quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Motivos e Meios para quem Pensa Estar em Pé Veja que Não Caia – P 1



Por Silvio Dutra
Trato civilizado e educado pode existir, sem a santidade. A santificação não consiste em se educar o velho homem, mas em crucificá-lo e se despojar dele, de maneira que toda a santidade habita somente na nova criatura gerada pelo Espírito Santo.
Tampouco vida sem dor e sofrimento neste mundo, não é o alvo da santidade; muito ao contrário, por causa de um viver santificado as tribulações e perseguições aumentam.
A santidade não nos garante o recebimento de uma reserva em depósito da graça, de tal forma que poderemos estar prontos para enfrentar e vencer todas as provações, sentindo-nos sempre fortes e capacitados para o confronto com elas.
Na verdade, a promessa divina é que a nossa força será concedida conforme a necessidade do dia, e exatamente proporcional a ela devendo, portanto ser buscada a graça, conforme somos ensinados na oração do Pai nosso: “o pão nosso de cada dia dai-nos hoje”, e
também nos ensina o Senhor Jesus que basta a cada dia o seu próprio mal.
Daí ser afirmado na Escritura: “Conforme os teus dias, será a tua força”.
Como caem por terra diante desta verdade bíblica, as expressões que são muito comumente ouvidas, como estas:
“Venha para Jesus para parar de sofrer.”
“Os santos no céu acumularam méritos suficientes para interceder por nós.” (pensamento católico romano).
“Desde que me converti recebi força e graça suficiente para ficar sempre de pé.”
“Já tenho Jesus e não preciso ficar orando e vigiando em todo o tempo, porque a vitória já está garantida.”
Há um pensamento errado em razão disso, de quem é crente, por pertencer a Jesus, é sempre calmo, educado, cortês, cheio de fé, etc. Ainda que isto seja um dos alvos a ser buscado, não é uma realidade em perfeição na vida de qualquer crente, enquanto estiver neste mundo, porque estamos rodeados de fraquezas, e nosso suprimento de graça vem do Senhor, quando o buscamos, e temos por alvo a perfeição em santificação.
Toda a plenitude, toda a graça está depositada em Jesus, e não em nós, nem sequer na totalidade dos crentes. É então, somente nEle que devemos buscar a graça que necessitarmos.
A Palavra de Deus nos ordena a cuidarmos para permanecermos de pé e firmes na fé, para que não caiamos; que guardemos a nossa coroa para que ninguém a furte; a orarmos e vigiarmos em todo o tempo, porque a nossa permanência em santificação depende disto, porque temos uma carne para ser mortificada, e um velho homem para nos despojarmos dele, para que sejamos revestidos do novo homem.
Estando assim ordenados por Deus para um conflito com as forças do mal, há uma guerra a ser travada de muitas batalhas, que somente cessarão no final desta vida.
É o chamado bom combate da fé, no qual devemos vestir toda a armadura de Deus, para que sejamos bem-sucedidos nas batalhas que empreendermos contra os poderes das trevas e o mal que habita no nosso próprio coração, para que dali o expulsemos.
(Efésios 6.10-20).
Esta guerra possui várias frentes de batalha, porque são muitas as áreas em que somos chamados a atuar:
- Na familiar, no relacionamento entre os cônjuges, dos pais em relação aos filhos, e estes em relação aos pais.
- No trabalho, entre empregados e patrões.
- Na sociedade em geral, pela submissão às autoridades constituídas, no trato com o próximo, etc.
Deus tem regras para o comportamento do Seu povo em todas as circunstâncias que for chamado a viver. É nisto principalmente, que a fé é provada, no sentido de ser visto se será obediente aos mandamentos do Senhor ou não.
Além disso, há o combate direto com os espíritos das trevas, que procuram afastar o crente da comunhão com Deus, insuflando-lhe dúvidas, desconfiança, e incredulidade nas promessas divinas, e com isto levá-lo a ficar deprimido, intimidado, e enfim detido em sua caminhada feliz com o Senhor.
Tão grandes e sutis são as artimanhas dos demônios, que para confundir o homem fazem com que deposite a sua confiança numa fonte maligna, pela concessão de bens temporários pelo poder que têm, até mesmo para curar enfermidades, abrir portas de trabalho, gerar influências de encantamento apaixonado entre pessoas, e tudo com vistas a afastá-las de Deus, pelo compromisso que assumem com estas “fontes geradoras de bondade e benefícios” espúrios.
