quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Nossa Relação com a Eternidade





Nossa Relação com a Eternidade




Por
Silvio Dutra




Nov/2018










 













A474
    Alves, Silvio Dutra         
          Nossa relação com a eternidade / Silvio
    Dutra Alves               
          Rio de Janeiro, 2018.               
          90p.; 14,8 x21cm       

    1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Alves, Silvio Dutra.        
I. Título.

                                                                  CDD 252          





“E sei que o seu mandamento é vida eterna. Aquilo, pois, que eu falo, falo-o exatamente como o Pai me ordenou.” (João 12.50)
“Assim como lhe deste autoridade sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos aqueles que lhe tens dado. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.” (João 17.2,3)
Em sua significação geral a palavra eternidade carrega consigo a noção de tudo aquilo que jamais deixará de existir. Ainda que o tempo deixasse de existir, o ser eterno continuaria em sua existência. É fácil de se supor que todos os seres que vivem no céu, não estão sujeitos ao tempo, conforme ele corre em sucessão aqui na Terra, e pode-se dizer que todos os que lá vivem, encontram-se em estado eterno.
Todavia, quando a palavra tem sua significação restringida àquilo que é espiritual, duas situações devem ser consideradas: 1) a primeira é relativa à condição que é chamada de morte eterna, em que se encontram todos os seres morais que não desfrutam da vida de Deus, e 2) a segunda, por conseguinte, à que é chamada de vida eterna, por corresponder ao desfrute da vida de Deus por parte daqueles a quem isto é concedido, sejam homens ou anjos. É a esta segunda condição que os nossos textos de abertura se referem.
Sendo Deus a fonte e a causa de todas as formas de vida que chegam por ele à existência, só podem ter vida eterna, assim como esta se encontra na divindade, aqueles que conhecem por experiência pessoal a Deus, e que têm participação da comunhão com ele, pois, é evidente, que tudo o que se encontra desligado da fonte, não pode ter continuidade em si mesmo., conforme tudo o que existe na fonte.
Daí nosso Senhor ter conceituado a vida eterna de forma tão sucinta com as seguintes palavras: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.”
Este é um assunto fascinante por sua própria natureza intrínseca em sua extensão ilimitada, com variadas e infinitas formas de abordagens, das quais temos que selecionar e nos focar apenas naquilo que diz respeito às realidades espirituais conformem elas existem na própria pessoa de Deus.
Mas, ao focarmos em Deus não estaremos, como muitos costumam conceber, fazendo considerações de algo monótono e estacionário. Muito a contrário disso, trata-se de uma matéria sem limites, assim como é o próprio Deus, que não poderiam confiná-lo a algum aspecto determinante de tudo o mais.
Deus é profundidade sem fundo, e suas múltiplas realidades e ações são todas elas de caráter eterno, assim como ele é eterno.
Só para ilustrar um destes muitos aspectos, podemos antecipar um de importância capital que é o ato da morte e ressurreição de Jesus, que apesar de terem ocorrido historicamente em um determinado ponto do tempo, possuem um caráter eterno não somente de gratidão e louvor por parte daqueles que são e serão para sempre alcançados pela salvação, como também permanecem como atos eternos na produção de seus benefícios. Toda vez que alguém se converte, é como se eles se renovassem e ocorressem de novo, apesar de não ser assim, pois foram realizados de uma vez para sempre.
Assim, a vida eterna é composta também de vários momentos, inclusive já passados, mas que carregam consigo não apenas a lembrança, mas a eficácia e os efeitos, de tudo aquilo que é bom e edificante, conforme existentes na pessoa de Deus.
Por outro lado, pode-se definir a morte eterna, como o alijamento que durará para sempre, de toda a bondade que há em Deus, porque, não se tendo experiência desta bondade e amor, não é possível trazê-los à lembrança, e nem mesmo ser participante de seus benefícios.
A morte eterna é o estado de completa destituição de graça divina. É a miséria absoluta que atormentará para sempre a consciência que será ativada para este propósito de condenação perpétua, em todos aqueles que praticaram o mal, e não foram perdoados e lavados de suas iniquidades.
Suas mentes serão aferroadas sem descanso por toda a eternidade, pelo próprio mal que praticaram, e do bem que fizeram, eles não terão qualquer lembrança, por não ter sido feito em Deus e por Deus.
Somente o que procede de Deus terá a marca da eternidade, no que se refere ao bem. E nestes que são alcançados pela vida eterna divina, não haverá lembrança do mal que os atormente, porque tudo o que vier à tona, será para o louvor e glória de Jesus Cristo. Assim, até mesmo a lembrança do mal, naqueles que alcançarem a vida eterna em Deus, a maldição será transformada em motivo de bênção, em razão do perdão concedido a eles.
Davi era um grande conhecedor, na prática, destas verdades, e por isso podia dizer que só um dia nos átrios do Senhor tinha muito mais valor do que mil fora da Sua presença. Por que isto, porque aqueles momentos de um só dia, ficariam marcados na lembrança e na vida, para produzir todo um efeito bom de louvor, gratidão, alegria, e para consolidar a fé no amor de Deus por seus filhos.
O profeta Jeremias, também conhecendo o poder e a realidade destes momentos de eternidade com Deus, em suas aflições, sempre procurava trazer à lembrança as coisas divinas pelas quais podia manter firme a sua esperança.
Nenhuma boa obra feita em Deus deixará de ter o seu galardão, e jamais cairá no esquecimento. Aquele gesto de amor da mulher que derramou o unguento precioso sobre Jesus, recebeu dEle a promessa de que aquilo seria lembrado onde quer que o evangelho fosse pregado, para memória dela. E certamente, aquele ato nunca será esquecido por todos os crentes, por toda a eternidade, porque marca o amor eterno em ação entre Deus e os Seus.
Não é preciso esperar para entrar nesta vida maravilhosa, porque ela já começa aqui; o reino eterno de Deus está em nós, a vida do céu está em nós, a partir do momento mesmo que nos convertemos a Cristo. A fé nos leva a nos apoderar das coisas que ainda não são vistas e que esperamos. Ela nos permite viver na atmosfera espiritual e celestial ainda aqui neste mundo, e nos aponta a plenitude que teremos disto na glória.
Somos seres criados para a eternidade – lembremos sempre disso, uma vez que formos criados para sermos à imagem e semelhança de Deus.
Já à luz destas poucas reflexões nós podemos concluir quão errado é o modo de se pensar na vida eterna como algo desvinculado de nós mesmos, como se fosse apenas um simples prêmio recebido da parte de Deus, para ir para o céu depois da morte neste mundo, e ser livrado, por conseguinte, do castigo eterno no inferno.
Neste sentido, foram muitos que perguntaram a Jesus o que deveriam fazer para herdar a vida eterna, conforme se vê no registro dos evangelhos. Não que eles estivessem pensando que mudança deveria ser feita em suas pessoas, como eles deveriam se converter a Deus, pois não estavam dispostos a isto, senão simplesmente, pensando se havia alguma forma ritualística de adoração exterior que eles ainda não conheciam, e que poderia lhes ser revelada por Jesus. (Lc 18.18).
Sabemos, pelas Escrituras, que Deus planejou antes mesmo da fundação do mundo que a salvação seria exclusivamente pela graça, mediante a fé e o arrependimento.
Mas, quantas verdades estão atreladas a esta graça, a esta fé e a este arrependimento! Aqui, ao se falar de graça, não se deve pensar apenas no que é gratuito, mas sobretudo em poder que é capaz de converter e produzir santidade no pecador. Ao se falar de fé, não está em foco apenas crer e confiar, mas receber o dom de Deus que nos liga a Cristo, para que possamos receber da Sua própria vida, e todos os benefícios que Ele conquistou para nós na cruz. E o arrependimento que sempre acompanha a verdadeira fé, não é mera resignação, mas mudança de direção, do pecado para a santidade, do mundo e do diabo, para Deus. É uma mudança de mente, como está no original grego (metanoia) – de uma mente carnal, para uma mente espiritual.
“Para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.15, 16).
“Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” (João 3.36).
A mente carnal que estava presa às coisas deste mundo, e incapaz de conhecer a vida de Deus por permanecer na ignorância das trevas, quando é vencida, e passamos a ter a mente de Cristo, que é obtida na conversão, abre-se um amplo horizonte diante de nós, de possibilidades que não têm fim, e que sempre estão em contínuo movimento assim como as águas de um rio que estão sempre correndo para o mar. A vida que recebemos de Deus, é como um rio de água viva que flui para o grande oceano do amor de Deus, e este rio jamais secará.
“Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.” (João 4.14).
Esta que é a maravilha da coisa, pois apesar de Jesus ser o mesmo alimento do qual comemos sempre, não há qualquer possibilidade de vir a se tornar em uma rotina enjoada, porque assim como as águas do rio correm continuamente, elas nunca são as mesmas águas à medida que vão avançando. Assim, em relação a Cristo, que é sempre novo para nós, apesar de ser sempre o mesmo. Por isso a vida que temos com ele é chamada de novidade de vida, não apenas por ser algo diferente, mas por ser algo que está sempre se renovando em nós, sem nunca alterar a sua substância santa.
Paulo diz, a este respeito, que sendo novas criaturas em Cristo, o que é velho já passou e todas as coisas se fizeram novas, e que o homem exterior se corrompe, mas o novo, criado em Cristo e por Cristo, se renova diariamente.
“Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo.” (João 6.27).
João 6.47: Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê tem a vida eterna.
João 6.54: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
Como temos visto que a vida eterna se funda no bem que está em Deus, o pecado é o grande inimigo desta vida, e não podemos morrer para o pecado se não morrermos juntamente com Cristo, recebendo-o pela fé em nosso coração. Se não nos despojarmos do velho homem e não nos revestirmos do novo que é criado segundo Deus em justiça, não podemos achar os efeitos desta vida eterna atuando em nossa existência.
“Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.” (João 12.25).
É possível ter alcançado a vida eterna por meio da fé em Jesus e no entanto viver como morto espiritual, por causa da falta de mortificação do pecado. Quando não andamos no Espírito, o que há de prevalecer são as obras da carne.
A razão de tudo isto, é porque, como já dissemos, a vida eterna é dinâmica, ela vive na piedade e no crescimento contínuo na graça e no conhecimento de Jesus. Se a água do rio é bloqueada ela ficará estagnada. Importa então exercitar-se diariamente na vida de piedade que para tudo é proveitosa, pois sem isto, não se verá todos os movimentos da vida eterna operando em nós e através de nós.
Deus é Deus de vivos, e não de mortos. Vivos espirituais, e por isso seu mandamento é que não somente sejamos transportados da morte para a vida, mas que vivamos perante Ele como filhos avivados, renovados pelo Espírito Santo, cheios do fruto de justiça e boas obras.
“E sei que o seu mandamento é vida eterna. Aquilo, pois, que eu falo, falo-o exatamente como o Pai me ordenou.” (João 12.50).
“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 6.23).
Sendo Deus espirito, e sua eternidade sendo então decorrente da sua espiritualidade, nunca podemos esquecer que todas as coisas naturais visíveis são temporais, e nada têm em si mesmas da vida eterna que são espirituais e, portanto, invisíveis, e que são reveladas como reais e eternas que são, para nós, pela fé.
O nosso próprio corpo físico que tem a sua importância como veículo da alma, todavia, também é natural e temporal. Ele pode participar do culto a Deus, pois devemos adorá-lo também com o nosso corpo, mas de modo algum ele é apto para atos espirituais, que são provenientes exclusivamente das faculdades do espírito. Por isso Jesus disse que a carne para nada aproveita, e que tudo o que é gerado pela carne é carnal e não espiritual. Somente o espírito é o que vivifica, e pode responder adequadamente à adoração a Deus, porque toda a adoração verdadeira é espiritual, porque Deus é espírito.
“Não atentando nós nas coisas que se veem, mas sim nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, enquanto as que se não veem são eternas.” (II Coríntios 4.18).
“Porque quem semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” (Gálatas 6.8).
Não podemos esquecer que a vida eterna não é algo que existe à parte de Jesus Cristo, porque Ele própria é a vida eterna, como definiu em seu ministério terreno que era a Videira Verdadeira, e o caminho e a verdade e a vida. Disto se depreende que somente pode ser dito que se tem vida eterna, quando se está em união com Cristo, participando de Sua vida, alimentando-se dEle e vivendo nEle.
“Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” (I João 5.20).
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.” (João 6.51).
“Antes que as montanhas fossem geradas, ou você tivesse formado a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.” (Salmo 90: 2).
O título deste salmo é uma oração; o autor, Moisés. Ele menciona aqui a eternidade de Deus, não somente com respeito à essência de Deus, mas à sua providência federal; como ele é a morada do seu povo em todas as gerações. A duração de Deus para sempre é mais falada nas Escrituras do que sua eternidade, embora essa seja a base de todo o conforto que podemos tirar de sua imortalidade: se ele tivesse um começo, ele poderia ter um fim, e assim toda a nossa felicidade, esperança e ser expiraria com ele; mas as Escrituras às vezes notam que ele é sem começo, assim como é sem fim: “Tu és da eternidade” (Salmos 93: 2); Bendito seja Deus de eternidade a eternidade (Salmo 41:13); “Fui instituído desde a eternidade” (Provérbios 8:23): se sua sabedoria existia desde a eternidade, ele mesmo seria de eternidade; entendê-lo de Cristo, o Filho de Deus, ou da sabedoria essencial de Deus, é tudo um para o presente propósito.
