A graça, a paz e o amor de
Deus sejam com todos aqueles que amam a Jesus e guardam os seus mandamentos.
Estaremos apresentando uma nova mensagem sob o
título:
Sob a Graça para Viver na Lei de Jesus
Quando Deus criou o primeiro homem, ele sabia que
tanto ele quanto toda a sua descendência ficariam encerrados sob o pecado,
porque iriam muito além da obediência aos mandamentos restritivos, como por
exemplo, quanto à cobiça, à glutonaria, à luxúria sexual etc. e ficariam muito
aquém da obediência aos mandamentos que exigem aumento e crescimento, como por
exemplo no amor, na bondade, etc.
O que fez então Deus para que o homem pudesse
atender ao propósito da sua criação, para ser à Sua imagem e semelhança,
sobretudo em santidade moral e espiritual?
Ele primeiro revelou o Seu próprio caráter e
vontade, mediante a lei, para que o homem conhecesse a sua completa miséria
espiritual. A lei seria então um servo para nos conduzir a buscar um Salvador
que nos libertasse dessa condição, e que não somente fizesse expiação pelo nosso
pecado sendo um sacrifício e sacerdote para nós, de modo a reconciliar-nos com
Deus, bem como provendo-nos de uma nova natureza santa, pela qual somos
aperfeiçoado em santidade por sucessivas infusões de graça, para que a verdade seja
implantada em nós, para satisfação da justiça divina.
Assim, o fim, o propósito da lei é o próprio Jesus
Cristo, para a justificação daqueles que nele creem, pois é nele que Deus fez
habitar toda a plenitude para nos prover tudo o que é necessário para sermos
salvos e santificados.
Para bem entender este assunto é muito importante o
testemunho que o próprio João Batista deu de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele
disse:
“16 Porque
todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre
graça.
17 Porque a
lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a
verdade vieram por meio de Jesus Cristo.” (João 1.16,17).
João foi o último profeta representante do Velho Testamento, ou Antiga
Aliança, e ao ser colocado para fazer a transição do Velho para o Novo, ele
afirma que a plenitude da vida divina está concentrada em Jesus Cristo, e que
esta plenitude é comunicada aos crentes pela graça e pela verdade que nos é
dada por meio de Jesus, enquanto que na dispensação do Velho Testamento, apenas
a Lei foi dada por intermédio de Moisés, e não havia na Lei a promessa da
habitação do Espírito Santo nos que cressem. Isto foi prometido para ser
cumprido por Jesus Cristo, depois de sua morte e ressurreição.
A Lei de Moisés ensinava e profetizava acerca da verdade de que a
cobertura do pecado somente poderia ser feita por meio de um sacrifício
cruento. Isto estava tipificado nas várias prescrições e ordenanças relativas
aos sacrifícios que deveriam ser apresentados na presença dos sacerdotes, para
a aceitação do povo de Israel por Deus. Assim, aqueles que se converteram no
período do Velho Testamento, foram aqueles que foram cobertos pelo sacrifício
de Jesus, do qual eles davam o testemunho de crerem nele para serem perdoados,
nos sacrifícios de animais que eles apresentavam segundo as exigências da Lei.
Quando Jesus morreu na cruz deu-se cumprimento à Lei do sacrifício, e
assim, aqueles sacrifícios de animais foram removidos, uma vez que não era por
eles que o pecado era coberto, pois eram apenas representativos do único e
grande sacrifício que tira o pecado do mundo, a saber, o de Jesus.
A Lei de Cristo à qual o apóstolo Paulo se refere, (I Cor 9.21, Gál 6.2)
que os crentes devem observar e cumprir por estarem sob a graça do Senhor, apesar
de incluir a lei de Moisés, em seu significado moral e espiritual, inclui
também uma nova ordem de culto e adoração a Deus, em espírito e em verdade, sob
as condições da graça revelada no evangelho.
