Conseguem Encontrar a Paz
6 - Paz
7 - O Deus de Paz
8 - Se Cristo Predisse a Guerra, o Cristão Deve Orar por Paz?
9 - A Paz de Jesus e a de Barrabás
10 - Pelo Atalho Não se Achará a Paz
11 - "e procureis viver quietos" (I Tessalonicenses 4.11 a)
12 - Como Viver em Paz Consigo e com o Próximo



1 - PAZ DE ESPÍRITO

“Porque a inclinação da carne dá para a morte; mas a inclinação do Espírito dá para a vida e paz.” (Rom 8.6)

Estas palavras do apóstolo Paulo comprovam que uma grande multidão de pessoas passaram e passarão por este mundo sem nunca terem experimentado a verdadeira e magnífica paz de espírito.
Até mesmo cristãos autênticos podem se privar por longos períodos desta paz sobrenatural de Cristo, porque não oram no Espírito Santo.
A comunhão com o Espírito Santo, que é obtida por um viver em retidão e especialmente pela oração no Espírito é fundamental para que se possa experimentar a paz sobrenatural de Jesus, que faz tão bem à nossa alma, ao nosso corpo e ao nosso espírito, dando-nos um viver saudável e prazeroso até mesmo em meio a toda sorte de circunstâncias difíceis.
O viver na carne, apenas na vida natural, mata o viver no espírito, por isso este viver natural deve ser suplantado e vencido pelo viver no Espírito Santo, para que se possa experimentar verdadeiramente a vida ressurecta de Jesus e a Sua paz sobrenatural.
Isto vem por se honrar e por se buscar ao Senhor Jesus, e por isso Paulo afirmou anteriormente no verso 2 do mesmo capitulo de Romanos:

“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.” (Rom 8.2)







2 - A Cidade da Paz

“vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco.” (2 Cor 13.11b)

A PAZ é filha da justiça e a mãe do conhecimento; a enfermeira das artes, e a melhoria de todas as bênçãos. É deleitável a todos que a experimentam, rentável àqueles que a praticam; para aqueles que procuram por ela, amável, para os que a apreciam, um inestimável benefício. O edifício do cristianismo não conhece outros materiais. Se olhar para a própria igreja, não há um só corpo; se sobre a alma dela, não há um só Espírito; se sobre a sua doação não há uma só esperança; se sobre a sua cabeça, não há um só Senhor, se sobre a sua vida, não há uma só fé, se sobre sua porta, não há um só batismo, se o seu o Pai, não é um só Deus e Pai de todos, Ef 4.4.
A paz é uma linda virgem, amada por muitos, louvada por todas as línguas, o objeto de todos os olhos, o desejo de todos os corações. Ela tem um olhar sorridente, que nunca faz a mínima carranca de ira; suave e mansa, e mais alva que as penas dos cisnes, sempre receptiva aos abraços piedosos. Sua mão carrega um ramo de oliveira, o símbolo e emblema da quietude.
Ela tem o rosto de um anjo glorioso, sempre procurando pela justiça, como os dois querubins olhando um para o outro, e para o propiciatório. Sua coorte é o forte invencível da integridade; assim guardado pela providência divina - tambores, trombetas, e canhões trovejantes, esses instrumentos de guerra, (isto é, blasfêmia, discórdia, violência) podem afrontá-la, mas nunca assustá-la. Ela tem uma mão generosa, virtuosa como a veste de Cristo; se uma alma fiel vier a tocá-la, beijá-la, toda a sua vexação é extinta, sua consciência fica em repouso. Suas entranhas estão cheias de compaixão, ela está sempre preparando unguentos para todas as feridas de um coração partido.
Sedição e tumulto sua alma odeia, ela pisoteia lesões e discórdias sob seus pés triunfantes. Ela se senta num trono de alegria, e usa uma coroa de eternidade, e para todos aqueles que lhe abrem a porta do seu coração para oferecer boas-vindas, ela vai abrir a porta do céu para lhes dar também as boas-vindas, e dar descanso às suas almas em paz eterna.
Nestes nossos dias contínuos de cão, quando o amor esfria, e os conflitos esquentam, temos necessidade de afinar os nossos instrumentos para a melodia de paz. Esta foi a herança bendita que Cristo legou à sua igreja; o apóstolo a recebeu de seu Mestre a enviou aos Coríntios, e eu, recebendo do apóstolo a recomendo como uma joia para todos os cristãos: vivam em paz, e o Deus do amor e de paz estará com vocês.

Tradução da parte introdutória de um sermão de Thomas Adams, em domínio público.







3 - Paz Perfeita

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João 14.27)