A sabedoria de Deus supõe a essência de Deus, como os hábitos nas criaturas supõem que o ser de algum poder ou faculdade é o assunto deles. A sabedoria de Deus supõe mente e compreensão, essência e substância. A noção de eternidade é difícil; como Agostinho disse do tempo, se ninguém me fizesse a pergunta, que horas são, eu sei bem o que é; mas se alguém me perguntar o que é, não sei como explicá-lo; então posso dizer da eternidade; é fácil na palavra pronunciada, mas dificilmente compreendida e mais dificilmente expressada; é melhor expresso por negativas do que palavras positivas. Embora não possamos compreender a eternidade, podemos compreender que existe uma eternidade; como, embora não possamos compreender a essência de Deus o que ele é, mas podemos compreender que ele é; podemos entender a noção de sua existência, embora não possamos entender a infinitude de sua natureza; contudo, podemos entender melhor a eternidade do que a infinitude; nós podemos melhor conceber um tempo com a adição de inumeráveis ​​dias e anos, do que imaginar um Ser sem limites; de onde o apóstolo junta a sua eternidade com seu poder; “Seu eterno poder e divindade” (Rom. 1:20); porque, ao lado do poder de Deus, apreendido na criatura, nós viemos necessariamente por raciocínio, a reconhecer a eternidade de Deus. Aquele que tem um poder incompreensível precisa ter uma natureza eterna; seu poder é mais sensível nas criaturas aos olhos do homem, e sua eternidade facilmente a partir daí é deduzível pela razão do homem. A eternidade é uma duração perpétua, que não tem começo nem fim; o tempo tem ambos.
As coisas que dizemos são, no tempo, que começam, crescem gradualmente, têm sucessão de partes; a eternidade é contrária ao tempo e é portanto, um estado permanente e imutável; uma posse perfeita da vida sem qualquer variação; compreende em si todos os anos, todas as idades, todos os períodos de idade; nunca começa; ela perdura após cada período de tempo e nunca cessa; faz tanto tempo de fuga quanto foi antes do começo: o tempo supõe algo anterior; mas não pode haver nada antes da eternidade; pois não seria então a eternidade.
O tempo tem uma sucessão contínua; o primeiro tempo passa e outro sucede: o último ano não é este ano, nem este ano o próximo. Devemos conceber a eternidade contrária à noção de tempo; como a natureza do tempo consiste na sucessão de partes, então a natureza da eternidade em uma duração infinita e imutável. Eternidade e tempo diferem como o mar e rios; o mar nunca muda de lugar e é sempre uma água; mas os rios deslizam e são engolidos pelo mar; assim é o tempo pela eternidade. Uma coisa é dita ser eterna ou eterno em vez disso, nas Escrituras...
Quando é de longa duração, embora tenha um fim; quando não tem medidas de tempo determinadas a isso; então a circuncisão é dita estar na carne por um “pacto eterno” (Gên 17:13); não puramente eterno, mas enquanto essa administração da aliança deve durar. E assim, quando um servo não deixaria seu mestre, mas teria sua orelha perfurada, diz-se, ele deveria ser um servo "para sempre" (Deut 15:17); isto é, até o jubileu, que era todo o quinquagésimo ano: assim diz-se que a oferta de carne que ofereciam "perpetuamente" (Lev. 6:20); dizem que Canaã é dada a Abraão por um possessão “eterna” (Gên 17: 8); quando os judeus são expulsos de Canaã, que é uma presa para as nações bárbaras. De fato, a circuncisão não era eterna; ainda a substância do pacto do qual isto era um sinal, que Deus seria o Deus dos crentes, permanece para sempre; e essa circuncisão do coração que foi simbolizada pela circuncisão da carne, permanecerá para sempre no reino da glória.
Quando uma coisa não tem fim, embora tenha um começo. Então anjos e almas são eternos; ainda que o seu ser nunca cesse, mas houve um tempo em que o ser deles começou; eles não eram nada antes de serem algo, embora nunca sejam nada ainda, mas deve viver em infindável felicidade ou miséria. Mas isso corretamente é eterno e não tem começo nem fim; e assim a eternidade é uma propriedade de Deus.
Vejamos agora como Deus é eterno, ou em que aspectos ele é assim. 
A eternidade é um atributo negativo, e é uma negação de Deus quaisquer medidas de tempo, como a imensidão é uma negação de qualquer limite de lugar. Como a imensidão é a difusão de sua essência, a eternidade é a duração de sua essência; e quando dizemos que Deus é eterno, excluímos dele todas as possibilidades de começo e fim, todo fluxo e mudança. 
Enquanto a essência de Deus não pode ser delimitada por nenhum lugar, por isso não deve ser limitada a qualquer momento: como é sua imensidão estar em toda parte, assim é sua eternidade para sempre. Como as coisas criadas dizem estar em algum lugar em relação ao lugar, e estar no presente, passado ou futuro, em relação a tempo; então o Criador em relação ao lugar está em toda parte, em relação ao tempo é sempre. Sua duração é tão infinita quanto sua essência é ilimitada: ele sempre foi e sempre será, e não terá mais fim do que teve um começo; e esta é uma excelência pertencente ao Ser supremo. Como sua essência compreende todos os seres, e os excede, e sua imensidade supera todos os lugares; então sua eternidade compreende todos os tempos, todas as durações e infinitamente os excede.
Deus é sem começo. No princípio Deus criou o mundo (Gên 1: 1). Deus era então antes do começo disto; e que ponto pode ser estabelecido onde Deus começou, se ele estava antes do começo das coisas criadas? Deus não teve começo, embora todas as outras coisas tiveram tempo e começaram com ele. Como a unidade é antes de todos os números, assim é Deus diante de todas as suas criaturas. Abraão convocou o nome do Deus eterno (Gênesis 21:33), o Deus eterno. - Ele se opõe aos deuses pagãos, que eram de ontem, novos e cunhados de novo; mas o Deus eterno foi antes do mundo ser feito. Nesse sentido, deve ser entendido; O mistério que foi mantido em segredo desde que o mundo começou, mas agora se manifesta, e pelas Escrituras dos profetas, de acordo com o comando do Deus eterno, é tornado conhecido a todas as nações pela obediência da fé” (Rom 16:26). O evangelho não é pregado pelo comando de um Deus novo e temporário, mas daquele Deus que foi antes de todas as idades: embora a manifestação disso seja no tempo, ainda assim o propósito e a resolução disso foi desde a eternidade. Se houvesse decretos antes da fundação do mundo, haveria um Decreto antes da fundação do mundo. Antes da fundação do mundo, ele amava a Cristo como mediador; uma pré-ordenação dele foi antes da fundação do mundo (João 17:24); uma escolha de homens e, portanto, um Seletor antes da fundação do mundo (Efésios 1: 4); uma graça dada em Cristo antes do mundo começar (2 Timóteo 1: 9) e, portanto, um doador daquela graça. Desses lugares, diz Crellius, parece que Deus era antes da fundação do mundo, mas eles não afirmam uma eternidade absoluta; mas estar diante de todas as criaturas é equivalente ao seu ser da eternidade. O tempo começou com a fundação do mundo; mas Deus sendo antes do tempo, não poderia ter início no tempo. Antes do começo da criação e início dos tempos, não poderia haver nada além de eternidade; nada além do que foi criado, isto é, nada além do que era sem começo. Estar no tempo é ter um começo; ser antes de todos os tempos é nunca ter um começo, mas sempre para ser; pois, como entre o Criador e as criaturas, não há meio, então entre o tempo e a eternidade não há meio. É como facilmente deduzido que aquele que era antes de todas as criaturas é eterno, como aquele que fez todas as criaturas é Deus. Se ele tivesse um começo, ele deve tê-lo de outro, ou de si mesmo; se de outro, aquele de quem ele recebeu seu ser seria melhor que ele, então mais um deus do que ele. Ele não pode ser Deus que não é supremo; ele não pode ser supremo que deve seu ser ao poder de outro. DEle não seria dito apenas ter imortalidade como ele é (1 Timóteo 6:16), se ele dependesse de outro; nem poderia ter um começo de si mesmo; se ele tivesse dado início a si mesmo, então ele já seria nada; haveria um tempo em que ele não era; se ele não fosse, como ele poderia ser a Causa de si mesmo? É impossível para qualquer um dar um começo e ser para si mesmo: se agir, deve existir e, portanto, existir antes de existir. Uma coisa existiria como causa antes de existir como efeito.
Aquele que não é, não pode ser a causa que ele é; se, portanto, Deus existe, e não tem o seu ser de outro, ele deve existir na eternidade. Portanto, quando dizemos que Deus é de e de si mesmo, queremos dizer que Deus não deu ser a si mesmo; mas deve negativamente ser entendido que ele não tem causa de existência sem ele mesmo. Qualquer que seja o número de milhões de milhões de anos que possamos imaginar antes da criação do mundo, todavia Deus era infinitamente anterior a esses; ele é, portanto, chamado o "Ancião dos Dias" (Daniel 7: 9), como sendo antes de todos os dias e tempo, e eminentemente contendo em si mesmo todos os tempos e idades. Embora, de fato, Deus não possa ser chamado apropriadamente de antigo, que testificará que ele está decaindo, e em breve não será; não mais do que ele pode ser chamado de jovem, o que significaria que ele não demorou muito antes. Todas as coisas criadas são novas e frescas; mas nenhuma criatura pode descobrir qualquer princípio de Deus..
Deus é sem fim. Ele sempre foi, sempre é e sempre será o que é. Ele permanece sempre o mesmo em ser; tão longe de qualquer mudança, que nenhuma sombra dela possa tocá-lo (Tiago 1:17). Ele continuará sendo enquanto ele já o tiver desfrutado; e se poderíamos acrescentar nunca tantos milhões de anos juntos, ainda estamos tão longe de um fim como de um começo; porque “o Senhor permanecerá para sempre”(Salmo 9: 7). 
Como é impossível que ele não seja, sendo desde toda a eternidade, então é impossível que ele não seja para toda a eternidade.
A Escritura é mais abundante nos testemunhos dessa eternidade de Deus, ou após a criação do mundo: diz-se que ele "vive para sempre” (Apocalipse 4: 9, 10). A terra perecerá, mas Deus "durará para sempre", e seus "anos não terão fim" (Salmos 102: 27).
Plantas e animais crescem desde pequenos começos, chegam ao seu pleno crescimento, e declinam novamente, e sempre têm notáveis alterações em sua natureza; mas não há declinação em Deus por todas as revoluções do tempo. Daí alguns pensam que a incorruptibilidade da Deidade foi significada pela madeira de cedro, da qual a arca foi feita, sendo de natureza incorruptível (Ex 25:10). 
O que que não teve início de duração nunca pode ter um fim ou qualquer interrupção nele. Desde que Deus nunca dependeu de nada, deve fazê-lo deixar de ser eternamente o que ele tem sido, ou pôr fim à continuação de suas perfeições? Ele não pode querer a sua próprio destruição; isso é contra a natureza universal em todas as coisas deixarem de ser, se elas puderem se preservar. Ele não pode abandonar o seu próprio ser, porque ele não pode deixar de amar a si mesmo como o melhor e maior bem. A razão pela qual qualquer coisa decai é sua própria origem em fraqueza, ou um poder superior de algo contrário a ela. Não há fraqueza na natureza de Deus que possa introduzir qualquer corrupção, porque ele é infinitamente simples sem qualquer mistura; nem pode ser dominado por qualquer outra coisa; um mais fraco não pode feri-lo, e um mais forte do que ele não pode haver; nem pode ser enganado ou contornado por causa de sua infinita sabedoria. Como ele não recebeu seu ser de ninguém, então ele não pode ser privado de si por ninguém: como ele necessariamente existe, então ele sempre necessariamente existe. Isto, na verdade, é propriedade de Deus; nada tão apropriado para ele como sempre ser. Quais perfeições qualquer ser tem, se não for eterno, não é divino. Só Deus é imortal; somente ele é assim por uma necessidade da natureza. Anjos, almas e corpos também, após a ressurreição, serão imortais, não por natureza, mas por concessão; eles estão sujeitos a retornar a nada, se essa palavra que os levantou do nada deve falar a eles em nada novamente. É tão fácil com Deus despojá-lo quanto investir com ele; ou melhor, é impossível, mas que eles deveriam perecer, se Deus retira seu poder de preservá-los, o que ele exerceu ao criá-los; mas Deus está inamovivelmente fixo em seu próprio ser; que, como ninguém lhe deu a vida, ninguém pode privá-lo de sua vida ou da menor partícula dele. Não é um monte de felicidade e a vida que Deus infinitamente possui pode ser perdida; será durável para sempre, como foi possuído desde a eternidade.