Aqui reside um grande perigo a que ficamos expostos, quando buscamos apenas a concessão de coisas sem levar em conta qual é a fonte da qual elas procedem: se de Deus ou do diabo.
Jesus nos alertou, que especialmente nos últimos dias, falsos pastores e mestres se levantariam na terra operando sinais e maravilhas;  que se fosse possível, até mesmo os eleitos seriam enganados.
Eles não estão a serviço de Deus, senão do diabo, para conduzir pessoas ao erro e afastá-las assim, da verdade - mesmo nas situações em que estes espíritos do erro atuarem sob o comando de Deus, que lhes restringe as ações, como foi no caso citado em I Reis 22.20-23.
A obstinação de Acabe contra o Senhor foi usada por Deus contra ele mesmo, por aprofundar-lhe a convicção do erro em que  insistia, através do engano citado anteriormente.
Como o trabalho de enganar e mentir, não poderia ser feito por um anjo eleito de Deus, ele foi feito por um demônio que se apresentou para tal, porque a vocação e o prazer deles é o de enganar.
O mesmo pode ser dito de Balaão, que foi destruído em sua obstinação, e morreu lutando contra Deus, apesar de ter tido a Sua Palavra em sua própria boca, para profetizar em determinadas ocasiões.
Judas seguiu pelo mesmo caminho, e em nossos dias, os exemplos se multiplicam nas vidas daqueles que se apresentam como servos de Deus, que falam em nome dEle, mas cujo propósito é sempre o de enganar o coração dos incautos.
Quão complexo é o mundo espiritual! Quanto cuidado e discernimento devemos ter para não sermos enganados!
Em outra consideração que nos cabe fazer, é que Deus jamais nos levará a ficar devendo alguma coisa a alguém, seja por empréstimo não devolvido, ou dívida contraída não saldada, pois Seu mandamento é que sejamos honestos e confiáveis em todas as coisas.
“Balanças justas e medidas justas”, é o mandamento.
“A ninguém nada dever, senão somente o amor”.
Então, não pode ser considerado uma bênção, acumular bens mal adquiridos, mediante o prejuízo de terceiros.
Se demônios se levantam contra nós e nos oprimem, será de pouco ou nenhum efeito repreendê-los em nome de Jesus, em um suposto exercício da fé, quando nos encontramos na condição citada anteriormente, com nossa vida pessoal comprometida com coisas em que deveríamos fazer primeiro a devida reparação, ou restituição do mal que praticamos.
Isto se aplica, sobretudo na área de não concessão de perdão, e somos alertados diretamente pelo próprio Senhor Jesus, a perdoarmos os nossos ofensores, para que não sejamos lançados em uma prisão espiritual sob a opressão de verdugos (demônios), da qual somente poderemos sair depois de pagarmos o último centavo do perdão que devemos conceder ao ofensor.
Há casos em que a obstinação pela permanência em uma deliberada posição, contrária a um possível e necessário arrependimento é punida por Deus, a ponto de sermos considerados estranhos para Ele, e sujeitados a Satanás para a destruição da carne, de modo que nosso espírito possa ser salvo no dia do Senhor.
Não é sem razão que somos ordenados veementemente, a ter a devida reverência e temor a Deus - na verdade, temor e tremor diante dEle, porque as consequências de um viver desordenado, contrário à Sua vontade são terríveis, ainda que não venhamos a perder a salvação eterna que obtivemos pela fé em Jesus.
(Leia Filipenses 2.12-15; I Pedro 1.17).
Ainda que não alcançássemos o tipo de temor filial, que é o ideal que Deus espera de nós, é melhor ter o temor servil do tipo de um escravo relativo ao seu senhor, do que não possuir nenhum tipo de temor dos juízos de Deus que não nos leve a nos afastar do pecado, e buscar removê-lo de nossas vidas.
O temor filial - de um filho por um Pai amoroso, é baseado no respeito, na reverência, no amor, e não no medo, como é o caso do temor servil. É este tipo de temor filial que devemos aprender a cultivar e nunca nos descuidarmos dele, porque quando o fazemos já não andamos conforme nos convém diante do Senhor, no cumprimento dos Seus mandamentos.