Em primeiro lugar, Jesus promete a bênção da paz àqueles que passaram pela guerra com o pecado e com a tentação.
O soldado que nunca viu um campo de batalha não pode apreciar realmente o que significa a paz. O homem que nunca colocou toda a armadura de Deus, e lutou com o mundo e, a carne o diabo, não pode entender o que significa a paz de Deus. A justiça própria, o homem satisfeito consigo mesmo, que agradece a Deus por não ser como as demais pessoas,  não pode perceber a luta terrível contra a tentação, e não pode dizer com o apóstolo: "Eu combati o bom combate", ou apreciar a promessa do Salvador, "a minha paz vos dou." A ovelha errante que se extraviou muito e que vagou sobre as montanhas escuras entende mais plenamente o terno amor do pastor, a sua paz abençoada para o rebanho.
O filho pródigo que esteve no país distante entre estranhos, que teve fome entre as bolotas, poderia lhe dizer melhor quão preciosa é a paz e a segurança da casa de seu pai.
Muitos filhos têm saído de casa e ido para o mar, ou qualquer outra parte do mundo sozinhos, e quando eles têm percebido as dificuldades e a miséria de sua sorte, têm olhado para trás com tristeza e saudade do passado, e suspiram pela voz de seu pai e pelo terno amor de sua mãe, e confessam: "Eu desejo que eu estivesse em casa novamente."
Bem, foi para fracos pecadores, não para hipócritas fariseus que nosso Senhor deu a Sua promessa de paz. Ele falou aos seus discípulos, para homens como Pedro, que na hora da prova por três vezes negou o seu Senhor, para Tomé, que duvidou da ressurreição de seu Mestre, para os homens que no momento de perigo extremo o abandonaram e fugiram. Se há alguém aqui que pensa que está entre as noventa e nove ovelhas que não necessitam de arrependimento, que tem se envolvido em justiça própria, como numa capa, que condena o cisco no olho de seus irmãos, mas que está inconsciente da viga em seu próprio olho, então este sermão não é para eles. A promessa de paz do Senhor paz não é para eles. Como eles nunca têm percebido seu pecado, e nunca lutaram contra ele, eles não podem dizer graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo, assim como eles nunca conheceram a guerra, eles não podem valorizar a paz.
Eu falo para aqueles que conhecem a sua pecaminosidade, que sentem que erraram e se desviaram como a ovelha perdida, que têm estado no país distante com o filho pródigo, que o inimigo tem empurrado duramente para que eles possam cair, que conheceram o que é lutar de joelhos com os demônios da bebida, da luxúria, os quais irados lutaram contra eles. Eu falo àqueles que têm deixado os seus próprios vícios, e estão se purificando, e lutando contra a tentação; aqueles que foram capazes de resistir no dia mau e, havendo feito tudo, permaneceram firmes. Para vocês, meus irmãos, muitas vezes provados e tentados, trago a bendita promessa do Mestre, "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou.”
E notem, em seguida, que essa paz prometida é diferente de todas as demais. É dom de Deus. "A minha paz vos dou." "A paz de Deus que excede todo o entendimento guardará os vossos corações e mentes por meio de Cristo Jesus." "O fruto do Espírito é paz." Você vê, então, que esta paz não é de fabricação terrena. Jesus diz: "Não como o mundo a dá, eu vô-la dou."
O mundo tem um tipo de paz que ele pode dar, mas não é verdadeira e genuína. Ele pode dar a um homem grande riqueza, que pode ensiná-lo a dizer à sua alma que ele tem em depósito muitos bens para muitos anos, que não tem nada para fazer, senão comer e  beber e desfrutar de si mesmo; e o mundo chama isso de paz. Mas uma noite a mensagem vem ao homem rico: “Louco, esta noite tua alma será exigida de ti.” E ele nunca tinha pensado em sua alma, ou na morte, e no juízo que virá depois. Qual é o uso de milhões em ouro e em prata para um homem que não tem Deus? De que serve seus hectares de terra para aquele cujo corpo em breve deve estar sob seis pés de terra, e que nada pode levar consigo quando morrer? De que uso são todos os confortos e luxos concedidos sobre um corpo que deve em breve ser pó, enquanto a alma sempre vivente foi esquecida? Tal pessoa pode ter riquezas, poder, conforto por um tempo, mas ela não tem paz.
O mundo pode dar a um homem prazer e auto-indulgência. Sussurra: coma, beba e seja feliz. Ele manda um homem se afogar na bebida forte, esquecer problemas em excitamentos e dissipação. E ele esquece por um tempo, mas ele não encontra a paz. E ele fica acordado em cima de sua cama, em longas vigílias na calada da noite, relembrando o seu passado, com fantasmas, vindo à sua volta, e  matando o seu sono. Seus pensamentos o incomodam. Ele pensa: se eu morresse hoje à noite, o que seria de mim? Eu acredito que tenho uma alma, embora eu tenha pensado apenas  no meu corpo; se eu morresse agora, a minha alma iria para fora, para o invisível, como um navio à meia-noite na escuridão. Esse homem não tem paz. Como ele se aproxima do fim da vida, como as sombras escurecem sobre ele, o mundo e a amizade do mundo lhes são menos caras agora, o bêbado, o copo, o jogador de cartas, não são para aquelas mãos trêmulas e fracas agora, ele quer a paz, algo que o mundo não pode dar.
O mundo pode dar a um homem um longo período de diversões, prazer frívolo, mas não pode lhe dar paz, senão o esqueleto terrível que se senta na mais brilhante festa. O mundo pode dar a Belsazar seu vinho e concubinas, mas não pode esconder a terrível caligrafia na parede. Para tantas pessoas que vivem de modo mundano, egoísta, a vida sem Deus parece ser uma sentença fantasmagórica na parede do salão de banquetes ou de baile; há um coração partido sob a veste do dançarino, não há paz.
O mundo pode, e muitas vezes o faz, dar opiáceos a seus seguidores na forma de dúvida e descrença. Ele zomba da Bíblia, ele zomba no ensino da Igreja de Deus, ele diz às pessoas que, se elas quiserem ser felizes elas não devem crer nestas histórias da carochinha, nestas desgastadas superstições de uma época passada. Ele manda os homens aproveitarem a vida e não se preocuparem com o futuro. Mas tal ensinamento não pode dar a paz. Há momentos em que o mais descuidado e incrédulo é obrigado a ser sério e pensar. Ele é colocado face a face com o grande mistério da morte, e os outros mistérios de julgamento e a eternidade entram em seus pensamentos, e ele é forçado a responder se a Igreja e a Bíblia estiverem certas depois de tudo, e eu estiver errado? Tal pessoa não conhece a paz.
Não, o mundo pode ser capaz de dar riqueza, ou prazer sensual, ou dissipação, ou esquecimento de problemas, mas não pode dar a paz. Jesus Cristo pode nos dar a paz de Deus que excede todo o entendimento.
Qual é então essa paz? Por um lado, não é a confiança ociosa daqueles que puseram de lado as suas armaduras e deixaram suas armas espirituais ficarem enferrujadas.
Muitas pessoas que falam sobre ter encontrado a paz perfeita, estão apenas dormindo, e falando em seu sono. Quando um homem lhe diz que ele está morto para o mundo, que ele não tem medo de qualquer tentação, que ele é muito seguro, ele é simplesmente igual a um homem sob a influência do clorofórmio, o diabo o pôs para dormir, se ele fala aquilo que não sabe do que está falando. Se você vir um homem dormindo em um paiol de pólvora com uma vela acesa ao seu lado, você não dirá que ele tenha encontrado a paz. Você não diz que aquele que encontrou a paz, passeia em seu sono, e caminha para um precipício. Não, apenas dos que estão mantendo sua vigilância, e estão lutando com os inimigos da alma, pode ser dito deles que têm encontrado a paz. Davi teve a paz de Deus em seu coração, mas ele teve que lutar  muito para isto. Foi quando ele colocou a espada na bainha, e se retirou da guerra, que ele caiu em pecado grave. Assim, sucede conosco. Há inimigos piores do que amalequitas e filisteus ao nosso redor, e se tivermos a paz de Deus em nossos corações não teremos que assinar nenhum tratado de paz com eles. A vida de cada verdadeiro cristão é uma vida de oração, de vigilância, para que não entre em tentação. Uma vida de luta contra o mal dentro dele e fora dele, e é  justamente quando ele é mais ativo na oração, na  observação, na luta, que ele desfruta a paz mais perfeita em seu coração.
E a paz de Deus, que Jesus nos dá nos faz enfrentar perfeitamente todas as circunstâncias. O mais corajoso dos   homens verdadeiramente corajosos é aquele que tem perfeita confiança em Deus e, portanto, não teme o que o homem possa lhe fazer.
Aquele que tem a paz de Deus em seu coração, tem perfeita confiança em Deus, ele se coloca todos os dias nas mãos do Senhor, e sabe que tudo vai ser encaminhado para o melhor. Ele tenta fazer o seu dever e o trabalho que Deus lhe deu para fazer, mas ele não tenta alterar o curso do mundo agindo como se fosse a sua palmatória.
Ele tem fé perfeita que Deus pode e vai cuidar do mundo a seu modo, e do seu próprio povo. Nada está errado com aquele cuja mente está firme em Deus, e que tem portanto, perfeita paz. Se as riquezas aumentarem ele não terá o seu coração sobre elas, mas dará graças a Deus por enviá-las, e pede para lhe ser mostrada a melhor forma de empregá-las.
Se ele é pobre, ele agradece a Deus pelas coisas que ele tem, e lembra que seu Mestre se fez pobre para enriquecê-lo com o tesouro do céu. Se grandes problemas vêm sobre ele, ele não tenta carregá-los sozinho, ele os compartilha com Deus, ele lança seu fardo sobre o Senhor, sabendo que Ele cuidará de tudo para ele. Se alguém querido está ferido com a doença, ele ora fervorosamente a Deus por ele, e não se sente como um homem sem esperança.
Se o amado é levado ele sente que está tudo bem com ele, e pode dizer que deve ir para estar com ele na glória. Se a dor e a doença vierem a ele, sabe que são, senão os espinhos da coroa do Mestre, enviados para lhe ensinar a ter mais fé e paciência. Se a morte vem para ele a paz não fica perturbada, ele  sabe que o Senhor é o seu Pastor, e o levará através do vale da sombra, e morre com a feliz segurança em seus lábios: Eu creio na ressurreição dos mortos, e na vida do mundo vindouro.
Muitos de vocês, queridos irmãos, estão preocupados sobre muitas coisas. Eu vejo rostos ansiosos nesta congregação, como eu vejo em muitas outras. Eu quero que você entenda que a paz que Jesus dá tira toda dúvida e ansiedade. "O perfeito amor lança fora o medo."
Se você ama o Senhor Jesus Cristo com sinceridade Ele lhe dará essa paz, e não há mais motivo para medo. Alguns de vocês, talvez, estejam enviando o seu filho para ganhar a vida lá fora no mundo, e você está preocupado com o futuro do seu filho. Você quer saber se ele vai ser forte o suficiente para resistir à tentação, para evitar o mal, que certamente irão assaltá-lo depois que ele voar do ninho de sua casa. Alguns de vocês, talvez, estejam pensando num doente em casa, deitado em seu leito, e vocês duvidam e tremem pelo futuro. Apenas confie em Deus. Coloque o seu problema na mão do Senhor. Ore duro e confie fortemente. Você diz, talvez eu gostaria de ter esta paz de Deus da qual você me fala. Então peça a Ele. Ninguém nunca pediu uma coisa boa a Deus, que ele não tivesse recebido. Se você quiser a paz, peça por ela, e você a terá. Creia na palavra do Senhor Jesus, “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João 14.27)

Tradução e adaptação de um sermão em domínio publico de Harry John Wilmot - Buxton








4 - A Paz de Deus

Tradução, adaptação e redução do sermão de nº 1397 de Charles Haddon Spurgeon, elaboradas pelo Pr Silvio Dutra.

"E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus." (Filipenses 4.7)

"PAZ" é uma palavra celestial. Quando, do advento de nosso Senhor anjos vieram para cantar entre os homens o soneto da meia-noite, sua segunda nota era: "Paz na terra".  Aqueles que já viram a guerra, ou mesmo que chegaram perto da trilha da sua marcha sangrenta, será grato a Deus pela paz. Estou quase pensando como quem  disse que a pior paz é preferível à melhor guerra que jamais foi travada. A paz é mais agradável quando a religião fica sob a sua sombra e lhe oferece alegres votos para o Céu.
Quão gratos devemos ser por podermos nos reunir para adorar a Deus da forma que melhor satisfaça as nossas consciências, sem medo de sermos perseguidos pelas autoridades da Terra. Bem-aventurada é a terra em que vivemos e abençoados são os dias em que vivemos, quando com toda a paz e tranquilidade adoramos a Deus em público, e cantamos Seus altos louvores tão alto quanto quisermos. Grande Deus da Paz, o Senhor nos deu essa paz, e em memória de nossos antepassados nós te bendizemos com todo o nosso coração!
Reunimo-nos hoje com o propósito de ouvir o Evangelho da paz e muitos de nós iremos participar posteriormente desta festa sagrada que celebra a paz e que é para sempre em memória do grande Construtor da paz entre Deus e o homem (a santa Ceia). E, no entanto, pode ser que até mesmo os cristãos aqui presentes não estejam completamente em paz. Possivelmente você não deixou sua família em paz esta tarde. Guerras ocorrem mesmo entre corações amorosos. Infelizmente, até o próprio dia do Senhor é perturbado às vezes, por maus temperamentos que não podem estar unidos para manter a paz, e que estão desenfreados mesmo neste dia doce de descanso!
Que pobres criaturas somos nós que podemos perder a nossa paz de espírito, mesmo por uma palavra ou um olhar! Paz, na forma de perfeita calma e serenidade, é uma coisa muito delicada e sensível e precisa de um tratamento mais cuidadoso do que um cristal de Veneza. É difícil para o mar do nosso coração permanecer calmo muito tempo. Talvez, também, alguns dos meus irmãos e irmãs aqui presentes não têm estado caminhando perto de Deus - e se assim for, a sua paz não será perfeita.
Pode ser, meu irmão, que durante a semana você tenha se desviado um pouco de sua verdadeira posição e, em caso afirmativo, a sua paz fugiu. Seu coração está perturbado apesar de você crer em Cristo para a salvação e seja, portanto, salvo, mas apesar de tudo o seu descanso interior pode ser quebrado. Por isso eu transformarei o texto numa oração e orarei por mim e por cada crente em Jesus Cristo, para que a paz de Deus, que excede todo o entendimento, possa agora guardar os nossos corações e mentes em Cristo Jesus.
Todos vocês conhecem o texto por experiência. Aquele que escreveu isto tinha sentido isso - possamos nós que o lemos agora, senti-lo também. Paulo tinha experimentado muitas vezes o brilho da paz na escuridão de uma masmorra e ele sentiu a paz que vive na perspectiva de uma morte súbita e cruel. Ele amou a paz, pregou a paz, viveu em paz, morreu em paz, eis que ele entrou no gozo da paz e habita em paz diante do Trono de Deus!