Deus revela a Sua eternidade nas Escrituras, especialmente pelas profecias, pois, nas mesmas demonstra que as coisas que ainda serão são perante Ele como já realizadas, de forma que tanto em casos particulares como a antecipação dos nascimentos e nomes dos reis Ciro e Josias, do engrandecimento que seria dado a José no Egito, a morte expiatória de Jesus, o surgimento sucessivo dos impérios da Assíria, Babilônia, Grécia e Roma, tudo isto foi profetizado por Deus com séculos de antecedência, e ainda há muitas profecias que aguardam por cumprimento, como o arrebatamento da Igreja,  a segunda vinda de Jesus etc.
O Senhor fala destas coisas em sua eternidade, como quem vê um desfile do alto e pode observar toda a sucessão de modo diferente de quem se encontra num ponto fixo aqui embaixo, como é o nosso caso, que podemos ver apenas aquilo que passa diante de nós, no que chamados de presente.
Quando a Bíblia fala em Apocalipse que o Cordeiro que morreu desde antes da fundação do mundo, temos aqui uma referência à eternidade do sacrifício de Jesus, que tem o poder de beneficiar até mesmo aqueles que viveram antes do dia da Sua morte na cruz. Na condição de ter sido um momento eterno, ele avança em todas direções quer passadas, presentes ou futuras. E isto é a eternidade.
Não há sucessão em Deus. Deus é sem sucessão ou mudança. "De eternidade a eternidade ele é Deus”, ou seja, o mesmo. Deus não só permanece sempre em ser, mas ele permanece sempre o mesmo naquele ser: “tu és o mesmo” (Salmos 102: 27) O ser das criaturas é sucessivo; o ser de Deus é permanente e permanece inteiro com todas as suas perfeições, inalterado em uma duração infinita. De fato, a primeira noção da eternidade é estar sem começo e fim, o que nos indica a duração de um ser em relação à sua existência; mas não ter sucessão, nada primeiro ou último, nota antes a perfeição de um ser em relação à sua essência. As criaturas estão em um fluxo perpétuo; algo é adquirido ou algo perdido todos os dias. Um homem é o mesmo em consideração da existência quando ele é homem, como era quando era criança; mas há uma nova sucessão de quantidades e qualidades nele.
Todos os dias ele adquire algo até chegar à maturidade; todo dia ele perde algo até chegar ao seu período. Um homem não é o mesmo à noite que ele foi de manhã; algo é expirado e algo é adicionado; todos os dias há uma mudança em sua idade, um mudar em sua substância, uma mudança em seus acidentes. Mas Deus tem todo o seu ser em um e o mesmo ponto, ou momento da eternidade.
Ele não recebe nada como um acréscimo ao que era antes; ele não perde nada do que era antes; ele é sempre a mesma excelência e perfeição na mesma infinidade como sempre. Seus anos não falham (Hebreus 1:12), seus anos não vêm e vão como os outros; não há hoje, amanhã ou ontem, com ele. Como nada é passado ou futuro com ele em relação ao conhecimento, mas todas as coisas estão presentes, então nada é passado ou futuro em relação à sua essência. Ele não é em sua essência neste dia o que ele não era antes, ou será no dia seguinte. Todas as suas perfeições são mais perfeitas nele a todo momento; antes de todas as idades, depois de todas as idades. Como ele tem toda a essência indivisa em todo lugar, assim como em um espaço imenso, assim ele tem todo o seu ser em um momento de tempo, assim como em intervalos infinitos de tempo. Alguns ilustram a diferença entre a eternidade e o tempo pela similitude de uma árvore, ou uma rocha em pé sobre o lado de um rio ou costa do mar; a árvore permanece sempre a mesma e imóvel, enquanto as águas do rio deslizam ao longo do pé. O fluxo está no rio, mas a árvore não adquire nada além de um respeito e uma relação de presença diversa para as várias partes do rio quando elas fluem. As águas do rio pressionam e empurram um para o outro, e o que o rio teve neste minuto, não tem o mesmo no próximo. Assim são todas as coisas sublunares em um fluxo contínuo. E embora os anjos não tenham mudanças substanciais, ainda assim eles têm uma acidental; pois as ações dos anjos neste dia não são as mesmas ações individuais que eles realizaram ontem: mas em Deus não há mudança; ele sempre permanece o mesmo. De uma criatura, pode-se dizer que ele era, ou é, ou será; de Deus não pode ser dito, senão somente que  ele é. Ele é o que sempre foi, e ele é o que sempre será; enquanto uma criatura é o que ele não era, e será o que ela não é agora. Como pode ser dito da chama de uma vela, é uma chama: mas não é a mesma chama individual que era antes, nem é a mesma que é atualmente, depois; há uma dissolução contínua no ar e um suprimento contínuo para a geração de mais. Enquanto continua, pode-se dizer que há uma chama; ainda não inteiramente uma, mas em uma sucessão de partes. Assim, de um homem pode-se dizer, que ele está em falta de partes; mas ele não é o mesmo que ele era, e não será o mesmo que ele é. Mas Deus é o mesmo, sem a sucessão de partes e de tempo; dele se pode dizer: "Ele é". Ele não é mais agora do que era, e não será mais além do que é. Deus possui um ser firme e absoluto, sempre constante para si mesmo. Ele vê todas as coisas deslizando sob ele em uma variação contínua; ele contempla as revoluções no mundo sem qualquer mudança de sua natureza mais gloriosa e inamovível. Todas as outras coisas passam de um estado para outro; do seu original, ao seu eclipse e destruição; mas Deus possui seu ser em um ponto indivisível, não tendo começo, fim, nem meio.
Não há sucessão no conhecimento de Deus. A variedade de sucessões e mudanças no mundo não faz sucessão, ou novos objetos na mente Divina; pois todas as coisas estão presentes para ele desde a eternidade em relação ao seu conhecimento, embora elas não estejam realmente presentes no mundo, em relação à sua existência. Ele não sabe uma coisa agora e outra depois; ele vê todas as coisas ao mesmo tempo: "Todas as coisas são conhecidas desde o princípio do mundo" (Atos 15:18); mas na sua verdadeira ordem de sucessão, como estão no conselho eterno de Deus, para serem geradas no tempo. Embora haja uma sucessão e uma ordem de coisas à medida que são feitas, ainda não há sucessão em Deus em relação a seu conhecimento delas. Deus sabe as coisas que devem ser feitas, e a ordem delas em seu ser trazida ao palco do mundo; ainda as duas coisas e a ordem que ele conhece por um ato. Embora todas as coisas estejam presentes com Deus, ainda assim elas estão presentes para ele na ordem de sua aparição no mundo, e não tão presentes com ele como se devessem ser executadas ao mesmo tempo. A morte de Cristo deveria preceder sua ressurreição em ordem de tempo; há uma sucessão nisso; ambos de uma vez são conhecidos por Deus; todavia, o ato de seu conhecimento não é exercido sobre Cristo como morrendo e ressurgindo ao mesmo tempo; de modo que há uma sucessão nas coisas quando não há sucessão no conhecimento de Deus sobre elas. Desde que Deus conhece o tempo, ele conhece todas as coisas como elas são no tempo; ele não sabe todas as coisas de uma vez, embora ele saiba imediatamente o que foi, é e será. Todas as coisas são passadas, presentes e futuras, em relação à sua existência; mas não há passado, presente e futuro, em relação ao conhecimento de Deus sobre elas, porque não é suposto e conhecido por nenhum outro, mas por si mesmo; ele é a sua própria luz pela qual ele vê, o seu próprio espelho onde ele vê; vendo a si mesmo, ele contempla todas as coisas.
Não há também sucessão nos decretos de Deus. Ele não decreta isso agora, o que ele não decretou antes; porque assim como as suas obras eram conhecidas desde o princípio do mundo, assim foram decretadas as suas obras desde o princípio; como são conhecidos imediatamente, são decretados de uma só vez; há uma sucessão na execução deles; primeiro graça, depois glória; mas o propósito de Deus para o enriquecimento de ambos foi em um e no mesmo momento da eternidade. "Ele nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos" (Efésios 1: 4): A escolha de Cristo, e a escolha de alguns nele para serem santos e felizes, foi antes da fundação do mundo. É pelo eterno conselho de Deus que todas as coisas aparecem no tempo; elas aparecem em sua ordem de acordo com o conselho e a vontade de Deus desde a eternidade. A redenção do mundo é depois da criação do mundo; mas o decreto pelo qual o mundo foi criado e por meio do qual foi redimido, foi na eternidade.
Deus é sua própria eternidade. Ele não é eterno por concessão e disposição de qualquer outro, mas por natureza e essência. A eternidade de Deus nada mais é do que a duração de Deus; e a duração de Deus nada mais é do que sua existência duradoura. Se a eternidade fosse algo diferente de Deus, e não da essência de Deus, então haveria algo que não era Deus, necessário para aperfeiçoar a Deus. Como a imortalidade é a grande perfeição de uma criatura racional, de modo que a eternidade é a perfeição da escolha de Deus, sim, o brilho de todas as demais coisas. Toda perfeição seria imperfeita, se nem sempre fosse uma perfeição. Deus é essencialmente tudo o que ele é, e não há nada em Deus além de sua essência. Duração ou continuação como existe em criaturas, difere de seu ser; pois eles podem existir, senão por um instante, caso em que deles pode ser dito como sendo, mas não com duração, porque toda a duração inclui prius et posterius. Todas as criaturas podem deixar de ser se for o prazer de Deus; elas não são, portanto, duráveis ​​por sua essência e, portanto, não são sua devassidão, não mais do que sua própria existência. E embora algumas criaturas, como anjos e almas, possam ser chamadas eternas, como vida é comunicado a eles por Deus; todavia, eles nunca podem ser chamados de sua própria eternidade, porque tal duração não é simplesmente necessária, nem essencial para eles, mas acidental, dependendo do prazer do outro; não há nada em sua natureza que possa impedi-los de perdê-lo, se Deus, de quem eles o receberam, planejasse retirá-lo; mas como Deus é sua própria necessidade de existir, então ele é sua própria duração em existir; como ele necessariamente existe por si mesmo, então ele sempre existirá necessariamente por si mesmo. Portanto todas as perfeições de Deus são eternas. Em relação à eternidade divina, todas as coisas em Deus são eternas; seu poder, misericórdia, sabedoria, justiça, conhecimento. O próprio Deus não seria eterno se alguma das suas perfeições, que são essenciais para ele, não fosse eterna também, ele não teria sido um Deus perfeito desde toda a eternidade, e assim todo o seu eu não teria sido eterno. Se algo pertencente à natureza de uma coisa está faltando, não se pode dizer que seja aquilo que deveria ser. Se qualquer coisa necessária para a natureza de Deus estivesse faltando num momento, dele não poderia ter sido dito ser um Deus eterno.
Deus é eterno. O Espírito de Deus nas Escrituras condescende com as nossas capacidades em significar a eternidade de Deus por dias e anos, que são termos pertencentes ao tempo, através dos quais o medimos (Salmos 102: 27). Mas não devemos mais conceber que Deus é delimitado ou medido pelo tempo, e tem sucessão de dias, por causa dessas expressões, do que podemos concluir que ele tem um corpo, porque os membros são atribuídos a ele nas Escrituras, para ajudar nossas concepções de sua gloriosa natureza e operações. Embora os anos lhe sejam atribuídos, ainda assim não podem ser contados, não podem ser terminados, já que não há proporção entre a duração de Deus e os homens. “Eis que Deus é grande, e não o podemos compreender; o número dos seus anos não se pode calcular. Porque atrai para si as gotas de água que de seu vapor destilam em chuva,” (Jó 36:26, 27). O número das gotas de chuva que caíram em todas as partes da terra desde a criação do mundo, se subtraído do número dos anos de Deus, seria encontrado uma pequena quantidade, um mero nada, comparado com os anos de Deus. Como todas as nações do mundo comparadas com Deus, são como a “gota de um balde, pior do que nada, do que a vaidade” (Isaías 40:15); assim, todas as idades do mundo, se comparado com Deus, não chegam a tanto quanto a centésima milésima parte de um minuto; os minutos da criação podem ser numerados, mas os anos da duração de Deus sendo infinitos são sem medida. Como um dia é para a vida do homem, assim são mil anos para a vida de Deus. O Espírito Santo se expressa à capacidade do homem, para nos dar uma noção de duração infinita, por uma semelhança adequada à capacidade do homem. Se mil anos são como um dia para a vida de Deus, então como um ano é para a vida do homem, assim são trezentos e sessenta e cinco mil anos para a vida de Deus; e como setenta anos são para a vida do homem, assim são vinte e cinco milhões quatrocentos e cinquenta mil anos para a vida de Deus. E ainda, como não há proporção entre o tempo e a eternidade, devemos lançar nossos pensamentos além de todos esses; por anos e dias, medimos apenas a duração das coisas criadas, e daquelas que são apenas materiais e corpóreas, sujeitas ao movimento dos céus, o que faz dias e anos. Às vezes, essa eternidade é expressa por partes, olhando para trás e para frente; pelas diferenças de tempo, “passado, presente e futuro” (Apocalipse 1: 8), “que era, e é, e está por vir” (Apocalipse 4: 8).
