quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Pão de Satisfação da Alma








Pão de Satisfação da Alma



Sermão nº 1112


Por Charles H. Spurgeon (1834-1892)

Traduzido, Adaptado e
Editado por Silvio Dutra




Nov/2018







 
















S772
    Spurgeon, Charles H.- 1834-1892         
          Pão de satisfação da alma / Charles H. Spurgeon                
          Tradução e adaptação Silvio Dutra Alves – Rio            
     de Janeiro, 2018.        
          43p.; 14,8 x21cm       

    1. Teologia. 2. Pregação. 3. Alves, Silvio Dutra.        
I. Título.

                                                                       CDD 252          

“E Jesus disse-lhes: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim nunca terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede.” (João 6:35)
Nosso Salvador usou expressões concernentes a Si mesmo que poderiam ser voltadas para outro significado que Ele pretendia; Ele não guardou Suas palavras dizendo: “Eu sou como pão, e fé é como comer e beber”, mas Ele disse: “Eu sou o pão da vida”, e, “Exceto que um homem coma minha carne e beba o meu sangue não há vida nele.” Ele fez isso não apenas porque a partir de Sua própria sinceridade de coração não estava nEle ser sempre enigmático em torno de todos os Seus discursos, mas também com um propósito definido, porque Seu discurso era tão claro que se qualquer homem o entendeu mal, seria o resultado de sua própria perversidade mental e não o efeito de qualquer obscuridade na linguagem do Senhor. Assim, fixando um significado baixo e sensual numa linguagem espiritual elevada, os homens de Seu tempo seriam descobertos como nenhum dos escolhidos do Senhor, e os pensamentos de muitos corações seriam revelados. Enquanto Ele estava pregando, Suas palavras eram como o fogo de um ourives, trazendo o metal puro, mas separando-o da escória, e fazendo essa escória parecer a coisa sem valor que realmente era. Apareceria claramente que os homens odiavam a luz quando perverteram as expressões mais claras do Senhor da luz em insensatez ou mistério. A missão de nosso Senhor não era tanto salvar a todos a quem Ele se dirigia, quanto salvar entre eles tantos quantos Seu Pai Lhe deu. E Ele usou seu modo de falar como teste; aqueles que eram seus, entenderam-no. Aqueles que não eram Seus, e não foram ensinados pelo Pai, colocaram um significado literal em Suas palavras espirituais, e por isso perderam Seu ensinamento divino.
(Nota do tradutor: Esta é de fato uma das principais chaves para que se possa abrir e entender adequadamente toda a revelação bíblica. Nada ali pode ser entendido adequadamente senão pelos eleitos que terão a instrução e direção do Espírito Santo neles, para que possam enxergar o mistério revelado em nosso Senhor Jesus Cristo. A relação em união vital dos crentes com Ele foi planejada pelo Pai desde antes da fundação do mundo, de modo que todo aquele que não tiver o Filho, não verá a vida, e a maldição e condenação eterna permanecem sobre ele.
Jesus não é alguém que surgiu do nada, repentinamente, com uma mensagem autoritária que exigia total exclusividade de adoração a Ele que alguém pudesse ser salvo e alcançar a vida eterna.
Na verdade, fomos criados nele e para ele, para vivermos em plena união vital com ele, que é o único em quem podemos achar tudo o que é necessário para sermos verdadeiros filhos de Deus, cheios das virtudes que estão em Cristo e que são comunicada pelo Espírito Santo a nós.
Por isso Ele se referiu à necessidade de nos alimentarmos de Sua carne e bebermos o Seu sangue, em uma metáfora sim, pois não é uma referência literal ao seu corpo físico e sangue, mas de sermos participantes de fato de sua vida, de sua pessoa total, e de nos alimentarmos dele mesmo, de sua vida sobrenatural e divina, para que também tenhamos vida eterna, celestial, espiritual e divina.
E isto tudo é feito em amor, porque não buscamos aquilo que não amamos. Assim o Pai o fez inteiramente desejável, agradável e atrativo a nós, para que o buscássemos sempre, assim como a abelha que busca a flor por causa do néctar que ela tanto ama.
Nosso amor por coisas naturais dita a nossa busca destas coisas, conforme a nossa necessidade delas, especialmente aquelas relativas à nossa subsistência. Por isso amamos comer determinados alimentos, pois Deus nos inclinou a isto. De igual modo, Jesus, sendo o nosso alimento espiritual, é amado por nós, e por este amor nós o buscamos para sermos alimentados e termos vida espiritual em abundância e saudável nEle e por Ele.
Em nenhum outro temos tudo o que necessitamos para crescermos espiritualmente conforme convém. Tudo o que precisamos foi colocado pelo Pai no Filho, para que busquemos somente nEle todas as virtudes, o caráter, a santidade que nos convém possuir como filhos amados de Deus que somos.)
Até hoje, as expressões memoráveis ​​de nosso Senhor neste capítulo continuam sendo uma pedra de tropeço para alguns, enquanto estão cheias de instruções gloriosas para outros. Vemos o mundo todo dia se separando mais e mais definitivamente em dois campos, o acampamento dos escolhidos de Deus, a quem é dado a conhecer o mistério do reino, os bebês na graça que leem o ensino simples do evangelho, e se regozijam nele do outro lado a hoste carnal que ouve a Palavra, mas não olha mais profundamente que sua letra exterior; para quem se torna um "cheiro de morte para a morte", porque eles pervertem a palavra espiritual do Senhor para um significado carnal, e imediatamente montam em si mesmos cerimônias abundantes e perfuram-se através de erros mortais.