I. Vejamos agora o privilégio indizível – sobre o qual é muito difícil falar, porque excede todo o entendimento. É uma daquelas coisas que podem ser mais facilmente experimentadas do que explicadas.
O que é a paz de Deus? Eu poderia descrevê-la, em primeiro lugar, dizendo que é, certamente, a paz com Deus. É a paz de consciência, a paz real com o Altíssimo através do sacrifício expiatório. Reconciliação, perdão, restauração ao favor de Deus – isto deve haver e a alma deve estar ciente disso - não pode haver paz de Deus a parte da justificação por meio do sangue e da justiça de Jesus Cristo, recebida pela fé. Um homem consciente de ser culpado nunca pode conhecer a paz de Deus, até que ele se torne igualmente consciente de estar perdoado. Quando sua consciência do perdão se tornar tão forte e viva como a sua consciência de culpa tinha sido, então ele vai entrar no gozo da paz de Deus que excede todo o entendimento!
Queridos irmãos e irmãs em Cristo, que creram em Jesus - há paz perfeita entre você e Deus agora-  "Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus." Seu pecado era o fundamento do conflito, mas isto já passou. Isto tem cessado! Isto é apagado! Isto é lançado no fundo do mar! Tanto quanto o oriente está longe do ocidente, assim tem ele removido nossas transgressões de nós! Nosso bode expiatório divino levou nossas iniquidades para o deserto. Nosso Senhor e Mestre tem acabado com a transgressão, e posto um fim ao pecado. Ele trouxe a justiça eterna. A causa da ofensa se foi e se foi para sempre - Jesus assumiu a nossa culpa, sofreu em nosso lugar, fez a compensação integral para o ofensor da Lei e vindicou a Justiça no grau mais elevado, e agora não há nada que possa despertar a ira de Deus para conosco, porque o nosso pecado é removido e a nossa injustiça é coberta.
Estamos reconciliados com Deus, por Jesus Cristo e aceitos no Amado. Agora, esta reconciliação real traz ao coração uma profunda sensação de paz. Oh todos vocês possuem isto!  Lembra-te, alma, se Cristo de fato, sofreu em seu lugar e foi feito maldição por você, a Justiça não pode exigir de suas mãos a pena que o Fiador tem pago, pois isso seria desonrar Seu Sacrifício, tornando-o de nenhum efeito! Se Jesus se levantou como o seu Substituto e satisfez o que Deus exigia para a vindicação de Sua Lei, então você está limpo, além de toda a dúvida limpo para sempre, salvo no Senhor, com uma salvação eterna!
"A paz de Deus, que excede todo o entendimento" tem também uma segunda forma, ou seja, a de uma consequente paz no pequeno reino interior. Quando sabemos que somos perdoados e que estamos em paz com Deus, as coisas dentro de nós experimentam uma mudança repentina e agradável. Por natureza, tudo em nossa natureza interna está em guerra. O homem está fora de ordem - fora da ordem com Deus, com o universo e consigo mesmo. O maquinário da humanidade caiu em grave desordem, suas engrenagens e rodas não funcionam na devida harmonia. As paixões, em vez de serem governadas pela razão, muitas vezes exigem que sejam seguradas pelas rédeas. A razão, em vez de ser guiada pelo conhecimento que Deus comunica pela Sua Palavra, escolhe obedecer a uma imaginação corrompida e exige que seja  um poder independente e julga o próprio Deus!
A guerra cruel interna muitas vezes grassa entre nossos poderes mentais, instintos animais e faculdades morais, causando angústia, medo e infelicidade. Não há cura para isso, senão somente a restauração pela Graça. O homem não pode agir em verdadeira harmonia até que primeiro esteja bem com Deus! O Rei deve ocupar o trono e, então, o estado da alma humana será devidamente resolvido - mas até que o chefe tenha a autoridade devida a rebelião e o motim irão continuar.
Quando o Senhor sopra a paz no interior do homem e o Espírito Santo desce como uma pomba para habitar em sua alma, então há calma - onde tudo era caos, a ordem aparece, o homem é criado de novo e se torna uma nova criatura em Cristo Jesus. E apesar de desejos rebeldes continuarem tentando obter o domínio, há agora um outro poder dominante que mantém o homem em ordem de modo que no seu interior existe "a paz de Deus, que excede todo o entendimento." Isto conduz à paz, em relação a todas as circunstâncias externas em razão de nossa confiança de que Deus as ordena corretamente e faz com que tudo coopere para o nosso bem. O homem que crê em Jesus e está reconciliado com Deus não tem nada externo que precise temer.
Tampouco isso é tudo. Deus tem o prazer de dar ao seu povo paz em relação a todos os Seus mandamentos. Enquanto a alma não é regenerada, ela se rebela contra a mente e a vontade de Deus. Se Deus proíbe, o coração não renovado anseia pela coisa proibida. Se Deus manda, a mente natural, por isso mesmo, se recusa a fazê-lo! Mas quando a mudança acontece e estamos reconciliados com Deus pela morte de Seu Filho, então, amados, passamos a andar na mesma direção com Deus e o nosso mais profundo desejo é permanecer em plena harmonia com ele. Sua vontade se torna a nossa alegria e nossa única tristeza é que não possamos estar perfeitamente conformados a isto. Não há preceito de Deus, que seja doloroso para um coração misericordioso.
O cristianismo não nos ensina o estoicismo, nem aponta nessa direção, para a obtenção da paz. Ele cultiva a ternura, não a insensibilidade. Sua influência tende a nos tornar sensíveis ao invés de insensíveis e nos dá uma paz consistente com a maior delicadeza de sentimentos, sim, com uma sensibilidade mais intensa do que outros homens conheçam, uma vez que torna a nossa consciência mais sensível e faz com que a mente fique profundamente angustiada com a menor reprovação dos Céus. Nossa paz não é a paz de apatia, mas de um tipo muito mais nobre.
Outros têm almejado a paz de leviandade, que o mundo pode entender facilmente. Eles pensam que é uma das coisas mais sábias manter toda forma de cuidado maçante à  distância e tudo o que de mau lhes acontece, procuram afogar isto no fluxo do riso -  gargalhando quando a miséria devora suas almas.
Os cristãos não tentam se livrar das provações da vida dessa maneira. O mundo, portanto, não pode compreender a paz do cristão desde que ele não é nem apático nem frívolo. De onde essa paz veio? A resposta de muitos mundano é: "Ah, isto vem de algum delírio fanático." Mas, na verdade, não estamos iludidos. Os fundamentos da paz de um cristão são racionais, lógicos e bem firmados.
Aquele que crê que Jesus Cristo sofreu em seu lugar e  que isto foi devido à justiça de Deus tem um argumento racional para estar em paz. Deus perdoou, pelo amor de Cristo, toda a sua maldade, por que ele não deveria estar em paz? E se é, de fato, assim que o cristão se tornou filho de Deus, ele não deveria estar em paz? Se Deus Pai governa todas as coisas para o seu bem, ele não deveria estar em paz? Se para ele não existe mais perigo de morte eterna - se para ele está preparada uma gloriosa ressurreição - e se ele, finalmente, vai brilhar com Cristo na glória eterna, por que não teria paz? E assim o mundano não entende a nossa paz e frequentemente zomba porque ele fica intrigado com ela.


II. Devo, em segundo lugar, indicar, queridos amigos, como essa paz deve ser obtida. Agora, lembre-se que  o apóstolo estava se dirigindo apenas aos cristãos no Senhor Jesus e peço-lhes para terem cuidado com a limitação. Eu não estou me dirigindo ao ímpio, falo apenas para os cristãos. Você está sempre em paz com Deus, embora você nem sempre aprecie o sentido disto. Se você quiser experimentá-lo, como dever agir? A conexão lhe diz como, no versículo 4 no qual Paulo diz: "Alegrai-vos sempre no Senhor, outra vez digo, regozijai-vos." Se você quer ter paz de espírito, faça de Deus a sua alegria e coloque toda a sua alegria em Deus!
Você não pode se regozijar em si mesmo, mas você deve se alegrar em Deus. Você nem sempre pode se alegrar em suas circunstâncias, pois elas variam muito, porém o Senhor nunca muda. "Alegrai-vos sempre no Senhor." Se você se regozija nas coisas terrenas você deve desfrutá-las moderadamente. Mas a alegria no Senhor pode ser usada sem a possibilidade de se exceder, porque o apóstolo acrescenta: "Mais uma vez digo, regozijai-vos", se alegrar e se alegrar! Alegrai-vos no Senhor. Quem tem um Deus que você tem? "A rocha deles não é como a nossa Rocha,". Quem tem um amigo assim, um Pai assim, um Salvador assim, um Consolador assim, que você tem no Senhor seu Deus? Pensar em Deus como nossa grande alegria é encontrar "a paz de Deus, que excede todo o entendimento."
Vá para o quinto versículo, onde o apóstolo diz: "Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens." Ou seja, enquanto toda a sua alegria estiver em Deus, lide com todas as coisas terrenas sobre o princípio da precaução. Se alguém elogia você, não exulte. Se, ao contrário, você é censurado, não deixe que seu espírito afunde. Se você tem prosperidade, graças a Deus por isso, mas não tenha certeza de que isso vai continuar. Se a propriedade é sua, use-a, mas não permita que ela se torne o seu tesouro ou o chefe da sua mente. Você sofre adversidade? Ore a Deus para ajudá-lo, mas não fique tão abatido a ponto de desesperar. Beba dos copos terrenos por goles, não seja tolo como a mosca que se afoga em doçuras. Use as coisas deste tempo mas não abuse delas. Não percorra por longo tempo o mar perigoso de confortos deste mundo. Nunca permita que os seus bens se tornem o seu deus.

Mantenha o mundo sob seus pés e a paz de Deus guardará o seu coração e a sua mente.
Três regras são então adicionadas pelo apóstolo que você certamente lembrará. Ele nos diz para não estarmos ansiosos por nada, para estarmos sempre em oração por tudo e para sermos gratos por tudo. Qualquer um que possa manter essas três regras, com as outras duas citadas anteriormente, terá a certeza de ter uma mente em paz.