O Espírito Santo declara algo apropriado a Deus, incluindo todas as partes do tempo; ele sempre foi, é agora e sempre será. Pode sempre ser dito dele, que ele era, e sempre pode ser dito dele, que ele será; Não há tempo em que ele comece, não há tempo em que ele cesse. Não se pode dizer de uma criatura que ele sempre foi, ele sempre é o que ele era, e ele sempre será o que ele é; mas Deus sempre é o que era e sempre será o que é; de modo que é uma expressão muito significativa da eternidade de Deus, como pode ser adaptado às nossas capacidades. Sua eternidade é evidente, pelo nome que Deus dá a si mesmo (Êxodo 3:14): “Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros.” Este é o nome pelo qual ele se distingue de todas as criaturas; Eu sou, é o seu nome próprio. Esta descrição está no tempo presente, mostra que sua essência não conhece passado, nem futuro. Eu sou, o único ser, a raiz de todos os seres; ele está, portanto, na maior distância de não ser, e isso é eterno. Assim, isso significa sua eternidade, assim como sua perfeição e imutabilidade.
A eternidade de Deus é oposta à volubilidade do tempo, que é estendida ao passado, presente e futuro. Nosso tempo é apenas uma pequena gota, como uma areia para todos os átomos e pequenas partículas de que o mundo é feito; mas Deus é um mar ilimitado de ser. "Eu Sou o que Sou", isto é, uma vida infinita; eu não tenho agora, o que eu não tinha anteriormente, não vou depois ter o que eu não tenho agora; eu sou aquele em cada momento que eu era, e estarei assim em todos os momentos do tempo, nada pode ser adicionado a mim, nada pode ser tirado de mim. Não há nada superior a ele, que possa prejudicá-lo, nada desejável que possa ser acrescentado a ele. Agora, se houvesse qualquer princípio e fim de Deus, qualquer sucessão nele, ele não poderia ser “Eu Sou”; pois em relação ao que foi passado, ele não seria; em relação ao que estava por vir, ele ainda não é. De todas as criaturas, pode-se dizer que elas eram ou serão; mas de Deus não se pode dizer outra coisa senão que Deus é, porque ele preenche uma duração eterna. Não se pode dizer que uma criatura seja, se ainda não é, nem se é agora, mas tem sido. Deus só pode ser chamado de "Eu Sou"; todas as criaturas têm mais de não ser do que ser; pois toda criatura não era nada desde a eternidade, antes de fazer algo no tempo; e se for incorruptível em toda a sua natureza, nada será para a eternidade depois de ter sido algo no tempo; e se não for corruptível em sua natureza, como os anjos, ou em toda parte de sua natureza, como homem em relação a sua alma; contudo, não tem um ser apropriado, porque depende do prazer de Deus de continuar ou privá-lo dele; e enquanto é, é mutável e toda a mutabilidade é uma mistura de não ser. S
Deus tem vida em si mesmo (João 5:26): “O Pai tem a vida em si mesmo”; ele é o “Deus vivo”, portanto, “firme para sempre” (Daniel 6:26). Ele tem a vida pela sua essência, não pela participação. Ele é um sol para dar luz e vida a todas as criaturas, mas não recebe luz nem vida de nada; e, portanto, ele tem uma vida ilimitada, não uma gota de vida, mas uma fonte; não é uma faísca de uma vida limitada, mas uma vida que transcende todos os limites. Ele tem vida em si mesmo; todas as criaturas têm sua vida nele e dele.
Quando Deus pronunciou seu nome: "Eu Sou o que Sou", anjos e homens já haviam sido criados,  Moisés, a quem ele fala, estava em existência; mas somente Deus é, porque somente ele tem a fonte de ser em si mesmo; mas tudo o que eles eram era um riacho dele. Toda a vida está assentada em Deus, como em seu próprio trono, em sua mais perfeita pureza. Deus é vida; está nele originalmente, radicalmente, portanto eternamente. Ele é um ato puro, nada além de vigor e ato; ele tem por sua natureza a vida que os outros têm por sua concessão; donde o apóstolo diz (1 Timóteo 6:16) não só que ele é imortal, mas que tem imortalidade em plena posse; não dependendo da vontade de outro, mas contendo todas as coisas dentro de si mesmo. Aquele que tem vida em si mesmo e é de si mesmo, não pode deixar de ser. Ele sempre foi, porque ele não recebeu o seu ser de nenhum outro. Se havia algum espaço antes que ele existisse, então havia algo que o fez existir; a vida não estaria então nele, mas naquilo que o produziu; ele não poderia então ser Deus, mas o outro que lhe deu ser seria Deus. E dizer que Deus surgiu por acaso, quando não vemos nada no mundo que é trazido por acaso, mas tem alguma causa de sua existência, seria vão; porque desde que Deus é um ser, o acaso, que não é nada, não poderia produzir algo e pela mesma razão, que ele surgiu por acaso, ele pode desaparecer totalmente por acaso. Que deus estranho seria este! Tal Deus que não tinha vida em si mesmo, mas do acaso! Visto que ele tem vida em si mesmo, e que não havia causa de sua existência, ele não pode ter causa de sua limitação, e não pode mais ser determinado a um tempo, do que pode a um lugar, o que tem a vida em si, tem vida sem limites, e nunca pode abandoná-la, nem ser privado dela; de modo que ele vive necessariamente, e é absolutamente impossível que ele não viva; enquanto todas as outras coisas "vivem e se movem, e têm o seu ser nele" (Atos 17:28); por isso, eles vivem de acordo com sua vontade, de modo que não podem retornar a nada à sua palavra. Se Deus não fosse eterno, ele não seria imutável em sua natureza. É contrário à natureza da imutabilidade permanecer sem eternidade, pois tudo o que se inicia muda em sua passagem do não ser para o ser. Começou a ser o que não era; e se termina, deixa de ser o que era; não pode, portanto, ser dito que é Deus, se não havia nem começo nem fim, nem sucessão nele (Malaquias 3: 6): “Eu sou o Senhor, não mudo;” (Jó 37:23): “Ao Todo-Poderoso, não o podemos alcançar; ele é grande em poder, porém não perverte o juízo e a plenitude da justiça.” Deus argumenta aqui, diz Calvino, de sua natureza imutável como Jeová, a sua imutabilidade em seu propósito. Se ele não tivesse sido eterno, haveria a maior mudança de nada para alguma coisa. Uma mudança de essência é maior que uma mudança de propósito. Deus é um sol resplandecendo sempre na mesma glória, não crescendo na juventude; sem passando para a idade avançada. Se ele não fosse sem sucessão, permanecendo em um ponto da eternidade, haveria uma mudança do passado para o presente, do presente para o futuro. A eternidade de Deus é um escudo contra todo tipo de mutabilidade. Se algo se espalhar na essência de Deus que não existia antes, ele não poderia ser considerado uma substância eterna ou inalterada. Deus não poderia ser um Ser infinitamente perfeito, se ele não fosse eterno. Uma duração finita é inconsistente com a perfeição infinita. Tudo o que é contraído dentro dos limites do tempo não pode englobar todas as perfeições em si mesmo. Deus tem uma perfeição insondável. ”Porventura, desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até à perfeição do Todo-Poderoso?”(Jó 11: 7). Ele não pode ser descoberto: ele é infinito, porque é incompreensível. Incompreensibilidade surge de uma perfeição infinita, que não pode ser compreendida pela linha curta da compreensão do homem. Sua essência em relação à sua difusão, e em relação à sua duração, é incompreensível, assim como sua ação. Se Deus, portanto, tivesse início, ele não poderia ser infinito; se não fosse infinito, ele não possuiria a mais alta perfeição; porque a perfeição poderia ser concebido além disto. Se o seu ser pudesse falhar, ele não seria perfeito; pode merecer o nome da mais alta sensibilidade, o que é capaz de corrupção e dissolução? Ser finito e limitado é a maior imperfeição, pois consiste em ser um ser. Ele não poderia ser o Ser mais abençoado se ele não fosse sempre assim, e não deveria permanecer para sempre assim; e quaisquer que fossem as suas deficiências, seria azedado pelos pensamentos, que com o tempo eles cessariam, e assim não poderiam ser puros afetos, porque não permanentes; mas “ele é abençoado de eternidade a eternidade” (Salmos 41:13). Se ele tivesse um começo, ele não poderia ter toda a perfeição sem limitação; ele teria sido limitado pelo que lhe dava o começo; o que lhe deu ser seria Deus, e não ele mesmo, e portanto mais perfeito que ele: mas como Deus é a perfeição mais soberana, do que nada pode ser imaginado como o mais amplo entendimento, Ele é certamente “eterno”, sendo infinito, nada pode ser adicionado a ele, nada pode prejudicá-lo.
Deus não poderia ser onipotente, todo-poderoso, se ele não fosse eterno. O título de todo-poderoso não concorda com uma natureza que teve início; tudo que tem um começo já foi nada; e quando não era nada, nada poderia agir: onde não há ser, não há poder. Nem o título de todo-poderoso concorda com uma natureza que perece: ele não pode fazer nada com propósito, que não pode se preservar contra a força exterior e a violência dos inimigos, ou contra as causas internas de corrupção e dissolução. Nenhuma consideração é feita do homem, porque “a respiração dele está nas suas narinas” (Isaías 2:22); poderia um relato melhor ser feito de Deus, se ele fosse da mesma condição? Ele não podia ser propriamente onipotente, nem sempre poderoso; se ele é onipotente, nada pode prejudicá-lo; ele que tem todo poder, e não pode ter ferido. Se ele faz tudo o que lhe agrada, nada pode torná-lo miserável, pois a miséria consiste naquelas coisas que acontecem contra a nossa vontade. A onipotência e a eternidade de Deus estão ligadas entre si: “Eu sou Alfa e Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que foi, e que é, e que virá, o Todo-poderoso” (Apocalipse 1: 8): onipotente porque é eterno e eterno porque é onipotente.
Deus não seria a primeira causa de todos se ele não fosse eterno; mas ele é o primeiro e o último; a causa primeira de todas as coisas, o último de todas as coisas: aquilo que é o primeiro não pode começar a ser; não foi então o primeiro; não pode deixar de ser: o que quer que seja dissolvido, é dissolvido naquilo em que consiste, que foi antes dele, e então não foi o primeiro. O mundo pode não ter sido; não foi nada; deve ter algum motivo para chamá-lo do nada: nada tem poder para se fazer alguma coisa; existe uma causa superior, pela vontade e pelo poder, e assim dá a todas as criaturas suas formas distintas. Esse poder não pode ser senão eterno; deve ser antes do mundo; o fundador deve estar antes da fundação; e sua existência deve ser da eternidade; ou devemos dizer que nada existiu desde a eternidade: e se não houvesse ser da eternidade, não poderia haver agora nenhum ser no tempo. O que vemos e o que somos deve surgir de si mesmo ou de outro; não pode de si mesmo: se alguma coisa se fez, teve o poder de se fazer; isto então tinha um poder ativo antes de ter um ser; era algo em relação ao poder, e não era nada em relação à existência ao mesmo tempo. Suponha que ele tenha um poder para se reproduzir, esse poder deve ser conferido a ele por outro; e assim, o poder de se reproduzir não era de si mesmo, mas de outro; mas se o poder do ser era de si mesmo, por que não se reproduzia antes? Se existe alguma existência, é necessário que aquilo que era a “primeira causa” deveria existir eternamente. ”Tudo o que foi a causa imediata do mundo, senão a primeira e principal causa em que devemos descansar, não deve ter nada antes disso; pois se tivesse algo antes, não seria a primeira; Deus, portanto, essa é a primeira causa, deve ser sem começo; nada deve ser antes dele; se ele teve um começo de outro, ele não poderia ser o primeiro princípio e autor de todas as coisas; se ele for o primeiro por causa de todas as coisas, ele deve dar a si mesmo um começo, ou ser da eternidade: ele não poderia dar a si mesmo um começo; tudo que começa no tempo não era nada antes, e quando não era nada, não podia fazer nada; não podia se dar nada, pois então daria o que não tinha, e faria o que não poderia. Se ele se fez a tempo, por que ele não se fez antes? o que o atrapalhou? Foi ou porque ele não podia, ou porque ele não faria; se ele não pudesse, sempre lhe faltou poder, e sempre, a menos que fosse concedido a ele, e então ele não poderia ser dito ser de si mesmo. Se ele não faria a si mesmo antes, então ele poderia ter feito a si mesmo quando ele iria: como ele tinha o poder de querer e realizar sem ser? 
Então, se Deus foi a causa de todas as coisas, ele existiu antes de todas as coisas, e isso desde a eternidade.
A eternidade é apenas apropriada a Deus e não é comunicável. É uma loucura tão grande atribuir a eternidade à criatura, quanto privar o Senhor da criatura da eternidade. É tão apropriado para Deus, que quando o apóstolo provasse a divindade de Cristo, ele a provaria pela sua imutabilidade e eternidade, bem como por seu poder criador: “Ainda: No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da terra, e os céus são obra das tuas mãos; eles perecerão; tu, porém, permaneces; sim, todos eles envelhecerão qual veste; também, qual manto, os enrolarás, e, como vestes, serão igualmente mudados; tu, porém, és o mesmo, e os teus anos jamais terão fim.”. (Heb 1: 10–12).