Este temor filial não é, no entanto entre seres separados entre si por um abismo, por um afastamento entre o que é grande e o que é pequeno, pois há uma união vital do crente com Cristo, assim como há entre os ramos da videira e seu caule, e da cabeça com os membros do corpo.
É nesta união que consiste toda a nossa santificação. É nEle que somos aperfeiçoados. É nEle que vivemos e somos transformados.
Essa é a essência mesma da santificação, que nos revela claramente, que não está fundada em nossas boas obras isoladas, mas em quanto temos da própria vida de Jesus se manifestando em nós. Onde isto faltar, por melhores que sejam as obras, não haverá nenhuma santificação aprovada por Deus.
A consequência dessa nossa união com nosso Senhor Jesus Cristo, é que se vivêssemos em pecado negaríamos esta verdade, porque se somos um com Ele, então devemos estar no mundo como Ele estava; e cheios do Seu Espírito procurar reproduzir Sua vida perante o mundo.
Daí o apóstolo comparar a nossa união com Cristo, com a que deve existir entre os cônjuges, pois além da união vital que há entre a videira e os ramos, há no presente caso do casamento, a união em amor (Efésios 5.29,30).
Esta unidade do crente com Cristo é unidade espiritual de fé e amor, fundada na verdade da Palavra, na doutrina verdadeira, a saber, a do Senhor e Seus apóstolos.
Esta unidade é promovida pelo Espírito Santo e é vista principalmente, quando os crentes se reúnem para adorar o Senhor em Espírito e em verdade.
Seus corações são unidos num mesmo querer e sentir, e o poder e amor de Deus se faz sentir entre eles, fazendo-os se sentir um só corpo com o Senhor e entre eles mesmos.
Outros tipos de unidade são promovidas pela carne e não pelo Espírito, e assim, não podem contar com o reconhecimento de Deus para que manifeste a Sua presença entre eles.
É somente quando se reúnem em nome do Senhor para adorá-Lo, segundo as condições que Ele estabeleceu em Sua Palavra para ser cultuado, que se pode contar com Sua bênção.
Tudo o que passa, ou fica aquém disso terá nascido na carne e na carne morrerá, porque tudo o que a carne pode gerar é carnal, e jamais, verdadeiramente espiritual.
Toda a unidade verdadeira com Jesus requer que haja previamente santificação; por isso somos ordenados na Palavra, a purificar o coração para nos aproximarmos de Deus.
(Hebreus 10.19-25; I João 1.5-9).
Nossas orações devem ser segundo a vontade de Deus, em razão de que a nossa união com Cristo não é apenas de vida e amor, mas também de identidade, pois somos parte do Seu corpo, do qual Ele é a cabeça.
Tudo a que temos nos referido deve ser vivido pela fé, e tomado somente pela mão da fé, de maneira que teremos mais da experiência destas realidades, quanto maior for a nossa fé no Senhor e nas Suas promessas.
Se ainda não aprendemos a dar total crédito à Palavra de Deus, quando nossa fé for colocada à prova, é bem certo que ela falhará.
Aqueles que continuam crendo e agindo de acordo com a Palavra revelada, ou mesmo obedecendo a direções particulares que tenha recebido da parte de Deus pelo Espírito Santo, hão de saber que o Senhor é sempre fiel, e nunca falhará em cumprir tudo o que tem prometido fazer.
Ele quer que aprendamos isto, porque é dando-Lhe toda a nossa confiança, que podemos melhor experimentar de forma alegre e sossegada, a comunhão com Ele em todas as circunstâncias, por mais adversas que possam se apresentar a nós.
Nisto Deus é glorificado, pois damos-lhe ocasião para revelar em nossas vidas toda a Sua bondade, amor e fidelidade.
Nada mais lhe agrada do que manifestar Seu amor, longanimidade, graça e misericórdia.
Os juízos e correções dolorosas são a Sua obra estranha, pois recorre aos mesmos por exigência do atributo da Sua justiça, mas não que se agrade na morte de ímpios, ou mesmo em açoitar Seus filhos por conta dos males que praticam, mas para conduzi-los à verdade, para o próprio bem deles.
Se somos desobedientes voluntariamente, e nos tornamos endurecidos ao arrependimento, ficamos imediatamente sujeitos à ação do Inimigo de nossas almas. Esta é uma lei espiritual que não pode deixar de ser cumprida, e explica a razão de ser tão deplorável a condição daqueles filhos de Deus, que andam de maneira desordenada, não consentindo abandonarem a posição de desviados em que se encontram.