III. Isto me leva ao terceiro ponto do nosso tema, que é a operação deste privilégio abençoado em nossos corações. Diz-se que a paz de Deus guardará nossos corações e mentes. A palavra grega é phroureo, o que significa manter a guarda, mantendo-se como uma guarnição tão completa e tão eficaz que a paz de Deus guarde os nossos corações e as nossas mentes. Veja, então - precisamos guardar nossos corações, guardando-nos de naufragar, porque nossos pobres espíritos são muito aptos a desmaiar, mesmo em pequenos tribulações. Eles também precisam serem guardados de encantos, porque quão rapidamente eles se iludem! Que encantos fracos são capazes de nos atrair para longe do Senhor amado! Nossos corações precisam ser guardados, e guardados corretamente.
A maneira de manter o coração, de acordo com o texto, é deixá-lo ser preenchido com a paz de Deus que excede todo o entendimento. Um espírito calmo, tranquilo, feliz, é aquele que não vai afundar nem vagar - como isto é possível? Se a paz de Deus está em você, o que pode lhe causar angústia? Você vai ser como aquelas grandes bóias ancoradas no mar, que não podem afundar. Não importa quais tempestades possam ser travadas, elas sempre se elevam acima de tudo. Nossas almas, ancoradas e tornadas flutuantes com a paz, serão como marcos fixos através dos quais outros poderão conhecer o seu caminho. Além disso, um homem que tem o coração cheio de paz não é susceptível de ficar vagando, pois ele diz para si mesmo: "Por que eu deveria vagar. Onde poderei encontrar tanta doçura como a que eu já provei em meu Senhor? Por que eu deveria procurar em outro lugar?"
Vocês, jovens, são tentados, eu sei, e que quem entre nós não é? E o mundo tem muitos encantos para você. Eu recomendo, portanto, que você ore ao Senhor para manter sua felicidade em Cristo, sua alegria no Senhor. Se você vaguear com o seu coração em relação ao seu Senhor e Mestre, o diabo pode seduzi-lo para longe de sua fidelidade. Mas se o seu coração está sempre tranquilo, você vai ter uma força sobre você com a qual resistirá às sugestões do Maligno. Rebites de paz são bons fixadores de lealdade cristã. É uma coisa muito séria para um cristão estar em um estado desconfortável, pois ele é, então, fraco em um ponto importante. "Consolai, consolai, o meu povo", são as palavras de Deus para os Seus profetas, porque Ele sabe que quando perdemos o consolo, ou perdemos a paz, perdemos uma das mais valiosas peças da nossa armadura espiritual.
Mas o texto também acrescenta que isto guardará a  nossa mente, além do nosso coração.
Agora, em todas as épocas, vemos que as mentes dos cristãos têm sido aptas a serem perturbadas e aborrecidas sobre as verdades vitais de Deus. Eu acho, às vezes, que esta é a pior época para o erro que já escureceu o mundo. Eu fico angustiado em ver a traição de ministros, professos de Cristo, que negam a inspiração das Escrituras e colocam o machado na raiz de todas as doutrinas que nos são caras, enquanto eles continuam a ocupar púlpitos cristãos. Mas quando eu olho para trás, vejo que durante toda a história  sempre foi assim. Desde os dias de Judas Iscariotes, até agora, tem havido traidores e houve homens que usaram    pensamentos sutis em seus discursos para desviar as mentes simples do Evangelho, para enganar, se fosse possível, os próprios eleitos!
Mas por que os eleitos não são enganados? Como regra geral, é porque eles acham tal paz tão perfeita nas verdades de Deus que têm recebido, que os enganadores em vão tentarão seduzi-los para afastá-los disto.

IV. Por fim, vamos observar a esfera de sua ação. O texto diz: "Em Cristo Jesus." Agora, Amados, peço-lhes que notem isso com interesse. O apóstolo menciona o nome de Jesus com frequência e se delicia com o som dele. "Em Cristo Jesus." Essas palavras tocam todos os pontos do nosso texto. Nós estamos em Cristo Jesus! Nossa fé tem realizado a nossa união com a Sua Pessoa sagrada. Ele é a nossa Cabeça e nós somos seus membros. Ele é a pedra angular e nós somos construídos sobre ela.
Não há paz que possa ser encontrada fora de Cristo! Não há paz que possa aquecer o nosso coração quando nos esquecemos de Cristo! "Ele é a nossa paz." Nunca busquem amados irmãos a sua paz na Lei ou na sua própria experiência - nas suas próprias realizações passadas, ou até mesmo na sua própria fé! Toda a sua paz está em Jesus. E então nossos corações e nossas mentes, mencionados no texto, devem estar todos em Jesus - o coração o amando e sendo amado por Ele. A mente crendo nele, descansando nele, usando suas faculdades por Ele, tudo nele! Deixe que Ele esteja com os seus pensamentos agora e sempre!
Uma palavra para você que não conhece nosso Senhor. Como eu gostaria que você o conhecesse! Você nunca pode ter paz até que você possua Cristo! Você não precisa ir muito longe para encontrá-Lo. Ele não está longe de nenhum de nós. Feche os seus olhos e eleve uma oração a ele. Deixe o seu coração dizer: "Salvador, eu preciso de paz, e nunca poderei ter essa paz até que eu o encontre. Eis que eu confio em você. Manifeste-se a mim neste momento e diga à minha alma: “Eu sou a tua salvação." Que Deus permita então que você possa orar!
Parece-me muito surpreendente que precisemos persuadir os homens a pensarem em seus próprios interesses e para cuidarem de si mesmos! Em outras coisas eles estão sempre preparados o suficiente para cuidarem do que eles chamam de "Número Um", mas quando se trata da mais solene preocupação, a maior bênção e a mais pura felicidade que pode ser obtida, eles são tão insensatos a ponto de deixar todas as outras coisas atraí-los mais do que o Senhor Jesus! O Senhor lhes salve a todos por causa da sua infinita misericórdia! Amém.








5 - A razão pela Qual Muitos não Conseguem Encontrar a Paz

Tradução e adaptação de citações extraídas do sermão de nº 1408 de Charles Haddon Spurgeon, elaboradas pelo Pr Silvio Dutra.

"Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração.
Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza.
Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará. (Tiago 4.78-10)

Nós frequentemente encontramos pessoas que nos dizem que não podem encontrar paz com Deus. Eles têm sido convidados a crer no Senhor Jesus, mas não compreendem o mandamento, e enquanto pensam que   estão lhe obedecendo, eles são realmente incrédulos e, portanto,  perdem o caminho da paz.
Eles tentam orar, mas suas petições não são respondidas e as suas súplicas não lhes trazem qualquer conforto que seja, pois nem a sua fé nem a sua oração são aceitas pelo Senhor. Tais pessoas são descritas por Tiago no 3º versículo do capítulo diante de nós, "Pedis e não recebeis, porque pedis mal". Não podemos nos contentar em ver os perdidos nessa miséria e, portanto, nós nos esforçamos para confortá-los, instruí-los, uma e outra vez, no grande preceito evangélico: "Creia e viva".
Ademais, assim como via de regra nada recebem, também ficam numa condição insatisfatória. Eles nos asseguram que creem em Jesus, mas não vemos neles quaisquer dos frutos da fé, nem podem dizer que tiraram algum benefício espiritual da fé que professam.
Vamos tentar mostrar neste momento a certas almas inquietas porque não obtêm a paz e que devem ser trazidos  pelo Espírito Santo antes que possam afirmar que estão salvos.
Em seus capítulos anteriores, Tiago lhes chama de "meus irmãos", e ainda "meus amados irmãos." Ele não desenha qualquer linha demarcatória, quando, depois, se dirige a eles como "pecadores", cujas mãos devem ser limpas e, como, pessoas "de mente dobre", cujos corações devem ser purificados. Eles eram ambas as coisas - eram declaradamente irmãos e irmãs, mas eram de um coração impuro para com Cristo -  seus corações estavam divididos entre o amor ao pecado e a esperança da salvação. Não vamos, portanto, levantar questões pessoais, ou tentar discriminar onde a certeza é difícil de ser alcançada, mas vamos falar de caracteres suspeitos sem determinar se eles eram realmente crentes ou não.
Para alcançar a paz de Cristo, ouçamos primeiro o mandamento abrangente: "Sujeitai-vos, portanto, a Deus."
Pela iluminação interior do espírito muitos manifestam que não têm se sujeitado a Deus - cobiça, inveja, contenda, discórdia, ciúme, ira, todas essas coisas declaram que o coração não é submisso, mas permanece fortemente obstinado e rebelde.
Há algumas pessoas para as quais a própria ideia de submissão é de mau gosto - eles não se submeterão a ninguém, mas desejam ser seus próprios deuses e uma lei para si mesmos. "Sujeitai-vos" é uma palavra irritante para eles. Eles dizem em seus corações: "Quem é o Senhor para que eu obedeça a Sua voz?"
A falta de submissão não é uma culpa nova ou rara na humanidade. Desde a queda do primeiro homem tem sido a raiz de todo o pecado. Quando o coração se submete a Deus com sinceridade, o trabalho da Graça é iniciado. E quando se submete perfeitamente, o trabalho está completo. Mas para isso, a Divina Graça deve exibir seu poder, pois o coração é obstinado e rebelde.
A cicuta do pecado cresce nos sulcos da oposição a Deus. Quando o Senhor tem o prazer de transformar os corações dos opositores à obediência de Sua Verdade, é um indício de salvação. Na verdade, isto é o alvorecer da própria salvação! Submeter-se a Deus é encontrar descanso! O governo de Deus é tão benéfico que ele deveria ser prontamente obedecido. Ele nunca nos manda fazer o que, a longo prazo, possa ser prejudicial para nós, nem mesmo Ele nos proíbe qualquer coisa que não seja para a nossa vantagem real. Nosso Deus é tão bom, tão sábio, tão cheio de presciência amorosa, que é sempre para o nosso melhor interesse que seguimos a sua liderança.
Amado, o Senhor é grande demais para ter qualquer necessidade de tratar injusta ou asperamente as Suas criaturas. De fato, Ele é tão grande que não pode desejar qualquer vantagem pessoal em Seu governo.
É loucura abandonar o serviço honroso do grande Rei para tornar-se escravo de Satanás. Quem dera que os homens se submetessem a Deus e estivessem dispostos a serem abençoados!
Uma fé morta não salvará ninguém! Nem sequer é tão boa quanto a fé dos demônios, pois eles "creem e tremem", e esses homens acreditam de uma forma que os torna de bronze em sua iniquidade.
Salvação significa ser salvo da dominação do eu e do pecado! Salvação significa estar sendo transformado por longo tempo à semelhança de Deus, sendo ajudado pela graça divina para chegar a essa semelhança e viver segundo a mente e a vontade do Altíssimo.
Submissão a Deus é a salvação que pregamos, e não uma mera libertação do fogo eterno, mas livramento da atual rebelião, a libertação do pecado, que é o combustível desse fogo inextinguível. Deve haver conformidade com as leis eternas do universo e de acordo com estas Deus deve ser o primeiro e o homem deve se curvar a Ele - nada pode estar certo até que isso seja feito.
Uma pessoa que não é submissa a Deus não é salva. Ela não é salva da rebelião. Não é salva do orgulho. Ela é ainda, evidentemente, uma pessoa não salva, não importa o que possa pensar de si mesma.
No homem salvo existe e deve haver uma submissão total e incondicional à lei de Deus. Ele deve consentir com a lei, que é boa.
Se a sua mente tem feito até agora objeções contra a Lei, esta luta deve terminar, pois é impossível que você possa estar certo quando você briga com a lei da justiça!
Uma pessoa salva se deleita na lei de Deus segundo o homem interior. Ele diz que, "a lei é santa", embora ele chore quando acrescenta: "mas eu sou carnal, vendido sob o pecado."
A graça trabalhando no coração traz o penitente a confessar-se culpado por causa do pecado e admitir que a pena da lei é merecida.
Você deve se submeter à justiça e à verdade de Deus ou Ele vai resistir a você como Ele faz todo orgulhoso.
Uma pessoa que busca a paz deve também se submeter ao plano da salvação somente pela graça. Deus encontra o pecador na base da graça. "Eu não posso inocentar você", Ele parece dizer, "mas eu posso lhe perdoar. Eu não posso tolerar sua negação de culpa, mas se você confessar o seu pecado, eu sou fiel e justo para perdoar os seus pecados e para salvá-lo de toda injustiça".
E, em seguida, deve haver uma total submissão a Deus no sentido de mortificar cada pecado. Inúmeras pessoas oram por misericórdia, mas elas continuam em seus pecados. Estas não podem ser salvas, porque a salvação é a salvação do pecado, e não no pecado. Como podemos ser salvos do pecado, se nós somos seus escravos? Se você vir a Deus e clamar: "Senhor, livra-me e tem misericórdia de mim", e ainda assim você pratica vícios que Deus condena, como você pode ser salvo? Se você continua a ser desonesto nos negócios, ou mente, ou manifesta um temperamento malicioso ou irado na família, ou orgulhoso e cruel, egoísta e mesquinho, como você pode ser salvo?
E, agora, eu tenho que fazer outra pergunta a vocês que desejam a paz e não conseguem encontrá-la. Vocês se submetem à vontade soberana de Deus na execução de seus propósitos providenciais? Ou seja, nas perdas e provações que experimentam?
Muitas pessoas têm uma espécie de ressentimento particular contra a Providência e se sentam como o profeta Jonas sob sua aboboreira seca e murmuram: "Fazemos bem em ficar irados até a morte." Agora, se tal é o caso com qualquer pessoa diante de mim, eu lhes diria, que deveriam deixar de brigar com o seu Deus! Qual pode ser o uso disso? É coisa muito melhor e mais sábia para você fazer amizade com Ele e deixar que a Sua vontade seja a sua vontade.