O argumento não teria força, se a eternidade pertencesse essencialmente a qualquer outro que não fosse Deus; e, portanto, somente dele é dito ter "imortalidade" (1 Tim 6:16): todas as outras coisas recebem seu ser dele, e podem ser privadas de seu ser por ele: todas as coisas dependem dele; ele de nenhuma de todas as outras coisas que são como roupas, que se gastariam se Deus não as preservasse.
A imortalidade é apropriada a Deus, isto é, uma imortalidade independente. Anjos e almas têm uma imortalidade, mas por doação de Deus, não por sua própria essência; dependente de seu Criador, não é necessário em sua própria natureza: Deus poderia tê-los aniquilado depois que ele os criou; de modo que sua duração não pode ser apropriadamente chamada de uma eternidade, sendo extrínseco para eles, e dependente sobre a vontade do seu Criador, por quem eles podem ser extintos; não é uma imortalidade absoluta e necessária, mas precária.
Tudo o que não é Deus é temporário; tudo o que é eterno é Deus. É uma contradição dizer que uma criatura pode ser eterna; pois nada criado é eterno. O que é distinto da natureza de Deus não pode ser eterno, a eternidade sendo a essência de Deus. Toda criatura, na noção de criatura, fala da dependência de alguma causa e, portanto, não pode ser eterna. Como isso é repugnante à natureza de Deus não ser eterno, por isso é repugnante à natureza de uma criatura ser eterna; pois então uma criatura ser igual ao Criador, e o Criador, ou a Causa, não seria antes da criatura, ou efeito. Seria tudo como admitir muitos deuses, como muitos eternos; e todos a dizerem que Deus pode ser criado, como se dissesse que uma criatura não pode ser ferida, o que é ser eterno.
Quando se diz que em Cristo o homem é imortal e eterno, é no sentido que ele já não morre por participar da vida dAquele que é imortal e eterno, a saber, Cristo.
Assim, o homem não possui eternidade e imortalidade por si mesmo, mas a recebe de Outro, na medida em que participa da dAquele que tem vida em si mesmo.
A criação é uma produção de algo do nada. O que antes era nada, não pode, portanto, ser eterno; em si mesmo, portanto, seu ser não poderia ser eterno, pois deveria ser antes dele, e seria algo quando não era nada. 
Cristo "é antes de todas as coisas" (Col 1:17), ou seja, todas as coisas foram criadas por ele; e ele não é, portanto, criatura e, se não é criatura, é eterno. "Todas as coisas foram criados por ele ”, tanto no céu como na terra, anjos, assim como homens, sejam tronos ou domínios (ver. 16). 
Cristo não é mais hoje do que era ontem, nem será outro amanhã do que hoje; e, portanto, Melquisedeque, cuja descendência, nascimento e morte, pai e mãe, começo e fim dos dias, não estão registrados, era um tipo da existência de Cristo sem variação de tempo; Não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas feito semelhante ao Filho de Deus (Heb 7: 3). A supressão de seu nascimento e morte foi planejada pelo Espírito Santo como um tipo de excelência da pessoa de Cristo na eternidade e na duração de seu encargo em relação ao seu sacerdócio. Como havia uma aparência de uma eternidade na supressão da descendência de Melquisedeque, assim há uma verdadeira eternidade no Filho de Deus. 
Vim do Pai e entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou para o Pai.” (João 16:28). Ele vai ao Pai como ele veio do Pai; ele vai para o Pai "para sempre", então ele veio do Pai "da eternidade"; há a mesma duração em sair do Pai, como no retorno ao pai. Mas mais claramente: ele fala de uma glória que ele “teve com o Pai antes da fundação do mundo” (João 17: 5), quando não havia criatura. Esta é uma glória real, e não apenas em decreto; como a glória decretada que os crentes têm, e por que não pode cada um deles dizer as mesmas palavras: "Pai, glorifica-me com a glória que tive contigo antes que o mundo existisse"? Prova que a glória deles é apenas por decreto.
Cristo fala de algo peculiar a ele, uma glória em posse real antes que o mundo existisse: “Glorifique-me, receba-me, honre-me como teu Filho, enquanto Eu tenho sido agora, aos olhos do mundo, lidado humildemente como um servo.”
Por que ele não usou as mesmas palavras para seus discípulos que estavam com ele?
Sua eternidade também é mencionada no Antigo Testamento: “O SENHOR me possuía no início de sua obra, antes de suas obras mais antigas.” (Provérbios 8:22).
E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” (Miqueias 5: 2). Há duas saídas de Cristo descritas, uma de Belém, nos dias de sua encarnação, e outra da eternidade. O Espírito Santo acrescenta, depois de sua previsão de sua encarnação, sua saída da eternidade, para que ninguém deve duvide de sua divindade. Em Isaías 9: 6 ele é particularmente chamado de "eterno" ou "Pai eterno”, não o Pai na Trindade, mas um Pai para nós; ainda "eterno", o "Pai da eternidade". Como ele é o "poderoso Deus", ele é "o Pai eterno.”
Como a eternidade de Deus é a base de toda a religião, assim a eternidade de Cristo é a base da religião cristã. Poderiam nossos pecados ser expiados perfeitamente se ele não fosse uma eterna divindade para responder pelas ofensas cometidas contra um Deus eterno? Sofrimentos temporários seriam de pouca validade, sem infinitude e eternidade em sua pessoa para adicionar peso à sua paixão.
Se Deus é eterno, ele conhece todas as coisas como presentes. Todas as coisas estão presentes para ele em sua eternidade; pois esta é a noção de eternidade, a saber, deve ser algo sem sucessão.
Deus considera todas as coisas em sua eternidade em um conhecimento simples, como se estivessem agindo diante dele: “Conhecidos por Deus são todas as suas obras desde o princípio do mundo”.
Quando Saulo perseguia a Igreja ele não sabia que nos conselhos eternos de Deus ele havia sido designado para ser o apóstolo dos gentios, cujo nome seria mudado para Paulo. Deus já conhecia de antemão tanto perseguidor quanto o apóstolo, e pelo seu poder, faria com que o perseguidor se convertesse e viesse a ser pregador do evangelho para os gentios.
E como Deus conheceu isto, bem como todas as demais coisas, senão por sua eternidade essencial?
O conhecimento é coeterno com ele; pois se ele não conhecesse na eternidade, ele não seria eternamente perfeito, pois o conhecimento é a perfeição de uma natureza inteligente.
Quão audaz e tolo é para uma criatura mortal censurar os conselhos e ações de um Deus eterno, ou ser muito curioso em sua vida?
A eternidade coloca Deus acima de nossas investigações e censuras. Bebês de um dia de idade não são capazes de entender os atos de cabeças sábias e grisalhas: nós, que somos de um ser tão curto e compreensivo como ontem, presumimos medir os movimentos da eternidade por nossos escassos intelectos? 
Como a eternidade não pode ser compreendida no tempo, não pode ser julgada por uma criatura do tempo.
Assim como a santidade implica vida eterna, o pecado implica morte eterna, daí se dizer que o salário do pecado é a morte.
O Deus eterno que é a fonte da verdadeira vida demanda santidade de suas criaturas morais para que compartilhem da vida eterna com ele. De modo que toda aproximação dele deve ser em ou para santificação.
Que loucura e ousadia existe no pecado, pois um Deus eterno é ofendido por isso! Todo pecado é agravado pela eternidade de Deus. A escuridão das trevas da idolatria pagã estava em mudar a glória do Deus incorruptível (Rom. 1:23); erigindo semelhanças dele contrárias à sua natureza imortal; como se o Deus eterno, cuja vida é tão ilimitada quanto a eternidade, fosse como aquelas criaturas cujos seres são medidos pelo curto período de tempo, que são de natureza corruptível e passando diariamente à corrupção; eles não poderiam realmente privar Deus de sua glória e imortalidade, mas eles o fizeram na sua estimativa.
Há na natureza de todo pecado uma tendência a reduzir Deus a um não ser. Aquele que pensa indignamente de Deus, ou age indignamente em relação a ele, faz com que (tanto quanto nele reside) sujem e destruam estas suas duas perfeições: imutabilidade e eternidade. É uma alta desonra, como se ele fosse tão desprezível quanto uma criatura que não fosse de ontem, e não permanecerá no amanhã. Aquele que colocaria um fim na glória de Deus, escurecendo-a, poria fim à vida de Deus em sua mente e coração. 
Se toda a adoração é devida exclusivamente a Deus por conta das perfeições de sua espiritualidade e eternidade, qual espaço há que se introduza outro tipo de adoração, a criaturas, ainda que sejam pessoas santas como foi a Virgem Maria, os apóstolos Pedro e João, entre outros? Eles têm eternidade de si mesmos, ou são espíritos onipotentes, oniscientes e onipresentes? Eles são redentores e criadores da santidade que há nos que se convertem?
Os que o fazem desviam a adoração que é devida exclusivamente às três pessoas da Trindade, e pervertem o culto que é devido somente a Deus
2 Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
3 Não terás outros deuses diante de mim.
4 Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
5 Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem.” (Êxodo 20.2-5).
Quão terrível é estar sob o golpe de um Deus eterno! Sua eternidade é um terror tão grande para aquele que o odeia, pois é um conforto para aquele que o ama; porque ele é o "Deus vivo, um rei eterno, as nações não serão capazes de suportar a sua indignação.” (Jer 10:10). 
Embora Deus esteja menos em seus pensamentos e seja feito luz no mundo, ainda assim os pensamentos da eternidade de Deus, quando ele vier para julgar o mundo, fará os ofensores dele tremerem. Que o juiz e punidor vive para sempre, é a maior mágoa para uma alma na miséria, e adiciona um peso inconcebível a ela, acima do que a infinitude do poder executivo de Deus poderia fazer sem essa duração. Sua eternidade torna o castigo mais terrível do que seu poder; seu poder torna-o afiado, mas sua eternidade torna-o perpétuo. E como é triste pensar que Deus coloca sua eternidade para penhorar a punição de pecadores obstinados, e engaja-o por um juramento, que ele "aguçará sua espada cintilante", que sua "mão tomará juízo ”, que ele “fará vingança a seus inimigos e uma recompensa aos que o odeiam”; uma recompensa proporcional à grandeza de suas ofensas e à glória de um Deus eterno! Levanto a mão aos céus e afirmo por minha vida eterna: se eu afiar a minha espada reluzente, e a minha mão exercitar o juízo, tomarei vingança contra os meus adversários e retribuirei aos que me odeiam.” (Deut 32:40, 41): isto é, tão certo como eu vivo para sempre, vou aguçar minha espada reluzente. Como ninguém pode transmitir bem com uma perpetuidade, ninguém pode transmitir o mal com tal duração eterna como Deus. É uma grande perda perder uma embarcação ricamente carregada no fundo do mar, para nunca mais ser lançada na praia; mas quão maior é perder eternamente um Deus soberano, do qual fomos capazes de desfrutar eternamente, e passar por um mal duradouro?
As misérias dos homens depois desta vida não são atenuadas, mas aguçadas, pela vida e eternidade de Deus.
Mas que fundamento de conforto podemos ter em qualquer um dos atributos de Deus, não fosse por sua infinitude e eternidade, em que ele seja “misericordioso, bom, sábio, fiel?” Que apoio poderia haver, se eles fossem perfeições pertencentes a um Deus corruptível?
Que esperanças de uma ressurreição para a felicidade podemos ter, ou da duração dela, se aquele Deus que prometeu não fosse imortal para continuá-lo, bem como poderoso para efetuá-lo? Seu poder não seria todo poderoso, se sua duração não fosse eterna.
Se Deus for eterno, sua aliança será assim. É fundada sobre a eternidade de Deus; o juramento pelo qual ele confirma isso é por sua vida.
Visto que não há ninguém maior do que ele, ele jura por si mesmo (Heb 6:13), ou por sua própria vida, que ele engaja junto com sua eternidade para o desempenho total; de modo que, se ele viver para sempre, a aliança não será anulada; é um conselho imutável (v. 16, 17). A imutabilidade de seu conselho segue a imutabilidade de sua natureza. Imutabilidade e eternidade andam juntas.
A promessa da vida eterna é tão antiga quanto o próprio Deus em relação ao propósito da promessa, ou em relação à promessa feita a Cristo por nós. Vida eterna que Deus prometeu antes do mundo começar. (Tito 1: 2): Como há uma ante-eternidade, também há uma pós-natalidade; portanto, o evangelho, que é o novo pacto publicado, é denominado o evangelho eterno” (Apocalipse 14: 6), que não pode mais ser alterado e perecer, do que Deus pode mudar e desaparecer em nada; ele pode negar moralmente a sua verdade, como ele pode naturalmente abandonar sua vida. A aliança está aí representada em uma cor verde, para notar sua verdura perpétua; o arco-íris, o emblema da aliança "sobre o trono, era semelhante a uma esmeralda" (Apocalipse 4: 3), uma pedra de cor verde, enquanto que o arco-íris natural tinha muitas cores; mas uma, para significar sua eternidade.