Afinal, a Sua eleição foi feita em amor, antes mesmo da fundação do mundo, para que fossem santos e piedosos no Espírito Santo.
Sua conversão não foi uma questão de sorte, que dependeu de terem decidido por si mesmos crerem em Cristo para serem salvos.
Se assim fosse, haveria o risco de não crerem, caso cogitassem ser algo não necessário, e por se encontrarem satisfeitos com o que vinham sendo em suas vidas.
Mas, como a salvação de nossas almas não é algo que foi deixado por Deus à incerteza e instabilidade de nossas decisões, Ele enviou o Espírito Santo para fazer o trabalho de convencimento, de que somos pecadores necessitados da justiça de Cristo, para sermos aceitos como Seus filhos amados.
Não existe, portanto esta hipótese de que alguém venha a ficar fora do céu, por motivo de não ter tido a sorte e a ventura de fazer a escolha certa e necessária.
O tempo, a hora da nossa conversão encontram-se no poder e decisão de Deus. Ele conhece o propósito, as circunstâncias, e tudo o que cooperará de modo adequado para que sejamos atraídos por Ele a Cristo, para sermos salvos.
Ele conheceu em Sua onisciência todos aqueles que resistiriam à Sua pessoa e vontade, antes mesmo de serem concebidos nos ventres de suas mães, e assim o Senhor os rejeitou antes de ter sido rejeitado por eles, como foi o caso de Esaú, faraó nos dias de Moisés, Judas e tantos outros.
Destes que têm sido rejeitados, muitos se aproximam dEle e dos Seus assuntos, mas pelos mais diversos motivos errados e egoístas, como foi o caso de Judas, e assim permanecem rejeitados para a salvação.
Crer em Cristo é algo substancial, real e consciente. Ninguém ao chegar no céu suspirará aliviado e surpreso, com o fato de lá estar, e concluir:
“Que sorte que eu tive de ter acreditado em Jesus. Imagine se eu não tivesse crido? Eu não estaria aqui agora.”
Quando o assunto é assim com alguém, que considera se terá a sorte ou não de estar no céu, é melhor que tal pessoa examine-se à luz da Palavra e diante de Deus, para ver que tipo de conversão foi a sua, pois por esta forma de duvidar, tudo indica que não houve uma experiência real com a fé verdadeira, que é a única que salva.
Há evidências indicativas da nossa eleição e conversão. Há uma transformação real de nossa mente e inclinação, que antes de uma conversão real, não era para Deus e Sua Palavra como verdade revelada, e também para o mover do Espírito Santo.
Toda conversão real vence o pendor da carne, e estabelece no crente um pendor para o Espírito Santo.
O que é puro e santo é o que ele ama agora, e não mais o pecado. A inclinação remanescente na carne é algo que o desagrada, e fica na expectativa de vencer pelo poder da graça de Jesus.
Sua sede pela verdade é genuína, e nada além da verdadeira Palavra de Deus, tal como se acha revelada na Bíblia, é o que lhe satisfaz, de modo que preferirá perder amizades, conveniências e tudo o mais que possuía antes, por causa do seu amor a Cristo e à verdade.
Todavia, não significa que se sinta livre do pecado e de tentações, pois sua experiência real é a relatada pelo apóstolo Paulo no sétimo capítulo de Romanos.
Ele quer sempre o bem, ele ama o Senhor de todo o seu coração, e rejeita o mal, todavia está sujeito a não fazer o bem que prefere, e a fazer o mal que rejeita, pois nele ainda habita o que se chama de pecado residente, ou resquícios do pecado.
Isto decorre que, apesar de ser uma nova criatura (nova criação) com uma nova natureza divina, o crente possui enquanto estiver neste mundo, também uma natureza terrena no qual habita o pecado. Esta natureza terrena, que é chamada de velho homem recebeu a sentença de morte na cruz, mas o livramento completo dela somente ocorrerá no dia da nossa morte, quando deixarmos este corpo que possui uma mente corrompida pelo pecado, sujeita a errar e a pecar ao lado de todo o trabalho da nova natureza para contê-la.

Nenhum comentário:

Postar um comentário