Eu mal penso que a proeminência do sacramentalismo hoje em dia seja totalmente lamentada. É apenas uma separação mais clara e manifesta do precioso do vil. Há uma divisão tão marcante quanto entre morte e vida, e tão profunda como o inferno, entre a igreja espiritual que crê em Jesus, e a igreja carnal que crê nos sacramentos, entre os regenerados que olham para Cristo na cruz - e as duas vezes - que morre quem adora um pedaço de pão e paga reverência a uma taça de vinho. O Salvador falava em símbolos, para que os soberbos pudessem ouvir em vão, pois ouvindo, não entenderiam e vendo não perceberiam, executando sobre aquela geração presunçosa que O rejeitou, a sentença judicial do Senhor, porque seus corações estavam incrustados, seus ouvidos estavam sem brilho e seus olhos estavam fechados.
Mas agora, falando àqueles a quem o Senhor deu a entender o Seu significado, deixe-me dizer, nosso Salvador usa figuras muito simples. Pense nele chamando a si mesmo de pão! Quão condescendente é que o artigo mais comum sobre a mesa seja o mais completo tipo de Cristo! Pense nele chamando a nossa fé de comer e beber de si mesmo! Nada poderia ser mais instrutivo. Ao mesmo tempo, nada poderia demonstrar melhor Sua gentileza e humildade de espírito, que Ele não se opõe a falar assim de recebê-lo. Deus seja louvado pela simplicidade do evangelho. Quanto mais eu vivo, mais eu bendigo a Deus que nós não recebemos um evangelho clássico, ou um evangelho matemático ou um evangelho metafísico. Não é um evangelho confinado a estudiosos e homens de gênio, mas o evangelho de um homem pobre, o evangelho de um lavrador, pois esse é o tipo de evangelho no qual podemos viver e morrer. Não é para nós o luxo do refinamento, mas o alimento básico da vida. Não precisamos de palavras bonitas quando o coração está pesado, nem precisamos de problemas profundos quando estamos à beira da eternidade, fracos no corpo e tentados em mente. Em tais ocasiões, magnificamos a abençoada simplicidade do evangelho. Jesus manifestado na carne se torna o pão da nossa alma. Jesus sangrando na cruz, um substituto para os pecadores, é a bebida da nossa alma. Este é o evangelho para bebês, e homens fortes não precisam de mais. Mais uma vez, parece-me muito digno de nota, e especialmente muito digno de agradecimento, que nosso Salvador tomou metáforas de um caráter muito comum, de modo que se nossos corações estão certos, não podemos ir a parte alguma além do que somos lembrados dele. Em nossas mesas, estamos muito aptos a esquecer as melhores coisas. A indulgência do apetite não é muito promotora da espiritualidade, mas não podemos nos sentar à mesa, sem que o pedaço de pão nos fale e diga: “Pobre alma, você precisa mesmo de pão para ser dado a você. Você é tão carente que o seu pão deve ser o dom da caridade celestial. Jesus desceu do céu para evitar a fome absoluta. Ele desceu para ser pão e água para você.” Enquanto você pega esse pão e pensa nos processos pelos quais ele passou antes de se tornar pão, ele prega milhares de sermões para você a respeito; a semeadura de Jesus como um grão de trigo na terra, Sua moagem entre as pedras da divina ira, Sua passagem pelo forno de fogo. Vemos os sofrimentos de Jesus em cada migalha que colocamos em nossas bocas. Ora, o Senhor penetrou os céus com o Seu nome e os fez falar do Seu Amor. O sol natural proclama o sol da justiça, e cada estrela fala da estrela de Belém. Você não pode andar pelo seu jardim ou sair às ruas, nem abrir uma porta ou vestir suas roupas, sem ser lembrado do Senhor Jesus.
Lembro-me de uma vez ter visitado um pobre cristão no hospital, que muitas vezes frequentava meu ministério, e ele disse: “Ora, senhor, você nos deu tantas ilustrações, que eu deito na cama e tudo o que vejo ou ouço ou leio, traz à mente algo em seus sermões." Quanto mais verdadeiro é este do nosso Grande Mestre; nós estamos contentes que Ele pendurou o evangelho em toda parte, até que cada gota de orvalho o reflita e todo vento sussurre Seu nome. Dia e noite conversam entre si e as horas comunicam sobre as coisas que estão por vir.
 Com isso como um prefácio, vamos ao nosso assunto. Nosso texto de uma maneira muito simples nos diz, primeiro, que Jesus Cristo deve ser recebido. Essa recepção é aqui descrita: “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim nunca terá fome e quem crê em mim nunca terá sede.” O segundo ensino do texto é que quando Jesus Cristo é recebido, ele é superlativamente satisfatório à alma - “nunca terá fome”; “nunca mais terá sede”.
I. O Senhor Jesus Cristo deve ser recebido por cada um de nós pessoalmente por si mesmo. Um Cristo desapropriado não é Cristo para qualquer homem. Pão que não é comido não vai saciar a nossa fome. A água no copo pode brilhar como cristal mais puro, mas não pode saciar a sede a menos que a bebamos. Conseguir uma apropriação pessoal do Salvador é o principal, e a questão é: como isso pode ser feito? Como Jesus Cristo se tornou um Salvador para mim? Você observará que neste capítulo, e na verdade, em qualquer outro lugar, o modo de obter interesse em Cristo nunca se confunde com a ideia de aptidão, mérito, preparação ou valor. O texto diz: “Aquele que vem a mim”. Não diz nada sobre preparação antes de vir ou sobre quaisquer ações meritórias ligadas a isso. É uma simples vinda, como mendigo para esmola ou criança, para a ajuda do pai.