Se Deus é eterno, ele sendo nosso Deus em aliança, é um eterno bem e possessão. "Este Deus é nosso Deus para todo o sempre" (Salmos 48:14): “Ele é uma morada de todas as gerações”. Percorreremos o mundo por algum tempo e então chegaremos às bênçãos de Jacó dadas a José “as bênçãos dos montes eternos” (Gên 49:26). Se uma propriedade de mil libras por ano dá vida confortável a um homem por um curto período de tempo, quanto mais a alma pode ser envolvida com alegria no desfrute do Criador, cujos anos nunca têm fim, e que vive para sempre para ser desfrutado, e pode nos manter na vida para sempre para desfrutá-lo! A morte, de fato, se apoderará de nós pela vontade de Deus por uma ordem irreversível, mas o Criador imortal fará com que ela vomite seu bocado e nos coloque em uma gloriosa imortalidade; nossas almas em sua dissolução, e nossos corpos na ressurreição, após o que eles permanecerão para sempre, na extensão dessa ilimitada eternidade, na fruição do Deus soberano e eterno; pois é impossível que o crente, que está unido ao Deus imortal que é de eternidade a eternidade, possa perecer; por estar em conjunção com aquele que é uma fonte de vida sempre fluindo, ele não pode permitir que ele permaneça nas garras da morte. Enquanto Deus é eterno e sempre o mesmo, não é possível que aqueles que participam de sua vida espiritual, não devam também participar de sua eternidade. É da consideração da imensidão dos anos de Deus que a igreja conforta-se para que “seus filhos continuem e sua semente seja estabelecida para sempre” (Salmo 102: 27, 28). E da eternidade de
Deus Habacuque (cap. 1:12) conclui a eternidade dos crentes: “Não és tu desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu Santo? Não morreremos.” Depois que eles se aposentarem deste mundo, eles viverão para sempre com Deus, sem qualquer mudança pela multidão daqueles anos imagináveis ​​e idades que devem durar para sempre. É aquele Deus que não tem começo nem fim, esse é o nosso Deus; quem tem não apenas a imortalidade em si mesmo, mas a imortalidade para dar aos outros. Como ele tem abundância de espírito para vivificá-los (Mal 2:15), então ele tem abundância de imortalidade para continuar. É somente na consideração disto que um homem pode com sabedoria dizer: Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?”(Lucas 12:19, 20): dizê-lo de qualquer outra posse é a maior loucura no julgamento do nosso Salvador. A mortalidade será absorvida pela imortalidade; rios de prazer serão para todo o sempre. A morte é uma palavra nunca falada ali por ninguém; nunca ouvida por ninguém naquela posse da eternidade; é para sempre apagada como um dos inimigos vencidos por Cristo. A felicidade depende da presença de Deus, com quem os crentes estarão para sempre presentes. A felicidade não pode perecer enquanto Deus viver; ele é o primeiro e o último; o primeiro de todos os prazeres, nada diante dele; o último de todos os prazeres, nada além dele; um paraíso de delícias em todos os pontos, sem uma espada flamejante.
O desfrute de Deus será tão fresco e glorioso depois de muitas eras, como foi a princípio. Deus é eterno e a eternidade não conhece mudança; então haverá a possessão mais completa sem qualquer deterioração no objeto desfrutado. Não pode haver nada passado, nada futuro; o tempo não aumenta nem diminui; que a infinita plenitude da perfeição que floresce nele agora florescerá eternamente sem qualquer descoloração dele, pelo menos, por aquelas idades inumeráveis ​​que correrão para a eternidade, muito menos qualquer despojamento dele deles: "Ele é o mesmo em sua duração sem fim" (Salmos 102: 27). Assim como Deus é, a eternidade dele será, sem sucessão, sem divisão; a plenitude da alegria estará sempre presente; sem passado para ser pensado com pesar por ter ido embora; sem futuro a ser esperado com desejos atormentadores. Quando desfrutamos de Deus, desfrutamos dele em sua eternidade sem qualquer fluxo; uma posse total de todos juntos, sem a passagem dos prazeres que podem ser desejados a retornarem, ou a expectativa de alegrias futuras que possam ser desejadas. 
O tempo é fluido, mas a eternidade é estável; e depois de muitas eras, as alegrias serão tão salgadas e satisfatórias como se tivessem sido, como naquele primeiro momento  provado por nossos apetites famintos. Quando a glória do Senhor se erguer sobre você, será tão longe se estabelecida, que depois de milhões de anos serem expirados, tão numerosos quanto as areias na praia, o sol, à luz de cujo semblante você viverá, será tão brilhante como na primeira aparição; ele estará tão longe de deixar de fluir, que ele fluirá tão forte, tão cheio, como na primeira comunicação de si mesmo em glória à criatura. Deus, portanto, sentado em seu trono de graça, e agindo de acordo com sua aliança, é como uma pedra de jaspe, que é de cor verde, uma cor sempre deleitável (Apocalipse 4: 3); porque Deus é sempre vigoroso e florescente; um puro ato de vida, novos e brilhantes raios de vida e luz para a criatura, florescendo com uma fonte perpétua, e contentando o desejo mais amplo; formando seu interesse, prazer e satisfação; com uma variedade infinita, sem qualquer alteração ou sucessão; ele terá variedade para aumentar os prazeres e a eternidade para perpetuá-los; este será o fruto do gozo de um Deus infinito e eterno: não é uma cisterna, mas uma fonte em que a água está sempre viva e nunca apodrece.
Se Deus é eterno, aqui está um forte fundamento de conforto contra todas as aflições da igreja, e as ameaças dos inimigos da igreja. 
A permanência de Deus para sempre é o apelo que Jeremias faz pelo seu retorno à sua igreja abandonada: “Tu, SENHOR, reinas eternamente, o teu trono subsiste de geração em geração. Por que te esquecerias de nós para sempre? Por que nos desampararias por tanto tempo?” (Lamentações 5:19, 20). A igreja é fraca; as coisas criadas são facilmente cortadas; o que existe, senão aquele Deus que vive para sempre? O que, embora Jerusalém tenha perdido seus baluartes, o templo foi destruído, a terra desperdiçada; ainda o Deus de Jerusalém se assenta sobre um trono eterno e, de eternidade a eternidade, não há diminuição de seu poder. O profeta insinua nesta queixa, não é agradável à eternidade de Deus esquecer o seu povo, a quem ele, desde a eternidade, deu boa vontade. Nas maiores confusões, os olhos da igreja devem ser fixados na eternidade do trono de Deus, onde ele se senta como governador do mundo. Nenhuma criatura pode ter qualquer conforto nesta perfeição, mas a igreja; outras criaturas dependem de Deus, mas a igreja está unida a ele.
A primeira descoberta do nome “eu sou”, que significa a eternidade divina, assim como a imutabilidade, foi para o conforto dos "Israelitas oprimidos no Egito" (Êxodo 3:14, 15): foi então publicado a partir do lugar secreto do Todo-Poderoso, como o único forte consolo para ajudá-los, e jamais perderá sua virtude em qualquer das misérias que venham a suceder sucessivamente, à igreja.
É um conforto tão durável quanto o Deus cujo nome é; ele ainda é “eu sou” e o mesmo para a igreja, como era então para o seu Israel. Dele, o Israel espiritual tem um direito maior às glórias do que o Israel carnal poderia ter. Nenhuma opressão pode ser maior que a deles; o que era um conforto adequado a esse sofrimento, tem a mesma adequação a qualquer outra opressão. Não era um nome temporário, mas um nome para sempre; seu “memorial para todas as gerações” (ver. 15), e chega à igreja dos gentios com quem ele trata como o Deus de Abraão; ratificando esse pacto pelo Messias, que ele fez com Abraão, o pai dos fiéis.
Os inimigos da igreja não devem ser temidos; eles podem brotar como a grama, mas logo depois murcham por seus próprios princípios internos, ou são cortados pela mão de Deus (Salmo 92: 7-9). Eles podem ser instrumentos da ira de Deus, mas “serão dispersos como os obreiros de Deus”.
Eles podem ameaçar, mas sua respiração pode desaparecer assim que suas ameaças forem pronunciadas; pois eles não respiram fundo num lugar que suas narinas, sobre as quais o Deus eterno pode colocar sua mão, e afundá-los com toda a sua raiva. Os profetas e instrutores da igreja "vivem para sempre" (Zac 1: 5)? Não: os adversários e perturbadores da igreja viverão para sempre? Eles desaparecerão como uma sombra; seu ser depende do eterno Deus dos fiéis e do eterno juiz dos ímpios. Aquele que habita a eternidade está acima daqueles que habitam a mortalidade; e devem, quer digam ou não, "dizer à corrupção: Tu és meu pai, e ao verme, Tu és minha mãe e minha irmã ”(Jó 17:14). Quando eles agirão com confiança, como se fossem deuses vivos, ele não será apaziguado; mas evidencia-se como um Deus vivo acima deles. Por que, então, homens mortais devem ser temidos em suas carrancas, quando um Deus imortal prometeu proteção em sua palavra e vive para sempre para cumpri-la?
Daí segue outro conforto; já que Deus é eterno, ele tem tanto poder quanto vontade para ser tão bom quanto sua palavra. Suas promessas são estabelecidas em sua eternidade; e sua perfeição é uma base principal de confiança; “Confie no Senhor para sempre: pois no Senhor Jeová há força eterna” (Isaías 26: 4).
Seu nome é dobrado; aquele nome, Jeová, que sempre foi a força do seu povo; ou rocha das eternidades: não uma falha, mas uma verdade e poder eternos; que, como sua força é eterna, nossa confiança nele deve imitar sua eternidade em sua perpetuidade; e, portanto, no desânimo de seu povo, como se Deus tivesse esquecido suas promessas, e não tivesse feito nenhuma a eles, ou sua palavra, e estivesse cansado ​​de fazer o bem, ele os chama para refletir sobre o que eles tinham ouvido falar de sua eternidade, que é atendida com imutabilidade, que tem uma infinidade de poder para realizar sua vontade, e uma infinitude de entendimento para julgar a correta ocasião de aplicação do mesmo. Sua sabedoria, vontade, verdade, sempre foi e será para a eternidade (Is 40:27, 28). Não lhe falta mais a vida que o amor, para sempre nos ajudar; já que sua palavra é passada, ele nunca nos faltará; desde que a sua vida continua, ele nunca pode estar fora de uma capacidade para nos aliviar; e, portanto, sempre que o acusamos de maneira insensata com nossos pensamentos desconfiados, esquecemos seu amor, que fez a promessa e sua vida eterna, que pode realizá-lo. Como sua palavra é o fundo da nossa confiança, e sua verdade é a garantia de sua sinceridade, então Sua eternidade é a garantia de sua capacidade de realizar: "Sua palavra permanece para sempre" (ver. 8). Um homem pode ser meu amigo neste dia e estar em outro mundo amanhã; e embora ele nunca seja tão sincero em sua palavra, mas a morte arrebenta sua vida e proíbe a execução.
Mas como Deus não pode morrer, ele não pode mentir; porque ele é a eternidade de Israel: A força de Israel não mente, nem se arrepende, perpetuidade, ou eternidade de Israel (1 Sam. 15:29). 
A eternidade implica imutabilidade; nós não poderíamos ter base para nossas esperanças, se nós o conhecêssemos não sendo mais vívido do que nós mesmos. O salmista bate nossas mãos da confiança nos homens, "Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem não há salvação. Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios.” (Salmo 146: 3, 4). E se o Deus de Jacó fosse como eles, que felicidade poderíamos ter em ter-lhe como a nossa ajuda? Como sua soberania em dar preceitos não teria sido um forte fundamento de obediência, sem considera-lo como um legislador eterno, que poderia manter seus direitos; por isso sua bondade em fazer as promessas não teria sido um forte fundamento de confiança, sem considerá-lo como um prometedor eterno, cujos pensamentos e cuja vida nunca podem perecer. E isso pode ser uma das razões pelas quais o Espírito Santo menciona com tanta frequência a pós-eternidade de Deus e tão pouco sua ante-eternidade; porque essa é o alicerce mais forte de nossa fé e esperança, que respeita principalmente àquilo que é futuro, e não aquilo que é passado; ainda assim, nem a garantia de sua pós-eternidade pode ser obtida, se sua ante-eternidade não for certa. Se ele teve um começo, ele pode ter um fim; e se ele tivesse uma mudança em sua natureza, ele poderia ter em seus conselhos; mas como todas as resoluções de Deus são como ele é, eterno e todas as promessas de Deus são os frutos do seu conselho, portanto eles não podem ser mudados; se ele devesse mudá-los para melhor, ele não teria sido eternamente sábio, para saber o que era melhor; e ele não teria sido eternamente bom ou justo. 
Os homens podem quebrar suas promessas porque elas são feitas sem previsão; mas Deus, que habita a eternidade, antecipa todas as coisas que devem ser feitas debaixo do sol, como se eles estivessem então agindo diante dele; e nada pode intervir, ou trabalhar uma mudança em suas resoluções; porque as mínimas circunstâncias foram eternamente previstas por ele. Embora possa haver variações e mudanças à nossa vista, o vento pode se aproximar e a cada hora acidentes novos tribulações acontecem; mas o eterno Deus, que é eternamente fiel à sua palavra, senta-se ao leme, e os ventos e as ondas obedecem-no. E embora deva adiar sua promessa por mil anos, ainda assim ele não é negligente” (2 Pedro 3: 8, 9); porque ele adia senão um dia para sua eternidade: e quem não ficaria com conforto um dia na expectativa de uma vantagem considerável?