II. Mas agora, em segundo lugar, tendo assim falado sobre o grande dever da submissão, vamos considerar agora a necessidade de seguir os preceitos. Eu acho que eu não sou suspeito, sem razão, quando eu expresso o receio de que a pregação que ultimamente tem sido muito comum e, em alguns aspectos muito praticada, do "somente creia e você será salvo" por vezes tem sido completamente enganadora para aqueles que a têm ouvido. Casos ocorrem em que pessoas jovens que continuam vivendo de maneira frívola e leviana, e mesmo num mal viver, e ainda assim afirmam que creem em Jesus Cristo. Quando você os examina um pouco, você acha que sua crença em Cristo significa que eles acreditam que Ele os salvou, apesar de todos os que conhecem o seu caráter, saberem claramente que eles não são salvos!
Agora, qual é a sua fé, senão a crença de uma mentira? Eles estão vivendo da mesma forma que sempre viveram e, portanto, é claro que nunca foram salvos de sua antiga conversação tola, nem de seus maus temperamentos, nem dos seus pecados antigos. E ainda assim tentam convencer a si mesmos de que são salvos! Agora, a verdadeira fé nunca acredita em mentiras! A presunção vive em mentiras, mas a fé só se alimenta da Verdade de Deus!
Devemos ter diante de nós a grande e antiga palavra que foi lançada no fundamento por alguns evangelistas, a saber, "arrepender-se". O arrependimento é tão essencial para a salvação como a fé. De fato, não há fé sem arrependimento, exceto a fé que precisa se arrepender. A fé sem as lágrimas do arrependimento nunca verá o reino de Deus! A aversão santa contra o pecado sempre acompanha uma fé verdadeira.
Agora observe como o Espírito de Deus, depois de ter ordenado que nos sujeitemos a Deus, passa a mostrar o que mais deve ser feito. Ele pede uma brava resistência ao diabo. "Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós."
O assunto da salvação não é todo passivo - a alma deve ser despertada para uma guerra ativa! Eu devo cair nos braços de Cristo, para que Ele possa me salvar - eu devo confiar nele completamente. E quando eu dependo dEle eu recebo vida - e o primeiro esforço desta nova vida é para atacar com todas as suas forças o adversário de Cristo e da minha própria alma. Eu não devo somente  lidar com o pecado, mas com o espírito que fomenta e sugere o pecado! Eu devo resistir ao espírito secreto do mal, bem como os seus atos exteriores.
"Mas oh," diz alguém, "eu não posso desistir de um hábito inveterado". Senhor, você deve livrar-se! Você deve resistir ao diabo ou perecer. "Mas eu tenho sido assim por muito tempo". Sim, mas se você realmente confiar em Cristo, o seu primeiro esforço será o de lutar contra o mau hábito. E se não é apenas um hábito, nem um impulso, mas se o seu perigo reside na existência de um espírito astuto que está armado em todos os pontos e ao mesmo tempo forte e sutil,  você não deve ceder, mas resistir até a morte, animado pela promessa graciosa que ele fugirá de você!
Você deve, em nome de Jesus vencer a tentação, maus hábitos e escapar da escravidão!  Se você deseja ter paz com Deus, deve haver guerra contra Satanás!
Em seguida, o apóstolo escreve: "Aproximem-se de Deus e Ele se aproximará de vocês." Aquele que crê sinceramente orará muito. A oração é o sentimento de que Deus está presente e o desejo da alma de chegar a Ele, a fim de conhecer a sua influência, o Seu amor, sentir Seu poder e ser conformada à Sua vontade.
Esse tipo de oração pode ser continuada pelo poder do Espírito Santo de Deus durante todo o dia. Devemos saber algo disso. "Eis que ele está orando" é uma das primeiras evidências de uma alma salva e se você pensa que por algum ato momentâneo da fé que você acha que exerceu, portanto, você está salvo, enquanto o seu coração permanece a uma distância de Deus, sem oração e descuidado - você está fatalmente enganado! Tal não é o ensino das Escrituras e não há nenhuma garantia disto nas promessas de Deus. Se a oração é totalmente negligenciada, a alma está morta!
O próximo preceito é "Purificai as mãos, pecadores." O quê? Será que a Palavra de Deus diz aos pecadores para limparem as mãos e purificarem seus corações? Sim, ela diz. Algum irmão sussurra: "Ah, isto é Arminianismo." Quem é você que replica contra a Palavra de Deus? Se tal ensino está neste livro inspirado, como nos atrevemos a questionar isso? Ele vem com um "assim diz o Senhor" - "Purificai as mãos, pecadores." Quando um homem se aproxima de Deus e diz: "Eu estou pronto e ansioso para ser salvo e eu confio em Cristo para me salvar", e ainda assim ele mantém suas mãos  sujas exercidas em ações imundas fazendo o que ele sabe que está errado, como ele espera que Deus o ouça? Preciso gastar mais do que meia dúzia de palavras para mostrar que este homem não crê e não é realmente honesto diante do Altíssimo? "Purificai as mãos, pecadores."
Em seguida, ele acrescenta: "purificai os corações, vós de espírito vacilante". Eles podem fazer isso? Certamente não por si mesmos, mas ainda assim, para ter paz com Deus, deve haver também a purificação do coração para que deixe de ser vacilante. Aquele que foi salvo deve procurar isto com todo o seu coração.
Livre-se do seu olhar malicioso para a impureza, e do olhar que persegue ganho mundano - porque até que clame com todo o coração ao Altíssimo, Ele não irá lhe ouvir!
Quando você disser com Davi: "Meu coração e minha carne clamam pelo Deus vivo", você deve encontrar o Senhor! Quando você parar de tentar servir a dois senhores e sujeitar-se a Deus, Ele irá abençoá-lo, mas não até então!
Creio que isto toca o centro do mal em muitos desses corações que não conseguem alcançar a paz, eles não desistiram do pecado - não buscam a salvação de todo o coração. Então o Senhor nos manda "Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza."
Lamento dizer que tenho encontrado pessoas que dizem: "Eu não posso achar a paz, eu não posso chegar à salvação", e falam de modo muito lindo nesse sentido. Mas, no entanto, do lado de fora estão rindo umas com as outras, como se fosse questão de diversão. O dia do Senhor é gasto em vão, em ociosa e frívola conversação. Toda a questão parece ser um mero esporte. Alguns convertidos parecem saltar para a religião como as pessoas fazem num trampolim de piscina - saltam para fora, de novo, e muito rapidamente. Nunca pesam o assunto. Eles não têm nenhum pensamento, nenhuma tristeza pelo pecado, nenhuma humilhação diante de Deus. Pare com o riso se você não é salvo – em nome da decência, pare este riso!
Porque rir, enquanto o risco de ser perdido soa para mim tão medonho e tão sombrio como se os demônios do inferno fossem ao teatro criar uma comédia na sepultura. Que direito você tem de rir enquanto o pecado não é perdoado, enquanto Deus está irado com você?  Seja sério! Comece a pensar na morte, no juízo, na ira vindoura.
Se você é salvo, sua mente fica solenemente impressionada com as realidades eternas e você é sério sobre questões de vida e morte. O próprio pensamento de dores pelo pecado, e desde que você se encontra com ele em sua vida diária, você tem motivo de humilhação diária e de estar aflito por causa disso. Muitos, eu temo, não conseguem obter a paz, porque brincam com isto como se fosse um jogo para meninos e meninas e não algo para o coração e o espírito darem a devida consideração.
Então o Senhor resume seus preceitos, dizendo: "Humilhai-vos na presença de Deus." Com isso eu fecho. Deve haver uma profunda prostração e humildade de espírito diante de Deus. Se acontecer de você ter um menino que mostra um espírito rebelde elevado contra você e você o corrige por isso, mas mesmo assim ele continua em sua rebelião, diga-lhe que tem que haver uma humilhação de si mesmo antes que possa perdoá-lo. Se ele é uma criança inteligente e deseja escapar da sua ira, ele faz uma confissão obediente, reconhece que estava errado e apela para o seu amor e você livremente o perdoa. Mas em muitos que pretendem vir a Deus, não há humildade. Eles não admitem que nunca fizeram algo particularmente errado e não se importam caso tenham feito! Ainda assim, eles ouvem que existe tal coisa como crer em Jesus e eles professam crer, porque não há nenhuma necessidade para isso, como eles pensam, mas por causa da moda.
Ah, amigos, Jesus Cristo não veio para curar a todos, mas sim os doentes! Ele também não morreu para curar aqueles que não estão quebrados, nem dar vida aos que nunca foram mortos. Deve haver em você e que Deus possa lhe dar, um quebrantamento de espírito! A um coração quebrantado e contrito Ele não desprezará! Se o seu coração nunca foi quebrado, como ele pode ligá-lo? Se nunca foram feridos, como Ele pode curá-los? Estas são questões de peso e lhes falo deste modo para que ninguém entre vocês seja enganado. Deus lhes ajude a clamar, "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há algum caminho mau em mim, e guia-me pelo caminho eterno"
Este é o caminho da salvação - que você creia em Jesus Cristo, a quem Deus enviou! Mas lembre-se que Ele nos salva dos nossos pecados, e não em nossos pecados! A fé em Jesus Cristo salva e vai salvar todos os que têm isto - mas isto é por se purgar o pecado. Ele nos assegura que somos perdoados e, portanto, nos faz amar a Cristo, por quem somos perdoados. Este amor nos leva a nos detestarmos por nossos pecados e nos esforçarmos para nos purificarmos deles por Seu Espírito. A fé sem obras é morta em si mesma, e embora o homem seja justificado pela fé e não pelas obras - e pela fé somente - nem mesmo em parte, por suas obras! No entanto, a fé que salva é a fé que produz boas obras e leva para o caminho da santidade. Aquele que não busca a verdadeira justiça e santidade, que ele finja quanto queira, ele está morto, enquanto ele viver! Que o Senhor tenha misericórdia de vocês, por amor de Cristo. Amém.