A outra descrição é: “Aquele que crê em mim”. Não há nada de mérito. De fato, a fé está em oposição direta ao trabalho meritório. E se lemos de comer a Cristo e beber a Cristo, o ato é inteiramente receptivo, nada é dado, mas tudo é recebido, lembrando-nos daquela passagem memorável: “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder para tornarem-se filhos de Deus, a saber, os que criam em seu nome”. Tudo é uma questão de receber, não de trazer a Cristo. Nós chegamos a Ele de mãos vazias. Cremos nEle sem qualquer merecimento nosso, e dessa forma, e somente assim, Jesus Cristo se torna nosso Salvador. Vamos nos debruçar sobre essas expressões por alguns minutos.
A primeira é que chegamos a Ele. “Aquele que vem a Mim nunca terá fome.” Suponho que isso representa o primeiro ato de fé, pelo qual os homens entram na vida espiritual: somos alienados de Cristo, mas depois de ouvir o evangelho, somos conduzidos pelo Espírito Santo a pensar nEle, considerá-lo, estudá-lo e julgar que Ele é o Salvador de quem precisamos. Nossa alienação dEle é transformada em desejo por Ele e chegamos a Ele suplicando que seja nosso Salvador. Nós vamos a ele. É um movimento do coração em direção a Ele, não um movimento dos pés, pois muitos vieram a Jesus em corpo, e contudo nunca chegaram a Ele em verdade. Eles estavam perto dEle no meio da multidão, mas eles nunca o tocaram, então a virtude saiu dEle. A vinda aqui significa que é realizada por desejo, oração, assentimento, consentimento, confiança, obediência. Significa que eu ouço o que é Cristo, e aprendo o que Deus diz que Ele é, que Ele é Deus, e que Ele é Homem, que Ele veio ao mundo para levar os pecados dos homens nEle, e ser punido em seu lugar. Eu ouço tudo isso e concordo com isso. Eu creio em Jesus e digo: “Se Ele morreu por todos aqueles que confiam nEle, eu confiarei nEle. Se Ele ofereceu tão grande sacrifício sobre o madeiro por homens culpados, eu confiarei nesse sacrifício e farei dele a base da minha esperança.” Isso é vir a Jesus Cristo. O termo é muito simples, mas não é tão facilmente explicado aos outros por ser tão simples. Se você é ensinado pelo Pai, você saberá muito bem o que é, mas se não, temo que as palavras mais simples não o façam entender.
Talvez possa ilustrar a vinda a Jesus por um incidente relacionado com o hino que cantamos agora mesmo. Acho que li em algum lugar que o Sr. Wesley estava se vestindo uma manhã, sua janela estava voltada para o mar e havia um forte vento soprando, as ondas eram muito turbulentas e a chuva caía pesadamente. Nesse momento, um passarinho, vencido pela tempestade, entrou pela janela aberta e aninhou-se no seu peito. É claro que ele o amava e depois pediu que seguisse seu caminho quando a tempestade terminou. Impressionado com a ocorrência interessante, ele sentou-se e escreveu o verso –
“Jesus, amante da minha alma,
Deixa-me voar ao teu peito
Enquanto as nuvens furiosas rolam
Enquanto a tempestade
ainda está alta!
Esconda-me, ó meu Salvador, esconda-me
Até que a tempestade da vida passe.”
Imite aquele coitadinho se você tivesse Cristo - voe para longe da ira de Deus, fuja de suas próprias convicções de pecado, voe para longe de seus pressentimentos sombrios do julgamento vindouro - bem no seio de Jesus que é caloroso com o Seu amor aos pecadores –
“Venham, almas culpadas,
e fujam como pombas
para as feridas de Jesus;
Este é o dia aceitável do evangelho,
no qual abundam as graças livres.”
A segunda descrição que nos é dada da maneira pela qual Cristo se torna nosso é crendo nele. Aqui, novamente, tenho que explicar uma palavra que não precisa de explicação, exceto um lampejo da luz do Espírito Santo. E eu questiono se alguma outra luz foi suficiente para deixar isso claro, e não por causa de qualquer obscuridade real, mas por causa da cegueira intencional da natureza não renovada. Crer em Cristo significa crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus e o Salvador dos homens. Mas inclui muito mais que isso. Você pode ser muito ortodoxo em suas noções sobre Cristo; de fato, você pode acreditar no que a Bíblia declara sobre Ele, e ainda assim você não pode ter fé salvadora nEle. “Aquele que acredita em Mim.” E se eu colocar a palavra “confiança”? “Aquele que confia em Mim.” Ou aquele que apoia todo o seu peso em Mim, que, sabendo que tais e tais coisas são verdadeiras, age como se fossem verdadeiras, e mostra a realidade de sua crença pela simplicidade de sua confiança. Sabendo que Cristo veio para salvar os pecadores, o crente diz: "Então eu dependo dele para me salvar"; sabendo que Jesus foi o substituto para a culpa humana, ele diz: “Ele é o substituto da minha culpa. Se Ele veio e levou o pecado sobre Si mesmo, então eu confio nEle e, portanto, sei que Ele levou o meu pecado, para que eu nunca suportasse a ira do Pai.”