À luz de tudo o que foi dito, vamos ser profundamente afetados pelos nossos pecados há muito cometidos. Embora eles tenham passado conosco, eles são, em relação à eternidade de Deus, presente com ele; não há sucessão na eternidade, como há no tempo. Todas as coisas estão diante de Deus de uma só vez; nossos pecados estão diante dele, como se cometidos neste momento. Como ele é o que ele é em relação à duração, então ele sabe o que sabe em relação de conhecimento.
Como ele não é mais do que ele era, nem deve ser mais do que ele é, então ele sempre soube o que ele sabe, e não deixará de saber o que ele sabe agora. Como ele mesmo, assim como seu conhecimento, é um ponto indivisível da eternidade. Ele não sabe nada além do que ele sabia na eternidade; ele não saberá mais sobre o futuro do que ele agora sabe. Nossos pecados estão presentes com ele em sua eternidade, e devem estar presentes conosco em nossa consideração de recordação deles, e tristeza por eles.
Embora muitos anos tenham se passado, muito tempo se esgotou e nossas iniquidades quase se apagaram de nossa memória; ainda desde mil anos são, aos olhos de Deus, e em relação à sua eternidade, senão como um dia - “Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi e como a vigília da noite.” (Salmo 90: 4) - estão diante dele. Pois suponha que um homem fosse tão velho quanto o mundo, acima de cinco
mil e seiscentos anos; os pecados cometidos há cinco mil anos são, segundo essa regra, senão como se tivessem sido cometidos há cinco dias atrás; de modo que sessenta e dois anos são apenas uma hora e meia; e os pecados cometidos há quarenta anos desde como se fossem cometidos, senão a esta hora presente. Mas se formos mais longe, e considerá-los, senão como uma vigília da noite, cerca de três horas (porque a  noite, consistindo de doze horas, foi dividida em relógios fixos), então mil anos são apenas três horas à vista de Deus; e então os pecados cometidos há sessenta anos são como se tivessem sido cometidos dentro dos cinco minutos. Que nenhum de nós acenda a luz de iniquidades cometidas há muitos anos e imagine que esse período de tempo pode acabar com sua culpa. Não: vamos considerá-los em relação à eternidade de Deus, e excitar um remorso interior, como se tivessem sido apenas o nascimento deste momento.
Deixemos a consideração da eternidade de Deus abater nosso orgulho. Este é o desígnio dos versos que seguem o texto: a eternidade de Deus sendo é tão suficiente para nos fazer entender nosso próprio nada, que deveria ser um grande fim do homem, especialmente quando caído. A eternidade de Deus deve nos fazer tanto desprezar a nós mesmos, como a excelência de Deus fez Jó abominar a si mesmo (Jó 42: 5, 6). Sua excelência deve nos humilhar sob o senso de nossa vaidade, e sua eternidade sob o sentido da brevidade de nossa duração. Se o homem comparar ele mesmo com outras criaturas, ele pode ser muito sensato de sua grandeza; mas se ele se comparar com Deus, ele não pode deixar de ser sensato de sua baixeza.
1º. Em relação à nossa impotência para compreender esta eternidade de Deus. Quão pouco sabemos quão pouco podemos saber da eternidade de Deus!
Não podemos concebê-lo totalmente, muito menos expressá-lo; nós temos apenas uma compreensão bruta em todas essas coisas, como Agur disse de si mesmo em Provérbios 3: 7. O que é infinito e eterno não pode ser compreendido por criaturas finitas e temporárias; se pudesse, não seria infinito e eterno; porque conhecer uma coisa, é saber a extensão e a causa disso. É impossível que a eternidade seja conhecida, porque é sem limites, sem causas; o entendimento mais elevado não pode ter uma compreensão proporcional da mesma. Que desproporção existe entre uma gota de água e o mar em sua grandeza e movimento; ainda que por uma gota podemos chegar a um conhecimento da natureza do mar, que é uma massa de gotas unidas; mas a duração mais longa dos tempos não pode nos fazer saber o que é a eternidade, porque não existe qualquer proporção entre o tempo e a eternidade. Os anos de Deus são tão inumeráveis ​​quanto os seus pensamentos (Salmo 40: 5).
Se nossos entendimentos são muito grosseiros para compreender a majestade de suas obras infinitas, eles são muito mais do que insuficientes para compreender a infinitude de sua eternidade.
2º. Em relação à vasta desproporção de nossa duração a esta duração de Deus.
Nós temos mais do que nada do que ser. Nós não éramos nada de uma eternidade não começada, e poderíamos ter sido nada para uma eternidade infinita, Deus não nos chamou para o ser; e se ele quiser, podemos ser nada por uma palavra tão curta e aniquiladora, como fomos algo por uma palavra criadora. Como é da prerrogativa de Deus ser Eu sou o que sou, então é propriedade de uma criatura ser Eu sou não sou o que sou; não sou eu o que sou, mas pela indulgência de outro. Eu não era nada antigamente; posso ser nada de novo a menos que ele seja "Eu Sou", e faça-me subsistir no que eu sou agora. Nada é tanto o título da criatura quanto o ser é o título de Deus.
Nada é tão sagrado como Deus, porque nada tem como ser Deus: “Não há santo como o Senhor, pois não há outro além de ti” (1 Sam 2: 2). A vida do homem é uma imagem, um sonho, que é quase nada; e se comparado com Deus, pior que nada; uma nulidade, bem como uma vaidade, porque “só com Deus está a fonte da vida” (Salmos 36: 9). A criatura é apenas uma gota de vida dele, dependente dele: uma gota de água não é nada se comparada com a vasta confluência de águas e inúmeras gotas no oceano. 
Quão monstruoso é o orgulho na criatura, para aspirar, como se ele fosse o Pai da eternidade, e tão eterno quanto Deus, e assim a sua própria eternidade!
O que nós temos é apenas de curta duração em relação à nossa vida neste mundo. Nossa vida está em constante mudança e fluxo; nós não permanecemos o mesmo um dia inteiro; a juventude rapidamente conquista a infância, e a idade avança rapidamente nos calcanhares da juventude; existe uma contagem regressiva contínua de minutos, como há de areias em um copo. Ele é como um relógio de areia no início de sua vida, e disso o tempo está acabando, até ele chegar ao fundo; parte de nossas vidas é cortada todos os dias, a cada minuto. A vida é apenas um momento: o que é passado não pode ser lembrado, o que é futuro não pode ser assegurado. Se aproveitarmos este momento, perdemos o passado e atualmente perder isso pelo próximo que está por vir. A curta duração dos homens é exposta nas Escrituras por tais criaturas que logo desaparecem: verme (Jó 25: 6), que pode sobreviver a um inverno; grama, que murcha pelo sol de verão. A vida é uma "flor", logo murchando (14: 2); um vapor, logo desaparecendo (Tiago 4:14); uma fumaça, logo desaparecendo (Salmos 102: 3). O homem mais forte é comparado à poeira; o tecido deve moldar; a montanha mais alta cai e não dá em nada.
O tempo dá lugar à eternidade; nós vivemos agora e morremos amanhã. O dia mais longo da vida de qualquer homem nunca chegou a vinte e quatro horas no relato da divina eternidade: uma vida de tantos séculos, com o acréscimo “ele morreu”, compõe a maior parte da história dos patriarcas (Gên 5); e desde que a vida do homem foi reduzida, se houver no mundo oitenta anos, ele escassamente vive sessenta deles, e destes, a quarta parte do tempo é pelo menos consumida durante o sono. 
Os anjos, que duraram tanto tempo quanto o céu e a terra, tremem diante de Deus; os céus se derretem em sua presença; e nós, que somos apenas de ontem, nos aproximamos de uma eternidade divina com almas desamparadas, e oferecemos os sacrifícios dos nossos lábios com o orgulho dos demônios, e permanecemos em nossos termos com ele, sem cair sobre nossos rostos, com um sentido que somos apenas pó e cinzas e criaturas do tempo? 
Deixe a consideração da eternidade de Deus tirar o nosso amor e confiança do mundo, e das coisas do mesmo. A eternidade de Deus censura a busca do mundo, preferindo um prazer momentâneo diante de um Deus eterno; como se fosse um mundo temporal pudesse ser um suprimento melhor do que um Deus cujos anos nunca falham. Ai! o que é esta terra os homens são tão gananciosos, e vai prevalecer, embora por sangue e suor? O que é toda esta terra, se tivéssemos toda a posse dela, se comparada com os vastos céus, a sede dos anjos e espíritos abençoados? É apenas como um átomo para a maior montanha, ou como uma gota de orvalho para o imenso oceano. Quão tolo é preferir um átomo antes que o mundo! A terra é apenas um ponto para o sol; o sol com todo o seu orbe, mas uma pequena parte dos céus se comparado com o tecido inteiro. Se um homem tivesse a posse de todos aqueles, não poderia haver comparação entre aqueles que tiveram um começo e terão um fim, e Deus que está sem eles. E quantos há que não fazem nada da eternidade divina e imaginam uma eternidade de nada!
As belezas do mundo são transitórias e perecem. O mundo inteiro não é outra coisa senão uma coisa fluida; a moda é uma pompa, “falecendo” (1 Cor 7:31): embora as glórias dele possam ser concebidas maiores do que são, ainda assim não são consistentes, senão transitório; não pode haver todo um prazer deles, porque eles crescem e expiram a cada momento, e escapam entre nossos dedos enquanto os usamos. Não ouvimos falar de Deus dispersando os maiores impérios como “joio diante de um redemoinho”, ou como “Fumaça da chaminé” (Oséias 13: 3), que, embora pareça uma nuvem compacta, como se sufocasse o sol, é rapidamente espalhado em várias partes do ar e se torna invisível?
Urtigas muitas vezes foram herdeiros de palácios imponentes, como Deus ameaça Israel (Oséias 9: 6). Nós não podemos nos prometer nada sobre a noite do próximo dia. Um reino com a glória de um trono pode ser cortado em uma manhã (Oséias 10:15). O novo vinho pode ser retirado da boca quando a safra estiver madura; o gafanhoto devorador pode arrebatar tanto as esperanças quanto a colheita (Joel 1:15); eles são, portanto, coisas que não são, e nada pode ser um objeto adequado para confiança ou afeição; “Porventura, fitarás os olhos naquilo que não é nada? Pois, certamente, a riqueza fará para si asas, como a águia que voa pelos céus. ”(Provérbios 23: 5). Eles não são propriamente seres, porque eles não são estáveis. Eles não são, porque podem não ser o próximo momento para nós o que eles são: são apenas cisternas, não nascentes e quebradas cisternas não sãs e estáveis; nenhuma solidez em sua substância, nem estabilidade em sua duração. Que tolice é então, preferir uma felicidade transitória, mera nulidade, diante de um Deus eterno! Que coisa sem sentido seria em um homem preferir o mapa de um reino, que a mão de uma criança pode rasgar em pedaços, antes do reino que é eterno e inabalável! Quanto mais indesculpável é valorizar as coisas, que estão tão longe de serem eternas, que não são mais como semelhanças obscuras de uma eternidade. Fossem as coisas do mundo mais gloriosos do que são, todavia elas são apenas como um falso sol em uma nuvem, que fica aquém do verdadeiro sol nos céus, tanto na glória e duração; e para estimá-los diante de Deus, é inconcebivelmente mais pobre do que se um homem valorizasse uma bolha colorida no ar, antes que uma rocha durável de diamantes. Os confortos deste mundo são como velas, que terminarão em um rapé; enquanto a felicidade que flui de um Deus eterno, é como o sol, que brilha mais e mais para um dia perfeito.
As coisas do mundo não podem, portanto, ser aptas para uma alma, que foi feita para ter um interesse na eternidade de Deus. A alma sendo de natureza perpétua, foi feita para a fruição de um bem eterno; e não para aquilo que nunca pode ser perfeito. A perfeição, essa nobre coisa, não se levanta de qualquer coisa neste mundo, nem é um título devido a uma alma enquanto neste mundo; é então que se diz que eles são perfeitos quando chegam a toda essa conjunção com o eterno Deus em outra vida (Heb 7:23). A alma não pode ser enobrecida por um conhecimento dessas coisas, ou estabelecida por uma dependência delas; elas não podem conferir o que uma natureza racional deve desejar, ou fornecer o que quer. A alma tem uma semelhança com Deus em uma pós-eternidade; por que deveria ser posta de lado pelos agrados das coisas terrenas, para negligenciar seu verdadeiro estabelecimento, e ser um servo do corpo, que é apenas a sombra da alma, e foi feito para segui-la e servi-la?