6 - Paz

A grande maioria da literatura de auto-ajuda procura ensinar metodologias para que as pessoas possam principalmente encontrar paz de espírito. Isto sucede porque há uma grande procura e interesse de um grande número de pessoas à busca de paz de mente em face dos dias agitados e atribulados em que vivemos.
Enfermidades de fundo psicológico que quase não se  viam antes do século XX, têm surgido em diferentes épocas, desde então, progressivamente, aumentando o sofrimento por ansiedade crônica, depressão,  estresse, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno bipolar, transtorno de ansiedade social, anorexia nervosa, esquizofrenia, transtorno dismórfico corporal, transtorno da personalidade bordeline, síndrome do pânico etc.
Mesmo crentes autênticos não estão livres de sofrerem algum tipo de enfermidade psicológica, do mesmo modo que não estão livres de sofrerem enfermidades físicas.
Disto podem ser curados ou não, diretamente pelo poder de Jesus, mas há algo fundamental que está à disposição de qualquer um deles, a saber, a paz sobrenatural de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual pode prevalecer sob qualquer circunstância, de modo que possamos cumprir o mandamento de não estarmos ansiosos por cousa alguma.
Neste particular nenhum tipo de auto-ajuda será eficaz, porque não se encontra na esfera do nosso próprio poder produzir a referida paz. Precisamos de uma ajuda de fora, do Alto, desde o céu, onde Cristo se encontra assentado em glória como nosso Advogado e Sumo-Sacerdote, intercedendo junto ao Pai para o nosso bem.
Podemos também precisar, em alguns casos, de ajuda psicoterápica, especialmente na forma de algum medicamento que seja necessário para estabilizar o nosso sistema nervoso central. Mas também nisto necessitamos da direção de Deus para que não venhamos a bater na porta errada ou ineficaz.
A paz referida na Bíblia, sobretudo no Novo Testamento, não significa ausência total de conflito, pois é experimentada inclusive nas muitas batalhas que o crente deve empreender neste mundo, e também para suportar as circunstâncias externas difíceis que atormentam a alma.
Todavia, além desta paz interior subjetiva que se experimenta na alma em forma de quietude e tranquilidade, a paz bíblica é também objetiva, referindo-se à reconciliação do pecador com Deus por meio da fé em Jesus, que põe um fim à guerra que havia entre Deus e o pecador não justificado.
Não se pode ter a paz divina, quer subjetiva ou objetivamente, quando andamos contrariamente a Deus e aos seus mandamentos.
Se algum profeta nos promete que teremos paz, mesmo quando andamos contrariamente à vontade de Deus, certamente isto será procedente de um falso profeta, porque todo profeta verdadeiro, antes de tudo, profetiza para que nos convertamos dos nossos maus caminhos e pratiquemos a Palavra da verdade.
Jesus nos deixou o legado da Sua paz, de modo que o nosso coração nunca fique entregue à turbação e ao temor. Poderoso é o Senhor para nos dar um espirito firme e inabalável ainda que no meio das maiores tempestades desta vida.
A mão pela qual recebemos este legado é a mão da fé no Seu grande nome.
Em meio às nossas aflições lembremos sempre que Jesus é nomeado como o Príncipe da Paz, ou seja o regente da paz nos nossos corações. Ele é a fonte da paz porque temos por meio dele paz com Deus, e Deus não é nosso patrão ou nosso juiz, mas nosso Pai. Pela fé em Jesus fomos tornados filhos de Deus. E Ele não é um Pai indiferente e mau, mas provedor, amoroso, fiel, gentil, terno, ao qual convém que o vejamos sempre desta forma, porque isso trará paz e segurança ao nosso coração. Pensemos no modo como Ele recebeu o Filho Pródigo na parábola que Jesus contou para ilustrar qual é o caráter do nosso Pai de amor.
Todavia não será o nosso pensamento positivo que nos trará a paz, mas a realidade objetiva do poder de Deus que cuida de nós de modo sobrenatural e invisível, quer diretamente, quer dando ordens aos anjos a nosso respeito.
Tendo a um Pai de amor como o nosso, por que deveríamos temer ou andar ansiosos?
Confiemos a Ele o nosso presente, o nosso futuro, e tudo o que somos e temos, pois enquanto Jeová estiver no seu alto e sublime trono de graça, nada de real valor poderá ser perdido por nós. Ele guardará as nossas almas e as nossas mentes em paz em Cristo Jesus nosso Senhor.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras
1 – eirene (grego) – paz, descanso;
2 – shalom (hebraico) – paz; estar bem; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:
http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128340








7 - O Deus de Paz

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

"Ora, o Deus de paz seja com todos vós. Amém." (Romanos 15.33)