E é Cristo realmente o Salvador do homem no momento em que ele crê? Sim, no momento em que ele acredita. Mas suponha que sua vida anterior tenha sido escandalosa? É perdoado por amor a Cristo. Mas suponha que no momento antes de ele confiar em Cristo, não havia nada de bom nele, não é? Jesus Cristo morreu pelos ímpios, e Ele é capaz para salvar os que se aproximam de Deus.” Mas suponha que o pecador salvo deveria ser imperfeito depois? Não é suposição, ele será. Mas, “o sangue de Jesus Cristo, o amado Filho de Deus, nos purifica de todo pecado”.
Um texto muito abençoado nos assegura que “há uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para o pecado, e para a impureza ”. Não é uma fonte meramente para os pecadores comuns, mas para aqueles que são o povo de Deus. Eles ainda encontram limpeza para o pecado onde encontraram no início. “Se alguém peca, temos um advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo.” A fé é um ato de confiança no grande sacrifício de Cristo, e onde quer que o Espírito Santo o faça nos homens, faz com que Cristo seja deles; eles nunca terão fome e nunca terão sede.
Mas eu passo para à terceira maneira em que se diz que recebemos a Cristo. Não está no texto em tantas palavras, mas devemos considerá-lo, porque, embora não esteja lá literalmente, está lá espiritualmente. É comendo e bebendo. Nós devemos comer a Cristo e beber a Cristo. Oh, é monstruoso; é monstruoso que, do tumulto, devam viver homens que sonhem que Jesus nos ensinou a literalmente comer a Sua carne e a beber o Seu sangue! Estou cada vez mais espantado com este século XIX; ouvi elogiá-lo por sua iluminação e progresso até o adoecer do século XIX, e estou certo de que está chegando ao fim. Espero que o século XX seja algo melhor. Certamente, nenhum período de tempo foi mais dado à superstição. Mesmo a idade da feitiçaria pode ser superada apenas pela idade dos Ritualistas. Aqui você tem idiotas em lugares altos, absolutos, austeros, encarando idiotas, que pregam aos homens que devem virar canibais para serem salvos. Certamente, tal ato, se puder ser perpetrado, deve ser o caminho mais próximo para ser condenado. Que crime maior poderia haver do que para os homens literalmente comerem a carne de seu próprio Salvador? Não posso falar com muita força contra uma perversão tão extraordinária e tão monstruosa do ensinamento de nosso Senhor. O que Ele quis dizer ao comermos Sua carne e sangue é exatamente isso - nós cremos que O recebemos em nossos corações e nossas mentes se alimentam dEle. Nós ouvimos falar de Jesus Cristo como o Filho de Deus, e como o Substituto dos pecadores: nós cremos nisso, e assim recebemos a verdade como os homens recebem pão na boca. Agora, ao comer, primeiro colocamos a comida em nossas bocas. Como um todo, entra na boca e, de igual modo, como um todo, Cristo Jesus é recebido em nossa crença e confiança. A comida estando na boca, nós procedemos a mastigá-lo; é partida; é dissolvida; nosso gosto descobre sua essência e sabor secretos - e mesmo assim a mente crente pensa em Jesus, contempla-O, medita nEle e descobre Sua Preciosidade. Nós vemos muito mais do nosso Senhor depois da conversão do que no princípio. Nós acreditamos nele sabendo pouco dele. Mas passo a passo compreendemos com todos os santos quais são as alturas e profundidades e conhecemos o amor de Cristo que ultrapassa o entendimento. Jesus se torna mais reconfortante e mais agradável ao compreendermos mais claramente quem e o que Ele é. Nossa fé, que colocamos implicitamente sobre Ele, agora vê mil razões para uma confiança ainda mais plena, e assim é fortalecida. Por exemplo, o crente comum acredita em Jesus Cristo porque Ele é um Salvador divino. Mas o crente instruído vê em Jesus Cristo aptidão, plenitude, variedade de ofícios, glória de caráter, plenitude de trabalho, imutabilidade e mil outras coisas que lhe são agradáveis. Deste modo, a verdade a respeito do Senhor é, por assim dizer, mastigada e desfrutada.
Mas o processo de comer vai além; a comida desce para as partes internas para ser digerida, e há mais uma quebra e dissolução dela. Assim, as grandes verdades da encarnação e do sacrifício são feitas para habitar na memória, repousar sobre o coração, repousar nas afeições até que sua essência, conforto e força sejam totalmente revelados.
Oh, é inacreditavelmente refrescante deixar essas grandiosas verdades habitarem em nós ricamente, para serem digeridas interiormente! Você já mastigou e ruminou as verdades do evangelho, virando-as de novo, de novo e de novo, como deliciosos petiscos para o seu gosto espiritual? Você pode dizer com Davi: “Quão preciosos são, pois, os teus pensamentos para mim, ó Deus”? Se sim, você sabe o que é comer espiritualmente. Quando isso é feito, a comida é assimilada e levada para a substância do corpo. Passa dos órgãos digestivos àqueles que assimilam. Cada porção do corpo produz, por sua vez, um alimento adequado da comida, e assim todo o homem é edificado. É exatamente assim com as grandes verdades, que Cristo se tornou homem e morreu no lugar do homem - estas são internamente recebidas por nós até que toda a nossa natureza extraia delas uma influência satisfatória e fortalecedora. Por uma espécie de simpatia mística, a verdade está sendo ajustada à mente, e a mente requer exatamente tal verdade, toda a nossa natureza bebe em Cristo, e Sua pessoa e trabalho se tornam a alegria, o deleite, a força e a vida de nossa mente. Como um homem pensa em seu coração, assim ele é, e, portanto, nossos pensamentos de Jesus e fé nele, edificam-nos nele em todas as coisas. Agora, como um homem que se banqueteou bem e não tem mais fome, se levanta da mesa satisfeito, então sentimos que em Jesus toda a nossa natureza tem tudo de que precisa! Cristo é tudo e estamos preenchidos nele, completos nele! Isso é receber a Cristo! Amado, se você quer ter o seu próprio Cristo, você deve recebê-lo por este processo. Apenas confie nAquele que lhe dá a Cristo como alimento em sua boca; contemplar, meditar, comungar com Ele é entendê-lo, assim como o alimento é digerido e é nosso. Mais oração, comunhão e meditação assimilam a Cristo, para que Ele se torne parte integrante de nós mesmos. Cristo vive em nós e nós nele!