Esta lei de Jesus determina a morte do velho homem, para que surja a
nova criatura, que deve negar o seu ego e carregar a cruz diariamente, vivendo
não mais pela própria energia da carne, mas pela vida ressurreta de Jesus.
A lei de Jesus leva o crente a viver não mais pela própria justiça, mas
pela justiça do seu Senhor, que lhe sendo imputada na justificação, há de ser
implantada na regeneração e no processo da santificação operados pelo poder do
Espírito Santo.
Assim, a graça e a fé confirmam e não anulam a lei, mas o crente não é
governado pela lei que foi escrita na pedra, mas pela lei que é escrita em sua
mente e coração pelo poder de Deus.
Daí se dizer que não se encontra sob a lei, mas sob a graça, de maneira
que não é mais o pecado o senhor que o
governa, mas a graça de Jesus.
A inclinação, o pendor que antes da conversão era para a carne, para a
natureza decaída no pecado, agora é para o Espírito Santo.
O sentido
santo e espiritual da lei eterna que foi revelada e dada através de Moisés, é
plenamente aberto e entendido quando nos encontramos sob a graça de Cristo. E a
lei que antes se encontrava na fria pedra, agora se encontra no coração do
crente.
Assim, apesar de não mais estarmos sob a lei e a
maldição da lei, porque não estamos mais casados com ela, mas com Jesus, o
nosso novo esposo que nos resgatou da maldição, todavia não estamos
desobrigados de observar e amar a lei, porque procede de Deus e é santa, boa e
espiritual.
Mas alguém indagará: “Porventura alguém pode viver
perfeitamente segundo a lei enquanto viver neste mundo?”
A resposta para esta indagação é que a perfeição
será total no porvir, mas para diversos propósitos, Deus não nos provê uma completa
medida de graça aqui embaixo, pela qual poderíamos ser perfeitos, pois ele quer
que aprendamos o quanto dependemos de Jesus e da graça que nos é comunicada
segundo a nossa fé e obediência. Além disso, a aliança que o Pai fez com o
Filho prevê que ele seria longânimo para com as nossas fraquezas e
transgressões, na medida em que as confessássemos e abandonássemos, para andar
de modo santo perante ele. Assim, a nossa perfeição é evangélica, porque é
Jesus que reponde como Fiador da aliança por todas as nossas imperfeições, de
maneira que sejamos aceitos pelo Pai, a par de ainda sermos imperfeitos neste
mundo.
Então nos é dito pelo apóstolo:
“19 Porque eu,
mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou
crucificado com Cristo;
20 logo, já não sou eu
quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne,
vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.” (Gál
2.19,20).
Assim, estando em Cristo, quanto ao julgamento que é
pela lei, já não estamos mais sob este juízo, porque somos considerados por
Deus, por termos a justiça de Jesus, como tendo exigido a todas as exigências
da lei. Por isso que apesar de sermos corrigidos por nossos pecados presentes,
todavia não mais seremos condenados eternamente por causa deles, pois Jesus
pagou o preço total exigido pela justiça divina, para a nossa redenção.
Esta é a base da nossa confiança em podermos nos
aproximar de Deus no Santo dos Santos celestial, porque o sangue de Jesus é
quem nos garante a referida aproximação.
Temos então aqui, uma nova aliança, uma nova lei
estabelecida por Deus para aqueles que creem em Jesus. A lei do espírito e de
vida que vence a lei do pecado e da morte. É por essa nova lei que a alma que
pecar, necessariamente não morrerá, como na antiga dispensação, porque por meio
do arrependimento, da confissão e da fé em Jesus, encontrará o perdão e favor
de Deus, por causa da obra realizada por Jesus na cruz.
Mas, a importância da lei moral não é removida em
face desta nova dispensação inaugurada por Jesus.
Alguém já disse corretamente que a bondade de Deus aparece na prescrição de
regras para a preservação da sociedade humana.