Paulo aconselhou os romanos a lutarem. Três versos antes de nosso texto, ele realmente dá-lhes uma exortação para lutarem, e ainda profere aqui uma oração para que o Deus de paz pudesse ser com todos eles. Ele diz: "Rogo-vos, irmãos, pelo amor do Senhor Jesus Cristo, e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas orações a Deus por mim." Essa é uma luta santa, e é tal conflito que queremos sempre ver na igreja - uma contenda na oração, um rodear o trono da graça juntos e clamando diante de Deus, até que responda as nossas orações.
Há também um outro tipo de luta que é permitido na igreja: a doce disputa em que devemos nos destacar de todos os demais no amor, no serviço e na fé. Que Deus nos envie mais conflitos desse tipo em nossas igrejas - uma contenda na oração, uma contenda no dever.
Se você considerar Deus na trindade você vai ver que em cada uma das Pessoas - o Pai, o Filho, e o Espírito Santo, o título "o Deus da paz" é adequadamente aplicado. Há Deus, o Pai eterno - ele é o Deus da paz, porque desde toda a eternidade planejou a grande aliança de paz, pela qual pode trazer rebeldes para perto dEle, e fazer estranhos e estrangeiros co-herdeiros com os santos, e co-herdeiros com seu Filho Jesus Cristo. Ele é o Deus da paz, pois justifica e, assim, implanta a paz na alma que Ele aceitou em Cristo e, como o Deus da paz, Ele o trouxe novamente dentre os mortos, e ordenou a paz - a paz eterna com seus filhos, através do Sangue da eterna aliança.
Assim também é Jesus Cristo, a segunda pessoa, o Deus de paz porque "Ele é a nossa paz. Quem nos uniu e derrubou o muro de separação que havia entre nós." Ele faz a paz entre Deus e o homem. Seu sangue aspergido sobre a ira ardente de Deus transformou-a em amor, através da mediação maravilhosa de Jesus Cristo - e Ele é o Deus da paz, porque ele faz a paz na consciência e no coração. Quando ele diz: "Vinde a mim todos vós que estais cansados ​​e oprimidos", ele dá "descanso", e com o descanso dá a paz de Deus que excede todo o entendimento e que guarda as nossas mentes e corações. Ele é o Deus da paz na Igreja, porque onde quer que Jesus Cristo habite, Ele cria uma santa paz.
 Assim também é o Espírito Santo, o Deus da paz. Ele trouxe a paz no início da criação, quando a matéria caótica estava em confusão, e pairando sobre as águas fez aparecer a ordem onde antes não havia nada além da escuridão e do caos. Assim, nas almas caóticas em trevas Ele é o Deus da paz. Quando os ventos das montanhas do Sinai, e rajadas do abismo do inferno varrem a alma angustiada, quando, andando para a tribulação, a nossa alma desfalece dentro de nós, Ele fala de paz para os nossos problemas, e dá descanso para os nossos espíritos. Quando por preocupações terrenas que são atiradas sobre nós, como as ondas do mar, para cima e para baixo, Ele diz: "haja paz." Ele será o Deus de paz, quando na última hora de nossa vida, deve silenciar todos os uivos dos demônios, nos dará a paz com Deus por meio de Jesus Cristo, e nos conduzirá a salvo para o céu. .
Vamos agora entrar no assunto, e ver onde Deus é um Deus de paz. Destacamos que ele é o Deus da paz, porque criou originalmente a paz. Ele é o Deus da paz, pois ele é o restaurador de todas as coisas, embora as guerras tenham eclodido por causa do pecado. Ele é o Deus da paz, porque ele preserva a paz quando ela é feita, e é o Deus da paz, porque deve, finalmente, estabelecer a paz perfeita e consumada entre todas as suas criaturas e Si mesmo. Assim, Ele é o Deus da paz.
Primeiro de tudo, ele é o Deus da paz, porque nada criou além de paz. Volte em sua imaginação ao tempo em que o Pai majestoso saiu de sua solidão e iniciou a obra da criação. Imagine a si mesmo no momento em que Ele libera a palavra e a primeira matéria é formada. Antes da criação não havia nem espaço, nem tempo, nem qualquer coisa existente.
Veja se na grande harpa da natureza, há uma cadeia que, quando tocada pelo dedo do Criador apresenta discórdia? Veja os tubos deste grande órgão que Deus fez para tocar harmoniosamente.
Existem baluartes formados para a guerra? Há lanças e espadas? Há clarins e trombetas? Porventura Deus criou tudo com o fim de destruir suas criaturas e desolar seus reinos? Não, tudo é pacífico acima, abaixo e ao redor, tudo é paz, não há mais nada, senão calma e tranquilidade.
Veja quando Ele faz os anjos. Ele fala e asas de serafins começam a voar, e querubins atravessam o ar em asas de fogo. Ele fala, e uma multidão de anjos em suas diversas hierarquias são criados, enquanto Jesus Cristo como um poderoso príncipe dos anjos é decretado para ser sua Cabeça. Existe agora em qualquer um desses anjos um sinal de tristeza? Quando Deus os criou o fez com o propósito de qualquer um deles se tornar Seu  inimigo? Pergunte aos anjos, e eles dizem: "Nós não fomos feitos para a guerra, mas para a paz. Ele não nos formou espíritos de batalha, mas espíritos de amor, alegria e tranquilidade. E se eles pecaram, Ele não os criou para o pecado. Eles fizeram isso, e trouxeram desgraça para o mundo por sua própria vontade. Deus não criou nenhuma guerra. Deus não é o autor de qualquer guerra, ou qualquer contenda. Satanás concebeu a rebelião, mas Deus não foi o autor da mesma. Ele pode desde toda a eternidade ter previsto isso, e pode até ser dito em algum sentido que ordenou que ela manifeste a Sua justiça e a Sua glória, e para mostrar a sua misericórdia e soberania em redimir o homem, mas Deus não teve qualquer participação direta nisto.
Vá para o jardim do Éden: ande para cima e para baixo – veja seus caramanchões; descanse sob suas árvores, e participe de seus frutos. Você vê o menor sinal de guerra? Não há nada de tumulto e barulho - nenhuma preparação de destruição. Veja Adão e Eva: seus dias são luz do sol perpétuo, suas noites são noites amenas de doce repouso. Deus nada colocou em seus corações, que pudesse perturbá-los, Ele não tem má vontade em relação a eles, mas, pelo contrário, anda com eles na noite sob as árvores na viração do dia. Ele condescende em falar com as suas criaturas, e manter comunhão com elas. Ele não é, em nenhum sentido, o autor da presente confusão neste mundo, que foi provocada pelos nossos primeiros pais, através da tentação do maligno. Deus não criou este mundo para a luta. Quando ele fez isso primeiro, paz, paz, paz, foi a ordem universal do dia. Que possa vir um tempo em que a paz, uma vez mais, será restaurada para esta grande terra, e a tranquilidade para este mundo! Você não percebe que Deus é o Deus da paz, pelo que criou originalmente? Quando ele declarou sua criação como "muito boa", era inteiramente sem a menor exceção, a criação pacífica. Deus é o Deus da paz.
Mas, em segundo lugar, ele é o Deus da paz, porque ele restaura a criação. Nada revela que um homem é muito afeiçoado à paz do que quando ele tenta fazer as pazes entre outros, ou, quando outros o têm ofendido, ele se esforça para fazer a paz entre ele e eles. Se eu fosse capaz em todos os momentos de manter a paz comigo mesmo, e nunca provocasse uma briga, eu deveria, naturalmente, ser considerado um espírito de paz, mas se outras pessoas optam por discutir e discordar de mim, e eu desejo e tenho o propósito definido para trabalhar para promover a reconciliação, então todo mundo diz que eu sou um homem de paz. "Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados de filhos de Deus." Deus é o grande pacificador, e assim ele é de fato o Deus da paz.
Quando Satanás caiu, houve guerra no céu. Deus fez a paz lá, porque expulsou Satanás e lançou todos os seus exércitos rebeldes no fogo eterno. Ele fez as pazes com a Sua força e poder e majestade, pois os expulsou do céu, para nunca mais poluírem o solo sagrado da felicidade, e para nunca mais colocarem em perigo o Paraíso enganando seus pares no céu. Então, ele fez a paz no céu pelo Seu poder. Mas quando o homem caiu, Deus não fez a paz com o Seu poder, mas por Sua misericórdia. O homem transgride. Pobre homem! Observe como Deus vai atrás dele para fazer as pazes! "Adão, onde estás?" Adão nunca disse: "Deus, onde estás?" Mas Deus veio a Adão, e parecia dizer com uma voz de afeto e piedade "Adão, pobre Adão, onde estás? Porventura se tornou um Deus? O espírito maligno, disse que tu querias ser um Deus - tu és assim? Onde estás agora pobre Adão? Tu estiveras uma vez em santidade e perfeição, onde estás agora?" E ele viu um Adão ocioso fugindo de seu Mestre, fugindo do grande pacificador, para esconder-se sob as árvores do jardim. Mais uma vez Deus chama: "Adão, onde estás?" Mas ele diz: "Ouvi a tua voz no meio do jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me." E Deus diz: "Quem te mostrou que estavas nu?"  Você pode ver que Ele é um pacificador, mesmo assim, mas quando, depois de ter amaldiçoado a serpente, Ele vem para conversar com Adão, e você pode vê-lO como um Pacificador ainda mais. "Eu vou", Ele disse à serpente, "por inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. "Lá, foi estabelecida a paz pelo sangue da cruz. Não se concebe, no entanto, que essa foi a primeira preparação de paz que Deus já fez. Essa foi a primeira exibição dela, mas já tinha estabelecido a paz por toda a eternidade. Através do pacto que fez com Jesus Cristo desde toda a eternidade, o povo de Deus estava em paz com Deus. Embora Deus tivesse visto que o homem cairia, e se tornaria seu inimigo, todavia Ele planejou um pacto com Jesus, onde Jesus estipulou que Ele iria pagar as dívidas de todo o Seu povo – que seria redimido e restaurado, e o Pai em Seu nome perdoou os pecados do Seu povo e o justificou, tirando a sua culpa, absolvendo-o e aceitando-o e recebendo-o para viver em paz com Ele.
Há uma guerra no mundo agora; há um espírito maligno andando para lá e para cá, um ser inquieto, ansioso, como um leão que busca para devorar, andando em lugares áridos, buscando repouso e não encontrando, e há homens enfeitiçados por esse espírito maligno que estão em guerra com Deus e em guerra uns com os outros, mas há um tempo que vem, vamos esperar mais um pouco, quando haverá paz na terra e paz em todos os domínios de Deus.
Em mais alguns anos nós teremos uma paz duradoura e permanente na terra. Talvez, amanhã, Jesus Cristo, o Filho de Deus virá de novo. Não sabemos nem o dia nem a hora em que o Filho do homem virá, mas no tempo oportuno Ele descerá do céu com alarido, e com o barulho de trombeta, Ele vem, mas não como uma vez Ele veio – como um homem humilde, mas como um monarca glorioso e exaltado. Em seguida, fará cessar as guerras. O dia está chegando, e rapidamente, quando não deve ser encontrado na Terra um único homem que odeie a seu irmão, mas quando cada um deve encontrar em qualquer outro irmão um amigo.








8 - Se Cristo Predisse a Guerra, o Cristão Deve Orar por Paz?

Distinguindo a obra de Deus e a nossa

Por John Piper

Faço essa pergunta porque existem alguns crentes que acham que orar por paz nestes “últimos dias” é contrário à vontade de Deus, visto que Jesus disse: “Quando, porém, ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis; é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim” (Marcos 13.7). Se guerras têm de acontecer, como você pode orar por paz, sem opor-se à vontade de Deus?

Nossas orações devem ser guiadas por aquilo que é moralmente correto para os homens fazerem, e não por aquilo que Deus, em sua providência soberana, pode trazer à realização. Raramente devemos orar para que o mal moral aconteça, mas Deus pode querer que o mal moral prevaleça por determinado tempo. Por exemplo: 1) Deus quis que Cristo fosse crucificado. Muitos dos atos necessários que estavam envolvidos na crucificação de Cristo eram moralmente errados. Logo, Deus quis que este mal prevalecesse por um tempo (Atos 2.23; 4.27-28). 2) Deus quis que os irmãos de José o vendessem para ser escravo no Egito, embora isso fosse errado para eles fazerem (Gênesis 50.20). 3) Deus ordena a vingança pecaminosa do final dos tempos (Apocalipse 17.17).

Em outras palavras, Deus ordena e prediz que males de implicações morais prevaleçam por algum tempo, mas isso não significa que devemos orar para que o mal moral aconteça. Devemos orar de acordo com a maneira como Deus nos ordena que vivamos — em retidão e amor. Devemos orar que a vontade de Deus seja feita na terra do mesmo modo como ela é realizada no céu pelos anjos perfeitamente santos (Mateus 6.10), e não da maneira como ela é feita na terra por intermédio de homens pecaminosos.

De fato, Paulo nos ensina a orar pela paz entre as nações, para o bem do evangelho. O texto fundamental sobre a oração e a paz é 1 Timóteo 2.1-4: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”.