Nós não devemos esquecer, como estamos insistindo sobre isso, que os dois pontos sobre Jesus Cristo, que Ele diz que é para nós carne e bebida, são Sua carne e seu sangue. Compreendemos por sua carne, sua humanidade - nossa alma se alimenta do fato literal, real e histórico de que “Deus estava em Cristo”. Que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”, e os homens viram Sua glória, a glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e verdade. O principal conforto da minha alma hoje não é uma doutrina. Eu recebo um grande conforto de muitas doutrinas, mas o conforto inferior da minha alma não é uma doutrina, mas um fato. E é este fato que Aquele que fez os céus e a terra, e sem os quais nada foi feito, nasceu da Virgem Maria em Belém, e durante 30 anos ou mais o fez, não em ficção ou romance mas, de fato, habitou como homem entre os homens. Esse fato é a comida da minha alma. O fato histórico de que Cristo Jesus era carne e sangue, osso de nossos ossos, carne de nossa carne, um homem como nós - isso, eu digo, é alimento para nossos espíritos, e acreditando sentimos uma alegria indizível, pois sabemos que Aquele que se assenta no trono de Deus é um homem. O homem foi feito "um pouco menor que os anjos", mas agora, na pessoa de Cristo, Ele é coroado de glória e honra. Agora sabemos que Deus não pode odiar a humanidade, porque Cristo é um homem. Cristo reconciliou Deus com a humanidade porque Ele representou a humanidade, e os pensamentos de Deus para com o homem são, por amor de Cristo, pensamentos de amor e não de mal.
O outro ponto em que Jesus é alimento para a nossa mente é o Seu sangue. Isso se refere mais claramente aos seus sofrimentos e à sua morte vicária. Pão e vinho são colocados sobre a mesa de comunhão como símbolos separados; não pão e vinho misturados, isso destruiria o ensino. O vinho é distinto do pão, porque quando o sangue é separado da carne, há diante de você a evidência segura da morte. Agora a verdadeira bebida de um pecador com sede é o fato de que Cristo morreu em seu lugar. Eu repetirei o que disse - minha grande esperança como pecador não está em uma doutrina, e meu consolo como um criminoso trêmulo diante do tribunal de Deus não está fundamentado em nenhuma opinião ou declaração doutrinária, mas em um fato. Aquele que é o próprio Deus de Deus foi pendurado em uma cruz de madeira sobre o pequeno monte do Calvário logo depois dos portões de Jerusalém e ali, em indizível agonia, debaixo da ira de Deus, fez expiação pelos pecados de todos os que creem em Deus. Nele está a minha esperança. Há para vocês, meus irmãos e irmãs. Sim, existe toda a nossa esperança.
Muito bem, então, você não vê que o caminho para obter os benefícios do Senhor Jesus Cristo é crer nEle sendo Deus e homem, crer em Seu morrer como o Deus-homem, e descansar sobre isto, e contemplar isso, e voltar-se para ele, e novamente, e novamente, para que, tendo marcado e aprendido, você também possa digerir internamente aqueles mistérios indescritivelmente gloriosos da encarnação e do sacrifício?
Eu tenho posto o evangelho diante de você agora, pois se algum homem entre vocês fizer isto, Cristo é seu. Aqui está Cristo para ser tido por nada. Cristo para ser tido simplesmente confiando nEle, vindo a ele. Como o vaso obtém sua plenitude pelo seu vazio sendo colocado sob o fluxo da corrente, como as necessidades do mendigo são aliviadas, colocando a mão vazia para aceitar uma esmola, então você deve obter Cristo, vindo a Ele como pecadores vazios. Ele é dado a você por nada, livremente dado a você por Deus, e quem quiser, pode tê-lo. E se você não O tem, não é porque Ele te rejeitou, porque Ele nunca rejeitou aquele que veio a Ele, mas porque você O rejeitou. Meus amados pecadores, que Deus, o Espírito Santo, conceda-lhes graça para receber Jesus e serem salvos por Ele.
II. A segunda parte do nosso assunto é isso. ONDE JESUS ​​É RECEBIDO, ELE ESTÁ SUPREMAMENTE SATISFAZENDO. Ele é supremamente satisfatório, para as nossas necessidades mais elevadas e profundas, não para meras fantasias e caprichos. Cristo compara as necessidades dos homens à fome e à sede. Agora, a fome não é farsa. Aqueles que já sentiram isso sabem o que uma necessidade real indica, e quais são as dores amargas que ela traz. A sede, também, não é um assunto sentimental; é uma prova de fato. Que dor pode piorar sob os céus do que a sede? Agora, Jesus veio para satisfazer as necessidades vitais profundas, reais e urgentes, e as dores de sua natureza. Seu medo do inferno, seu terror da morte, seu senso de pecado, tudo o que Jesus veio ao encontro, e tudo isso Ele encontra no caso de todos os que vêm a Ele, como todos que o experimentaram testemunharão. Jesus Cristo encontra a fome da consciência. Todo homem com uma consciência desperta sente que Deus deve puni-lo pelo pecado, mas assim que ele percebe que o Filho de Deus foi punido no seu lugar, sua consciência está perfeitamente apaziguada, e nunca mais terá fome.