A lei moral consiste, senão de dez preceitos, e há mais deles ordenados
para o apoio da sociedade humana, do que para a adoração e honra de Deus (Êx
20: 1, 2); quatro para os direitos de Deus e seis para os direitos do homem e
sua segurança em sua autoridade, relações, vida, bens e reputação. Superiores
não devem ser desonrados, a vida não deve ser invadida, a castidade não deve
ser manchada, bens não devem ser roubados, o bom
nome não deve ser infamado por falso testemunho, nem nada pertencente a nosso
próximo deve ser cobiçado; e em toda a Escritura, não apenas aquilo que foi
calculado para os judeus, mas compilado para todo o mundo; Deus fixou regras
para ordenar todas as relações, magistrados e súditos; pais e filhos; maridos e
esposas; mestres e servos; ricos e pobres, encontram suas distintas
qualificações e deveres.
Haveria um estado paradisíaco, se os homens
tivessem a capacidade de observar o que Deus tem a bondade de ordenar para
fortalecer os tendões da sociedade humana; o mundo não iria gemer sob a
opressão dos tiranos, nem os príncipes tremeriam sob os súditos descontentes,
ou poderosos rebeldes; os filhos não seriam provocados à ira pela
irracionalidade de seus pais, nem os pais se afundariam sob a tristeza pela
rebelião de seus filhos; os senhores não tiranizariam sobre os mais humildes de
seus servos, nem os servos invadiriam a autoridade de seus senhores.
Esta condição de mútua submissão e
responsabilidade é o que garante a harmonia e paz perfeitas que existem no céu.
O pecado roubou da humanidade a possibilidade
de se viver isto em perfeição neste mundo, mas os que creem em Cristo são
restaurados e vocacionados para se exercitarem na obediência às autoridades,
bem como a todas as demais ordenanças divinas, e tudo isto por meio da graça de
Jesus, e movidos pelo temor e amor a Deus.
Se alguém diz ser professante da fé em
Cristo, e não se importa com os seus mandamentos, em observá-los e cumpri-los,
tal pessoa deveria questionar se é de fato dotada da fé salvadora, que nos
inclina de um procedimento carnal e mundano, para um espiritual, celestial e
divino.
Cristo, apesar de ter resgatado o seu povo de
debaixo da maldição da lei, para que sejam governados pela sua graça, tem
todavia, lei para serem cumpridas por eles, com toda a diligência e temor.
De modo que é aos puros de coração que é
prometida a bem-aventurança de verem a Deus.
Somente aqueles que se purificarem, sendo
santificados pela Palavra, mediante aplicação do Espírito Santo, podem ser
vasos de honra para o uso de Deus, conforme dizer do apóstolo Paulo em II
Timóteo 2.20 a 22.
A salvação é pelo poder da graça e por meio
da fé, exatamente para o propósito de sermos transformados à imagem e
semelhança de Jesus, sobretudo quanto à sua santidade e o seu caráter, de modo
que isto é expressado por um procedimento de nossa parte que seja obediente aos
seus mandamentos, para que a vida do próprio Jesus se manifeste em nós em
medidas cada vez maiores.
Até porque, de nós mesmos, pelo nosso próprio
poder e capacidade jamais poderíamos viver de modo agradável a Deus. Tudo o que
viermos a ser e a fazer que seja segundo a Sua santa vontade, será sempre
devido exclusivamente à operação da graça.
Todo bom pensamento, toda boa palavra, toda
boa obra, sempre será resultante desta operação sobrenatural da graça de Jesus.
Nosso louvor, nossa adoração, nossas orações,
enfim, tudo o que fizermos e que for recebido por Deus como oferta de aroma
suave, será sempre pela atuação da graça em nós.
Que Deus nos guarde no seu amor, e aplique a
sua palavra aos nossos corações para que possamos viver debaixo da sua benção.
Amém.
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