Observe a relação entre orar pelos 1) líderes das nações, 2) a preservação da paz e da ordem e 3) o desejo de que “todos sejam salvos”. Há uma conexão entre orar pela 1) liderança da nação, 2) a paz e 3) o evangelismo e missões. É verdade que a igreja pode crescer em tempos de hostilidades e guerra. Contudo, também é verdade que as guerras têm devastado a igreja em muitas áreas. Não nos compete determinar os propósitos soberanos de Deus em ordenar que algumas guerras aconteçam. Cumpre-nos orar para que a justiça, a paz e a proclamação do evangelho prevaleçam. Compete-nos orar para que a igreja cristã não seja cúmplice nos atos da nação, como se a igreja e a nação fossem um. Nosso dever é orar para que a igreja seja vista como forasteira, na causa do amor e da justiça que exalta a Cristo, não tendo lealdade suprema a nenhuma nação.

Isso deixa aberta a possibilidade de que os crentes possam apoiar uma guerra justa. Deus outorgou às autoridades que governam o direito de usar a espada (Romanos 13.1-6). Há ocasiões em que a justiça e o amor exigem, infelizmente, a força militar por causa da oposição agressiva ou da libertação dos oprimidos. Nesses casos, nossas orações teriam como alvo a diminuição da miséria e o triunfo rápido da justiça, bem como a restrição da violência e da crueldade.

Portanto, devemos orar por amor, sabedoria, coragem, poder e frutos na igreja de Jesus Cristo, ao redor do mundo. Supliquemos que a igreja seja distinta de todas as nações e de todas as manifestações de orgulho nacional e étnico. Roguemos a Deus que a igreja, em sua função de sal e luz, seja uma presença pacificadora em todos os lugares; e que ela não tenha medo de questionar qualquer nação, por amor à justiça e à humildade. Oremos que Jesus Cristo não seja exaltado como divindade nacional, e sim como Senhor dos senhores e Rei dos reis. Supliquemos que todos os senhores e todos os reis vejam isto, e se humilhem, e deem lugar ao Senhor da glória.







9 - A Paz de Jesus e a de Barrabás

O povo gritava para que Barrabás fosse libertado e não Jesus, porque Barrabás era o líder da sedição, juntamente com os demais sicários, que buscava a libertação dos israelitas do jugo do Império Romano.
Já a libertação que era e que continua sendo proposta por Jesus é a da nossa escravidão ao pecado.
A de Barrabás nada exige de nós senão gritarmos e lutarmos por aquilo que consideramos nossos direitos civis, deixando-nos livres e à vontade quanto aos pecados que praticamos.
A paz de Jesus, contudo, demanda a mortificação do pecado para que ela possa existir em nosso coração.
É fácil portanto entender porque a maior parte das pessoas prefere a paz de Barrabás, ainda que seja imposta pela força das armas, tal como ele e seus seguidores agiam no passado.








10 - Pelo Atalho Não se Achará a Paz

Numa época de imediatismos não é de se estranhar que se busque a paz interior, também pelo caminho mais rápido possível.
Isto tem sido visto inclusive no que se refere ao relacionamento com Jesus Cristo, que é a fonte de toda verdadeira paz de espírito.
Todavia a Sua paz nunca será achada no atalho, senão no Caminho que é o próprio Cristo, e que é definido objetivamente por Ele como sendo a prática da Sua palavra.
Ele disse que a construção segura e apta para a paz é aquela que é feita sobre a rocha da citada prática.
Tudo o mais é construir sobre a areia movediça que não é um fundamento adequado para nos manter em segurança e em paz quando a adversidade vem sobre nós.
Resta então definir qual é a palavra de Cristo que importa ser praticada.
Não há qualquer dificuldade para identificá-la porque Ele a transmitiu aos seus apóstolos e lhes disse que o Espírito Santo lhes conduziria à lembrança de tudo quanto lhes havia ensinado, como também lhes ensinaria tudo o mais relativo à verdade, que eles não poderiam suportar enquanto estivera com eles.
Dentre estas coisas podemos citar a clara compreensão entre a diferença marcante que há entre a Antiga Aliança do Velho Testamento à qual estavam apegados pela tradição, e a Nova Aliança, feita no Seu sangue derramado por nós na cruz, que substituiria a Antiga.
Este ensino, foi registrado por escrito (os 27 documentos do Novo Testamento), pela ordenança e inspiração do Espírito Santo, pelos apóstolos e por alguns daqueles que estavam associados a eles em seus ministérios, e foram reunidos aos 39 livros que compunham o Velho Testamento.
Vale lembrar todavia, que não será na mera leitura destes escritos que acharemos a paz e a salvação porque o próprio Senhor Jesus Cristo afirmou em seu ministério terreno aos fariseus, que eles examinavam as Escrituras, pensando que no somente fazê-lo teriam a salvação de suas almas.
As Escrituras do Velho Testamento testificam de Cristo. Se os fariseus se convertessem de fato a Deus eles teriam seus olhos espirituais abertos para o reconhecimento desta verdade na leitura que faziam das Escrituras.
Todavia, não é por se ler a Bíblia que somos salvos, mas por irmos a Cristo.
É na comunhão com Ele em espírito, que achamos a salvação e a paz, e que somos capacitados a guardar a sua santa palavra.








11 - "e procureis viver quietos" (I Tessalonicenses 4.11 a)

Esta exortação apostólica: “procureis viver quietos”, é de suma importância e é proveitosa para diversos fins, apesar de ser tão negligenciada em nossos dias.
A palavra usada no original grego para “quietos”  é encontrada em Lc 14.4; 23.56; At 11.18; 21.14, e tem também o significado de “ficar calado”; “apaziguar-se”; “descansar”; e “viver em paz” .
Nós precisamos estar tranquilos em nossas mentes e espíritos, porque de outra maneira não podemos reter a Palavra de Deus, que é aplicada em nossos corações pelo Espírito.
Por isso Satanás procura por todos os modos e meios inquietar a nossa mente, para que não tenhamos um comportamento pacífico e calmo.
A falta disto nos rouba a nossa própria felicidade e a de outros, e por isso deveríamos nos empenhar para sermos achados quietos e em paz.
Nós devemos aprender a aquietar a nossa mente, porque é na paciência que ganhamos a nossa alma.
Devemos cultivar uma atitude quieta em relação aos outros, e sermos submissos e moderados, buscando ter uma disposição calma e pacífica, não dada à discussão, contenda ou divisão, porque Satanás trabalha muito nisto, para produzir separações na Igreja e nos nossos lares.
Um comportamento calmo e pacífico é fundamental para que não nos intrometamos nos assuntos e negócios de outras pessoas, conforme Paulo continuou exortando os tessalonicenses na continuidade deste verso 11:
“procureis... tratar dos vossos próprios negócios”.
Mentes agitadas se intrometem nos assuntos e na vida de outros produzindo perturbações.
Por isso, a Bíblia recomenda  muito o domínio próprio, a mansidão e o uso de palavras brandas, e condena toda forma de ira injustificada, palavras vãs e ásperas e tudo o mais que proceda de um mau temperamento não transformado pelo Espírito.
Como o fruto do Espírito é paz e mansidão (Gál 5.22,23), então nós podemos avaliar se a nossa pregação, adoração e tudo o que se refere à nossa devoção ao Senhor, tem procedido ou não do Espírito, pela aplicação do grande princípio espiritual que há neste mandamento “procurai viver quietos”, porque apesar de nos ser ordenado a alegria e o fervor em tudo o que fizermos para Deus, não é no entanto, compatível com isto um espírito intranquilo, iracundo, sem paz.
De modo que nos é ordenado que a paz de Cristo seja o árbitro constante do nosso coração (Col 3.15), de forma a sabermos que se estamos ou não ministrando e vivendo pelo Espírito de Deus, que é o mesmo espírito de Cristo, a saber, manso e humilde de coração.
Enquanto estivermos neste mundo seremos provocados de muitas maneiras por aqueles que usados, consciente ou ignorantemente por Satanás, agirão para furtar a paz que temos em Cristo. Assim, devemos estar armados em nosso pensamento, da disposição de tudo suportar por amor a Cristo, e até mesmo pelos nossos ofensores, pela aplicação do princípio de perdoar e amar os que nos ofendem. Isto se faz orando por eles, em vez de ficarmos ressentidos com as suas ofensas, diretas ou indiretas.
Estes dias em que vivemos, especialmente no meio urbano, são dias difíceis quanto a este particular. Pessoas incontáveis têm desrespeitado o direito do seu próximo de várias maneiras (uso de aparelhagem potente de som inclusive depois da chamada hora do silêncio, xingamento de autoridades constituídas - pais, governantes etc, uso abusivo de drogas, confrontos armados, enfim, tudo o que está direcionado pelas forças do mal para perturbar a paz).
Então, necessitamos permanecer firmes no Senhor da paz, quando não for possível fugir dessas fontes de tentação que podem turbar o nosso coração, e orar em favor da libertação desses que se encontram presos aos laços de Satanás para cumprirem os seus propósitos malignos.








12 - Como Viver em Paz Consigo e com o Próximo

Enquanto eu dormia o Senhor me instruía dizendo que quando há conflito em relacionamentos, seja no lar, no trabalho ou onde for, é de pouca ajuda ter apenas um desejo sincero para resolvê-los, ou então recorrer a métodos psicológicos ou a quaisquer outros, porque há por detrás destes conflitos agentes espirituais que operam distorcendo palavras e endurecendo os corações.
A eficácia se encontra então em recorrer ao Senhor em oração pedindo-lhe sobretudo que preserve os nossos próprios corações de guardarem tristezas, mágoas ou ressentimentos, especialmente quando a outra pessoa envolvida no conflito não se disponha a ter paz conosco.
Isto porque embora nos seja ordenado ter paz com todas as pessoas, muitas vezes isto não será possível, não por nossa causa, pois estamos dispostos a obedecer a Deus em tudo, amando inclusive até os nossos inimigos, mas em decorrência de que há situações em que há pessoas que são irreconciliáveis.
Mas quando buscamos sinceramente em oração viver em paz com aqueles que amam a paz, Deus é poderoso para reconciliar conosco até mesmo os nossos piores inimigos ou pessoas cujo temperamento seja de difícil trato.     

Nenhum comentário:

Postar um comentário