Até que os homens saibam a verdade da substituição de Jesus, você pode pregar para eles o que quiser e eles podem passar por todos os sacramentos, e eles podem sofrer muita mortificação corporal, mas a consciência deles ainda estará faminta.
Meu Deus, a quem ofendi, tornou-se homem e, por minha causa, sofreu o que eu deveria ter sofrido; portanto, minha consciência descansa agradecida, contando com uma maneira tão divinamente graciosa de satisfazer a justiça. Os homens, quando despertam uma vez, têm uma fome de medo. Eles estão ansiosos pelo futuro e mal sabem por quê, mas sentem medo de algo indefinível e cheio de terror. E especialmente se eles estão perto da morte, o horror toma conta deles, pois eles não sabem o que ainda está por vir, mas quando eles acham que Jesus Cristo, que é Deus, se tornou homem, e morreu pelos homens, para que quem confiasse nele seja salvo, então o medo expira e o amor toma o seu lugar.
A pomba na fenda da rocha não sente mais alarmes rudes. O terror não pode viver sob a cruz, pois a esperança reina suprema. Nem temerá jamais voltar, pois a obra de Jesus está terminada e, portanto, nenhum esconderijo por medo é deixado.
O coração também tem sua fome, por quase desconhecido, grita: “Oh, que alguém me amasse, e que eu pudesse amar alguém cujo amor enchesse minha natureza até a borda.” Os corações dos homens são glutões pelo amor, sim, como a morte e a sepultura eles são insaciáveis. Eles caçam aqui e ali, mas estão amargamente desapontados, pois a terra não é um objeto digno de todo o amor de um coração humano. Mas quando ouvem que Jesus Cristo os amou antes da fundação do mundo e morreu por eles, suas afeições errantes encontram descanso. Assim como Rute encontrou repouso na casa de um marido, chegamos à paz em Jesus!
O amor de Jesus expulsa todo anseio por outros amores e enche a alma. Ele se torna o esposo de nosso coração, nosso melhor amado, e nós fazemos as coisas mais medíocres partirem.
No amor do Pai e do Filho, habitamos em doce contentamento, sem mais fome e sede. Se o oceano do amor divino não pode nos preencher, o que pode? O que mais um homem pode precisar ou desejar? –
“Meu Deus, eu sou seu.
Que conforto divino;
Que bênção saber
que meu Salvador é meu!
No Cordeiro Celestial
Três vezes feliz eu sou,
E meu coração, dança
Ao som do nome dEle.”
A fome do coração é removida eternamente por Jesus. Então, há vastos desejos em todos nós e, quando somos vivificados, esses desejos se expandem e ampliam. O homem sente que ele não está em seu elemento, e não é o que ele pretendia ser. Ele é como um pássaro na casca; ele sente uma vida dentro dele grande demais para ser confinada para sempre dentro de limites tão estreitos.
Vocês, queridos amigos, não sentem grandes desejos? Sua alma não fervilha com grandes ambições? Nossa natureza imortal se enfraquece sob o peso da mortalidade! Sua natureza espiritual está cansada das correntes do materialismo. Que a fome nunca será abafada até que recebamos a Cristo, mas quando nós O temos, aprendemos que somos filhos de Deus, herdeiros de Deus, co-herdeiros com Cristo, e que ainda não aparece o que seremos, mas quando Ele aparecer, seremos como Ele é, porque o veremos como Ele é. Isso abre diante de nós um esplêndido futuro de glória eterna e felicidade ilimitada. E nós sentimos que não precisamos mais. Já que somos de Cristo e Cristo é Deus, todas as coisas são nossas e nossa fome está para sempre saciada. O único homem contente em todo o mundo é aquele que acreditou em Jesus, e ele está contente só porque obteve tudo o que sua natureza precisa –
“Deixe os outros estenderem
seus braços como mares,
E apanhar em toda a costa;
Concede-me as bênçãos da tua graça
e não desejo mais.
Porque não podia desejar
mais do que todos e Cristo é tudo!”
Meu amado, esta perfeita satisfação de nossa natureza não pode ser encontrada em nenhum outro lugar a não ser em Cristo. Alguns tentaram se satisfazer consigo mesmos e com suas próprias ações. Desprezaram o pão do céu, pois sonhavam que poderiam viver sem pão - seriam homens independentes - se fariam felizes consigo mesmos. Mas é um fracasso infeliz. Os pobres bosquímanos, quando não têm nada para comer, amarram um cinto em volta deles e chamam de cinto de fome. E quando eles passam alguns dias, eles o puxam ainda mais, para que possam suportar a fome. Então, qualquer homem que tenha que viver sobre si mesmo terá que puxar o cinto de fome de fato. Uma alma não pode ser persuadida pela filosofia a se contentar sem seu alimento necessário. A eloquência pode tentar todos os seus encantos para esse fim, mas será em vão. Quem pode convencer um homem faminto que ele não precisa comer? Alguns têm ido ao pão de Moisés e, para você, os dois maiores doadores de pão do mundo são Moisés e Cristo. Moisés alimentou as tribos no deserto por 40 anos, e Jesus alimenta o seu povo sempre. Mas o pão de Moisés nunca satisfaz; aqueles que o comem, em pouco tempo, chamam-lhe pão vil e, se por algum tempo tiverem ficado satisfeitos com ele, ainda assim há a triste reflexão de que seus pais a comeram e morreram. Não há vida no pão da lei, mas quem recebe a Cristo tem pão do qual comerá para todo o sempre e nunca morrerá.