Mas enquanto ele se ocupa completamente nas preocupações de um corpo que perece, e procura satisfação em coisas que se afastam, torna-se antes, um corpo que a alma desce abaixo de sua natureza, censura aquele que imprimiu nele uma imagem de sua própria eternidade, e perde o conforto da eternidade de seu Criador. Como é que o mundo inteiro, se as nossas vidas fossem tão duradouras quanto isso, seria um prazer eterno para nós, que temos almas que devem sobreviver a todas as delícias, que devem fritar nas chamas que devem disparar todo o quadro de natureza na conflagração geral do mundo? (2 Ped 3:10)?
Alguém dirá: “Se há tal perigo na relação com as coisas naturais que o próprio Deus criou para o homem, em afastar o seu coração do Criador, por amor a elas, porque então Deus as criou e fez o homem dependente delas, especialmente pelo corpo que lhe deu?”
Esta é uma pergunta para muitas respostas, mas podemos destacar que principalmente havia necessidade de que o homem fosse feito não somente espírito, mas também corpo, porque sabendo Deus que o homem pecaria e toda a sua descendência, necessitando de que um sacrifício de vida fosse oferecido em seu lagar, para ser redimido do pecado, e ser reconciliado a Deus, nosso Senhor encarnou neste mundo, e ofereceu o seu corpo como sacrifício a Deus, quando morreu na cruz.
Se o homem fosse apenas espírito, jamais poderia ser redimido, porque isto importaria a aniquilação do espírito de Cristo, em vez do seu corpo que foi oferecido por nós.
Este é provavelmente o ponto mais importante, mas há outras realidades a serem consideradas, como por exemplo:
O amor e a fé do homem são sempre colocados à prova, se serão maior por Deus ou pela criatura. E importa que Deus seja amado acima de tudo o mais, inclusive de nossos familiares, conforme Jesus nos ensinou. Um Deus eterno e único Criador, somente é digno de nossa adoração. De modo que, pela nossa forma diária de nos relacionarmos com as coisas desta vida, poderemos confirmar para nós mesmos a quem de fato pertence o nosso coração, se a Deus ou às suas criaturas?
Outra resposta à pergunta formulada encontra-se também no fato de que somos exercitados em amor, caridade, misericórdia, serviço ao próximo, no uso que fazemos dos bens deste mundo, não sendo avarentos, mas buscando o interesse de outros. Muito da nossa fé e piedade é exercitado pela forma como a Providência atua conosco na concessão das coisas matérias que necessitamos para a subsistência do nosso corpo.
Muitos outros fins úteis foram previstos por Deus ao nos ter criado também com um corpo, diferentemente, por exemplo, dos anjos.
E o Senhor requer que reconheçamos que até mesmo a provisão material é feita por Ele para nós, de modo que nossa dependência sempre é direta dEle mesmo, que dispôs todas as coisas para a continuidade da vida da humanidade na Terra.
Outro aspecto que devemos ter sempre em consideração que é somente nas virtudes que estão em Cristo, na vida do espírito que temos nEle, que há a eternidade, e tudo o mais é passageiro, de modo que devemos ser sábios em fazer provisão para o espírito e não para a carne, porque a carne para nada aproveita para os propósitos da eternidade, senão somente o espírito que nos vivifica.
Portanto, vamos providenciar um interesse feliz na eternidade de Deus. O homem é feito para um estado eterno. A alma tem tal perfeição em sua natureza, que está apta para a eternidade e não pode exibir todas as suas operações, senão na eternidade. Para uma eternidade devemos ir e viver desde que o próprio Deus vive. Coisas de curta duração não são proporcionais a uma alma feita para uma continuidade eterna; de maneira que é uma eternidade confortável, que vale todo o nosso cuidado. O homem é uma criatura previdente e considera não apenas o presente, mas também o futuro, em suas provisões para sua família; e ele envergonhará sua natureza em rejeitar toda a consideração de uma eternidade futura? Obtenha posse, portanto, do eterno Deus. “Uma parte desta vida” é a sorte daqueles que serão eternamente miseráveis ​​(Salmos 17:14). Mas Deus, é a porção eterna, é o lote daqueles que são projetados para a felicidade. "Deus é a minha porção para sempre" (Salmo 73:26). “O tempo é curto.” (1 Coríntios 7:29). O tempo todo para o qual Deus projetou esse edifício do mundo é de uma pequena duração; é um palco erguido para que as criaturas racionais atuem em suas partes por alguns milhares de anos; a maior parte do tempo é esgotada; e então o tempo, como cairá no mar da eternidade, de onde surgiu. Como o tempo é apenas um lapso de eternidade, assim terminará na eternidade; nossas vantagens consistem no instante presente; o passado nunca prometeu um retorno, e não pode ser recuperado por todos os nossos votos. O que é o futuro, não podemos nos comprometer a desfrutar; podemos ser arrebatados antes que chegue. Cada minuto que passa, torna menor o restante, até o momento da morte; e como estamos a cada hora mais longe do nosso começo, estamos mais perto do nosso fim. A criança nascida neste dia cresce, para finalmente morrer. Em todas as eras há “senão um passo entre nós e a morte”, como Davi disse de si mesmo (1 Samuel 20: 3). O pequeno horário que permanece para o diabo até o dia do julgamento, envenena sua ira; ele ruge, porque “seu tempo é curto” (Apo 12:12). O pouco tempo que resta entre este momento e nossa morte, deve acelerar nossa diligência para herdar a eternidade infinita e imutável de Deus.
Devemos meditar muitas vezes sobre a eternidade de Deus. A santidade, o poder e a eternidade de Deus são os artigos fundamentais de toda religião, sobre os quais todo o corpo dela se apoia; a santidade dele para conformidade a ele, o poder dele e eternidade para o apoio de fé e esperança.
"E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir." (Apocalipse 4: 8). Embora seu poder seja insinuado, ainda assim os principais são sua santidade, três vezes expressadas; a eternidade que se repete, “quem vive para todo o sempre” (ver 9). Esta deve ser a prática constante na igreja dos gentios, que este livro respeita principalmente; a meditação de sua graça convertida, manifestada a Paulo, arrebatou o coração do apóstolo; mas não há a consideração triunfante de sua imortalidade e eternidade, que são as partes principais da doxologia: "Agora ao Rei eterno, imortal. invisível, o único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre" (1 Timóteo 1: 15, 17). Não poderia ser um grande transporte para o espírito, considerá-lo glorioso sem considerá-lo imortal.
A desconfiança de suas perfeições em relação ao tempo, apresenta à alma uma questão da maior complacência. A felicidade de nossas almas depende de seus outros atributos, mas a perpetuidade dela, da sua eternidade. É um consolo ver sua imensa sabedoria? Sua bondade transbordante; sua terna misericórdia; e verdade? Que conforto haveria em qualquer um desses, se fosse uma sabedoria que poderia ser desconcertada; uma bondade que poderia ser amortecida, uma misericórdia que pudesse expirar; e uma verdade que pode perecer? Sem a eternidade, o que seriam todas as suas outras perfeições, senão flores gloriosas, mas murchando; uma beleza grande, mas decadente?
Por uma meditação frequente da eternidade de Deus, devemos nos tornar mais sensíveis à nossa própria vaidade e à insignificância do mundo; como nada devemos nós mesmos; como nada todas as outras coisas apareceriam em nossos olhos! Com que frieza devemos desejá-los! Quão fracamente devemos confiar neles! Não devemos nos julgar dignos de contemplar uma glória perecível, esperar apoio de um braço de carne, quando há uma beleza eterna? Para nos violentar, quando há um braço eterno para nos proteger?
Asafe, quando considerava Deus “uma porção para sempre”, não pensava nas glórias da terra, ou nas belezas dos céus criados, dignas de seu apetite ou complacência, mas “Deus” (Salmo 73:25, 26). Além disso, um quadro elevado de coração na consideração da eternidade de Deus, abateria as fortalezas e os motores de qualquer tentação: uma ligeira tentação não saberia onde encontrar e agarrar uma alma elevada e se esconderia em uma meditação dela; e se isso acontecer, não haverá falta de preservativos para resistir e conquistá-lo.
Que prazeres transitórios não sufocarão os pensamentos da eternidade de Deus? Quando esse trabalho se torna uma alma, é grande demais para que ele desça, para ouvir um recado sem mangas do inferno ou do mundo. As seduções devassas da carne serão adiadas com indignação. As ofertas do mundo serão ridículas quando as colocarmos na balança com a eternidade de Deus, que se apega em nossos pensamentos, não seremos uma presa tão fácil para o laço dos caçadores de pássaros. Vamos, portanto, meditar sobre isso com frequência, mas não em uma simples especulação, sem engajar nossas afeições, e fazer com que cada noção da eternidade divina termine em uma impressão adequada em nossos corações. Isto seria muito parecido com os discípulos olhando para os céus na ascensão de seu Mestre, enquanto eles se esqueceram da prática de suas ordens (Atos 1:11).
Se Deus é eterno, quão digno é ele de nossas melhores afeições e mais fortes desejos de comunhão com ele! Não deve tudo ser valorizado de acordo com a grandeza de seu ser? Como, então, devemos amá-lo, que não é apenas adorável em sua natureza, mas eternamente amável; tendo desde a eternidade todas as perfeições centradas em si mesmo, que aparecem no tempo! Se tudo for amável, quanto mais ele participa da natureza de Deus, que é o principal bem; quanto mais infinitamente amável é Deus, que é superior a todos os outros bens, e eternamente assim! Não é um Deus de alguns minutos, meses, anos ou milhões de anos; não dos resíduos do tempo ou do alto do tempo, mas da eternidade; acima do tempo, inconcebivelmente imenso além do tempo. Amá-lo infinitamente, perpetuamente, é um ato de homenagem a ele por sua excelência eterna; podemos dar-lhe um, pois nossas almas são imortais, embora não possamos ser o outro, porque são finitas. Visto que ele inclina em si todas as excelências do céu e da terra para sempre, ele deve ter um afeto, não apenas do tempo neste mundo, mas da eternidade no futuro; e se não lhe devemos amor pelo que somos por ele, devemos-lhe amor pelo que ele é em si mesmo; e mais pelo que ele é, do que pelo que ele é para nós. Ele é mais digno de nossas afeições porque ele é o Deus eterno, do que porque ele é nosso Criador; porque ele é mais excelente em sua natureza, do que em suas ações transitórias; os raios de sua bondade para conosco, para direcionar nossos pensamentos e afeições a ele; mas sua própria excelência eterna deve ser a base e fundamento de nossas afeições para ele. E verdadeiramente, uma vez que nada além de Deus é eterno, nada além de Deus vale o amor; e fazemos apenas um direito ao nosso amor, para lançar aquilo que sempre pode nos possuir e ser possuído por nós; sobre um objeto que não pode enganar nosso afeto, e colocá-lo fora de nós por uma dissolução. E se a nossa felicidade consiste em ser como Deus, devemos imitá-lo em amá-lo como ele se ama, e enquanto ele ama a si mesmo; Deus não pode fazer mais para si mesmo do que amar a si mesmo; ele não pode acrescentar sua essência, nem diminuir sua essência. O que devemos fazer menos a um Ser eterno, do que agregar afeição sobre ele, como o seu próprio para si mesmo; já que não podemos encontrar nada tão durável quanto ele, pelo qual devemos amá-lo.
Quando adoramos a Deus, e o Espírito Santo se move em nós para isto, é que nos tornamos semelhantes a Ele em espírito, quanto à santidade, porque é contemplando a beleza da Sua santidade que ela é refletida em nossos espíritos.  É por atos reflexos que recebemos as virtudes de Deus, como por exemplo, Ele nos ama, e retornamos amor a Ele de volta, Ele faz o Seu rosto brilhar sobre nós, e retornamos alegria e gratidão a Ele. Além disso, na manifestação da Sua pureza, nossos corações são também purificados, e nossas consciências são purgadas de todas as obras mortas.
Somente Deus é digno do nosso melhor serviço. O Ancião dos Dias deve servir antes de todos os que são mais jovens que ele; nossa melhor obediência é devida a ele como um Deus de excelência não confinada; tudo que é excelente merece uma veneração adequada à sua excelência. Como Deus é infinito, ele tem direito a um serviço ilimitado; como ele é eterno, ele tem direito a um serviço perpétuo: como o serviço é uma dívida de justiça na conta da excelência de sua natureza, assim, um serviço perpétuo é tanto uma dívida de justiça por causa da eternidade. Se Deus é infinito e eterno, ele merece uma honra e um comportamento de suas criaturas, adequados à ilimitada perfeição de sua natureza e à duração de seu ser. Quão digna é a resolução do salmista! “Cantarei ao Senhor enquanto eu viver; eu louvo ao meu Deus enquanto tenho algum ser” (Salmos 104: 33). É o uso que ele faz da duração infinita da glória de Deus. Servir a outras coisas, ou servir a nós mesmos, é um serviço muito vasto sobre aquilo que nada serve. Ao nos dedicarmos a Deus, servimos a ele, isto é, assim como nunca começou; está para vir, assim como ele nunca deve; por quem todas as coisas são o que são; que tem tanto conhecimento eterno para lembrar-se de nosso serviço, quanto bondade eterna.
NOTA: Usamos também na composição deste livro citações de Sthepen Charnock, que traduzimos pioneiramente para a língua portuguesa.






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