Disseram-me que existe um país - acho que é a Patagônia - onde os homens, em tempos de necessidade, comem barro com grandes torrões, e se enchem com isso, para amortecer sua fome. Eu sei que muitas pessoas na Inglaterra fazem o mesmo. Há uma espécie de argila amarela que é muito criticada por permanecermos com fome espiritual - é uma coisa pesada, mas muitos têm um grande apetite por ela. Eles preferem as delicadas guloseimas. Quando um homem enche seu coração com isso, ele o pressiona até a própria terra e impede que ele suba à vida. Alguns tentaram saciar sua fome pelos narcóticos do ceticismo e se doaram em letargia; outros se esforçaram para aliviar com as drogas do fatalismo. Muitos evitam a fome por indiferença, como os ursos no inverno que não estão com fome porque estão dormindo. Essas pessoas vêm para a casa de Deus dormindo. Eles não gostariam de ser despertados, pois, se fossem assim, acordariam para uma fome terrível. Eu gostaria que eles pudessem ser despertados, pois a fome que eles temem os levaria a um Salvador que satisfaz à alma. Mas, dependendo disso, a única maneira de saciar a fome é comer pão, e a única maneira de satisfazer a necessidade da sua alma é obter Cristo, em quem há suficiente e de sobra, mas em nenhum outro lugar.
Terminarei dizendo que todos os crentes testificam que Jesus Cristo é o pão satisfatório para eles. Quando você fica mais satisfeito num domingo, amado? Eu não sei quem você pode ouvir, mas que domingos são os melhores para você? Quando o seu ministro monta o cavalo alto e lhe dá uma oratória esplêndida, e você diz: “Querido, é maravilhoso”, você já se sentiu satisfeito em pensar na segunda-feira? Você já se sentiu satisfeito com sermões compostos de política e moralidade, ou ensaios muito bons que se adequariam ao Saturday Review se fossem um pouco mais cáusticos? Você gosta de tal alimento? Eu lhe direi quando desfruto de um domingo a maior parte - quando prego mais a Cristo, ou quando posso sentar e ouvir um humilde pregador de aldeia exaltar o Senhor Jesus. Não importa se a gramática é pobre, contanto que Jesus esteja lá. O que alguns chamam platitudes, são guloseimas para mim se glorificam meu Senhor Jesus Cristo. Qualquer coisa sobre Ele é satisfatória para um espírito renovado - você não pode dar testemunho disso? Quando eu tenho pregado Jesus Cristo - e acho que geralmente faço isso, pois o fato é que eu não sei nada a não ser Ele, e estou determinado a não conhecer nada entre vocês, exceto Jesus Cristo, e Ele Crucificado - eu sei que você vai se afastar e dizer: “Afinal, é disso que precisamos - Cristo Crucificado, Cristo, o sacrifício substituto do pecador, sem falsificação de Cristo, não mera conversa sobre Cristo como exemplo, mas Sua carne e sangue, um Cristo que morre, sangra e sofre. é disso que precisamos.”
Agora tenho o testemunho de todo cristão aqui para isso! Você nunca está satisfeito com nada além disso - você está? Não importa quão inteligentemente a doutrina possa ser analisada, ou por mais ortodoxa que seja, você não pode se contentar com isso; você deve ter a pessoa de Cristo, a carne e o sangue de Cristo, ou então você não está contente.
E, amados, aqueles que uma vez comeram e beberam a Cristo, nunca buscam uma base adicional de confiança além de Cristo. Eles nunca dizem: "Estou descansando em Cristo, mas ainda assim gostaria de poder depender um pouco do meu batismo". Nunca ouvi uma palestra cristã dessa maneira em minha vida. Eu nunca ouvi um cristão dizer: "Eu descanso no sangue de Jesus, mas ainda assim, desejo poder pôr as mãos de um bispo sobre a minha cabeça para me dar uma confirmação da minha fé". Nunca ouvi isso em minha vida, e eu não espero que eu nunca ouça. Estamos perfeitamente satisfeitos sem sacerdotes e sem sacramentos. Jesus Cristo é o único fundamento sobre o qual construímos.
Ainda, eu nunca encontrei aqueles que descansam em Cristo precisando mudar sua confiança. Aqueles que precisam de algo novo todo domingo são aqueles que não conhecem o Salvador. Verdadeiramente, se você não tem o pão do céu, você pode muito bem gritar por todos os tipos de pratos, pois cada um logo irá estragar. Mas se você tem o pão do céu, você precisa de Cristo no dia primeiro de janeiro e todos os dias até o final de dezembro. Eu nunca ouvi um cristão afirmar que Cristo não os satisfez nos dias de doença, ou na hora da morte.
Eu vim até você nesta manhã, recém-saído do leito de um homem cristão venerável, perto do seu octogésimo ano, e disse a ele: “Agora, querido senhor, aqui estão três ou quatro jovens ao redor da sua cama; estamos indo em nossa peregrinação confiando em Cristo, acreditando que Ele é fiel e verdadeiro. Você foi muito mais longe do que nós, portanto, você nos corrigirá gentilmente se estivermos enganados? Você já descobriu que o Senhor não cumpriu Sua palavra? Você já descobriu que Ele não foi verdadeiro? ”Foi uma visão abençoada ver o homem de Deus e ouvi-lo dizer: “Nenhuma coisa boa falhou em tudo que o Senhor Deus prometeu”. "Eu cantarei da sua misericórdia, pois tem sido misericórdia, toda misericórdia, até o fim.” “Você sente algum medo de partir?”, perguntei a ele. "Oh, querido, não", disse ele. “Estou disposto a esperar ou a querer ir. Mas estou cheio da expectativa de contemplar Aquele que me amou e deu-se por mim”. Ah, a ponte da graça suportará o seu peso, irmãos e irmãs. Milhares de grandes pecadores atravessaram essa ponte; sim, dezenas de milhares passaram por isso. Eu posso ouvir o seu vagar agora, enquanto eles atravessam os grandes arcos da ponte da salvação. Eles vêm aos milhares, às miríades. Desde o dia em que Cristo entrou pela primeira vez em Sua glória, eles vieram, e ainda assim nunca uma pedra caiu naquela poderosa ponte. Alguns foram os principais pecadores, e alguns chegaram ao final de seus dias, mas o arco nunca cedeu sob o peso deles. Eu vou com eles confiando no mesmo apoio. Isso me carregará como os suportou. Os que comeram a Cristo e beberam a Cristo não terão fome ou sede na última hora, por mais que sejam tentados. Santos morreram dizendo:
“Ainda que eu ande
pelo vale da sombra da morte,
não temerei mal algum,
porque Tu estás comigo.
A tua vara e o teu cajado me consolam;
Tu preparas uma mesa para mim
na presença dos meus inimigos;
Tu unges a minha cabeça com óleo;
Meu cálice transborda.”
Deus nos conceda graça para viver em Cristo para todo o sempre. Amém.
PARTE DA ESCRITURA LIDA ANTES DO SERMÃO - JOÃO 6: 26-63.

João –  6

1 Depois destas coisas, atravessou Jesus o mar da Galileia, que é o de Tiberíades.
2 Seguia-o numerosa multidão, porque tinham visto os sinais que ele fazia na cura dos enfermos.
3 Então, subiu Jesus ao monte e assentou-se ali com os seus discípulos.
4 Ora, a Páscoa, festa dos judeus, estava próxima.
5 Então, Jesus, erguendo os olhos e vendo que grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pães para lhes dar a comer?
6 Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que estava para fazer.
7 Respondeu-lhe Filipe: Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço.
8 Um de seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, informou a Jesus:
9 Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas isto que é para tanta gente?
10 Disse Jesus: Fazei o povo assentar-se; pois havia naquele lugar muita relva. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco mil.
11 Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre eles; e também igualmente os peixes, quanto queriam.
12 E, quando já estavam fartos, disse Jesus aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca.
13 Assim, pois, o fizeram e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobraram aos que haviam comido.
14 Vendo, pois, os homens o sinal que Jesus fizera, disseram: Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo.
15 Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte.
16 Ao descambar o dia, os seus discípulos desceram para o mar.
17 E, tomando um barco, passaram para o outro lado, rumo a Cafarnaum. Já se fazia escuro, e Jesus ainda não viera ter com eles.
18 E o mar começava a empolar-se, agitado por vento rijo que soprava.
19 Tendo navegado uns vinte e cinco a trinta estádios, eis que viram Jesus andando por sobre o mar, aproximando-se do barco; e ficaram possuídos de temor.
20 Mas Jesus lhes disse: Sou eu. Não temais!
21 Então, eles, de bom grado, o receberam, e logo o barco chegou ao seu destino.
22 No dia seguinte, a multidão que ficara do outro lado do mar notou que ali não havia senão um pequeno barco e que Jesus não embarcara nele com seus discípulos, tendo estes partido sós.
23 Entretanto, outros barquinhos chegaram de Tiberíades, perto do lugar onde comeram o pão, tendo o Senhor dado graças.
24 Quando, pois, viu a multidão que Jesus não estava ali nem os seus discípulos, tomaram os barcos e partiram para Cafarnaum à sua procura.
25 E, tendo-o encontrado no outro lado do mar, lhe perguntaram: Mestre, quando chegaste aqui?
26 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes.
27 Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo.
28 Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar as obras de Deus?
29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado.
30 Então, lhe disseram eles: Que sinal fazes para que o vejamos e creiamos em ti? Quais são os teus feitos?
31 Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer pão do céu.
32 Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu; o verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá.
33 Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo.
34 Então, lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre desse pão.
35 Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.
36 Porém eu já vos disse que, embora me tenhais visto, não credes.
37 Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.
38 Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.
39 E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia.
40 De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
41 Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu.
42 E diziam: Não é este Jesus, o filho de José? Acaso, não lhe conhecemos o pai e a mãe? Como, pois, agora diz: Desci do céu?
43 Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós.
44 Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.
45 Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim.
46 Não que alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de Deus; este o tem visto.
47 Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.
48 Eu sou o pão da vida.
49 Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.
50 Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça.
51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.
52 Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne?
53 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos.
54 Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.
55 Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida.
56 Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele.
57 Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá.
58 Este é o pão que desceu do céu, em nada semelhante àquele que os vossos pais comeram e, contudo, morreram; quem comer este pão viverá eternamente.
59 Estas coisas disse Jesus, quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum.
60 Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?
61 Mas Jesus, sabendo por si mesmo que eles murmuravam a respeito de suas palavras, interpelou-os: Isto vos escandaliza?
62 Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro estava?
63 O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.
64 Contudo, há descrentes entre vós. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair.
65 E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido.
66 À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele.
67 Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?
68 Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna;
69 e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus.
70 Replicou-lhes Jesus: Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo.
71 Referia-se ele a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era quem estava para traí-lo, sendo um dos doze.

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